Proibido Cosmo escrita por Saori do Yaoi


Capítulo 2
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A sala do Grande Mestre estava vazia, com exceção da cadeira central que estava ocupada pelo cavaleiro mais forte escolhido como Mestre do Santuário.

Seus olhos azuis encaravam o chão de mármore que se estendia a sua frente, seu corpo sentado de forma largada no trono conseguia sentir um cosmo diferente se aproximado e um que conhecia muito bem, mas que só o havia visto assim quando este estava em sua presença. 

O Mestre sabia que ela estava lá fora, tentou apagar da cabeça a imagem do corpo esbelto e jovial de Atena juntamente com Kanon, tentava não imaginar uma coisa daquelas, mas estava possuído pelo ciúme em pensar que aqueles dois estariam...

— Não, não a minha Atena...

— Ela não é só a sua Atena, ela é deusa de todos os outros.

Dizia uma voz em sua mente.

— Cale a boca - retrucou o Cavaleiro Mestre - Ela jamais faria isso comigo, não me trairia com ele.

— E se traísse? Ele se parece muito com você, afinal é seu irmão gêmeo. Pode até parecer que está com você, mas é com ele, é com Kanon que Atena se importa mais, Saga.

O Mestre se levantou abruptamente de seu trono, as vestes lhe caíam pesadas no corpo e aquela voz não o deixava em paz. Mas afinal o que ele queria? Possuir Atena? Ela tinha dezenove anos e ele chegara na casa dos trinta, era um homem maduro e ela era apenas uma garota jovem, mas aquela era Saori e pela humana Saga não sentia nada, ele gostava da imponência, da força e do cosmo da deusa, era apaixonado por Atena.

— Grande Mestre? - disse Máscara da Morte aproximando-se lentamente - O senhor mandou me chamar?

— Sim, quero que vá buscar Atena!

Ordenou o grande Mestre.

— Buscar Atena? Mas por que? Não faz meu estilo ser babá! Mande Milo ou Camus, talvez até Shura.

— Mas eu estou mandando você oras! Vai desobedecer minhas ordens?

Era óbvio para o cavaleiro de Câncer que o homem a sua frente não era um adversário comum, ao contrário ele não estaria sentado naquele trono.

— Não mestre, estou indo imediatamente.

O Cavaleiro de Ouro deu meia volta e saiu da grande salão, seu humor estava péssimo como de costume e para piorar um Cosmo o espiava.





— Pare de me perseguir! Está começando a me irritar.

Exclamou o cavaleiro de Câncer ao olhar atrás de uma enorme pilastra quando chegou ao fim das casas.

— Eu ouvi o que o Grande Mestre te disse - falou uma voz suave, quase sensual que saía de trás do gesso - Se quiser uma companhia...

— Você está bem longe da sua casa Afrodite - respondeu sentindo irritação - Não preciso ser babá de mais ninguém, por isso pode ir embora!

— Mas que grosseria! - exclamou o Cavaleiro de Peixes que brincava com uma rosa vermelha entre os dedos - Porque sempre me trata assim?

O Cavaleiro de Câncer o fitou, respirou fundo e aproximou-se dele com passos pesados.

— Escute aqui - começou enquanto empurrava Afrodite para a pilastra de gesso - Não preciso de ninguém nessa droga de santuário, muito menos um cavaleiro fraco como você! Por isso sua companhia não me ajuda em nada, fique fora da droga do meu caminho Afrodite de Peixes!

O cavaleiro dono das rosas sentiu o rosto arder, a respiração ofegante e quente do rapaz a sua frente fez seu coração bater mais forte, até mesmo a falta de paciência do cavaleiro de Câncer o deixava excitado.

— Quanta hostilidade! - disse ele desvencilhando-se da aproximação do outro - Eu não preciso ficar aqui sendo humilhado por um homenzinho como você! Olhe só para mim! Talvez Shura queira minha companhia.

Antes que pudesse sair Máscara da Morte o agarrou fortemente pelo braço apertando-o.

— Você vai atrás daquele lixo? - questionou ele sem parecer acreditar - Duvido que você se satisfaria com ele! E duvido mais ainda que ele vá querer sua companhia.

— Está com ciúme? - perguntou Afrodite debochando enquanto tentava puxar o braço das mãos de Máscara da Morte, mas sem sucesso - Está me machucando!

— Pois é bom que você saiba - retrucou o de Câncer - Que se for bandiar pro lado de Shura pode me esquecer por aqui mesmo.

Respondeu finalmente soltando os braços de Afrodite.

O Cavaleiro de Peixes não respondeu, apenas mordeu os lábios satisfazendo-se com aquela situação, deu uma piscadela para o outro cavaleiro e saiu andando deixando Máscara da Morte para trás.

— Quem sabe quando você voltar dou uma passeadinha na casa de Câncer.

O Cavaleiro sentiu o rosto arder, as mãos fecharam-se em punhos até o nó de seus dedos esbranquiçarem, mas não fez nada além de continuar sua jornada até Atena.


Saori caminhava tendo as estrelas como paisagem, o brilho delas se intensificava conforme o cosmo da deusa se estendia. Sua mente imaginava o confronto entre Kanon e Saga, tentava se convencer de que ela poderia separá-los caso isso acontecesse, pensava que poderia pará-los se o dia chegasse, mas a verdade era que seu coração estava dividido entre os gêmeos e por mais que tentasse não conseguia simplesmente esquecer aquilo.

Mesmo que nunca tivesse havido nada entre eles ela não conseguia deixar para lá o modo como Saga era devoto à Atena, seus esforços para agradá-la, sua forma de protege-la acima de tudo. Entretanto, Kanon sempre demonstrou carinho por Saori e sua humanidade, sempre a desejou e ela sabia que se houvesse uma oportunidade Kanon daria sua vida para salvá-la e era exatamente por esses milhares de motivos que Saori sentia-se dividida, não somente por sua personalidade humana-deusa, mas pelos gêmeos que tinham uma grande parte de seu coração.

Ao longe Máscara da Morte se aproximou seus olhos escurecidos pelas grossas sobrancelhas, que sempre mostravam seu mal humor, encararam os de Saori, imediatamente seu corpo por intuição ajoelhou-se diante dela.

— Senhorita Atena. O Grande Mestre me enviou para vir busca-la.

— Me buscar? - perguntou Atena confusa - Por que ele mandaria alguém me escoltar?

— Talvez estivesse preocupado com a senhora, ele pareceu bem seguro quando me ordenou que viesse busca-la.

O coração da jovem deusa bateu forte no peito, seus lábios queriam esboçar um sorriso mas ela se conteve.

— Não precisava vir tão longe só para me buscar Máscara da Morte.

— Eu sei Atena - disse ele parecendo concordar com ela - Mas fui ordenado pelo Grande Mestre.

— Você fez o certo em obedecê-lo. Pois bem, vamos para casa.

Mesmo com o cosmo agressivo e um tanto sádico do cavaleiro de Câncer, Saori o adorava, conseguia ver dentro das órbitas acinzentadas do rapaz que ele era no fundo uma criança maltratada que não soube crescer, e com os poderes de um cavaleiro de Atena ele sentia-se o homem mais forte do mundo e muitas vezes não media consequências para suas ações.

Antes que pudessem se aproximar um horrível cosmo se fez sentir tanto para Atena quanto para o seu cavaleiro, até mesmo Máscara da Morte temeu aquele cosmo.

— Que cosmo é esse?

Perguntou Máscara da Morte colocando-se em posição de defesa.

— Eu não sei, mas não é nada amistoso.

Comentou Saori segurando o báculo fortemente.

Então simplesmente as coisas ficaram mais escuras, o céu perdeu o brilho de suas estrelas, a Lua estava escondida medrosamente atrás de uma nuvem. O tempo se fechou mais ainda, raios reluziam no céu escuro enquanto o vento gélido cortava aos poucos a pele de Saori e seu Cavaleiro de Ouro, o chão parecia que ruiria a qualquer momento e então ele finalmente apareceu quando um raio tocou o chão rapidamente fazendo com que os dois ali tapassem os olhos.

Ares estava parado, seus cabelos brancos presos num rabo de cavalo longo davam-lhe uma aparência mais jovial. Seu torso forte e alto demonstrava imponência, segurava na destra uma espada longa e fina cuja lâmina cortava até mesmo gotas de água. O corpo era revestido por uma armadura prateada tão cintilante quanto as armaduras de Ouro. Os olhos azuis piscina fitavam Atena com desdém.

Ao lado do deus da guerra haviam mais dois cavaleiros que usavam armaduras da mesma cor, um deles tinha uma enorme cobra que envolvia o torso e terminava na cabeça como um elmo. O outro pequenas garras pontiagudas ao redor da cabeça e olhos no elmo que pareciam encarar a alma.

— Atena - disse a voz grossa do deus - Que desprazer revê-la.

Saori finalmente abriu os olhos, aquela voz fazia seu corpo se estremecer por completo.

— Ares - reconheceu ela - O que faz aqui?

Máscara da Morte sentia o medo apoderar-se dele, a vista daqueles três cavaleiros prateados era assustadora, principalmente pela cicatriz que um deles trazia no rosto: um corte horizontal que pegava de orelha a orelha.

— Precisamos conversar cara deusa - respondeu Ares debochado - Tenho uma guerra para travar e quero seus poderes para me ajudar, afinal somos deuses das mesmas coisas não é?

— Não somos iguais em nada Ares! - exclamou Atena sentindo seu cosmo brilhar por todo o corpo - E é melhor você se retirar.

O deus gargalhou fazendo Saori e Máscara da Morte temerem.

— Acha que vou obedecer você? Você negou os deuses e decidiu juntar-se à eles!

Falou apontando para o cavaleiro de Ouro.

— Acho melhor você fazer o que Atena manda ou eu mesmo terei que lidar com você!

Nessa hora o cavaleiro prateado da cicatriz deu um passo para frente, seu cosmo era grandioso demais e sua armadura reluzia tanto quanto a Lua.

— E quem você pensa que é para desafiar o meu deus?

Quis saber o cavaleiro hostil.

— Sou Máscara da Morte, cavaleiro de Ouro da casa de Câncer! E você seu lixo?

— Eu sou Deimos, cavaleiro de Basilisco, filho de Ares o deus da guerra!

A força do cosmo de Deimos era grande demais e fazia Máscara da Morte recuar um pouco, mas mesmo assim manteve-se firme.

— Acho que sua cabeça ficaria linda na minha coleção.

Comentou Máscara da Morte em posição para atacar.

— Não me faça rir - respondeu Deimos estendendo uma das mãos cobertas pela armadura de cobra - Veneno Mortal!

Gritou o Cavaleiro Guerreiro de Ares e seu cosmo simplesmente quase explodiu o lugar que estavam jogando para longe Máscara da Morte e Atena.

Aos poucos a deusa e seu cavaleiro abriram os olhos, o corpo de ambos formigavam e doíam de modo que não conseguiam se levantar, a visão estava turva, o corpo inchado e começando a escurecer aos poucos por conta do veneno de Deimos.

— Se-Seu maldito! - exclamou o cavaleiro de Ouro que mal conseguia enxergar - E-Eu vou... E-Eu...

— Você vai o que? - perguntou Deimos olhando-o de cima enquanto o corpo do cavaleiro de Câncer escurecia cada vez mais e ia perdendo os sentidos aos poucos - Você não passa de um verme cavaleiro de Ouro e eu vou acabar com você!

Ao estender a mão para o golpe final Deimos fora impedido por Ares que o segurou.

— Deixe-o filho, talvez ele sobreviva ou não, mas se viver deixe que ele diga a todos que essa guerra vai começar logo.

— Certo meu pai.

Respondeu o cavaleiro em obediência.

— Fobos, pegue Atena e vamos embora.

O outro pegou o corpo adormecido de Atena e o levantou sem dificuldade.

— Pegue o báculo irmão.

Pediu Fobos.

Os três olharam mais uma vez para Máscara da Morte que sem sucesso tentava se levantar e depois partiram sem deixar vestígios.

O corpo do cavaleiro de Ouro doía, seus músculos pareciam estar sendo corroídos por dentro, seus olhos ardiam ao se abrirem e aos poucos o coração batia mais fraco, mas antes que pudesse adormecer ele pensou na única pessoa que gostaria que estivesse ali e deu um sorriso, um último sorriso antes de fechar os olhos e sussurrou seu nome.

— Afrodite...


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