Johanne definitivamente estava animada por aquele dia.

Sua amiga, Luna Lovegood, iria passar o dia consigo! Isso era tão, tão bom!

Johanne pulou da cama, procurando alguma roupa que fosse boa o suficiente, até ouvir a avó conversando na sala com alguém e se desesperar, porque não tinha se trocado ainda! Então escolheu uma calça jeans e um moletom qualquer e correu para a sala, descabelada e risonha, pulando na amiga.

Luna a recebeu surpresa, com um sorriso tranquilo.

― Oi, Anne! Como está hoje?

Johanne riu-se, respondendo que estava muito feliz e arrastou a amiga para seu quarto, agora de pernas-para-o-ar, e a empurrou para cama, indo ajeitar o guarda-roupas antes que a avó entrasse.

― O que quer fazer hoje, Luna?

― Podemos caçar narguilés? ― Luna perguntou animada.

Johanne franziu as sobrancelhas, mas antes que pudesse responder, Luna balançou a cabeça.

― Ah, não, esqueça, tem muita neve e está muito frio, eles estão escondidos.

Johanne sorriu e assentiu solenemente.

― Tem razão, seria muito difícil encontra-los nesse frio.

Luna assentiu com vigor.

― Então?

― Ah, bem, não sei. O que quer fazer, Anne?

Johanne se sentou ao lado da menina e fez um som com a garganta indicando que estava pensando. Enquanto isso, Luna olhava seu quarto com curiosidade.

― É a Canis Major? ― Luna perguntou em algum momento, depois de se jogar na cama.

Johanne saiu de seu devaneio e seguiu seu olhar, encontrando a constelação brilhando em seu teto, em especial a estrela do canto... Sirius.

― É sim. Vovô que pintou para mim quando eu era pequena e enfeitiçou para brilhar.

Luna sorriu e se sentou outra vez.

― Ficou muito bom mesmo. Que tal bonecos de neve?

Johanne pulou animada e puxou a amiga pela manga da blusa até a porta, onde colocaram seus casacos dando risadas em suposições de que formas de bonecos fazer.

Já do lado de fora, além de algumas bolas de neve voadoras de um lado para o outro, elas fizeram vários bonecos, cada um com alguma coisa diferente. Como o boneco com um colar de rolhas de Luna ou um com dentes afiados. Ou um pequeninho com orelhas de cogumelo. Ou um em forma de cachorro.

As meninas só voltaram para dentro da casa depois, meio úmidas da neve e com frio, ganhando um chocolate quente cada ao entrarem. Entre brincadeiras e tremores, elas decidiram fazer um bolo juntas, para comerem quando o pai de Luna fosse busca-la.

Uma cozinha enfarinhada depois, bolo no forno, as meninas começaram a limpar a bagunça, depois de um olhar torto da senhora Loren.

― Obrigada por ter vindo, Luna. ― Johanne comentou enquanto limpava o balcão.

Luna lambeu o dedão, onde tinha um pouco de massa, e sorriu.

― Obrigada por me convidar, Jo. Foi... Muito bom passar o dia com uma amiga.

Johanne sorriu de volta entendendo completamente a outra.

Estava tão acostumada a ser só ela e a avó, que estar com outra pessoa era... Muito bom.

― Ano que vem podíamos passar o Natal juntas de novo. ― Johanne comentou com os olhos brilhando.

Luna deu alguns pulinhos e uma risada.

― Sim! Sim! Seria muito bom se fosse assim! ― Luna respondeu animada com a perspectiva.

Johanne assentiu.

― Seria bom também se eu pudesse passar com a minha- ― Johanne parou e olhou pelo portal se a avó estava por perto. ― Você sabe... A... B-E-R-V-E-L-Y ― Johanne concluiu com a voz bem baixa e soletrando quase sem voz.

Luna assentiu.

― Mas isso eu acho que seria impossível. ― Johanne emendou depois, balançando a cabeça e sorrindo como quem acha algo muito frustrante. ― Mais fácil eu passar com meu pai do que com ela. ― Resmungou e depois riu-se.

Luna se aproximou mais e apertou a mão da amiga.

― Nada é realmente impossível... Talvez não ano que vem... Mas tenho certeza que um dia vai poder realizar sua vontade de estar com ela.

Johanne sorriu agradecida.

― Melhor terminarmos logo de limpar essa bagunça. Ainda quero lhe mostrar o livro que meu padrinho me deu. ― Johanne ditou animada, com uma energia renovada.

Mais tarde, depois do senhor Lovegood passar e os 4 comerem bolo juntos, alguns risos e uma longa despedida entre as amigas, Johanne caiu na cama cansada.

Fora um dia e tanto.

E a menina agora tinha um calor no peito que se misturava a alívio e esperança... Era um sentimento um tanto ansioso, mas muito bom.

Luna tinha toda a razão! Podia não ser no ano seguinte, mas... Bervely e ela podia sim um dia, talvez...

Bem, primeiro a outra teria que descobrir que Johanne era sua irmã, é claro. E gostar dela. Mas Johanne acreditava que pelo menos uma das coisas já estava acontecendo.

Não era impossível, era? Ela e a irmã um dia... Sim. Um dia poderiam passar o Natal como uma família.

E quem sabe... Johanne suspirou. Não, aquilo já era um sonho muito infantil. Ela, Bervely e o pai delas? Claro. Isso sim era completamente impossível...

Mesmo sabendo disso, Johanne dormiu com um sorriso no rosto e sonhou com um jantar cheio de risadas e sua família.

Bervely, seu pai, sua mãe e seus avós...

Era só um sonho. Mas Johanne se lançou sobre ele e o abraçou, dormindo pacífica.

 Sorrindo.