Aracnídeo: Sangue Perdido escrita por Gabriel Souza, WSU


Capítulo 9
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Opa, foi mal a demora mas aqui está o novo capítulo.



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Serena estava sentada na arquibancada tentando terminar a leitura do décimo capítulo do livro de física, haveria uma prova aquela semana e esse era o capítulo em que ela detinha maior dificuldade, por conta disso ela procurava se isolar do mundo à sua volta para buscar concentração para estudar, algo que ficara mais difícil depois de Arthur, seu ex.

Ele e suas ações mexeram bastante com Serena, inicialmente de forma boa e gostosa, porém depois de um tempo dolorosa, e pensar nisso só a distraia e a fazia se perder em memórias dolorosas.

— Ocupada? — O garoto de cabelos e olhos castanhos que faltava mais aula do que qualquer pessoa no mundo sentou-se ao seu lado.

Serena tirou uma pequena mecha de seu rosto.

— Ah, Oi — Seus dentes ficaram à mostra — Não, só tentando entender como diabos se calcula a resistência de um resistor, eu realmente não sou uma das melhores com física, muito menos com esses conteúdos relacionados à eletricidade.

— É fácil, depois que você faz alguns exercícios daquela lista que o professor passou você não esquece mais, ela te obriga a sempre voltar para o livro e rever as formulas mais especificamente para aquela questão. Isso acaba te forçando a aprender o conteúdo de forma quase natural, é só você se ligar no que as questões pedem, por exemplo, a resistência é a DDP sobre a corrente.

— Difícil quando você não consegue se concentrar direito.

— Então seu problema é concentração. — Jonas falou num tom de voz que ficava entre afirmação e questionamento — Tem TDH?

— Não. Não, só não consigo me concentrar para estudar mesmo, acho que minha mente procura se concentrar em outras coisas que não sejam o que está escrito no livro.

Jonas sorriu.

— Te entendo — Ele colocou a mão no bolso e após um certo tempo onde parecia sofrer dificuldades ele conseguiu retirar um fone de ouvido, plugou ele no celular e ofereceu um dos lados do fone para Serena — Coloca aí.

Ela pegou o fone e colocou em sua orelha esquerda, enquanto Jonas colocou o outro lado do acessório em sua orelha direita.

— Eu também não sou muito bom em estudar, mesmo que no completo silêncio, para falar a verdade eu gosto de algo que me distraia um pouco, quer dizer, que faça o ato de estudar ser mais divertido — selecionou uma playlist em seu celular — ouvir música me ajuda muito a estudar.

Não é como você vive, mas sim pelo que fez, antes de morrer...
— Tauz, eu gosto dos raps dele, eles me motivam, é estranho né — Jonas comentou sobre a música.

— Não acho, acho bem legal na verdade. Te faz parecer menos babaca.

— Eu sou babaca? — Jonas perguntou receoso.

Serena fez cara de pensativa, logo depois mostrou uma expressão de alguém que está com pena de quem está a sua frente, sendo acompanhado por um sorriso bobo, estava brincando com Jonas e ele sabia disso.

— Não, mas é sua reputação, o que eu discordo completamente.

— Eu já fiz jus à essa reputação.

— Não parece — Serena fechou o livro e o deixou sobre as pernas.

Pegou um salgadinho de sua mochila — Quer um pouco?

Jonas aceitou e logo encheu a boca de um salgado com sabor de presunto, um dos seus favoritos.

— Acredite — Sua boca ainda estava cheia, o que fez Serena fazer uma careta e logo depois sorrir mais um vez — Eu já fui um completo babaca.

— Ainda bem que não é mais — Ela encheu sua boca de salgadinho e ainda mastigando voltou a falar — Só um pouco mal educado.

Jonas entendeu a indireta.

— Foi mal.

— Que nada, tou só brincando com você.

“Como eu era tolo uma criança inocente, acreditava que podia ter um mundo diferente... “ Mais um rap de anime que Jonas gostava tocava.

— Eu realmente não tou entendo nada, mas sei que estou tomando spoiler de alguma coisa né? — Serena comentou após uma parte da música em que o eu lírico falava sobre sua história.

— Ah, é — Jonas coçou a nuca — Eu nem pensei nisso, mas relaxe, se você assistir isso algum dia, você provavelmente nem vai lembrar dessa letra.

— É, quem sabe, talvez eu assista. — Serena terminou de mastigar — Mas não sei se eu assistiria sozinha.

— Só assistiria acompanhada?

— Talvez — Jogou mais dois salgadinhos na boca — Talvez alguém legal, que realmente pudesse me convencer à assistir, e claro, estivesse disposta à passar um tempo comigo, assistindo, é claro.

— Alguém legal? — Jonas questionou.

— Aham — Serena sorriu e novamente abriu seu livro — Estou enrolando muito, foco Serena, estudo.

Jonas olhou para a garota ao seu lado, seus problemas pareciam ter sumido naquele momento, estava fixo no singelo sorriso daquela ruiva baixinha.

 

 

***

 

— Certo, perna? Ok, Braços? Ok, Dorsal? Ok, tudo ok, o Aracnídeo está pronto para se divertir um pouquinho enquanto pula entre casas, impede algum crime, busca alguma pista sobre o novo endereço de Andressa e procura mudar a opinião pública sobre pessoas como ele, corrompidos. Relaxa cara, sem pressão. — Jonas estava de pé em uma beirada, mais uma vez falando sozinho, era um forma que ele havia encontrado para aliviar a tensão e não enlouquecer após explosões de novas descobertas na cabeça dele, como, pessoas com poderes, malucos que conversam com gatos, alienígenas do futuro, supersoldados antiquados e relacionamentos complicados — Tudo bem — ligou o fone em seu ouvido. O fone estava conectado à seu celular que se encontrava em seu bolso. Poucos segundos depois uma pessoa atende, Rafael.

— Cara da cadeira falando.

Jonas balançou a cabeça.

— Rafa, só me diz se tem alguma coisa acontecendo na cidade.

— Deixa eu ver — Jonas conseguia ouvir o som de teclas sendo pressionadas através do fone, Rafael era rápido digitando — Parece que tá rolando uma confusão no centro — Um segundo de silêncio — e pelo visto tem corrompido envolvido.

 

 


***

 

A lâmina passava rente a pele do pescoço de Bernardo, o pelo que formava sua barba rala ia caindo sobre a pia, isso trazia lembranças felizes para o jovem corrompido, memórias de uma época onde ele acreditava que o mundo mudaria para melhor. Onde as pessoas chegariam ao ponto de entenderem umas às outras e consequentemente os corrompidos seriam vistos como iguais com os humanos considerados normais.

 

4 anos antes

 

— Calma, está quase acabando.

— Acaba logo — Um Bernardo envolto de caretas reclamava enquanto a lâmina de barbear passava pelo seu pescoço — Isso coça muito.

— Prontinho, você está incrível.

— Devo estar, com você cuidando de mim — Bernardo se virou e beijou a garota à sua frente, o amor de sua vida — Eu te amo.

— Eu também te amo.

 

 

Hoje

 

— Ainda te amo. — Bernardo se olhava no espelho, sua barba estava feita.

 

 

 

***

 

Um jovem rapaz causava confusão no centro de Recife, sua mente andava instável nas últimas semanas, após uma vida inteira sofrendo bullying no colégio ele descobriu-se um corrompido com poderes pirocinéticos. Isso deixou sua mente à beira de um colapso que não pôde ser evitado, após um taxista chamá-lo de aberrarão ao perceber que era uma dessas pessoas “estranhas.

— Amigão — Um rapaz vestido num uniforme dourado estava em cima de um poste, o desenho de uma aranha fazia-se presente no peitoral da roupa — Eu não sei porque você tá causando toda essa destruição. Eu sei que o povo parece que perde completamente os modos nessa multidão, mas isso não é razão para botar fogo em tudo que você vê pela frente.

O corrompido surtado o ignorou e continuou à disparar rajadas de fogos em todas as direções causando novos incêndios e a ampliação de outros já existentes derivados de explosões de calor anteriores.

— Cara, você tá me ouvindo? — O caos continuou — Deixa pra lá — Aracnídeo olhou em volta, podia ver as pessoas correndo para longe, o som de sirenes se aproximava, Jonas torcia para que os bombeiros estivessem vindo junto da polícia — Certo, lá vamos nós.

Aracnídeo atirou teia para baixo, mais precisamente no poste em que estava, esticou a teia ao máximo e criou uma espécie de corda de rapel para si, saltou do posto segurando o fluído, o que o fez girar duas vezes em volta do poste antes de ser arremessado em direção ao corrompido esquentadinho.

Dois pés juntos de encontro com um rosto, esse foi o resultado da manobra de Aracnídeo que acertou uma voadora na cara de Esquentadinho. Aracnídeo se recompôs e saltou para a parede de uma loja, as sirenes estavam mais próximas. Observou seu adversário se levantar e saltou para cima dele, derrubando-o mais uma vez, desferiu um soco na mandíbula de Esquentadinho e deu um mortal para trás — Agora dorme aí — Prendeu o corrompido com teia ao asfalto.

Antes das viaturas policiais e dos bombeiros chegarem ao local Aracnídeo saiu do local indo em direção à um terraço de prédio próximo. Do alto o vigilante observou a apreensão de mais um corrompido que de forma não intencionai estava reforçando a visão negativa sobre os corrompidos.

— Tudo bem, o povo vai entender que ele ser um corrompido não foi o que desencadeou essa confusão — Jonas tentava mentir para si mesmo.

O som de um celular tocando roubou as atenções de Jonas, na tela um nome familiar.

— Eae Serena — Ele atendera o celular de forma despreocupada

— Jonas? Cadê você? – Uma voz que mesclava preocupação com raiva ressoou.

— Ué, como assim?

— A gente tinha marcado de estudar hoje na minha casa, se lembra? — Enquanto Serena falava Jonas se lembrava que havia marcado de estudar com Serena às 15 horas daquele dia, já eram 15:40 e ele havia esquecido completamente — E aí, está chegando ou furou comigo?

— Não! Não furei, eu só tive um imprevisto, tou chegando — desligou o telefone e saltou do prédio.

 

 

 

***

 

Serena estava sentada ouvindo música em seu celular, estava usando um roupa simples, afinal, estava em casa, e mesmo que fosse receber uma visita, era alguém a qual ela já havia desenvolvido intimidade, mesmo que eles se conhecessem haviam poucas semanas.

O interfone tocou e Serena atendeu, a pessoa que ela esperava à mais de uma hora finalmente havia chegado e em pouco mais de um minuto já estava em frente à sua porta.

— Cheguei na hora? — Um jovem com cabelo bagunçado sorria do lado de fora do apartamento de Serena que o convidou para entrar — Mil desculpas, minha mãe precisou de mim para ajudar com umas coisas do trabalho dela e por isso acabei me atrasando um pouco.

— Um pouco? — Serena questionou.

— Muito... — Jonas se desculpou — Foi mal?

— Tudo bem, só vamos estudar logo atrasadinho, preciso passar nessa prova se quiser ter alguma chance de não reprovar no último ano.

— Reprovar?

— É, eu perdi um tempo de aula, eu já te disse isso, nesse meio tempo houveram provas e reposições, quem não faz nada também não recebe nada de nota. — respondeu.

— Ah. Vai dar tudo certo, você é inteligente, vai passar por isso fácil, fácil. — Jonas comentou

— Assim espero. — Serena olhou para o relógio na parede, ainda tinham três horas antes de sua mãe voltar, no centro estavam seus livros e um dos cadernos, o material que ela havia separado para estudar com Jonas àquela tarde — Bem, vamos aos estudos, né?

 

 

 

***

 

Serena voltava para seu quarto com um balde de pipoca, duas horas de estudo eram o suficiente para deixar qualquer um com fome.

— Direto da popcornlândia, um balde de pipoca chegando — Serena anunciou seu retorno.

Jonas que estava concentrado em seu celular voltou sua atenção para a garota que se sentava ao seu lado na cama.

— Parece estar uma delícia.

— É claro que está, eu que fiz.

— Pensei que fosse pipoca de microondas e que portanto, não importa quem faça, o gosto é o mesmo. — Jonas comentou enquanto pegava algumas pipocas.

— Não... — Serena resmungou — A minha pipoca é especial. — Fez biquinho.

— É sim... — Sem pensar Jonas beijou Serena.

Antes que ele pudesse perceber ele havia aproximado seu rosto do dela e encostado seus lábios, sua mão esquerda estava em sua nuca enquanto a direita em sua costela, assim permanecendo por poucos segundos até o momento em que Jonas instintivamente começou a descer seu braço pelo corpo de Serena que se afastou imediatamente.

— Desculpa, eu... — O coração de Serena estava acelerado, ela havia sido pega de surpresa por Jonas, porém também estava aproveitando o momento até se lembrar de Arthur, seu ex-namorado, o que a deixou agitada e angustiada.

— Não — Jonas a cortou — Eu que peço desculpas, eu não devia ter feito isso.

Jonas levantou-se e saiu do quarto de Serena, estava confuso,  em sua mente vinha Andressa, ele se forçava a pensar nela, mas todas vez o rosto da ruiva tomava seu lugar. Serena o seguiu ainda meio confusa sobre o que sentia no momento, isso fez com que ela perdesse um pouco do controle de seus poderes e assim acabasse focando em Jonas e no que ele sentia naquele momento, uma mistura de euforia com confusão.

— Jonas — Serena o segurou pelo braço — Eu sei que você é o Aracnídeo — Isso saiu de sua boca sem que ela percebesse até já ter dito.

Jonas parou, Serena ficou em silêncio esperando que ele falasse alguma coisa, qualquer coisa, porém ele também não falou nada.

— Eu suspeito isso à algum tempo... — Serena tentava se acalmar, seria a melhor de conseguir falar o que agora se fazia necessário falar — Você sempre se atrasa, falta constantemente e sempre tem hematomas. — Ela se colocou à frente de Jonas — Você não estava na sua própria casa quando seus amigos e eu estávamos lá te esperando no dia em que o Aracnídeo apanhou ao vivo e logo depois você faltou por dias...

— Eu sofri um acidente... — Jonas cortou.

— É o que você diz. Mas a verdade é que todo mundo viu que o lugar onde o Aracnídeo mais se machucou foi a perna, a mesma que você apareceu mancando logo depois. Além de que você está sempre com hematomas de briga, a menos que você participe de lutas clandestinas, você é ele — Serena suspirou pensativa e em seguida segurou as mãos de Jonas e usou seus poderes para acalma-lo — Olha, eu não planejava revelar isso para ninguém, não depois do que aconteceu, mas, eu sei o seu segredo, você merece saber o meu.

Jonas fez uma cara de confuso enquanto Serena deu dois passos para trás, logo em seguida a garota ruiva desapareceu por alguns segundos reaparecendo logo depois.

— Eu também sou uma corrompida. — tentou mostrar um sorriso.

 


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