Aracnídeo: Sangue Perdido escrita por Gabriel Souza, WSU


Capítulo 4
Capítulo 3




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/771627/chapter/4

Rafael não parava de falar, o que irritava Jonas que naquela altura do campeonato já não suportava mais as investidas do amigo sobre quando ele o apresentaria a Karen Maximus, uma recente grande amiga do herói e que tinha como passatempo ser um gênio e uma super-heroína vinda do futuro.

— Você não tem chance com ela cara. — Jonas comentou após virar uma esquina no caminho para o colégio — Ela vem do futuro e gosta de caras inteligentes.

— Ei, eu sou inteligente — Rafael refutou meio irritado.

— Comparado à mim? Sim, você é. Comparado à ela? Nem brincando.

Rafael deu um soco fraco no ombro de Jonas.

— Já entendi a sua, quer ela só para você, está evitando concorrência.

— O que? — Jonas exclamou alto, para sua sorte ambos estavam a sós, ainda não haviam chegado, mesmo que por pouco, ao colégio — Nem pensar, eu não tenho interesse nela, pelo menos não esse tipo de interesse.

Rafael respondeu novamente provocando seu amigo, porém fora ignorado no restante do caminho até o colégio.

— Oi gente. — A nova melhor amiga de Jonas e Rafael, Beatriz Pinheiro, os cumprimentou, ela vestia a versão feminina do uniforme do colégio, calça azul/Jeans com uma camiseta azul claro, diferente dos homens que tem a camisa branca.

— Eae Bia — Rafael pôs os seus braços em volta da garota tímida — Me ajuda a convencer esse cara — Apontou um dedo para Jonas — A me apresentar a super amiga dele.

— Andressa? — questionou a garota.

— Não, essa já é dele — O comentário brincalhão de Rafael fez com que os outros dois adolescentes tivesse reações diferentes, Jonas ficara numa mistura de vergonha com felicidade, não dava para negar que se ele realmente tivesse algo com Andressa ele não ficaria feliz, a garota era muito linda. Bia ficara meio triste e enciumada — estou falando da Karen, aquela loirinha é muito linda.

— Ela não tem 15 anos? — questionou Bia saindo dos braços de Rafael.

— Tem, mas quem se importa? São só dois anos de diferença. Jonas já pegou garotas dessa idade.

Jonas deu de ombros para seu amigo e seguiu seu caminho para a sala de aula.

— Ei — Rafael o cortou, deixara a brincadeira de lado e agora focava em outro assunto — Como andam as coisas com a Andressa? Sei que vocês tem saído muito juntos ultimamente.

Mesmo que para algum aluno transeunte que escutasse a conversa isso soasse como se Rafael estivesse falando de relacionamento, Jonas entendeu o que seu amigo quis falar. Falava sobre como os dois tinham saído constantemente pela cidade tentando parar alguns crimes e mostrar para a população que os corrompidos podem ser bons, utilizando dessas ações beneficentes.

— Estão na mesma — lembrou-se de Bernardo que lhe ofereceu se juntar à uma revolução na semana anterior — Ainda tentando mostrar que somos melhores do que aquele idiota que se autoproclama padre.

— Alguém está com ciúmes da incontestável proximidade entre eles, não está? — Rafael brincou e Jonas o ignorou, seguiu seu caminho passando pelos inúmeros alunos que estudavam naquele colégio.

— Vamos, a aula já vai começar — respondeu depois de algum tempo.

 

 

 

***

 

Para alguém que teve como mestre o Soldado Fantasma, aquilo deveria ser moleza, cinco caras armados com fuzis carregando sacolas cheias de dinheiro nas costas, Jonas lutou contra pessoas mais perigosas do que essas no Rio de Janeiro, aquilo sim foi desafio. O que ocorria naquele momento era só mais um assalto à caixa eletrônico de rotina, infelizmente o país ficava cada vez mais violento.

— Certo, qual de vocês quer apanhar primeiro?

Os cinco homens nem pensaram duas vezes antes de disparar tiros contra o mascarado que saltou para longe do raio de impacto e caiu em cima do Gol preto próximo a eles.

— Vocês nunca aprendem — Uma teia saiu de seu pulso e se prendeu no fuzil do assaltante mais próximo, ele olhou para baixo assustado, encarando rapidamente a arma que estava envolto de teia orgânica produzida pelo corrompido à sua frente, a arma fez um movimento inesperado e acertou sua cabeça o desmaiando.

Paralelamente os outros quatro homens haviam se dividido, dois tentavam fugir pelo beco mais próximo, um corria de forma retilínea pela rua escura da madrugada enquanto o outro, o mais corajoso, ou idiota deles, se voltou contra o adolescente vestido de amarelo e efetuou disparos na esperança de que algum lhe acertasse, infelizmente para ele seu adversário detinha reflexos sobre-humanos e pudera desviar de todos os tiros disparados dando um mortal no ar e caindo nas suas costas.

— Andressa — Ele gritara — Pega aqueles dois do beco — Enquanto acertava um chute na parte anterior do joelho esquerdo do homem à sua frente, Jonas pôde ver um vulto atravessar seu caminho indo direto para o beco onde dois homens haviam entrado a pouco.

Jonas pegou a arma do homem caído a sua frente e a analisou, lembrava-se de ter jogado com uma arma parecida em Battlefield em seu PlayStation. Apontou a arma para o homem à sua frente que ficou paralisado e com ambas as mãos erguidas, numa tentativa de pedir suplício.

— Relaxa, eu sou um dos mocinhos — Uma coronhada e o homem desmaia. Aracnídeo virou, atirando em direção à rua acertando um disparo na perna do assaltante que tentava fugir, ao se aproximar o envolveu em teia.

Se aproximou do ouvido do homem preso e sussurrou:

— Sorte a sua que eu não sou uma viúva negra, mas sim outro tipo de Aracnídeo.

O homem gelou até a espinha e Jonas sorriu apenas aguardando sua parceira chegar.

— Isso é um desperdício de tempo — comentou a jovem garota, enquanto se aproximava da figura mascarada conhecida como Aracnídeo.

— Isso se chama fazer o certo. — respondeu Jonas enquanto caminhava para perto dela, ele sabia que usar seus poderes a deixava esgotada, mesmo que ela não deixasse transparecer.

— Isso não vai mudar o que as pessoas pensam sobre os corrompidos.

— Por que não? Olha só pra mim, eles me adoram. — Jonas respondeu sorridente sem perceber que fora um completo babaca. Andressa fechou a cara e virou-se para o outro lado. — O que foi?

— As coisas sempre se tratam sobre você não é? — Ela cruzava os braços e observava a luz do posto de gasolina mais próximo, o local do assalto — Eles me adoram — imitou a voz de Jonas — Nem todos são como você, alguns só querem viver suas vidas.

Jonas abaixou a cabeça, porém se aproximando de Andressa simultaneamente, de forma instintiva a abraçou — Olha, desculpa, não quis parecer um idiota — Fez um segundo de silêncio acompanhando o olhar de Andressa para o posto — Acho que aquele idiota que só fazia merda ainda está dentro de mim, mas venho tentado melhorar, você sabe disso, não foi minha intenção falar isso.

— Nunca é a intenção de ninguém Jonas. — Andressa respondia de forma melancólica, Jonas não entendia como ela se sentia, nunca havia entendido, não como ele pensava.

— Ei, o que falamos sobre esse nome? Quando estou assim eu sou o Aracnídeo, nem todos saímos por aí sem mascaras. — alertou preocupado.

Andressa se virou para Jonas e o encarou nos olhos, sua feição era triste e ele não sabia o motivo.

— Nem todos se escondem atrás de máscaras — deu-lhe um beijo lento.

Jonas levou um dedo ao rosto da garota à sua frente.

— Uso máscara para proteger aqueles que amo. Você sabe disso.

Andressa assentiu e envolveu seus braços no pescoço de Jonas.

— Só me leva pra casa.

 

 

***

 

Acordar tarde num dia de semana não era do feitio de Jonas, ele se esforçava para ser um aluno e uma pessoa melhor, porém havia algo em sua vida que tomava muito de seu tempo, o Aracnídeo. Sua luta pela cidade como o herói mascarado ao lado de Andressa era o que o fizera acordar tão tarde numa quinta-feira, bem, isso e o que eles fizeram logo que chegaram na casa do jovem de 17 anos.

— Dessa? — Jonas esticou seu braço por sua cama em busca da garota de olhos verdes, a qual ele provavelmente estava apaixonado, não a encontrando.

Sentou-se subitamente na cama e olhou ao redor de seu quarto, a cadeira e o vídeo game estavam lá, seus troféus e sua bola de basquete também, suas roupas e tudo o que era material, menos quem ele procurava. Levantou-se e vestiu uma camisa preta, na estampa o logo da NBB. Viu uma folha de papel sobre a escrivaninha e a pegou, reconhecia a letra.

Jonas, tentei do fundo do meu coração acreditar em suas palavras, sei que suas intenções para os corrompidos são boas, mas elas não são o que precisamos, não conquistaremos respeito com palavras e boas ações na calada da noite, isso não serviu à maioria das minorias, porque serviria com a gente? Somos especiais por acaso? Não, não somos, somos aqueles que vieram para sofrer e tirar aprendizado desse sofrimento.

Então, como alguém que sofreu em toda a sua vida, posso dizer que aprendi uma coisa, o respeito só virá através da revolução do Bernardo. Sim, eu sei que você deve estar desapontado comigo agora, mas quero que saiba que nos separarmos não era o que eu queria, meu desejo era de que você se juntasse a nós, mas vejo que não tem como, nossos ideais são quase opostos.

Espero pelo menos te ver bem e voltar a ser como éramos quando tudo isso acabar.

Andressa. “


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Aracnídeo: Sangue Perdido" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.