P.O.V Da Jade

Ben abriu um enorme sorriso malicioso e ainda teve a cara de pau de piscar para mim. Fiquei ali encostada na bancada ainda o encarando pasma, como ele tinha ousado me agarrar daquele jeito? E eu ingenuamente pensando que era o Beck... Mas que cara atrevido.

— Você perdeu o juízo? - Me controlei para não gritar e chamar atenção de sua família.

— Vai me dizer que não gostou, cunhadinha? - Sorriu sacana.

— Escuta aqui, eu não te dei a liberdade de me agarrar e muito menos...

— Vem aqui, vem, bravinha, me dá um beijo! - Fez bico me interrompendo e avançou em mim.

— Sai pra lá! - O empurrei. - Não encosta mais em mim, me respeita! - Apontei o dedo na cara dele. - Sou a noiva do seu irmão e sou leal à ele! - Uau! Até me surpreendi com meu tom que soou convincente.

Ben riu e tentou me puxar para seus braços, tentando me roubar um beijo. Será que ele não tinha vergonha na cara não?

— Me larga, seu cafajeste! - O tapão que dei nele fez a minha mão latejar.

O moreno de olhos castanhos-dourados me olhou chocado e levou a mão até o rosto, massageando a bochecha que tinha ficado avermelhada.

— Ai, mulher, que mão pesada, hein? Caramba! Isso doeu à beça! - Disse com aquele sotaque pesado.

— Bem feito! E dá próxima vez que for se engraçar pra cima de mim de novo, eu vou chutar o seu saco! - Avisei lhe lançando um olhar ameaçador.

— Nossa! - Abriu a boca chocado. - Eu pensei que estava pintando um clima entre a gente, sabe? - Esfregou a bochecha que devia estar latejando assim como a minha mão.

— Pois pensou errado, eu sou fiel e jamais trairia o seu irmão. Muito menos com você. Onde já se viu? Ele é seu irmão, cara! Você devia tomar vergonha na cara isso sim. Gostaria se fosse ao contrário? Como se sentiria se o Beck desse em cima da sua noiva? Se ponha no lugar dele ao menos uma vez na vida! - Lhe passei um sermão.

Ben me ouviu atentamente e ficou pensativo. Por fim suspirou e me olhou sem jeito.

— Desculpa! - Eu ouvi mesmo aquilo?

— O quê? - Franzi o cenho.

— Eu peço desculpas, ok? Você tem razão. Isso não se faz, eu sei... Sou um idiota e reconheço isso. Eu sempre dei em cima das namoradas do meu irmão e elas sempre me deram bola. Já deve imaginar o que acontecia... E eu pensei que você seria mais uma que enfim... Agora vejo que você é diferente de todas as outras, que é mesmo fiel ao meu irmão. E eu te devo respeito. Por favor, aceita as minhas desculpas. Jade, pensa bem, e não fala nada para o Beck, eu...

— Ela não precisa falar, eu ouvi tudo! - Ai, merda! Aquilo não ia prestar.

[...]

P.O.V Do Beck

Quando estava retornando para a cozinha, ouvi a Jade nervosa e a voz do meu irmão. Eles pareciam estar conversando sobre algo sério. Parei escondido perto da entrada, fiquei ali quieto só ouvindo... O que eu escutei me deixou indignado e com raiva. O meu irmão era um cretino incorrigível mesmo... Tinha agarrado a West e pelo que entendi, levou um baita de um fora.

Me surpreendi com o sermão que a morena deu nele. Bem feito. O imbecil quebrou a cara... Terminei de ouvir o que a morena dizia, pelo seu tom, ela estava mesmo nervosa. E o babaca se desculpou. Como assim? Fiquei surpreso com aquilo. Mas não amenizou o que eu sentia no momento. 

E o pior de tudo foi quando ele pediu à ela que não contasse nada para mim. Sacanagem. Meu irmão era um babaca de marca maior. Não tinha jeito mesmo. O que eu fiz para merecer tudo aquilo?

Foi quando decidi dar as caras e tirar satisfação com ele. 

— Ela não precisa falar, eu ouvi tudo! - Entrei na cozinha os surpreendendo.

Ben se virou para mim pálido feito um papel e a Jade esbugalhou os olhos, os dois abriram a boca, não esperavam me ver invadindo a cozinha deixando claro que ouvi o que falavam...

— Mano!

— Beck!

Exclamaram em uníssono.

— Mano o caralho! - Rosnei indo até ele e o agarrei pela gola da camisa. - Vou fazer você se arrepender, por quê não vamos lá fora para eu poder quebrar a sua cara, Bennett, seu fudido? - O sacudi e ele arregalou os olhos.

— Larga ele, Beck, não é assim que as coisas se resolvem! - Jade tentou me fazer mudar de ideia.

Mas eu não ia deixar aquilo barato. Não mesmo. Eu estava cansado de ser um trouxa que nunca fazia porra nenhuma.

— Calma, cara, vamos conversar! - Levantou as mãos, se redendo.

— Conversar? Eu não quero conversar. Você é um tremendo de um escroto! - O soltei e fechei os punhos.

— Mano, eu...

Não o deixei terminar seja lá o que ele queria dizer. O calei com um soco certeiro. Ben cambaleou para trás e eu avancei nele sedento para quebrar a cara de canalha que ele tinha.

Jade gritou. O soquei novamente sem dá-lo a chance de se defender. Meu irmão caiu no chão, perto da bancada.

— NÃO FAZ ISSO, BECK, DEIXA ISSO PRA LÁ! - Ela me agarrou por trás tentando me segurar.

Ben cuspiu um pouco de sangue e se levantou, atordoado.

— EU CANSEI DE SER O TROUXA NESSA MERDA! VOCÊ SEMPRE PASSOU POR CIMA DE MIM E ISSO ACABA HOJE! - Me soltei e saltei pra cima dele, furioso, o jogando na bancada com outro soco bem dado.

Jade me agarrou pelas costas e conseguiu me tirar de cima dele.

— NÃO, BECK! - Pediu. - NÃO VALE À PENA! - Me puxou.

Meu irmão tossiu, ele nem ao menos conseguia revidar.

— Você é um escroto de merda! Caralho, Bennett, por quê sempre pisou na bola comigo? Que porra eu fiz pra você? Você fodia com todas as minhas namoradas e ainda se gabava disso! - Eu estava indignado pra caramba.

— Me desculpa... - Ele disse num tom baixo. - Eu só...

— EU NÃO QUERO SABER! VAI SE FODER, CARALHO! - Esbravejei. 

Eu tremia todo de raiva. Jade arfava fazendo força para me segurar.

— Todos elas eram vadias, me davam mole... - Admitiu se escorando na bancada.

Sua boca e nariz sangravam.

— Você é meu irmão! Meu irmão, porra! Nunca me respeitou! Nunca teve consideração por mim! - Era aquilo que me deixava mais puto. - EU TE ODEIO! - Gritei.

Meus pais, minha irmã e meu cunhado entraram na cozinha. 

— ALBERT! BENNETT! - Meu pai vociferou. - Até os vizinhos estão ouvindo os gritos. Que briga é essa dentro da minha casa? - Meu velho estava muito nervoso.

— Meus filhos... Oh, meu Deus! - Mamãe caiu num choro sentido.

— O filho preferido de vocês agarrou a minha noiva e tentou beijá-la à força! - Falei com desgosto.

— Oh, Bennett, por quê fez isso? - Nossa mãe perguntou chorosa.

— Mãe, pai, eu posso explicar! - Ele estava desesperado.

— Como pôde, Ben? A Jade vai casar com o nosso irmão! - Rayne estava muito revoltada. - O que deu em você? Qual é o seu problema? - Quis saber.

— Foi só uma vez, eu disse que sou fiel. Acredito que ele já está arrependido. O Ben me pediu desculpas. - Jade disse me soltando.

— Quê? - Me virei para ela. - Não tente defendê-lo. Você nem o conhece. Agora vai me dizer que não ia falar nada? Que aceitou as desculpas dele que não valem porra nenhuma? - Eu estava furioso.

A morena se assustou com meu tom de voz. Seus olhos estavam arregalados.

Nada disse, apenas saiu da cozinha... 

— Vá atrás dela! - Minha irmã me lançou aquele olhar de irmã mais velha brava.

Olhei para os meus pais, para o meu cunhado. Mamãe chorava lamentando. Meu pai estava uma fera. E Anderson sequer abriu a boca, estava chateado com toda aquela situação... 

— Sinto muito. A culpa foi minha. - Ouvi o Ben dizer à eles.

No momento, eu não suportava mais nem olhar pra cara dele. Saí dali apressado, indo atrás da morena que com certeza estava querendo me esganar. Jade não fazia parte da família, não tinha culpa de nada... Coitada!

Parte da culpa era minha por tê-la a envolvido naquele conflito entre meu irmão e eu.

"Satisfeito? Foi bom ter batido no seu irmão? Claro! Ele merecia, não é? Merecia... Mas e a Jade? Merecia ter presenciado tudo aquilo? Não! Não, né, seu babaca? Que merda! Porra! Eu fui rude com ela... Que mancada, seu idiota!"