Suki olhou para trás quando me aproximei, dando um suspiro aliviado.

"Nem me esperaram..." brinquei.

"Não consegui interromper a Marlene para avisar que você ficou para trás. Ela não para de falar."

A mulher nos acompanhou pelos corredores e nos apresentou alguns cômodos, mas disse que isso era trabalho de uma tal de Silvia, que seria nossa supervisora e só chegaria mais tarde.

Passamos pelo Grande Salão e pela porta que dava para os jardins, atravessando logo depois um grande saguão com quadros da família real.

Não deu tempo para ver tudo, mas percebi que quase todos os membros estavam representados em pintura. Havia quadros de outras pessoas que não fazia ideia de quem eram. Deviam ser antigos monarcas e representantes do governo.

A cada passo que dava, ficava mais impressionada com o lugar. Me perguntei o que Taylor e Hanna fariam se estivessem comigo naquele momento. Com certeza, Taylor estaria cutucando as tapeçarias caras e Hanna dando pequenos gritinhos de animação...

Nosso rápido passeio terminou no Salão das Mulheres.

"Esse salão é usado para descanso das damas da corte, mas hoje, excepcionalmente, é onde vocês vão ser transformadas para a vida no Palácio."

Dentro dele, já podiam ser vistas diversas selecionadas, sentadas em bancos coloridos com espelhos individuais à frente.

Fizemos uma fila em frente a uma cabine com câmera.

Antes de sair, Marlene explicou que eles fariam uma comparação entre as fotos da nossa chegada ao Castelo e as de depois do nosso tratamento de beleza.

Bridget foi a primeira a entrar na cabine. Ela era bem fotogênica e ficou radiante quando uma pilha de funcionários escapuliu do serviço para pedir autógrafos.

"Olha ela..." ouvi Jade murmurar antes de seguir para a cabine de onde o fotógrafo a chamava. Ele exibia um sorriso por ter acabado de pegar a assinatura da atriz.

Jade fez uma pose dócil. Isso era bem oposto à sua personalidade. Talvez essa devia ser a sua estratégia: fingir ser uma garota sensível e delicada com todos os não concorrentes.

Pedi a Suki para passar na minha frente. Eu queria adiar aquele momento o máximo possível. A asiática apenas colocou uma mão na cintura de um modo elegante. Ela foi encaminhada para uma poltrona assim que saiu. Respirei fundo enquanto me colocava em frente à máquina de fotografia.

"Faça uma pose e sorria" pediu o homem.

Pensei em colocar a mão na cintura como Suki, mas achei que ficaria muito repetitivo e talvez eu saísse na foto parecendo forçada demais. Fiz um sorriso de boca fechada e coloquei as mãos de cada lado do corpo.

Ele tirou a cabeça da máquina.

"Se me permite interferir, jovem, esta pose está muito sem graça. Seja mais espontânea." Seu tom não era ríspido, mas me deixou desconfortável.

"Ah, que tal assim?" Virei meu corpo de lado. Ele suspirou.

"Na-na-ni-na-não." Veio até mim e mexeu na minha cabeça a erguendo um pouco. "Deixe os braços mais soltos. Confie em mim."

Fiz o que pediu, e ele voltou para a câmera.

"Agora vamos, minha cara, sorria com os dentes." Apontou os dedos para a boca e fez uma espécie de sorriso forçado mostrando a gengiva. Tal ato me fez rir. O esperto flagrou o exato momento da minha risada. "Maravilhoso, venha ver."

Caminhei até ele e vi que a foto ficou bonita.

"Muito obrigada, Dean." Li seu crachá.

"Não há de quê... Você só precisa de um pouco mais de espontaneidade para arrasar nas fotos." Ele deu uma piscada e chamou outra selecionada, Cintia Orleans, de Kent.

Fui levada pela assistente do fotógrafo até uma cadeira com número nove na traseira. Ela me pediu para aguardar minha equipe de arrumação.

Percebi que nas cadeiras vizinhas estavam Lorena Waters, de Paloma, e Samantha Hill, de Baffin. Ambas eram morenas e estavam pintando o cabelo de loiro.

Fiquei sozinha ali até que três sombras apressadas chegaram até mim. O rapaz de cabeça raspada e óculos de grau se chamava Tiberio. A ruiva com muitas sardas era Vladia, e a morena, Lia. Eles falavam quase ao mesmo tempo, me deixando assustada.

"Você quer pintar as unhas de cor clara ou escura?" Lia perguntou.

"Quer mudar o corte de cabelo? Fazer umas luzes para reforçar o loiro?" Tiberio segurou uma de minhas mechas.

"Qual loção de creme você prefere? Baunilha, morango, rosas, hortelã, melancia..." Vladia trouxe muitos produtos de uma vez numa cesta.

"Calma aí." Balancei a cabeça rindo. "Eu gosto de rosas." Me dirigi a Vladia, que sorriu retirando a loção da cesta. "Minhas unhas do pé e da mão podem ser brancas." Lia assentiu animada, remexendo esmaltes numa caixa. "Quanto ao cabelo..." Tiberio sorriu com certa expectativa. Me encarei no espelho por um momento. "Eu acho que não quero fazer nada." Sua expressão murchou. Fiquei com pena. "Desculpe, eu realmente gosto do meu tom do cabelo e estilo de corte."

Meus fios tinham cor loiro dourado, e meu corte era oval.

"Mas você TEM que mudar" Lia disse com voz chorosa. "Todas as selecionadas fazem alguma mudança no cabelo, mesmo que pequena!"

"Eu posso ao menos te mostrar alguns cortes no papel? Você pode acabar mudando de ideia..." Tiberio insistiu, e eu assenti.

Ele pediu licença para buscar uma revista, enquanto Vladia começou a passar a loção em meus braços, ombros e pescoço. Logo depois, ela assumiu minhas unhas do pé e Lia começou a fazer minhas mãos.

"Aqui está, querida." Tiberio colocou a revista na pequena bancada. "Seu cabelo, na minha opinião, ficaria ótimo com um corte em camadas ou com um repicado." Disse, virando as páginas para eu avaliar as figuras.

Olhei indecisa para meu cabelo e para a revista várias vezes antes de tomar uma decisão.Tiberio sorriu satisfeito quando optei por um leve repicado e deixar meu longo cabelo próximo ao ombro.

Não sei o que deu em mim, sinceramente... Mas quando o rapaz terminou, vi que o resultado não ficou tão ruim assim. Pelo contrário. Parecia que meu cabelo tinha ganhado mais liberdade e brilho com as mechas mais soltas.

Vladia trouxe um cabide com uma porção de vestidos. Escolhi um vestido salmão rodado até o pé e a ruiva me indicou um sapato de salto fino quase da mesma cor.

Lia ficou por conta de fazer minha maquiagem. Pedi para que não fizesse muito forte, ao contrário da maioria das Selecionadas ao meu redor. Samantha Hill, por exemplo, estava com as pálpebras carregadas de brilho e contornos bem pretos. Estava bela, mas eu podia ver a luz do dia ainda passando pela janela. Na minha opinião, não era preciso tanto assim...

Lia atendeu ao meu pedido passando uma sombra levemente dourada. Meus lábios ficaram rosados assim como minhas têmporas.

No final, Vladia colocou um broche no meu vestido com meu nome escrito em tom vinho.

Os três se despediram de mim, me indicando a cabine de Dean novamente.

Ele tirava foto de Amélia Jenkins, que eu me recordava ser a primeira sorteada da Seleção. Pediu para que eu me sentasse dessa vez num banco e fizesse uma pose igual a de todas as garotas estavam fazendo. As mãos no colo, joelhos juntos e pés cruzados no calcanhar.

"Isso é uma pose segundo o protocolo de princesas." ele explicou. Fiz o meu melhor sorriso, algo que foi elogiado por sua pessoa. "Agora só falta a entrevista. Vá para aquela fila."

Me despedi agradecendo e fui para o lado oposto do salão. As selecionadas conversavam à minha frente.

Vasculhei o local à procura de Suki. Consegui achar Jade sendo maquiada e parei meu olhar em Bridget escolhendo seu vestido. Ela deu um certo trabalho para seus ajudantes, rejeitando com caretas vários cabides de vestidos um após o outro.

Pude ver a cara de cansada de uma mulher retornando para um armário com três vestidos muito bonitos.

"Bridget ainda vai fazer esse pessoal pirar com essa frescura."

Dei um pulo, virando para trás, e fiquei boquiaberta.

"Suki, você está linda!"

"Você acha franjinha muito infantil?" pôs as mãos na testa. "Eu não sei o que me fez aceitar uma ideia dessas..."

"Não! A minha prima Taylor, da nossa idade, usa e ficou muito bonito. Você ficou com um ar ainda mais angelical." Coloquei as mãos no seu ombro. "Relaxe, eu não ia fazer muita mudança no meu cabelo e olha isso."

Apontei para minhas madeixas e Suki sorriu me elogiando.

Começamos a conversar sobre nossas equipes de arrumação, ela disse que também pegou pessoas super elétricas para arrumá-la.

"Umas delas até já trabalhou com a minha mãe na preparação de um desfile de moda..."

A fila foi encolhendo até que chegou a minha vez.

Cumprimentei uma mulher de expressão séria e ela me indicou um banco. Sentei-me preparando psicologicamente para responder às perguntas. Minha mãe me avisou sobre isso e inclusive simulou esse momento comigo em casa diversas vezes.

Ela sabia que eu tinha problemas para falar em público e deu algumas dicas para não demonstrar desespero.

Ainda assim, eu estava um caos por dentro e tive vontade de morrer com o olhar que a mulher me lançou. Como se estivesse prestes a descobrir meus maiores segredos e me envergonhar diante do país inteiro.

Engoli em seco enquanto ela conversava com o rapaz da filmagem e se sentou à minha frente mudando a expressão para um sorriso. Claro, ela não poderia se mostrar diferente numa entrevista.

"Vou fazer no máximo umas oito perguntas, ok? Tente respirar um pouco e relaxar, esse seu ar de desconcertada não cairá bem." Falou de um jeito que não deu para entender se era mesmo para me ajudar.

"Certo, obrigada." Inspirei e expirei algumas vezes, um pouco chateada por não ter conseguido esconder o nervosismo. Entrelacei minhas mãos no colo.

"Começamos ao sinal da luz vermelha." Ela avisou e apontou para o rapaz da filmagem. Este passou a fazer três, dois, um com os dedos antes da luz acender.

"É um prazer tê-la conosco, Rosie. Poderia nos contar como foi sua reação ao ser sorteada?"

"Fiquei muito surpresa. Eram tantas meninas da minha província que poderiam ser sorteadas..." Dei de ombros, sorrindo.

"No entanto, foi você... Como sua família e amigos lidaram com a notícia?"

"Eu estava na casa de minha tia durante o sorteio. Tanto ela quanto minhas primas comemoraram muito. Minha mãe estava trabalhando, mas ficou bem radiante ao saber de tudo, assim como meu pai e outras pessoas que conheço." Respondi pausadamente para medir bem as palavras.

A expressão da mulher se iluminou e ela disse as próximas palavras sorrindo de canto.

"Sua mãe adotiva, todos sabemos, é Kriss Ambers, ex-finalista da Seleção passada. Como você se sente passando pela mesma experiência que ela? Acha que a família Ambers consegue se superar vencendo a Seleção dessa vez?"

Ai, ela tinha pegado pesado... Sua fala sugeria que o fato de minha mãe ter perdido foi uma vergonha e que minha função ali era 'restaurar a honra da minha família'. Isso era ridículo. Podia ver em seus olhos a curiosidade pela minha resposta. Sorri para aliviar minha tensão e pensei um pouco antes de falar.

"É realmente emocionante passar por uma situação parecida com a de minha mãe. Ela mesma me disse que a Seleção foi muito importante para seu crescimento como pessoa. Acredito que também será para mim. Mas quanto a vencer... Isso é algo que qualquer uma de nós selecionadas deve esperar para ver."

Dei de ombros e continuei.

"Tudo pode acontecer. A decisão só depende do Príncipe Osten."

Ela afirmou com a cabeça. Parecia não muito feliz por eu ter contornado a última pergunta.

"O que achou das suas concorrentes até agora?"

"Elas são elegantes e passaram uma impressão bem tranquila." Menos duas. Acrescentei em mente já emendando outra fala. "Posso sentir que não vai ser tão difícil assim fazer amizades por aqui."

Sorri para Suki atrás da câmera, e ela me lançou uma piscada.

"E quanto ao seu tratamento de beleza? O que fez em seu visual?"

"Eu mudei o corte de cabelo. A decisão foi de última hora, mas eu gostei."Sorri, passando as mãos por minhas mechas. "Agradeço à equipe que cuidou de mim."

"Você está mesmo muito bonita." Ela elogiou. "Muito bem, para terminar, quais foram as primeiras impressões do Palácio?"

"Ainda não rodei muito por aqui. Mas pelo pouco que vi, percebi que é grande e deslumbrante. Parece confortável de se viver."

"Com certeza, que sua vivência aqui dure o máximo possível. Boa sorte."

Eu assenti, e um homem gritou: "Corta".

Fui indicada para esperar junto com outras selecionadas já arrumadas na entrada do salão.

Ali reconheci Reene, Scarlet, Ophelia, Yasmin, Tina, Katie, Cintia, Nita e Blair. Elas estavam conversando em grupinhos.

Sentei em um banquinho e observei de longe Suki fazendo sua entrevista. Torci para que ela terminasse rápido.

De repente, os murmúrios das garotas cessaram.

Olhei para a porta e vi uma mulher morena de altura média entrar no Salão. Ela se apresentou como Silvia e falou com certa empolgação sobre ter feito o mesmo serviço de supervisora na seleção de Maxon Schreave.

"Devo levá-las para um passeio pelo palácio assim que a senhorita..." Olhou para o outro lado. "Suki Cheng for liberada da entrevista." Ela passou seu olhar amigável por cada uma de nós e parou em mim. "Ah, Rosie Ambers." Arqueou as sobrancelhas. "Fico feliz em vê-la pessoalmente. Como está a sua mãe?"

"Bem. Ela me falou muito sobre você. Disse que é uma pessoa que ama muito o seu trabalho aqui no Palácio."

" Sinto falta dela. Mande lembranças a ela por mim quando puder."

"Sim. Com certeza." respondeu enquanto Suki se aproximava "Muito bem, garotas, agora podemos sair em conjunto. Me sigam e, por favor, não conversem muito alto. Os membros reais estão reunidos na sala de jantar, e eu sei que vocês não querem que eles se sintam incomodados ao ouvirem barulhos altos pelo corredor."

Ela saiu na frente. Vi o olhar sério de algumas meninas sobre mim antes que as seguissem.

"Nossa. O que aconteceu para elas te olharem assim?" Suki me cutucou.

"A Silvia só se dirigiu a mim diretamente. Ela conhece minha mãe. Esse deve ser o efeito de ser uma Ambers..."

Suspirei cansada e balancei a cabeça antes de caminhar para fora do Salão.

Com exceção da sala de jantar, conhecemos todo o primeiro e segundo andar. O terceiro era a residência da família real e só poderíamos ir até lá quando chamadas.

"Vou deixá-las em seus respectivos quartos agora. Lembrem-se do jantar às nove. Será em um horário diferente da família real, porque o objetivo é que conheçam o príncipe amanhã um pouco antes do almoço. Hoje, estão liberadas para circular pelo palácio após o jantar, lembrando do toque de recolher às dez. Vocês devem obrigatoriamente se apresentar às nove da manhã no Salão de Mulheres. Irão assistir ali a uma Reportagem Oficial que mostrará todas as filmagens e fotos desde a saída de suas províncias. Alguma pergunta?"

Ninguém respondeu, então ela saiu distribuindo as meninas nos quartos, avisando antes que nossas criadas nos esperavam por lá.

"Tomara que sejamos vizinhas." Sussurrei para Suki, e ela assentiu, mas seu sorriso logo se desfez ao ser chamada para o último quarto da ala em que estávamos. Ela me deu um aceno e entrou em seu quarto.

Segui Silvia, Cintia, Nita, Scarlet e Blair até outro corredor. As quatro selecionadas seriam minhas vizinhas.

"Tenham um bom dia, meninas." Silvia se despediu, sorrindo mais uma vez em minha direção. Ignorei mais olhares atravessados e abri a porta do meu quarto.

Duas mulheres que conversavam ali tomaram um susto e fizeram reverência na mesma hora.

"Audrey", uma delas gritou. "A senhorita chegou." Ela estava com um lenço na cabeça, mas pude ver que era loira, assim como uma outra mulher idêntica a ela que saiu de onde supunha ser o banheiro. Gêmeas.

"Ah, desculpe." Ela fez referência também.

" Sinto muito pela minha irmã Audrey, senhorita Rosie, meu nome é Lee e essa é Amy. Fomos encarregadas de te ajudar a se instalar e a se arrumar durante o dia a dia. O que deseja fazer primeiro, tomar um banho, desfazer a mala..."

"Desfazer as malas." Respondi reparando que minha bagagem foi trazida para esse quarto e se encontrava próxima a uma cabeceira.

Amy, na mesma hora, abriu a mala e colocou em cima da cama.

"Audrey e eu vamos terminar de costurar seu vestido para as oito." Lee anunciou.

"Que horas são?" Perguntei confusa.

Olhando para a sacada, vi que o sol já começava a se pôr.

"São seis horas, senhorita." Audrey apontou para um relógio na parede que eu não havia notado.

"Obrigada. Eu... ficaria feliz se apenas me chamassem de Rosie."

Elas assentiram. Me coloquei ao lado de Amy para ajudá-la a tirar meus livros e minhas roupas reservas. Eu bem sabia que não poderia usá-las pelo palácio, mas esperava fazer isso pelo menos dentro do quarto.

"Os seus livros poderiam ficar naquela prateleira" Amy sugeriu, e eu concordei juntando-os nos braços.

"São livros de biologia?" Audrey perguntou, recebendo uma cotovelada da irmã.

"Isso não lhe diz respeito, Audy."

"Não tem problema, Lee. E sim, a maioria são de biologia. Outros são de literatura comum. Meu pai é professor e pesquisador de botânica. Ele meio que me influenciou a gostar desse assunto. Eu já pensei várias vezes em fazer a mesma coisa que ele... Você gosta também?"

"Sim. Meu pai também era pesquisador. Ele..." Audy trocou um olhar com Lee, e essa suspirou.

" Pode falar, Audy."

"Ele morreu picado por uma cobra venenosa em uma excursão há muitos anos. Nós viemos trabalhar no Palácio com nossa mãe. Ela trabalha na cozinha."

"Sinto muito..."

Elas assentiram. Continuamos a fazer nossas tarefas em silêncio.

Quando abri o armário do quarto, tomei um susto ao ver que ele estava abarrotado de vestidos.

"Isso tudo é meu?"

"É, sim, e somente para a primeira semana..." Amy declarou.

" Se eu ficar esse tempo todo." murmurei.

" Mas é claro que você vai ficar." Audrey disse. "Você é linda e gentil. O Príncipe vai amar conhecê-la."

Eu ri.

"Agradeço, Audy." O apelido dela saiu sem querer, e eu fiz uma careta sem graça, mas relaxei ao ver que a mesma sorriu. "Só que acredito que há outras 34 selecionadas lindas e gentis para o príncipe escolher."

"Todas são gentis?" Amy falou um pouco incrédula. "Tinha ouvido umas criadas antigas dizendo que muitas da Seleção passada eram um monstro em pessoa..."

"Com o príncipe, eu duvido."disse.

Elas riram.

" Tem razão. Essas meninas sorteadas costumam ser bem dissimuladas. Tratam mal todas as moças concorrentes e empregados." Lee comentou. "Você já conheceu alguma assim?"

"Posso dizer que sim..."

"Quem?" Audrey levantou da cama curiosa.

"Uma se chama Jade Bennet. Ela não foi muito legal comigo e com Suki Cheng. Principalmente com a Bridget Collins."

"Você já conheceu a Bridget? Minha nossa... Estou doida para conhecê-la! Ela é legal?"

Pensei na ruiva dando o maior trabalho para os funcionários no Salão das Mulheres. Ela tinha sido fria comigo, Suki e Jade, mas não necessariamente com empregados.

"Ela não nega autógrafo para ninguém." Dei de ombros.

Audrey e Amy na mesma hora me pediram para conseguir um para elas.

" O que aconteceu entre a essa Jade e a Bridget?" Lee questionou.

"Elas se desentenderam." Disse, voltando a olhar para o armário. Escolhi colocar minhas roupas num cantinho que sobrou dele.

" Por quê?"

"Uma provocou a outra. Você sabe, por causa da competição."

" Então a Bridget não é assim tão legal?" Audrey perguntou. Seu olhar era tão triste quanto o de uma criança que acabara de perder chocolate.

" Não." falei relutante, vendo a cara dela murchar. "Mas ela não é tão ruim quanto Jade. Eu garanto."

" É o mal desse povo famoso." Lee disse e logo trocou o assunto, sugerindo que eu já começasse a me arrumar.

" Ainda está cedo..." Olhei para o relógio. "Tenho outra ideia."

Com minha insistência, Lee liberou Audrey de ler comigo alguns livros de biologia.Isso foi bom para interagir mais.

Enquanto isso, Amy e Lee terminaram o meu vestido.

Percebi que Lee era como se fosse uma mãe para Audrey. Era mais madura e chamava a atenção da irmã direto.

Às oito em ponto, as três me esperaram tomar banho e me ajudaram a me trocar. Coloquei um vestido vermelho de seda. E elas prenderam meu cabelo num coque bonito. Eu coloquei um colar com uma pequena pedrinha brilhante branca e brincos do mesmo conjunto.

Depois de maquiada e perfumada por Amy, me despedi e saí pelo corredor. Eram mais ou menos dez para as oito. Passei por Vivian e Scarlet pelo corredor. Elas pararam de conversar assim que me viram.

"Oi" sorri amarela.

Não esperava mesmo ser respondida...

Continuei meu caminho, tentando decifrar o labirinto dos corredores.

Quando achei as escadas, também avistei uma presilha dourada no chão. Fiquei na dúvida entre pegar ou não e optei por sim.

"Olá, acho que alguma selecionada deixou isso cair." Falei ao guarda que ficava no final dos degraus.

"Acho que não sou a pessoa certa para ficar com isso. Procure a Silvia."

"Você sabe, pelo menos, quais selecionadas passaram aqui por último? Pode ajudar..."

Ele parou para pensar um pouco.

" Pode ter sido a..."

"Rosie Ambers, o que você pensa que está fazendo com a MINHA PRESILHA?" O guarda e eu quase pulamos de susto.

Bridget caminhou até nós com um olhar tenebroso e arrancou o objeto da minha mão.

"Sua ladra! Isso daqui é feito de ouro puro e foi presente da minha mãe."

Eu não sabia se ria pelo escândalo ridículo ou saía correndo. Pela forma como ela falava, parecia que iria me agredir ali mesmo.

"Bridget. Eu encontrei isso nas escadas. Estava justamente perguntando a esse guarda se ele poderia me ajudar a descobrir de quem era essa presilha. Não tem como eu querer tê-la roubado."

" A senhorita Rosie está falando a verdade." O guarda me defendeu.

"Vou deixar passar dessa vez. Mas se eu tiver a mínima suspeita de que você está querendo me furtar ou me prejudicar, não espere por menos do que um escândalo no jornal."

Antes que eu pudesse assentir ou dizer que concordava, ouvi seu grito, e com o impacto, caí sentada ao pé da escada.