A Nova Terra escrita por Rebeca McLean


Capítulo 2
Mundos diferentes, mesmas batalhas


Notas iniciais do capítulo

Eu demorei mais de um ano, eu sei. Tenho zero justificativas, podem me crucificar. Voltei por causa dos comentários de Luiza Avelino, Romanoff Rogers, ThamiresL, Adrielle, La Rue e Eduarda.
Nem sei como agradecer, esse capítulo é especialmente para vocês que me incentivaram a continuar. Eu melhorei um pouco o capítulo anterior, mas não mudei nada demais, então não precisam reler se não quiserem.
Boa leitura!



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Carol tinha notado os dispositivos de segurança no seu quarto. Na porta ela especulou que seria para monitorar quando saía do cômodo, e também achou ter visto algum tipo de selo mágico no meio das estampas da cortina. Não era uma grande conhecedora de magia, então não soube dizer, ainda mais em outro mundo.

Ela estava em outro mundo. Isso era assustador. Entre viajar para outra Terra, conhecer uma ilha mágica com moradores míticos e o fardo de ter que proteger a Joia não houve tempo para absorver tudo. Agora na quietude da noite, Carol tentava pôr a cabeça no lugar. Ela estava um pouco assustada, mas acima de tudo, temerosa com o futuro. E não conseguia dormir, a cena de sua chegada na praia e sua sessão com a Rainha não iam embora de sua mente. Ela praticamente viu o sol nascer.

Sua inquietude não foi embora nos dias seguintes. Desde a decisão da Rainha Hipólita, ela passou por um tempo de adaptação na Ilha, mas quem a acompanhou foram amazonas desconhecidas. Não que alguma delas lhe fosse familiar, mas Carol se pegou desejando conhecer melhor a Rainha. Na verdade, queria poder encontrar e agradecer a amazona que ficou do seu lado quando todas as outras a rejeitaram. Ela era filha da Rainha Hipólita, Carol se lembrou dela ter usado a palavra mãe.

Tais pensamentos só a ocorriam quando estava sozinha, o que era um período pequeno de tempo. Sua rotina, da qual aceitou sem protestar, era acordar cedo, acompanhar o treinamento coletivo das guerreiras e depois treinar com a sub-general. Para seu azar, era a mesma mulher que quase rasgou sua garganta por tentar falar com a Rainha. A Capitã tentou dizer a si mesma que ela só estava cumprindo seu dever, não era motivo para manter rancor. Mas na primeira provocação que recebeu em batalha, o esforço foi perdido.

— Na sua Terra as mulheres são tão fracas assim? — Casta debochou depois de ter desviado de um golpe da heroína.

Não tinha jeito, Carol não gostava dela. Casta também não gostava da Danvers, então havia equilíbrio.

Nos primeiros dias Carol raciocinou que não seria bom usar seus poderes para lutar com as amazonas. Por vários motivos, mas os principais eram que isso poderia assustá-las e reverter a decisão de aceitar sua presença ali. O outro motivo era o de não ter testado seus poderes naquela Terra ainda. Pelo que sabia, tudo podia sair do controle se ela tentasse liberar seus poderes fora de sua dimensão de origem.

Agora que o tempo passou, ela não podia mais tentar mostrar seus poderes para ninguém, pois iriam suspeitar do motivo de não ter mostrado antes. Ela já estava tendo dificuldades em vender a história de viajante interdimensional, não queria complicar mais.

— Hoje acabamos por aqui, Danvers. — Casta bateu em seu ombro, a tirando dos pensamentos. Carol suspirou, balançando a cabeça. Hoje era dia de alguma comemoração, não houve treino coletivo e Casta precisou se ausentar mais cedo para ajudar nos preparativos. A Capitã não se importou, era até melhor. Sua adaptação naquele mundo estava sendo cansativa.

— Devo participar da festa? — perguntou sem animação.

Casta só parou por um momento na saída do campo.

— Suponho que sim. Espere em seu quarto. — parecia uma ordem.

 

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— Que roupas diferentes…

Carol se olhava no espelho. Tudo naquela ilha parecia antigo e tradicional, mas de um jeito muito peculiar. Ela riu sozinha pensando nisso, mas era verdade. Tinha passado a se vestir como elas, já que não trouxe nenhuma roupa. Para esta festa, que a Capitã não tinha ideia do que vestir, ela esperava não passar vergonha. O clima quente do lugar a fez escolher um tecido esvoaçante cor creme, que se dobrava em pequenas ondas até seus joelhos. As mulheres dali não tinham pudor com decotes, mas Danvers escolheu tampar sua frente e deixar a enorme fenda em suas costas. Não tinha recebido nenhuma bijuteria, então só permaneceu com seu bracelete, que carregava a pedra escarlate a qual deveria proteger.

Quando a Capitã estava quase entrando em mais preocupações encarando a joia vermelha em seu braço, alguém bateu na porta.

— Boa noite, Danvers. Sou a Princesa Diana, vim te acompanhar até a festa. — havia um pequeno sorriso nos lábios da mulher.

Carol recuperou sua postura imediatamente, se sentindo um pouco pressionada por ser pega de surpresa. Então Diana era mesmo o seu nome. A Capitã se sentia pequena do lado dela, a vestimenta que usava só contribuía para essa sensação. Diana trajava um vestido verde escuro até os pés, com uma fenda em cada perna. Um modelo simples, acompanhado somente de um cinturão preto que amarrava a cintura fina. Era um belo exemplo de realeza. E os cabelos, nunca tinha visto nada igual.

Caminhando juntas pelas passagens bem ornamentadas na Ilha, Carol pensou em aproveitar a oportunidade antes de chegarem na festa.

— Me chame só de Carol, vossa alteza. Pode me dizer qual o contexto da festa de hoje?

Por um momento, a Capitã sentiu saudades das gírias e palavras informais que usava na outra Terra. A Princesa olhou para a mulher ao seu lado, e parecia gostar do jeito sociável da forasteira.

— Tudo bem, Carol, então me chame só de Diana. — quando viu Carol se agradar com a informalidade, prosseguiu — A festa de hoje é um banquete de comemoração pela nossa próxima colheita.

Diana se sentia bem explicando sua cultura para Carol, que absorvia tudo com atenção. Sem deixar o silêncio se estender, a Princesa adicionou.

— Minha mãe também está oferecendo o serviço em sua honra, já que é nossa convidada.

Aquilo era uma surpresa. Estando sem palavras, Danvers só conseguiu encarar o rosto sereno de Diana.

— Não me diga que Casta não a avisou de nada?

Ao ouvir aquele nome a heroína logo voltou ao seu eu habitual. Desviando os olhos para o caminho, retomou a seriedade para responder à Princesa.

— Ela não me avisou de nada, senhora. — mexeu nos cabelos, controlando a raiva. — Desculpe, Diana. Ainda estou me acostumando.

A Princesa não se preocupou com isso. Mas sabia que Casta era rígida e um pouco amarga, e se lembrava que foi ela que ficou de treinar com a forasteira. Talvez fosse ser um problema, mas Diana apostava que se Carol era quem dizia que era, não seria complicado.

— Não deixe ela te afetar tanto, aproveite a festa de hoje. — o salão aberto já estava na frente delas. A Princesa esperava que Carol pudesse ser bem recebida em sua ilha, e aquela era uma boa oportunidade para acalmar os ânimos das outras amazonas, por isso tinha ido pessoalmente buscá-la para a festa.

Carol se surpreendeu com a simpatia de Diana para com ela, ao contrário de como a maioria a vinha tratando. Isso a lembrou do que ela tinha feito quando chegou aqui.

— Princesa Diana, obrigada por ter ficado do meu lado naquele dia.

Devido ao seu posto de Princesa, Diana recebia muitos agradecimentos. Mas o de Carol carregava o que só outra heroína reconheceria, uma profunda devoção ao seu dever. Ela viu seu respeito pela Capitã aumentar naquele momento.

— De nada, Carol. É minha honra garantir que você cumpra sua missão com sucesso.

As duas caminhavam por entre as outras mulheres, todas vestidas em tons claros, algumas dançavam e muitas estavam reunidas na grande mesa principal, ao meio do salão. Carol pegou dois copos da mesa de bebidas, Diana aceitou um para brindarem.

— Se algum dia você precisar viajar para a minha dimensão, eu receberei você. — a Capitã pensou depois que elas deveriam estar mais bêbadas para uma frase dessa ser aceitável, mas Diana riu do nervosismo dela.

— Eu fico muito aliviada em saber disso. — a Princesa levantou o copo.

Casta passou ao lado delas acompanhada de uma amazona morena e baixinha, parecia uma adolescente. Danvers aproximou o copo da boca, se distraindo com a bebida até que a sub-general saísse de perto.

— Ela pode ser difícil, mas é uma boa lutadora. — Diana destacou.

Não foi difícil notar a frieza que Carol dedicava à Casta. Ela não tentou esconder, seria impossível, além do mais a Princesa já tinha demonstrado ser uma pessoa que não ligaria para tal desavença.

— Não é a primeira pessoa que eu conheço que gosta de usar provocação em batalha. — comentou. Eram muitos os que jogavam palavras sujas para atiçar o oponente, e a Capitã já derrotou muitos deles.

Diana sabia que sim, apesar de ter certeza que Casta só fazia isso com Carol por ela ter dúvidas sobre a viajante. Mas não quis explicar isso, as duas se resolveriam sem a sua intervenção.

— Então sabe muito de luta e batalhas?

Carol gostava de entreter a Princesa com suas respostas.

— Sim, Diana. Eu não disse que sou uma heroína em meu universo original?

Ela acenou que sim, tinha ouvido quando Carol explicou sobre sua natureza

— Não me esqueci. Mas existem heróis de todo o tipo, assim como batalhas além das físicas, talvez você fosse uma dessas heroínas que não sujam as mãos de sangue.

Carol agradecia a consideração da Princesa, ela realmente gostaria de ser esse tipo de heroína. Os olhos de Diana acompanhavam o brilho da lua, negros, cobertos por um véu prateado, esperando o que a viajante a diria. Carol se inspirou no olhar daquela mulher tão distinta para buscar uma resposta à altura das indagações.

— Se o seu mundo é um pouco parecido com o meu, então sabe que não há espaço para os que tentam ser heróis sem derramar sangue.


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Notas finais do capítulo

Aos poucos a Capitã vai se adaptando e mostrando sua personalidade. E eu amo a Diana.
É isso, espero que tenham gostado, me diverti escrevendo. Até!



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