P.O.V Da Jade 

Eu apenas me deixei levar, não pensei, só agi e aproveitei cada segundo. Beck beijava bem, a maciez dos seus lábios e o gosto do seu beijo me fizeram querer mais, e quando dei por mim, já estava o beijando novamente. Nada foi intencional, simplesmente aconteceu da maneira mais natural possível, o clima acabou rolando e lá estávamos nós nos beijando pela terceira vez no carro de seu pai.

Nos separamos ofegantes, arfei e respirei fundo tentando recuperar o fôlego. Ele estava com os lábios entreabertos, a respiração pesada, com o olhar fixo em mim, encarei seus olhos castanhos por alguns segundos, depois desviei o olhar e tentei me recompor.

Tirei o espelho de mão da bolsa, rapidamente passando as mãos pelo cabelo, e limpando os cantos da boca, meu batom borrou e eu o retoquei após eliminar o borrado. Oliver saiu do carro, deu a volta e abriu a porta para mim.

Em silêncio, saí do automóvel, apertando o embrulho com o doce de café. Minha pulsação estava acelerada e meus lábios ainda formigavam. O clima não ficou pesado entre nós, mas o constrangimento ficou nítido, o que era normal apesar de sermos adultos, e acabamos agindo como um casal de adolescentes dando alguns beijos no carro ao final de um encontro...

Aquilo tinha sido um encontro, certo? Beck havia me levado para jantar e acabamos aos beijos. Será que ele tinha planejado aquilo ou agiu de acordo com o seu desejo mais íntimo?

Se eu gostei de beijá-lo? Claro que gostei. O beijo foi bom, melhor do que eu pudesse imaginar, eu não tinha cogitado aquilo e quando aconteceu fui pega de surpresa, pois eu não imaginei que ele tomaria certa atitude.

"Aja naturalmente, Jade, aja com normalidade. Foram três beijos. O que tem demais nisso? Vocês são solteiros e você bem que gostou..."

— Tudo bem? - Perguntou quebrando o silêncio e eu assenti. - Vamos entrar, está muito frio aqui fora. - Estendeu a mão.

A segurei sentindo seu toque frio, seus dedos se entrelaçaram aos meus. Passamos pelo portão de madeira e atravessamos o gramado, chegando até a varanda. Ele tocou a campainha e quem abriu a porta para nós foi a irmã dele.

— Chegaram cedo! - Exclamou.

— A gente foi apenas jantar, Rayne. - Falou ele soando mais relaxado.

— Sei, e aí? Se divertiram? O que achou da comida do nosso país, Jade? - Ela perguntou curiosa para mim.

— Até que foi divertido e eu gostei muito da comida, principalmente da sobremesa. - Levantei o embrulho laminado.

— Que bom saber disso, querida, amanhã a mamãe vai te ensinar a preparar as comidas e o bolo preferido do Beck. São receitas de família e você precisa aprender. - Me informou.

Enguli em seco, eu teria que a aprender a fazer o que o Oliver gostava? Era só o que me faltava, sendo que eu era um desastre na cozinha...

[...]

P.O.V Do Beck

Jade saiu do banheiro vestindo uma camisola quase indecente, era preta e sedosa. Fazia um belo contraste com sua pele alva, o busto ficava ressaltado com o tecido que se ajustava ao seu corpo curvelíneo. Ela deixou o hidratante em cima da penteadeira que minha mãe havia mandado colocar no quarto.

Deitou na cama ao meu lado, pude sentir o aroma adocicado que sua pele exalava, baunilha com menta. Seu cabelo também cheirava à baunilha, e não era enjoativo, era muito agradável de se sentir...

Puxou o lençol se cobrindo, e eu apaguei a luz do abajur. O silêncio se estabeleceu no quarto, eu não parava de pensar nos beijos que trocamos e no gosto que ela tinha... Café. Seu beijo tinha gosto de café, e era inebriante.

— Quer conversar sobre o que rolou no carro do meu pai? - Quebrei o silêncio.

— Não. Você quer? - Indagou.

— Não, acho que tá tudo bem, não é mesmo? - Eu quis saber.

— Sim. Está tudo bem. - Concordou.

— Então, certo... Boa noite! - Falei me virando para o lado oposto.

— Boa noite. - Murmurou e eu senti ela se mexer e mudar de posição.

Fechei os olhos, eu não estava caindo de sono, mas eu só queria pregar logo os olhos e cair num sono profundo.

[...]

No dia seguinte...

Quando acordei, logo me deparei com o espaço vazio ao meu lado. Sentei na cama bocejando e levantando os braços pra cima, me espreguiçando. Levantei coçando o saco, a morena não estava ali mesmo para ver aquilo, eu estava com uma bela ereção matinal.

Rumei para o banheiro, fitei meu reflexo no espelho acima da pia, meu cabelo estava volumoso e desalinhado, passei a mão pelo meu rosto inchado pelo sono, amassado pelo travesseiro.

Tive uma noite agitada, acabei sonhando com uma certa morena usando um conjunto preto com detalhes em vermelho de espartilho com tanguinha, cinta-liga, saltos e batom vermelho... 

"Porra! Que sonho erótico foi aquele?"

Apertei minha ereção, eu precisava de um banho bem gelado para acabar com os ânimos aflorados.

Não podia culpá-la, mas a maldita era linda e mexia comigo mesmo sem querer.

"Essa mulher vai acabar me enlouquecendo!"

[...]

P.O.V Da Jade

Acordei cedo, fiz minha higiene matinal e me arrumei, desci para tomar café com meus "sogros", os irmãos, o cunhado do Oliver e as crianças ainda estavam dormindo. Dona Rachel iria me ensinar algumas receitas da família, as comidas e as sobremesas preferidas do Beck, e eu estava super "empolgada" para aprender... Só que não.

— Vamos começar com o prato mais simples. - Ela disse animada.

Estávamos de aventais e toucas higiênicas na cabeça. A cozinha era espaçosa e muito bem equipada. Sobre a bancada de mármore estavam os ingredientes fresquinhos.

— Bolinhos de camarão com molho cítrico. O Beck ama demais. - Tirou o plástico que cobria a bandejinha de isopor que continha os camarões pequenos e prontos para serem usados em qualquer receita.

Minhas mãos já estavam lavadas, fiquei observando a dona Rachel colocando as mãos na massa literalmente... Nunca pensei que preparar a massa para aqueles bolinhos fosse tão complicado.

 Passamos horas ali na cozinha, fazendo bolinhos, torta, pratos típicos de Calgary, biscoitos, docinhos, bolo de banana com calda de chocolate e até empanados de lagosta. 

Sentei exausta numa banqueta, minha mão estava gordurosa e eu cheirava à uma mistura de comidas e sobremesas. A mesa estava posta, havíamos preparado um pequeno banquete.

De minutos em minutos, o Beck entrava para dar uma beliscadinha nas coisas que estávamos fazendo, ria de minhas atrapalhadas e dava tapinhas solidários nas minhas costas, e o abusado ainda se aproveitou para me roubar vários selinhos...

Sua mãe tinha ido ao banheiro e eu estava ali dando uma descansada, eu quase nunca suava, mas minha pele estava ficando grudenta, e ficar todo aquele tempo remexendo panelas e tirando fornadas do forno havia me deixado com calor.

Sobressaltei e arfei com o susto quando fui agarrada por trás. Senti a respiração quente na nuca, meu cabelo estava preso debaixo da touca e senti lábios no meu pescoço, deslizando lentamente...

— O-Oliver... - Gemi tentando me esquivar, receber selinhos era uma coisa, e fazia parte da encenação, mas ser agarrada por trás e ser beijada no pescoço daquele jeito já era meio que exagero da parte dele.

Não combinamos nada daquilo.

Sua boca trilhou uma linha de beijos úmidos sobre minha pele sensível. Ofeguei, ficando arrepiada.

— Oliver... - Fechei os olhos, eu queria pedir para ele parar. Suas mãos apertaram minha cintura, senti sua barba pinicar minha pele.

Mordi o lábio inferior, contendo um gemido. 

Reuni forças, girei meu corpo na banqueta giratória ficando de frente com ele... Perdi o ar por alguns segundos. Não era o Beck...

Se tratava do outro Oliver.

— Ben? - Eu estava chocada com o seu atrevimento.