Proibido Cosmo escrita por Saori do Yaoi
Saori estava observando a Lua naquela noite, seus olhos esmeraldas encaravam o manto negro que ocupado por milhões de estrelas brilhantes pintavam o céu como um quadro, a brisa batia leve em seus cabelos longos, o cosmo da deusa era quase palpável a paz com que ambas sentiam equilibradamente fazia uma onda de calor envolver não somente o corpo esbelto da jovem deusa, mas todos os cavaleiros em suas respectivas casas logo abaixo.
— Atena.
A voz vinha as costas da deusa, era impossível não reconhecê-la, principalmente o cosmo poderoso e acolhedor que emanava na sala em que ela se encontrava.
— Shaka - respondeu Saori sorrindo ao ver o loiro em sua presença prostrado de joelhos - O que está fazendo aqui?
— Desculpe a intromissão - disse ele sem abrir os olhos, que Saori achava fascinante - Mas vim lhe dizer que nós o encontramos.
A voz do cavaleiro de ouro de Virgem era calma, entretanto a deusa podia sentir o cosmo preocupado do rapaz.
— Onde ele estava?
Quis saber ela.
— Preso no Cabo Sunion - disse ele com um leve pesar - Peço, que por precaução, a senhorita não vá visitá-lo sozinha, deixe-me ir junto.
A garota sorriu um sorriso transparente de gratidão, o cavaleiro era bem mais alto do que ela e mesmo assim aproximou-se e colocou a mão em seu ombro olhando-o nos olhos dele mesmo com as pálpebras fechadas.
— Eu agradeço Shaka, mas devo ir sozinha.
— Devo insistir Atena, não é sensato que...
Antes que o cavaleiro pudesse continuar ele fora interrompido por um garoto de porte médio, ombros fortes e cabelos castanhos.
— Saori! - gritou ele, o tom de voz alarmado chamou a atenção dos dois que estavam na sala - Me disseram que eles encontraram Kanon preso no Cabo Sunion.
Saori sentiu seu coração pulsar de alegria, era sempre muito bom estar na presença do Seiya, a preocupação que o rapaz demonstrava para com ela era especial.
— Seiya, é uma falta de educação o modo como trata a senhorita Atena.
Advertiu o cavaleiro de Virgem.
Seiya sentiu as bochechas arderem, a presença imponente de Shaka deixava-o desconcertado.
— Desculpe Sa...Atena - disse ele abaixando a cabeça - Mas é que...
— Tudo bem - respondeu a garota com um olhar carinhoso - Entendo sua preocupação, mas Kanon está preso e ele é irmão de Saga, pelo meu cavaleiro eu preciso ir vê-lo.
— Mas ele não é nosso amigo, o cosmo de Kanon é agressivo e cruel!
Retrucou o cavaleiro de bronze.
— Eu a acompanharei Seiya, não se preocupe. Você não tem uma missão com os outros cavaleiros de bronze?
Era verdade que o cavaleiro de Pégasu tinha sido designado a uma outra missão no Japão acompanhado de Shun, o cavaleiro de Andrômeda.
— Mas Shaka...
— Eu já disse - respondeu o mais alto aproximando-se de Seiya com passos pesados, seu cosmo era evidentemente muito mais forte do que o de Seiya, era intimidador estar na presença de Shaka - Agora vá e não se preocupe, protegerei Atena com a minha vida.
Seiya deu uma última olhada e aguardou a confirmação de Saori que com a cabeça assentiu para o cavaleiro de bronze.
— Vamos senhorita Saori?
Saori olhou mais uma vez para a Lua, por algum motivo ela sabia que deveria encontrar-se sozinha com Kanon.
— Shaka, eu agradeço por sua companhia, mas ela só mostraria a Kanon que estamos partindo para algo agressivo, como se não confiássemos nele.
— Mas eu não confio Atena.
— Eu sei, mas preciso falar com Kanon a sós.
Mesmo relutante Shaka obedeceu as ordens da deusa de ficar e proteger a casa de Virgem, mas a acompanhou até a porta do santuário onde a viu partir.
Ao chegar a sua casa o cavaleiro de Virgem deparou-se com uma figura mais baixa, revestida por uma armadura de ouro cujo dois chifres estendiam-se para os lados na altura dos ombros.
— Mu, o que faz aqui?
— Senti o cosmo de Atena se afastar, estava indo em direção ao desfiladeiro.
Respondeu o cavaleiro de Áries, era quase palpável a preocupação em sua voz.
— Sim, foi vê-lo.
— Isso é um absurdo Shaka, como pôde deixa-la ir?
Shaka ainda mantinha os olhos fechados, sentou na porta de sua casa entre duas grandes estátuas e colocou-se em posição de meditação.
— Ela me ordenou que ficasse Mu, o que eu poderia fazer?
Mu não respondeu, apenas passou a encarar a Lua enorme e cheia no céu estrelado.
A noite estava quente, o vento não era fresco e tão pouco gélido, um mormaço quente esgueirava-se entre os doze templos, mesmo assim um cheiro doce chegou até as narinas do cavaleiro de Áries. Ele olhou para Shaka que permanecia sentado, os longos cabelos loiros, a pele clara e os olhos azuis tão conhecidos estavam fechados, o cheiro adocicado emanava dele.
Mu sentou-se ao lado do rapaz dobrando as pernas e inclinando-se para trás apoiando em ambos os braços, os olhos não se desviavam do companheiro.
— Sabe que não gosto quando fica me encarando - falou o loiro sem nem olhar para trás - É desconfortável.
Mu sorriu.
— Você não reclama sempre disso.
Shaka interrompeu sua meditação e virou-se para trás, ainda de olhos fechados segurou com rapidez e facilidade um dos punhos de Mu puxando-o para si.
— Não me provoque Mu - advertiu Shaka num tom de brincadeira - Você sabe o que posso fazer com os seus sentidos.
Um sorriso diabólico escapou dos lábios de Shaka.
Mu se retraiu pois sabia muito bem da habilidade que o cavaleiro tinha em relação aos cinco sentidos. Um vento que chegara aos longos cabelos de Mu o fizeram arrepiar, o cosmo do cavaleiro de Áries estava ficando cada vez mais agitado.
O desfiladeiro onde Kanon estava preso era mais distante do que Saori imaginava, conforme se aproximava seu coração humano batia mais forte, a deusa dentro de si tentava controlá-lo, mas em vão pois não havia descoberto uma maneira de controlar os sentimentos humanos da jovem Kido.
O cheiro salgado do mar atingiu a deusa em cheio, suas mãos suavam e suas pernas tremulavam conforme caminhava, ao longe uma visão linda e tenebrosa ao mesmo tempo.
O oceano estava negro sua cor refletia o céu escuro, suas águas pareciam mais agitadas do que o de costume. O Cosmo de Atena estava calmo, mas o corpo de Saori ofegava com a aproximação, imaginava todas as coisas que tinha a dizer para Kanon e ao mesmo tempo todas as outras que não gostaria de dizer, mas precisava.
Ele encontrava-se ao longe, os cabelos azuis voavam quase desaparecidos pelas águas que inundavam a prisão afogando-o, desesperado Kanon tentava respirar por entre uma onda e outra que preenchia a pequena caverna sem saída, mas entre as águas ele viu a luz ao longe, algo brilhava intensamente e era um cosmo aconchegante e gentil, depois disso tudo ficou escuro.
Os olhos do Cavaleiro se abriram, as orbitas verdes escuras de Kanon encararam com desespero o céu escuro acima de sua cabeça enquanto desesperadamente seu corpo tentava soltar toda a água que havia em seus pulmões, tossindo freneticamente o homem sentou-se e pela primeira vez durante dias sentiu algo seco debaixo de seu corpo. Sentado na beira do desfiladeiro Kanon encontrava-se ofegante, ao seu lado o manto branco tão bem conhecido estendia-se a um pouco acima de sua cabeça.
A visão de Saori vista de baixo parecia muito mais imponente do que vista de qualquer outro ângulo, ali Kanon sabia que deveria prostrar-se diante da deusa como todos os outros cavaleiros mostrando seu arrependimento, porém lembrou-se imediatamente de seu corpo sendo expulso do santuário pelo próprio irmão, relembrar daquilo fez o coração amargo do cavaleiro arder no peito e levantou-se rapidamente.
— O que está fazendo aqui?
Quis saber Kanon enquanto olhava a garota frágil diante dele, apesar de ser uma deusa de eras mitológicas, o corpo diante dele era de Saori Kido, uma jovem de dezenove anos que abriga a deusa da guerra e era exatamente para Saori que Kanon falava.
— É melhor você ir embora.
— Eu não posso - respondeu a jovem de cabelos lilás - Preciso que venha comigo.
— Ir com você? - questionou o homem com deboche - Para onde, posso saber?
— Para o santuário, está na hora de você acertar suas contas, Kanon.
— Não me faça rir! As únicas contas que tenho para acertar não são com você!
— Mas são com o meu cavaleiro!
Saori sentia o poder da deusa se sobressair cada vez mais em seu corpo, o báculo inseparável começava a brilhar.
— Atena...
As palavras de Kanon quase não saíram, os olhos do rapaz desceram até o chão quando o Cosmo da deusa o atingiu gentilmente.
— Kanon, por favor...
Agora era a voz de Saori, um pouco mais leve e mais suave do que o poder e a imponência de Atena.
Por alguma razão a menina nutria um sentimento especial com o cavaleiro, quando Saori o olhava nos olhos conseguia enxergar a compaixão, a misericórdia e o arrependimento, mas com a ajuda de Atena ela também via o coração amargurado e vingativo de Kanon.
— Eu não posso Saori - disse ele afastando-se aos poucos - Eu agradeço por me salvar, mas eu... Sinto muito, eu não sou quem você pensa.
— Espere!
Disse ela ao agarrá-lo pelo braço enquanto o puxava para si, com o coração acelerado no peito e respiração ofegante a menina abraçou gentilmente o corpo de Kanon que estava frio e gélido por conta das águas do mar, mas nada se comparava com a frieza com que ele sentia em relação a ela, o modo como ele simplesmente tinha que partir e isso quebrava seu coração em um milhão de pedaços.
— Fique...
Pediu ela mais uma vez.
— Você não entende Saori? - gritou ele agarrando-a pelos braços e a colocando em frente ao seu corpo - Eu não sou bom, não sou como meu... Não sou como o Saga! Eu tentei matar você Atena, tentei matar seu corpo Saori e você ainda quer que eu fique? Veio sozinha na minha prisão e espere que eu faça o que exatamente? Me prostre aos seus pés? Se é isso o que quer então pode esperar sentada - disse soltando-a e se afastando - Eu nunca ficaria por você.
Aquelas palavras atingiram Saori em cheio, seu cosmo quente agora pareceu tão frio quanto os ventos da Sibéria, mas suas lágrimas estavam mornas e misturavam-se com as gotas do oceano que respingavam todas as vezes em que as ondas se quebravam nas pedras. Mas Saori ainda podia sentir o cosmo de Kanon, deixa-lo escapar tinha sido uma péssima ideia, havia colocado a vida do santuário e seus cavaleiros em risco, e pelo que? Por que simplesmente não conseguia dar a Kanon o que ele merecia? Por que não conseguia mata-lo ou bani-lo para outro continente? Por que não conseguia simplesmente ficar longe dele?
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