You're Driving Me Crazy! escrita por liz doolittle


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Eu queria escrever este capítulo antes mesmo de começar a história, por isso escrevi com muito carinho para vocês!!! ❤
Espero que gostem!

Dedico especialmente à Bia, que faz aniversário hoje. Happy bday!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/771641/chapter/8

A manhã seguinte foi a última no Vale do Café para Darcy e Elisabeta. Ele precisava voltar para São Paulo para finalizar o processo de inauguração da ferrovia e Elisabeta preferiu voltar para a cidade com ele, pois tinha compromissos no trabalho naquela semana.  

Assim, os dois combinaram de se encontrarem após o almoço na casa dos Benedito para seguir viagem. Darcy já tinha chegado e estava entretido numa conversa com Camilo enquanto Elisabeta se despedia de suas irmãs e sua mãe com abraços apertados, pedindo que todas, quando tivessem tempo, fossem visitá-la em São Paulo, pois se divertiria muito com elas na cidade.

Poderia ir fazer compras com Lídia;

Poderia percorrer as adoráveis livrarias com Cecília;

Poderia ir a uma exposição de motocicletas, que acabara de inaugurar, com Mariana;

Poderia ir com Jane e Ofélia comprar o enxoval do bebê, que seria muito mimado pelas tias e avós.

Felisberto foi último de quem ela se despediu. Os dois sempre tiveram uma conexão forte e conheciam a mente um do outro como se fosse a própria. Por isso, a preocupação de Felisberto era nítida para Elisabeta, que o levou a um canto da sala e perguntou o que se passava.

— Minha filha…

— Sim, papai?

— Você tem certeza que quer ir embora na companhia de Darcy? Eu sei que vocês estão se entendendo ultimamente, mas você sempre foi consciente do orgulho dele.  

Elisabeta acariciou as mãos de Felisberto.

— Pai, eu acho que faltava em nós mais disposição. — Ela confessou. — Ele é amigo da família, não é? Parte do meu julgamento em relação a ele foi por causa do meu orgulho, que nunca me permitiu conhecê-lo melhor, mas eu decidi deixar isso para trás.

— Como? O que mudou em você nas últimas semanas?

Elisabeta não respondeu, pois nem ela mesmo sabia o que tinha se transformado dentro de si. Ela olhou de relance para Darcy e o viu sorrindo para algo que Jane tinha dito.

Quase fez o mesmo só por vê-lo contente.

— Elisa… — Felisberto franziu o cenho ao perceber que a filha suspirou. — Quanto você gosta dele?

Elisabeta encarou-o e questionou com voz fraca:

— Pai, por que você está me perguntando isso?

— Porque eu amo você e quero que seja feliz.

— Eu serei. Aliás, já sou! Há tantas coisas maravilhosas acontecendo na minha vida agora. E Darcy… Bom, eu apenas gosto da companhia dele.

Felisberto beijou seu rosto.

— Se você precisar de mim para o que for, mesmo que seja apenas para conversar, estou aqui.

Elisabeta agradeceu e abraçou-o, e então os dois se despediram.

Mas ela passou o restante do dia fazendo-se a mesma pergunta que seu pai: quanto ela gostava de Darcy?

Será que era algo que podia ser mensurado de alguma forma? Ela suspeitava que não, mas ainda assim sabia que o sentimento crescia gradualmente.

Mas não fazia ideia de quando tinha começado.

 

Quando todos terminaram de desejar-lhes boa viagem, Darcy e Elisabeta foram para o carro junto com Austen — que desta vez viajou no banco de trás desde o começo, numa caixa para transporte de cachorros que conseguiram comprar na cidade numa das vezes que se encontraram lá.

Quando já estavam acomodados, Elisabeta perguntou por curiosidade:

— Quando você vai voltar para o Vale?

— Preciso estar aqui na sexta-feira de manhã para a inauguração da ferrovia, mas retorno a São Paulo no fim do mesmo dia.

Ela respirou fundo.

— Para viajar para a Inglaterra?

— Sim, parto no sábado.

Para impedir que seus pensamentos voltassem para seus sentimentos, Elisabeta mudou de assunto:

— E nesta semana o senhor faz aniversário… — Ela o fitou de relance, pois se lembrava que ele mencionara antes de viajarem que a data estava próxima.

Porém ele não tinha mencionado o dia, e ela precisava descobrir.

Darcy sorriu.

— Faço. Eu já estava até me esquecendo.

— Que dia? — Ela perguntou.

— Um dia desta semana… — Ele brincou.

— Darcy. — Elisabeta demandou. Era uma única palavra, mas que já dizia tudo.

— Depois de amanhã. — Ele confessou.

— Hmmm… — Elisabeta murmurou.

Ela concentrou sua atenção na estrada novamente, mas após alguns minutos, Darcy a chamou:

— Elisa, eu tenho um presente para você.

— Para mim?  — Ela se surpreendeu.

— Sim, está no porta-luvas. — Darcy apontou na direção do compartimento.

Elisabeta abriu a pequena porta e tirou um embrulho de lá. Quando o abriu, descobriu que era uma delicada caixa de veludo vermelha que continha o que parecia ser um livro. A capa era uma pintura feita a mão da serra do Vale do Café que ela chamava de Topo do Mundo, exatamente no lugar onde ela foi com Darcy duas vezes. No cantinho inferior da capa estava escrito "Your soul is wider than the sky."

Elisabeta ficou olhando para aquelas palavras por um tempo, tentando reunir todo o escasso conhecimento em inglês que tinha, e finalmente pôde compreender a frase. "Sua alma ultrapassa o céu". Ela percebeu que era uma adaptação de um poema de Emily Dickinson.

Seus olhos começaram a marejar à medida que ela abriu o que imaginava ser um livro, mas era, na verdade, um álbum de fotografias em que cada página era um registro diferente de várias cidades e países.

Ela ficou encantada pela sensibilidade das fotos.

— São tão… reais, Darcy. Tão bonitas. — Elisabeta sussurrou enquanto terminava de folhear o álbum. — Você tirou todas estas fotografias?

— Sim. A da capa eu pedi para meu amigo Januário transformar em pintura.

— Muito obrigada. Eu... — Ela traçou com seus dedos o formato da serra. — Você não imagina o quanto significa para mim este presente. Um dia viajarei por todos estes lugares e, de alguma forma, levarei você comigo.

Darcy parou o carro e limpou uma lágrima do rosto de Elisabeta antes de dizer:

— Uma coisa eu descobri nos últimos dias: se alguém neste mundo compreende o que estas fotos representam para mim, esta pessoa é você.  

Elisabeta apenas sorriu, pois era incapaz de dizer qualquer coisa.

Ela pensou, no entanto, que ele estava errado: era a alma dele que ultrapassava o céu.

Era muito mais imensa que o oceano.

— Você gostaria de aprender a fotografar? — Ele perguntou.

— Você me ensinaria?

Ele assentiu.

— Quando e onde você quiser.

— Hmmm… — Elisabeta fingiu deliberar. — O que você vai fazer… vejamos… depois de amanhã à noite?

Ele a surpreendeu quando respondeu:

— Eu ia te perguntar a mesma coisa.

 

~~~~~

 

Darcy sabia que não deveria permitir-se envolver tanto com Elisabeta, mas era impossível não querer tê-la a seu lado em todas as oportunidades que tinha.

Ainda mais impossível não querer beijá-la.

Quando ela chegou em sua casa no dia do seu aniversário, pois tinham combinado que jantariam juntos e que preparariam a refeição, ele precisou se controlar para não ceder a seus impulsos ao ser abraçado por ela.

— Espero que sua vida seja repleta de felicidade. — Elisabeta disse ao se separar dele. — Que você possa conquistar tudo que almeja e que todos os seus desejos se realizem.

Darcy acariciou seu rosto.

— Muito obrigado, de verdade. — Ele murmurou.

— Darcy... — Ela deu um passo para trás. — Eu trouxe um presente para você.

— Um presente?

— Sim. — Elisabeta respondeu e semicerrou os olhos. — Mas o senhor precisa me prometer que não vai abrir enquanto não estiver a caminho da Inglaterra.

— Está bem, embora eu não saiba como conter tanta curiosidade.

Elisabeta deu de ombros.

— É só pensar em outra coisa. Que tal o jantar?

— Sim, senhorita.

Ela estendeu a ele seu presente e, após proferir seus agradecimentos, Darcy a levou para a cozinha, onde prepararam a entrada, o prato principal e a sobremesa.

Eles tomaram uma taça de vinho enquanto cozinhavam e foi uma experiência agradável para ambos, pois nenhum dos dois conhecia bem as receitas que escolheram, mas aprenderam juntos e, por fim, a refeição foi deliciosa. Durante o jantar, conversaram sobre os acontecimentos em seus respectivos trabalhos naquela semana e Darcy contou um pouco das histórias por trás das fotografias que havia presenteado a Elisabeta.

Quando terminaram a refeição, Elisabeta olhou pela janela e sentiu vontade de sair para fora da casa, afinal o tempo parecia muito agradável. Darcy sugeriu que pegassem um forro para se sentarem sobre a grama no jardim, e Elisabeta gostou da ideia.

Ao se acomodarem, Elisabeta suspirou.

— Que noite adorável. — Ela elevou seu queixo para ver melhor as estrelas.

— A vista é linda. — Ele disse quando ainda olhava para Elisabeta, e então se virou para o céu. — Parece ter sido feito para dois.

Elisabeta o encarou, confusa.

— Não para nós dois. — Ele explicou rapidamente, antes que ela o interpretasse erroneamente. Ou, pior: corretamente, pois a noite realmente estava perfeita para ele puxá-la para mais perto.

— Para outros dois. — Ele afirmou, tentando se corrigir.

Elisabeta tentou ficar séria, mas não conseguiu, pois os cantos de seus lábios se curvaram.

Darcy não foi capaz de deixar de olhar.

O que ela faria se ele a beijasse bem ali?

Outros dois? — Ela questionou.

Ele enrubesceu.

— Que sentem… — Ele pigarreou e se se calou, pois qualquer coisa que dissesse pioraria a situação.

— Que sentem? — Ela perguntou. — Que sentem o que?

Ele não respondeu, apenas voltou a olhar para o céu.  

— Que sentem algo um pelo outro? — Ela insistiu, com um olhar provocante.

Darcy pigarreou.

Depois assentiu.

Elisabeta alargou o sorriso.

— Mas estamos só você e eu aqui. — Ela forçou um suspiro. — Que desperdício de noite adorável, não acha? 

Foi quando Darcy se deu conta: ele estava perdido.  

 

~~~~~

 

Elisabeta sabia que estava se arriscando demais ao provocar Darcy daquela maneira, mas ela não resistiu.

Cada vez que ele olhava para os lábios dela, Elisabeta sentia dificuldade de respirar.

Para tentar reaver seu bom senso, ela mudou de assunto naquele mesmo instante e falou sobre algo de seu trabalho. Darcy respondeu educadamente, e assim os dois iniciaram uma conversa. Após alguns minutos, ela se virou para ele e notou que a brisa da noite bagunçou seu cabelo, pois uma pequena mecha caiu sobre sua testa.

Ela se virou de frente para ele e apoiou seu antebraço em seu ombro, utilizando seus dedos para colocar a mecha em seu devido lugar. Quando terminou, no entanto, continuou tocando-o. 

— Elisa. — Darcy murmurou. — Muito obrigado por estar aqui comigo hoje.

Ela sorriu timidamente. Ela ainda se surpreendia pela proximidade que desenvolveram nas últimas semanas e também pelo fato de que era crucial para ela fazê-lo se sentir especial em seu aniversário. Ela se emocionava quando se lembrava que ele se preocupava com ela, se interessava por tudo que ela tinha a dizer — ele realmente a escutava — e pelo modo como se divertia com ele.  

Era uma das coisas que mais gostava nas pessoas: que a fizessem rir; sorrir verdadeiramente.

Ele conseguia tirar um sorriso dela todas as vezes que se viam.

— Feliz aniversário, Darcy. — Elisabeta disse e, num impulso, se aproximou dele para depositar um beijo em sua testa.

Ela se sentou novamente, mas desta vez mais perto dele. Ele não respondeu nada, apenas procurou a mão livre dela com a sua e entrelaçou seus dedos enquanto continuava fitando-a com aqueles olhos que pareciam cada vez mais brilhantes.

Elisabeta não resistiu e se inclinou para ele novamente, beijando sua bochecha direita.

— Feliz aniversário.

Fazer as coisas pela metade nunca foi de seu feitio, por isso ela fez o mesmo na bochecha esquerda.

— Feliz aniversário. — Ela desejou ao terminar.

Elisabeta sabia que deveria se levantar agora, pois ambos começaram a sentir dificuldade de respirar. Além disso, eles estavam tão perto que podiam se ver nos olhos um do outro. Ela deveria se afastar agora, dizer algo engraçado que os fizesse pensar em outras coisas e conversar sobre assuntos banais. Afinal, Darcy sairia do país naquela mesma semana e eles não teriam notícias um do outro por meses.

Provavelmente a afinidade que tinham criado se ofuscaria aos poucos. Quando ele chegasse à Inglaterra, se lembraria que Pemberley era seu lugar favorito, reencontraria seus parentes e talvez logo formaria uma família, descobrindo que famílias unidas e felizes não era raridade, como ele pensava.

Ele seria feliz.

Céus, tudo que Elisabeta desejava para ele era felicidade.

E é por isso que este era o momento ideal de apagarem aquela espécie de faísca que se estava se acendendo entre eles. Se o fizessem agora, esqueceriam-se do que aconteceu esta noite e, quando se vissem novamente, comportariam-se como amigos. Apenas amigos.

Este era o plano perfeito.

Sim, perfeito.

No entanto…

Não tão perfeito quanto a maneira como Elisabeta se sentia agora.

Isso a fez se esquecer do que estava pensando antes.

Nada seria tão perfeito quanto todas as vezes que seu coração se acelerava quando ela percebia que Darcy estava observando-a, achando que ela não notaria. Nada seria tão perfeito quanto todas as vezes que eles se olhavam e se entendiam sem precisarem dizer uma só palavra. Nada seria tão perfeito quanto sua pele formigando onde ele a tocava.

Deixando para trás todas as suas restrições, Elisabeta deslizou sua mão sobre o ombro de Darcy e seus dedos se apoiaram em sua nuca.

— Feliz aniversário. — Ela sussurrou pela última vez e se inclinou em sua direção.

E então roçou seus lábios nos dele.

Porém, quando ele apoiou suas mãos na cintura dela, ambos aprofundaram o beijo.

Foi doce.

Gentil.

Por fim, apaixonado.

Aquilo sim era perfeito.

Após alguns segundos, Elisabeta tentou se afastar para fitar Darcy e tentar descobrir como ele se sentia em relação ao que acabara de acontecer, mas quando levou seu próprio corpo para trás, Darcy a seguiu com o seu, impedindo que se separassem, e Elisabeta aproveitou para acariciá-lo.

Ela sentiu falta do toque dele quando, desta vez, foi ele ele quem se afastou.

Ela o encarou e podia jurar que tinha um milhão de dúvidas em sua própria expressão, mas ele não respondeu nenhuma. Em vez disso, Darcy repetiu os mesmos gestos que ela fez com ele: acariciou seu rosto e primeiro beijou sua testa.

— Obrigado. — Ele disse.

Beijou sua bochecha direita.

— Obrigado.

Beijou sua bochecha esquerda.

Muito obrigado.

Beijou seus lábios.

Desta vez, o beijo foi mais urgente.

Muito mais apaixonado.

Nenhum dos dois queria se separar, mas quando já estavam sem ar, foi necessário fazê-lo.

Darcy suspirou e tocou o rosto de Elisabeta.

— Elisa… — Ele disse. — O que estamos fazendo é certo?

Elisabeta balançou a cabeça.

— Não. É uma loucura.

— Não nos veremos por meses. — Ele afirmou com pesar em sua voz.

— Sim. Até lá, nossas vidas poderão estar completamente diferentes. E nós também.

Darcy concordou, e Elisabeta sussurrou:

— Desde que nos conhecemos, vários acontecimentos nos mostraram que somos muito diferentes.

— Somos.

— Já brigamos por qualquer motivo.

— Brigamos. — Darcy repetiu e então encostou seu polegar nos lábios de Elisabeta, que estavam mais rosados agora. — Mas ainda assim… — Ele deixou suas palavras morrerem.

Elisabeta sorriu.

— Ainda assim… — Ela começou a dizer e parou por um momento para entrelaçar seus dedos nos dele. — Ainda assim, neste exato momento eu não consigo pensar em outra coisa que seja mais certa que isso aqui.

E então voltou a colar seus lábios nos dele.

Sim, Elisabeta pensou, isto é loucura.

Mas às vezes ela simplesmente amava ser louca.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

!!!!!!!

Parte do capítulo foi inspirado em A Lovely Night, de La La Land.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "You're Driving Me Crazy!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.