A Nova Terra escrita por Rebeca McLean


Capítulo 1
A Ilha de Temyscera


Notas iniciais do capítulo

Bem-vindos



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As despedidas fazem parte da vida de qualquer super herói. Todas dolorosas, às vezes necessárias e traumatizantes. Mas todas essas despedidas nunca ensinaram Carol Danvers a como dizer adeus ao seu próprio mundo.

Naquela escadaria ela aguardava a porta se abrir. Quando entrou, se perguntou se aquilo tudo seria mesmo necessário. À sua direita, Doutor Estranho caminhava adentrando a sala cheia de livros, trazendo em mãos o que Carol sabia ser algo muito precioso.

— Capitã Marvel, eu agradeço que tenha me escutado da última vez que conversamos.

A mulher circundou o local com passos taciturnos, esperando antes de falar. O Doutor tinha a voz de um grande sábio que passara anos em uma paisagem bucólica.

— Por que você não pediu que os outros Vingadores viessem também?

Carol tentava não se distrair pela decoração da casa do mago. Os livros na estante eram a mais vasta coleção que a mulher já tinha contemplado.

— Existe uma razão para eu não ter me integrado aos Vingadores, você sabe. O que eu protejo está em risco, nada mudou desde que nos encontramos em Bangladesh durante o conflito na cidade. Não preciso dos outros Vingadores, eu preciso de você, Capitã.

O fundo do coração da Capitã se estremeceu com tamanho apelo. Respeitava o Doutor Estranho, mesmo que ele não fizesse parte dos Vingadores. A missão dos dois se conectava e já tinham lutado juntos no passado. Possuindo a Jóia do Tempo, Carol sabia que ele poderia sempre estar um passo à frente. 

Neste exato momento o resto da equipe dos Vingadores se reunia na Torre para analisar os futuros riscos do mundo, o que Carol sabia ter direta relação com o que Estranho trazia a ela. Ele esperava com paciência pela conclusão da heroína, que escolhia as palavras com cuidado.

— Eu confio em você, Doutor. E eu confio nos Vingadores, por isso sei que tudo vai ficar bem nas mãos deles enquanto eu não estiver aqui.

A heroína se virou na direção dele, acabando de vez com qualquer dúvida que tivesse sobre aceitar ou não. Ela tinha sido forjada para momentos como esse, nenhuma dúvida jamais a dominaria.

Doutor Estranho, que já esperava a resposta, deu um leve sorriso e arrastou sua capa pelo chão. Se pôs frente a ela e entregou a caixa. As mãos de Carol formigavam. Abriu-a e viu um lindo bracelete com uma jóia cravada no centro. A luz do sol se transformava em vermelho ao passar pelo cristal.

— Um grande desequilíbrio está chegando na Terra, Capitã Marvel. Eu preciso que você leve a Joia do Poder para outra dimensão e me ganhe algum tempo.

Ela travou o maxilar e se apossou do objeto com grande honra.

— Se é o único jeito de travarmos duas batalhas ao mesmo tempo, eu farei.

Doutor Estranho deu vários passos para trás enquanto assistia a Capitã Marvel encaixar o bracelete em seu braço. A peça se acendeu em vermelho e refletiu a cor por toda a vastidão do cômodo, como um véu. Carol sentia uma grande força se alastrar pelo corpo, transmitindo uma enorme sinfonia de sensações. Seu cabelo flutuava e seus olhos embaçaram, tudo o que via era uma névoa vermelha envolvendo suas mãos. A heroína suspirou profundamente cerrando os punhos, a Jóia estava conhecendo sua nova mestre. O ar se movimentava em volta da figura, e o chão tremia levemente com a força do corpo da mulher.

No meio da cena gloriosa em sua frente, Doutor Estranho urgentemente mexeu os dedos e começou a dizer bem alto as palavras de conjuração. Sua Joia do Tempo abriu um portal na frente da Capitã banhada em vermelho. Dentro do círculo estava a outra dimensão, o mistério para o qual Carol tinha se voluntariado. Ela controlou a vastidão de poder e assim que a Joia parou de brilhar, olhou uma última vez para o seu mundo antes de entrar no portal, em direção ao desconhecido. As mãos do Doutor seguraram o portal aberto pelo tempo necessário, até que Carol Danvers não estivesse mais naquela existência. O grande círculo se fechou com violência, por fim jogando o homem ao chão.

O vermelho e a negritude da escuridão levaram a Capitã Marvel pela menor e mais vertiginosa viagem da vida dela. Mas foi o suficiente para que ficasse totalmente tonta e confusa. 

Quando abriu os olhos, o céu claro a cegou. Se sentou na areia, tentando observar o mundo ao redor, nos primeiros segundos agradecendo pela paisagem ser bem similar a várias que já tinha visto. Olhou para trás, onde não havia mais nenhum portal. Levantou-se cambaleante, andando pela areia quente.

A grande Ilha abrigava agora a grande Vingadora. De cima dos montes brancos uma amazona vigilante soou o instrumento de alarme ao avistar Carol. Em um minuto vinte amazonas cercaram a Capitã com suas armas, que levantou os braços ofegante, ainda bem confusa. Doutor Estranho tinha dito que a colocaria no lugar mais seguro que conseguisse, então ela só deixou ser levada pelas mulheres.

— De onde você vem, forasteira? — uma das guerreiras exigiu resposta. Aquilo seria complicado, ela pensou.

— Eu sou uma viajante entre dimensões. Vim de outro mundo.

Mesmo achando que isso causaria uma reação nada agradável, contou a verdade. A escolta parou. A que parecia ser a líder se virou para ela, analisando os olhos confusos de Carol. A guerreira sorriu no meio das outras que assistiam tensas à conversa.

— Outro mundo? Deuses, com certeza a Diana tem que ficar sabendo disso.

O jeito que a amazona falou fez Carol crer que a situação dela não era tão estranha assim, principalmente para a tal Diana. Até agora, só tinha visto mulheres. E quanto mais adentrava o reino mais isso ficava claro. Uma fila de mulheres passavam no morro mais acima, assistindo as guerreiras a escoltarem pela via principal. 

Já menos desorientada, a Capitã checou seu braço e viu o bracelete intacto. Teria que pensar mais tarde em como controlaria aquela coisa caso se ativasse sem querer. Segurou um suspiro refletindo sobre como reagir e não entrar em conflito com aquelas mulheres que não pareciam se intimidar facilmente. Já era tarde demais, ela estava presa com aquelas pessoas e teria que negociar sua liberdade.

Toda a estrutura da Ilha era - literalmente - coisa de outro mundo. Algumas coisas pareciam ter sido feitas pela própria comunidade, e toda a fauna e flora da Ilha era preservada, mesmo que Carol notasse que estava sendo habitada há tempo.

Entraram numa sala que abrigava uma mulher um pouco mais velha sentada em uma bonita cadeira prateada. Embora Carol tivesse mais centenas de coisas novas para admirar no cômodo, não deixou de focar nas duas figuras do centro. Pois, além da rainha, ao seu lado uma mulher mais nova tomava lugar, e tinha os olhos afiados e doces.

— Eu sou a Rainha Hipólita e esta é a Ilha de Temyscera. — a voz era mais grave e certamente imponente, como o esperado da Rainha. — Qual é o seu nome e como encontrou a nossa Ilha?

— O meu nome é Carol Danvers, vossa alteza. — se comportou como uma simples forasteira, já que estava em terras desconhecidas. — Eu venho de uma Terra de outra dimensão a fim de proteger um artefato valioso.

Levantou um pouco os olhos para enxergar a reação da Rainha. Estava visivelmente surpresa, e a mulher ao seu lado parecia encarar Carol com muitíssima curiosidade.

— De outra dimensão, você diz. — testou, para caso tivesse ouvido errado.

— Sim, senhora. Talvez uma das suas guerreiras tenha me visto chegar. Não foi pelo mar nem pelo ar.

Uma das mulheres já estava ao ouvido da Rainha Hipólita, Danvers reconheceu como uma das que a escoltou.

— No meu mundo…

Carol foi interrompida, uma amazona estendeu uma espada frente ao seu rosto. Por pouco não revidou a ameaça, mas a tempo se lembrou de permanecer quieta.

— Só fale quando a Rainha lhe perguntar algo.

A Capitã entendia a proteção à Rainha, mas a atitude da amazona tinha a irritado um pouco. Controlou o olhar e o desviou, fitando o trono. A estratégia seria focar seus esforços na Rainha, já que as outras estavam tão desconfiadas de sua presença.

Com um simples gesto da líder, a amazona retirou a espada e Carol voltou a falar.

— Majestade, no meu mundo grandes heróis e heroínas lutam para preservar a paz do universo. Nós protegemos a vida da melhor maneira que podemos, e minha viagem até aqui é parte da missão.

Um pequeno alvoroço começou no salão, algumas mulheres muito surpresas e questionando a veracidade daquilo. A amazona que usou a espada para calar a Capitã dizia freneticamente que seria arriscado aceitar uma forasteira.

Rainha Hipólita ficou calada, depois de alguns segundos a confusão se dissolveu.

— Mãe, deixe-a ficar.

Era a voz da mulher mais nova ao lado da Rainha. Deveria ser bem corajosa para contradizer o que as outras pensavam. Ela tocou o ombro da mãe e depois olhou para Danvers, que retribuiu seu olhar. Aquela aliada poderia ser a diferença entre conseguir abrigo ou não.

— Então, Carol Danvers, prometa que irá ajudar a preservar a paz deste universo.

Pela primeira vez um sorriso veio à face da amazona líder. Era uma frase que Carol se orgulhava de ouvir. Sorriu também.

— Eu prometo, Vossa Alteza.

 


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler. Vou tentando colocar mais das personalidades delas na história, gostei muito de escrever esse capítulo. Até mais!



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