Yuki no peji no ai escrita por MrsEloi


Capítulo 4
Dai 3-shō: Byakugou


Notas iniciais do capítulo

De 2019 direto para 2023.
Eu adoro essa história, portanto, não me matem.
Boa leitura e amo vocês. ♥



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Yuki no peji no ai

Dai 3-shō:

Byakugou.

Escrito por MrsEloi.

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☽☀☾

Ten

Os orbes esmeraldinos despertavam-se preguiçosamente em piscadelas lentas, enquanto seu sentido olfativo captava uma forte fragrância amadeirada intensificando a sonolência; ela vasculhou na memória recém vivifica a origem daquele cheiro tão bom e familiar, tiritando sem êxito. Gemeu ao afundar o rosto molengo no tecido de cetim abaixo de si. Tentou se lembrar da ultima vez em que esteve em travesseiros macios como aquele. De súbito, ela gritaria, se a voz não falhasse em sua glote a ponto de engasga-la. Deu por si que seu corpo estava debruçado sobre as esguias pernas cruzadas do Deus da Guerra, no qual dormia profundamente. Afastou-se de imediato, sentindo a pulsação tamborilar os próprios vasos circulatórios. A face ardia febril e a respiração, assim como qualquer ruído, encontrava-se entalados na garganta. O medo que a própria respiração o despertasse de seu sono desmedido a inundou por completo.

O Uchiha trajava um quimono de cetim de tonalidade cinzenta, tal qual adormecido com a cabeça tombada lateralmente e a bochecha apoiada aos dedos comprimidos do punho, sentado com as pernas cruzadas. Os fios negrumes completamente livres de qualquer adorno, enquanto aqueles mais ousados e desgrenhados pousaram livremente nos lábios voluptuosos, apoiados pelo fino nariz, evitando lhe cobrir a face por completo. De longe ou de perto, Sasuke era a criatura mais bela existente nos cinco reinos. A mão miúda e trêmula quis tocá-lo. Após ser convertida em felina ao cair no lago Henkan, ele havia salvado Sakura das travessias de crianças gananciosas. Passara os três dias como gata de estimação do ex-Imperador, que a carregava nos braços em qualquer local que fosse, desde encontros celestiais, reuniões e desjejum, sem permitir que alguém a desrespeitasse. Como humana, jamais teria a oportunidade de receber tamanha afeição vinda dele. Descuidou-se ao adormecer em seu colo durante a noite, enquanto ele lhe contava sobre suas aventuras no monte das sereias. Sakura sentiu-se aflita ao imaginá-lo despertar antes dela. Não seria capaz de verbalizar em alto tom uma explicação para tamanho atrevimento.

Decidiu arrastar-se dali o mais depressa, afinal, era uma felina e poderia se afastar sem acordá-lo. Negligenciou-se e se auto sabotou ao olhá-lo uma última vez, o peito movendo-se lentamente em um respirar tranquilo e o semblante profundo em serenidade. Estava imensamente remanso e nada temia, pois era a existência mais poderosa do universo e nada tinha a temer. Talvez, em tempo algum, ela teria a oportunidade de tocá-lo outra vez, por mínimo que seja. A ponta dos dedos gélidos formigou e ao invés de se afastar, a rosada se aproximou, perspicaz como uma felina. Acomodou-se diante o moreno, mordeu os próprios lábios rosados e prendeu a respiração, mais uma vez. Seu olhar passeou pela pele pálida e livre de qualquer imperfeição, memorizando cada minúsculo poro; erguei a mão destra titubeante, dedilhando a lateral de seus lábios desbotados e secos. Uma onda elétrica percorreu seu corpo quando o tocou, estremecendo até sua última célula. Imaginou se alguma mulher já havia o tocado daquela maneira vil.

Sakura se vizualizou fraca e miúda equiparada aquele homem letargo. Soltou o ar de seus pulmões vagarosamente, como se sua vida dependesse daquilo, e dependia, aliás; inclinou-se um pouco mais, afundando o nariz entre os capilares negros como a noite inalando aquele eflúvio odorante embriagante. Sentiu-se inteiramente entorpecida. Distanciou-se gradualmente, ao ponto de sentir os lábios roçar ligeiramente. Em um ímpeto, seu corpo caiu para trás, amedrontada. Implorou aos Deuses para que seu sono fosse tão impenetrável quanto seu ser. E foi, ao menos, a fez acreditar que fosse.

Ela tratou de sair dali, pois a sorte não a presentearia uma terceira vez.

Sasuke abriu os olhos escarlates.

(...)

A época do festival dos deuses nas centralizações do céu ocorria a cada década e para a sorte ou azar de Sakura, seria justamente em sua estadia pelo palácio. Cem anos, era sua idade atual. Eventos com grande movimento e fluxo de pessoas deixavam-na extremamente indisposta. Nunca soube ao certo, o motivo de tal, porém, desde que se lembrava por si, sempre acontecia.

Shikamaru Nara, o Deus da inteligência, acomodou-se diante Sasuke, possivelmente, para tratar de qualquer assunto no qual ela não entenderia, assim como não lhe interessara. O homem com os cabelos curtos presos em um rabo alto apontou o nariz para a chaleira e voltou seus olhos estreitos para ela, insinuando, grosseiramente para que o servisse. Sakura relutou, inicialmente, sem saber como se portar em uma situação completamente inusitada. Estava preparada para se retirar antes de ser pega em uma circunstância como aquela. Jamais queria passar a imagem de que era uma mulher intrometida nos assuntos imperiais. De modo ao qual estava disposta a servir apenas ao Deus da Guerra e suas vontades, outrora ele não verbalizasse os seus desejos.

— Os boatos em que possui uma acompanhante particular eram verdadeiros, afinal. — Shikamaru pontuou, formando um sorriso zombeteiro nos lábios. O implacável Uchiha Sasuke, hodiernamente, era seguido por uma pirralha irritante e petulante.

Sakura se aproximou de Sasuke, afastando a manga de seu quimono lilás, apoiando os cotovelos na ponta medial da bandeja de bordas prateadas, evitando tremular. Sentiu a visão turvar por alguns segundos. Sasuke estreitou os olhos afincos ao visualizar o pulso níveo e trêmulo da garota, voltou sua atenção para a silhueta estática. Olhos comuns, possivelmente não seriam capazes de reparar, mas os seus, viram a marca centenária na testa de Sakura cintilar.

Sakura entreabriu os lábios e arfou, buscando, discretamente, oxigênio para suas células nervosas. O farfalhar fora do palácio estava deixando-a tonta. O moreno inclinou as vestes sobre ela e tomou a chaleira de seus dedos, deixando ambos surpresos. Não houve nenhum contato físico entre eles naquele instante.

— Posso me servir, assim como Shikamaru. — ralhou, rouco e ríspido. Depositou o líquido sobre a xícara, respingando gotículas pelo chão. Ofereceu a Shikamaru, que recusou, envergonhado. Não soube descrever a inconstância da expressão daqueles ônix rigorosos e não quis pagar para descobrir. Ser servido pelas mãos do homem mais poderoso dos céus, certamente era algo que não estava em seus planos.

A rosada se afastou, constrangida. Despediu-se e acomodou-se distante o suficiente para que não fosse capaz de escutar o que diziam, mas próxima o bastante caso fosse solicitada. Apoiou a silhueta na parede atrás de si, abrindo e fechando os olhos repetidas vezes na tentativa de controlar o tremor. Sasuke nunca a chamava, porém, o percebera aguardá-la para realizar singelas e banais atividades cotidianas. Ele havia se acostumado com sua presença e ela, empenhava-se ao se adaptar à dele.

Não viu quando Shikamaru e Sasuke saíram. Sentiu-se estúpida. Sasuke provavelmente a mandaria para longe após aquela tarde. Uma completa inútil até mesmo ao servir um simples chá.

A marca centenária do Byakugou armazenava gradativamente a energia do indivíduo que a portava, assim como absorvia a mana ao seu redor. A família Haruno sempre vivera em recluso, devido à imensa capacidade da marca e sua possibilidade de ruptura quando excedida. Sasuke soube disso no instante em que a tatuagem cintilou. Intrigava-lhe o fato de Sakura saber tão pouco sobre ela mesma e sua família.

Ao retornar a sala de reunião, deparou-se com o corpo da jovem caído no mesmo local em que estava sentada quando a deixou.

Seus pés moveram-se mais velozes que seus pensamentos, curvando-se diante a criatura miúda dominada pela angustia e dor. Sakura tinha ambas as mãos envolvendo seus fios róseos como se fosse arrancá-los da cabeça, a face rubra e úmida pelas lágrimas.

— Senhor Imperador, perdoe-me, não cumprirei minha promessa — ela soluçou, gemendo e confessou. —, minha cabeça irá explodir.

Sasuke a envolveu em seus braços, erguendo-a. A temperatura distinta de seus corpos causou um choque térmico. Surpreso o bastante pela resiliência em cumprir sua promessa, a ponto de se desculpar em seu leito de morte. O moreno aproximou os lábios de sua testa, depositando um cálido beijo sobre a marca centenária. A restauração da mesma se deu no segundo seguinte.

Ele poderia tê-la restaurado com um singelo toque, porém, não fora capaz de compreender a urgência de tranquiliza-la.

— Garota tola. — caminhou com ela nos braços pelos corredores do palácio.


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