Proibido Cosmo escrita por Saori do Yaoi


Capítulo 1
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Saori estava observando a Lua naquela noite, seus olhos esmeraldas encaravam o manto negro que ocupado por milhões de estrelas brilhantes pintavam o céu como um quadro, a brisa batia leve em seus cabelos longos, o cosmo da deusa era quase palpável a paz com que ambas sentiam equilibradamente fazia uma onda de calor envolver não somente o corpo esbelto da jovem deusa, mas todos os cavaleiros em suas respectivas casas logo abaixo.

  — Atena.

 A voz vinha as costas da deusa, era impossível não reconhecê-la, principalmente o cosmo poderoso e acolhedor que emanava na sala em que ela se encontrava.

  — Shaka - respondeu Saori sorrindo ao ver o loiro em sua presença prostrado de joelhos - O que está fazendo aqui? 

  — Desculpe a intromissão - disse ele sem abrir os olhos, que Saori achava fascinante - Mas vim lhe dizer que nós o encontramos.

 A voz do cavaleiro de ouro de Virgem era calma, entretanto a deusa podia sentir o cosmo preocupado do rapaz.

  — Onde ele estava?

 Quis saber ela.

  — Preso no Cabo Sunion - disse ele com um leve pesar - Peço, que por precaução, a senhorita não vá visitá-lo sozinha, deixe-me ir junto.

 A garota sorriu um sorriso transparente de gratidão, o cavaleiro era bem mais alto do que ela e mesmo assim aproximou-se e colocou a mão em seu ombro olhando-o nos olhos dele mesmo com as pálpebras fechadas.

  — Eu agradeço Shaka, mas devo ir sozinha.

  — Devo insistir Atena, não é sensato que...

 Antes que o cavaleiro pudesse continuar ele fora interrompido por um garoto de porte médio, ombros fortes e cabelos castanhos.

  — Saori! - gritou ele, o tom de voz alarmado chamou a atenção dos dois que estavam na sala - Me disseram que eles encontraram Kanon preso no Cabo Sunion.

 Saori sentiu seu coração pulsar de alegria, era sempre muito bom estar na presença do Seiya, a preocupação que o rapaz demonstrava para com ela era especial.

  — Seiya, é uma falta de educação o modo como trata a senhorita Atena. 

 Advertiu o cavaleiro de Virgem.

 Seiya sentiu as bochechas arderem, a presença imponente de Shaka deixava-o desconcertado.

  — Desculpe Sa...Atena - disse ele abaixando a cabeça - Mas é que...

  — Tudo bem - respondeu a garota com um olhar carinhoso - Entendo sua preocupação, mas Kanon está preso e ele é irmão de Saga, pelo meu cavaleiro eu preciso ir vê-lo.

  — Mas ele não é nosso amigo, o cosmo de Kanon é agressivo e cruel!

 Retrucou o cavaleiro de bronze.

 — Eu a acompanharei Seiya, não se preocupe. Você não tem uma missão com os outros cavaleiros de bronze?

 Era verdade que o cavaleiro de Pégasu tinha sido designado a uma outra missão no Japão acompanhado de Shun, o cavaleiro de Andrômeda.

 — Mas Shaka...

— Eu já disse - respondeu o mais alto aproximando-se de Seiya com passos pesados, seu cosmo era evidentemente muito mais forte do que o de Seiya, era intimidador estar na presença de Shaka - Agora vá e não se preocupe, protegerei Atena com a minha vida.

 Seiya deu uma última olhada e aguardou a confirmação de Saori que com a cabeça assentiu para o cavaleiro de bronze.

 — Vamos senhorita Saori? 

  Saori olhou mais uma vez para a Lua, por algum motivo ela sabia que deveria encontrar-se sozinha com Kanon.

 — Shaka, eu agradeço por sua companhia, mas ela só mostraria a Kanon que estamos partindo para algo agressivo, como se não confiássemos nele.

 — Mas eu não confio Atena.

 — Eu sei, mas preciso falar com Kanon a sós.

 Mesmo relutante Shaka obedeceu as ordens da deusa de ficar e proteger a casa de Virgem, mas a acompanhou até a porta do santuário onde a viu partir.

 

 Ao chegar a sua casa o cavaleiro de Virgem deparou-se com uma figura mais baixa, revestida por uma armadura de ouro cujo dois chifres estendiam-se para os lados na altura dos ombros.

 — Mu, o que faz aqui? 

 — Senti o cosmo de Atena se afastar, estava indo em direção ao desfiladeiro.

 Respondeu o cavaleiro de Áries, era quase palpável a preocupação em sua voz.

 — Sim, foi vê-lo. 

 — Isso é um absurdo Shaka, como pôde deixa-la ir?

 Shaka ainda mantinha os olhos fechados, sentou na porta de sua casa entre duas grandes estátuas e colocou-se em posição de meditação.

 — Ela me ordenou que ficasse Mu, o que eu poderia fazer?

 Mu não respondeu, apenas passou a encarar a Lua enorme e cheia no céu estrelado. 

 A noite estava quente, o vento não era fresco e tão pouco gélido, um mormaço quente esgueirava-se entre os doze templos, mesmo assim um cheiro doce chegou até as narinas do cavaleiro de Áries. Ele olhou para Shaka que permanecia sentado, os longos cabelos loiros, a pele clara e os olhos azuis tão conhecidos estavam fechados, o cheiro adocicado emanava dele.

 Mu sentou-se ao lado do rapaz dobrando as pernas e inclinando-se para trás apoiando em ambos os braços, os olhos não se desviavam do companheiro.

 — Sabe que não gosto quando fica me encarando - falou o loiro sem nem olhar para trás - É desconfortável. 

 Mu sorriu.

 — Você não reclama sempre disso.

 Shaka interrompeu sua meditação e virou-se para trás, ainda de olhos fechados segurou com rapidez e facilidade um dos punhos de Mu puxando-o para si.

 — Não me provoque Mu - advertiu Shaka num tom de brincadeira - Você sabe o que posso fazer com os seus sentidos.

 Um sorriso diabólico escapou dos lábios de Shaka.

 Mu se retraiu pois sabia muito bem da habilidade que o cavaleiro tinha em relação aos cinco sentidos. Um vento que chegara aos longos cabelos de Mu o fizeram arrepiar, o cosmo do cavaleiro de Áries estava ficando cada vez mais agitado.

 

 

 

O desfiladeiro onde Kanon estava preso era mais distante do que Saori imaginava, conforme se aproximava seu coração humano batia mais forte, a deusa dentro de si tentava controlá-lo, mas em vão pois não havia descoberto uma maneira de controlar os sentimentos humanos da jovem Kido.

 O cheiro salgado do mar atingiu a deusa em cheio, suas mãos suavam e suas pernas tremulavam conforme caminhava, ao longe uma visão linda e tenebrosa ao mesmo tempo.

 O oceano estava negro sua cor refletia o céu escuro, suas águas pareciam mais agitadas do que o de costume. O Cosmo de Atena estava calmo, mas o corpo de Saori ofegava com a aproximação, imaginava todas as coisas que tinha a dizer para Kanon e ao mesmo tempo todas as outras que não gostaria de dizer, mas precisava.

 Ele encontrava-se ao longe, os cabelos azuis voavam quase desaparecidos pelas águas que inundavam a prisão afogando-o, desesperado Kanon tentava respirar por entre uma onda e outra que preenchia a pequena caverna sem saída, mas entre as  águas ele viu a luz ao longe, algo brilhava intensamente e era um cosmo aconchegante e gentil, depois disso tudo ficou escuro.

 Os olhos do Cavaleiro se abriram, as orbitas verdes escuras de Kanon encararam com desespero o céu escuro acima de sua cabeça enquanto desesperadamente seu corpo tentava soltar toda a água que havia em seus pulmões, tossindo freneticamente o homem sentou-se e pela primeira vez durante dias sentiu algo seco debaixo de seu corpo. Sentado na beira do desfiladeiro Kanon encontrava-se ofegante, ao seu lado o manto branco tão bem conhecido estendia-se a um pouco acima de sua cabeça. 

 A visão de Saori vista de baixo parecia muito mais imponente do que vista de qualquer outro ângulo, ali Kanon sabia que deveria prostrar-se diante da deusa como todos os outros cavaleiros mostrando seu arrependimento, porém lembrou-se imediatamente de seu corpo sendo expulso do santuário pelo próprio irmão, relembrar daquilo fez o coração amargo do cavaleiro arder no peito e levantou-se rapidamente.

 — O que está fazendo aqui?

 Quis saber Kanon enquanto olhava a garota frágil diante dele, apesar de ser uma deusa de eras mitológicas, o corpo diante dele era de Saori Kido, uma jovem de dezenove anos que abriga a deusa da guerra e era exatamente para Saori que Kanon falava.

 — É melhor você ir embora.

 — Eu não posso - respondeu a jovem de cabelos lilás - Preciso que venha comigo.

 — Ir com você? - questionou o homem com deboche - Para onde, posso saber?

 — Para o santuário, está na hora de você acertar suas contas, Kanon.

 — Não me faça rir! As únicas contas que tenho para acertar não são com você!

 — Mas são com o meu cavaleiro!

 Saori sentia o poder da deusa se sobressair cada vez mais em seu corpo, o báculo inseparável começava a brilhar.

 — Atena...

 As palavras de Kanon quase não saíram, os olhos do rapaz desceram até o chão quando o Cosmo da deusa o atingiu gentilmente.

 — Kanon, por favor... 

 Agora era a voz de Saori, um pouco mais leve e mais suave do que o poder e a imponência de Atena.

 Por alguma razão a menina nutria um sentimento especial com o cavaleiro, quando Saori o olhava nos olhos conseguia enxergar a compaixão, a misericórdia e o arrependimento, mas com a ajuda de Atena ela também via o coração amargurado e vingativo de Kanon.

  — Eu não posso Saori - disse ele afastando-se aos poucos - Eu agradeço por me salvar, mas eu... Sinto muito, eu não sou quem você pensa.

 — Espere!

 Disse ela ao agarrá-lo pelo braço enquanto o puxava para si, com o coração acelerado no peito e respiração ofegante a menina abraçou gentilmente o corpo de Kanon que estava frio e gélido por conta das águas do mar, mas nada se comparava com a frieza com que ele sentia em relação a ela, o modo como ele simplesmente tinha que partir e isso quebrava seu coração em um milhão de pedaços.

 — Fique...

 Pediu ela mais uma vez.

 — Você não entende Saori? - gritou ele agarrando-a pelos braços e a colocando em frente ao seu corpo - Eu não sou bom, não sou como meu... Não sou como o Saga! Eu tentei matar você Atena, tentei matar seu corpo Saori e você ainda quer que eu fique? Veio sozinha na minha prisão e espere que eu faça o que exatamente? Me  prostre aos seus pés? Se é isso o que quer então pode esperar sentada - disse soltando-a e se afastando - Eu nunca ficaria por você.

 Aquelas palavras atingiram Saori em cheio, seu cosmo quente agora pareceu tão frio quanto os ventos da Sibéria, mas suas lágrimas estavam mornas e misturavam-se com as gotas do oceano que respingavam todas as vezes em que as ondas se quebravam nas pedras. Mas Saori ainda podia sentir o cosmo de Kanon, deixa-lo escapar tinha sido uma péssima ideia, havia colocado a vida do santuário e seus cavaleiros em risco, e pelo que? Por que simplesmente não conseguia dar a Kanon o que ele merecia? Por que não conseguia mata-lo ou bani-lo para outro continente? Por que não conseguia simplesmente ficar longe dele? 

 


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