Dia de natal escrita por Jweek, Indignado Secreto de Natal
Era o primeiro Natal sem o avô.
Johanne e a Vó pareciam pela primeira vez concordar em algo, aquele Natal não merecia muita atenção.
Seu avô sempre tentou deixar tudo bonito e alegre e fazer do dia, algo festivo e amoroso. E Johanne adorava os Natais com o avô.
Sempre foi um dia que ela esperava por algo que nunca acontecia, isso era verdade, mas mesmo assim, ainda era um dia muito feliz e que ele fazia de tudo para tornar mágico.
Teve o ano que eles acamparam na sala e ele fez estrelas no teto, cometas e estrelas cadentes, enquanto comiam bolinhos.
Teve o ano que ele lhe deu vários bichinhos de pelúcia e brincou o dia inteiro com ela e os bichinhos.
Teve o ano que o avô puxou sua avó rabugenta para uma dança e a fez gargalhar em seus braços.
Cada Natal ao lado do avô era Mágico.
Por isso, quando o dia clareou e o Sol pálido subia e subia, nem a avó, nem Johanne quiseram sair da cama.
Foi só mais tarde, quando a campainha soou, que a avó desistiu da cama e foi recepcionar o padrinho da neta, com um franzir de nariz e resmungos, chamou a menina.
Johanne se arrastou da cama, trocando a camisola por um vestido escuro e foi até o padrinho.
― Ei, princesa, como está querida? ― Perguntou com um sorriso.
Johanne sorriu de volta, meio apagada, aceitando o abraço, antes de responder.
― Estou bem... ― Murmurou, puxando o padrinho para sala de estar.
Remus não acreditou muito, mas assentiu como se acreditasse.
― Seu presente. ― Comentou, lhe entregando um embrulho.
Johanne o recebeu com um sorriso murcho e o desembrulhou, achando um livro sobre estrelas.
A menina sorriu outra vez, dessa vez sincera.
― Obrigada, padrinho. ― Johanne agradeceu com sentimento, abraçando o homem.
Remus deu um risinho.
― Não há de quê, Anne.
Senhora Loren apareceu naquele momento, com uma bandeja com biscoitos de gengibre e chá cremoso para os dois. Remus agradeceu e ela assentiu, saindo da sala logo em seguida, fazendo o homem encolher os ombros com um sorriso.
― Vovó ta triste.
Remus olhou a afilhada, ela mantinha os olhos no vão que levava para os outros cômodos, com a testa franzida.
― Bem, é compreensivo...
Johanne assentiu rápido e emendou a resposta sob o fôlego.
― Vovô saberia o que fazer para alegrá-la. Ele sempre sabia. ― Logo que terminou de confessar, bufou frustrada.
― Tenho certeza que uma menina esperta e neta dele também saberia. ― Remus comentou com um sorriso gentil.
Johanne o olhou meio surpresa e sorriu, olhando para os biscoitos. Então fez uma cara decidida e assentiu.
Sim, seu padrinho estava certo. Ela era neta dele, ela era Johanne e podia fazer isso. Iria salvar o Natal!
Depois que seu padrinho foi embora, Johanne notou que sua vó voltou para o quarto, então ela arregaçou as mangas do vestido e foi para a cozinha.
Uma coisa que ela sabia era que sua Vó sempre sorria quando comia o bolo de pimenta do avô, então a menina procurou por toda a cozinha a receita secreta-nem-tão-secreta-assim, escondida dentro do pote de doces no fundo do armário, subindo na bancada para alcançá-lo.
Pegou todos os ingredientes: o pó de pimenta dedo-de-moça, o leite, os ovos, a farinha, a geleia de pimenta, o cacau em pó e a manteiga. Os misturou com a colher de pau até ficar numa consistência que parecia boa e despejou a massa na forma que o avô sempre usava.
Então olhou para o forno. Como acendia? Johanne nunca mexeu com fogo! Com algum cuidado, a menina conseguiu acender sem se machucar e sem alertar a avó, colocando a forma lá.
Feliz, foi até a receita para saber o que faltava.
Depois de pronto tinha a cobertura açucarada... Mas como se fazia coberturas açucaradas? Johanne leu as instruções outra vez e chegou a conclusão que não sabia como fazer.
Bem, não teria problema faltar a cobertura, teria? Sua vó entenderia, ela tinha certeza.
Johanne sentou de frente para o forno, com a luzinha lá dentro acesa, observando o bolo crescer... Ou pelo menos, essa era a ideia. Mas nada da massinha subir.
Talvez fosse assim... Não. Johanne tinha certeza que crescia! A menina bufou irritada. Tudo bem, decidiu então, o sabor que importava. Estaria ótimo! Ela tinha certeza.
Quando o bolo começou a cheirar, Johanne ficou preocupada. Como tirava de dentro? Estaria quente... Lembrava do avô sempre a alertando para não encostar na forma quando ela saia...
Enquanto pensava, sua vó apareceu na cozinha, alarmada, sentindo o cheiro de queimado, encontrando a neta sentada na frente do forno, ligado, e suja de farinha... Bem, a cozinha toda estava suja de farinha, na verdade.
Johanne sorriu acanhada.
― Era uma surpresa. Mas já que a vovó chegou, pode tirar pra mim o bolo, vó? Não sei como fazer isso... ― Johanne comentou sem olhar nos olhos da mulher.
Senhora Loren piscou surpresa, se apresando para tirar o bolo de dentro do forno antes que pegasse fogo.
A mulher jogou a forma no fogão, olhando irritada para a neta, que sorria animada.
― É o bolo do vovô! ― Johanne informou, pulando de uma perna para a outra, totalmente animada. ― Agora vovó e eu podemos comer e sorrir e conversar sobre os presentes, não é?
Vendo a animação da neta e, enfim, entendendo a situação, sua raiva abrandou.
― Você fez para mim, Johanne? ― Senhora Loren ainda perguntou para ter certeza, observando o bolo com aparência esquisita.
― Sim! Meu presente de Natal para Vó!
A mulher suspirou e engoliu o bolo que havia na garganta, dando um sorriso para a neta e assentindo.
― Então, vou fazer um chocolate quente para tornarmos junto, que tal?
Johanne concordou e acompanhou a mulher enquanto ela servia.
Johanne atacou o bolo logo que foi-lhe servido, mas na primeira mordida percebeu que havia algo de errado. Estava... Picante! E duro ou esponjoso... Johanne não sabia bem a consistência, o gosto prevalecia...
Ela tossiu e engasgou, então murchou na cadeira.
― Ficou ruim... ― Murmurou entristecida, olhando sob os cílios para a vó, mas sua vó comia o bolo com vontade.
E ainda repetiu!
Johanne ficou olhando surpresa.
― Mas vovó...
― Minha pequena princesa fez para mim, então, eu vou comer ele todo, está bem, Johanne? Agora tome seu chocolate quente.
Johanne soluçou e assentiu, tomando o chocolate enquanto a avó comia o bolo péssimo que ela fizera.
Mais tarde, quando a avó a colocou na cama, a agradeceu com carinho e beijou sua testa. Johanne pegou no sono logo, com o coração em paz.
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Yooooo!
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