Acertando as Contas com o Passado escrita por Carol McGarrett


Capítulo 22
Capítulo 22 – Cada um reage à sua maneira à uma determinada notícia.


Notas iniciais do capítulo

Bem, ninguém esperou que Gibbs fosse ser diretor sem perder a paciência com alguém, né? Mas ele perdeu a paciência com a pessoa errada...
Boa leitura!



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Finalmente os dois meses haviam passado. Todos na NCIS respiraram aliviados por dois motivos: 1º as obras de reconstrução haviam terminado, tudo estava em seu devido lugar. 2º Gibbs, para a alegria de todos, inclusive a dele, estava deixando a direção.

E, por mais incrível que pareça, não houve nenhum incidente maior, a não ser quando um Comandante da Marinha ficou um pouco ofendido quando Jethro disse que ele não era digno de usar aquela farda e partiu para cima dele. A briga começou na diretoria e acabou no meio das mesas dos agentes. O comandante levou a pior, pois o seu ego ferido não foi páreo para a fera enjaulada e estressada que Jethro havia virado nos últimos dias.

Tirando isso, tudo correu bem, Tony se mostrou um excelente líder de equipe, tendo um ou outro ataque de estrelismo, Timmy não precisou de férias, Ziva estava finalmente aceitando que, no fundo gostava de DiNozzo e eu, bem, tinha que me desviar das perguntas incômodas sobre o anel que estava em minha mão direita.

Era outra daquelas rodadas infinitas de perguntas de todos, incluindo Abby e Jimmy, sobre quem me dera o anel, quando, já no final do expediente, ouvimos o barulho de algo sendo espatifado na parede.

Instintivamente olhamos do relógio para o andar de cima e depois uns para ou outros, como se disséssemos: “alguém tem que subir!”.

Nem precisamos, Gibbs apareceu furioso no alto da escada e olhando para DiNozzo soltou a seguinte frase:

— Vance acabou de me ligar – olhando para o que um dia fora seu celular – e ele vai tirar um mês de férias, portanto, você continua como chefe da equipe por mais trinta dias, Tony.

Nenhum de nós falamos nada, apenas concordamos com a cabeça. Tony, por mais que gostasse de ser o centro das atenções não ficou muito feliz com a notícia.

— Não que eu não goste do que eu estou fazendo, mas já deu. Estou cansado de ser o cara que manda, organiza, mas não faz o trabalho de campo. – Ele resmungou depois que Jethro voltou para sua sala pisando duro e murmurando palavrões em todos os idiomas que conhece.

— Isso é novidade, Tony. Sempre te achei com o espírito de Prima Donna. – McGee zombou do amigo.

— Quer trocar de posto, McEngraçado? Por que se você quiser eu enfrento a fera lá em cima e digo que fizemos a troca.

— É você o Agente Sênior mais experiente, Tony. É todo seu esse próximo mês! – E após pegar todas as suas coisas, partiu dando boa noite.

— Tadinho do Gibbs, desse jeito ele vai dar um AVC! Vance não tinha outra hora para tirar férias, não? – Abby defenderia Jethro até debaixo d’água!

— Vão ser os mais longos trinta dias de nossas vidas se o Gibbs continuar nesse humor... – Ziva disse. – Boa noite! E você, Tony, aceita beber para comemorar que você saiu vivo de uma situação de refém e a mais um mês de chefia?

— Eu bebo para chorar o meu cansaço. – Ele disse – é você quem vai pagar, não é Zee-Vah?.

— Se for para você melhorar seu humor, tudo bem, pago! Mais alguém se habilita ir?

— Não, não, obrigada pelo convite.

Todos se foram e logo em seguida vi Jethro descer as escadas com um olhar assassino.

— Espero que esse plano de assassinato que está passando pela sua cabeça não seja o meu. – tentei quebrar o clima tenso que estava pairando sobre a cabeça do meu noivo...

— Eu não aguento mais assinar papel. Como você aguentava isso, Jen?

— Não aguentava tão bem assim. Tem dias que são piores. Tipo hoje. Fora todas estas reuniões que você teve, ainda tivemos o irmão do Cabo Hamilton ameaçar o Tony com uma arma. Mas você está indo bem. Só, por favor, não deixe acumular mais papelada. Eu estou trabalhando em dois cargos, mas só recebendo por um!

— Está sendo paga, sim... e você sabe como.

— Você não está isso tudo, não! – Disse com um sorriso. – Agora me deixe fazer o seu trabalho...

— Vão ser três meses! TRÊS MESES, Jen!! O máximo que fiquei como diretor interino foi quando você foi a uma conferência em Paris. E foram oito dias! Eu não aguento ficar sentado atrás de uma mesa. Eu preciso estar em campo. Eu tenho que sair desse prédio!!

— Jethro. Para, faltam só vinte e nove dias. Vai dar certo! – Disse acariciando os seus braços.

Mas eu desconfiava que ele iria explodir, de novo, mais cedo ou mais tarde!

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Minhas suspeitas se confirmaram quando, em um belo dia, recebemos a visita do Secretario Davenport. De início ele viera para conferir toda a reforma do prédio e discutir algumas mudanças no orçamento da NCIS. Ou seja, nada que tivesse a ver com a equipe.

Ele passou, cumprimentou a todos com um aceno de cabeça e rumou para o segundo andar.

Estávamos no meio de um caso de roubo de armas, nada muito complicado, a único problema era descobrir quem era o mandante do roubo dentro da equipe de fuzileiros que tínhamos sob custódia. Todos os nove clamaram ser o cabeça da operação, e, como não havia evidência forense suficiente, Abby não conseguira determinar com precisão quem era o líder do bando.

Havíamos acabado outra rodada de interrogatórios, e como mais uma vez não conseguimos nada, resolvemos dar um tempo. Discutíamos se valia a pena quebrar a regra nº1, e colocar todos eles na mesma sala para ver se saía algo, quando SecNav começou a soar ameaçadoramente alto na Direção.

Não podia ser verdade, depois de um senador, um Comandante, agora Jethro conseguira enfurecer o Secretário da Marinha! Quando ele voltasse para agente líder de equipe, com certeza tentariam arrancar a sua cabeça.

— Agente Especial Gibbs, para um Fuzileiro você às vezes tem sérios problemas para seguir ordens. – SecNav berrava as palavras.

— Eu não tenho problemas para seguir ordens, senhor, tenho problemas com ordens erradas. E essa sua é absurda! – Ele berrou de volta.

— Sou seu superior, Gibbs, portanto quero simplesmente que cumpra o que lhe foi mandado e envie a MCRT imediatamente para o Oriente Médio para cumprir esta missão.

— Eu não vou arriscar a vida dos melhores agentes da NCIS em uma missão suicida. Você é o Secretário da Marinha, mande os Fuzileiros ou os SEAL’s que são treinados para isso! Nenhuma equipe, desarmada e despreparada, irá enfrentar os terroristas simplesmente porque você acha que é melhor e mais barato para as finanças do seu gabinete. E não insista. – Nessa hora ouvimos um barulho de algo batendo em madeira.

Todos nós trocamos olhares. Gibbs acabara de passar de todos os limites e conhecendo Davenport como já conhecíamos, isso não ficaria barato.

— Você está querendo ser preso por desacatar seu superior, Fuzileiro? Por que se estiver, vou providenciar agora mesmo. E assim que você estiver fora daqui, irei mandar pessoalmente a sua adorada MCRT para o Iraque nessa missão. Vou mandar a sua família para lá enquanto você fica aqui em DC, preso.

Não era para isso ter chegado a esse ponto! Bastou uma batida de coração para o som de alguém sendo arremessado na mesa chegar aos nossos ouvidos.

A briga já estava indo longe demais, e se continuasse assim, Gibbs perderia seu distintivo. Sem nem pensar duas vezes, subimos as escadas e irrompemos no escritório para conseguir manter os dois homens o mais distante possível.

Tony e McGee seguravam Jethro, Ziva e eu, Davenport. Mas isso quase não foi suficiente. Eles conseguiram escapar de nossas mãos e acabaram por se encontrar. Conseguimos contê-los quando tocaram o chão. E para mantê-los ainda mais separados, os colocamos de costas um para outro.

Tony, de todos, era o mais preocupado com a situação. E bastou que eu olhasse em sua direção para que ele me dissesse:

— Você já ocupou essa cadeira, Shepard, faça o que você fazia para evitar que isso aqui vire um assassinato!

— Diplomacia não entra mais nesse caso, Tony. - Mas eu olhava para Davenport. - Aqui são simplesmente egos feridos. Senhor Secretário, eu até compreendo que o Diretor da NCIS tem que seguir as suas ordens...

— Jen, você vai concordar com ele? – Jethro parecia magoado.

Lancei um olhar de “espere e verá” para ele e continuei:

— Mas quando envolve qualquer um dos agentes ou as equipes, o senhor sabe muito bem que a última palavra vem da Direção da Agência. Então, não pode chegar aqui e simplesmente exigir que toda uma equipe seja deslocada para o Oriente Médio, sem que haja qualquer investigação envolvendo a Marinha ou algum Marinheiro em andamento. A NCIS não serve para propósitos obscuros. – terminei encarando o homem na minha frente. Ao mesmo tempo, ouvi um suspiro de alívio em minhas costas.

SecNav nada me respondeu.

— Então, senhor, há alguma investigação de algum crime em andamento no Iraque que demande a presença de uma equipe, ou o Senhor só está querendo que a MCRT seja a equipe que irá abater algum alvo? Se for a segunda opção, peço encarecidamente que nem se digne a responder. Pode se levantar e ir embora, porque não somos treinados para isso, mas sim para investigar crimes, não para cometê-los.

Davenport me lançou um olhar irado, levantou e saiu pela porta afora, não antes de me dar um aviso final:

— Tinha me esquecido que vocês dois sempre protegem um ao outro, deve ser por isso a razão deste anel. Havia me esquecido também que você, Shepard, sempre fora dura na queda. Nunca liberou nenhuma das suas equipes para qualquer tipo de missão que não fosse investigativa. Mas isso, tudo isso que aconteceu aqui, vai ter retorno. Não se esqueçam. – E girou em seus calcanhares rumando para o elevador.

Ficamos nós cinco no escritório. Em silêncio por um tempo, até que DiNozzo falou:

— Isso que é nos defender, muito obrigado Chefe. Jenny. Se não fossem vocês, estaríamos indo para a morte certa.

— Ele tem as equipes prontas e treinadas para isso, Tony. Não é nosso papel. – Gibbs já recomposto, respondeu.

— Mas o que será que ele está armando no Oriente Médio? – Ziva disse curiosa. – Será que algum dos meus contatos no Mossad podem nos informar?

— Não quero nem saber. Prefiro ficar no escuro a descobrir que seriamos somente peões em um jogo mortal. – McGee preferiu desconversar.

— Pode ter certeza, Ziva, que a ideia do Secretário não é nada benta. E por isso ele queria enviar uma equipe desautorizada para atuar para ele. Estaríamos fora do radar e se algo acontecesse conosco, o único culpado seria o Diretor. – Respondi.

— Ele já havia tentado isso alguma vez? – Jethro me questionou.

— Sim. Logo que assumi a função. Ele achou que eu concordaria com tudo o que ele mandasse. Mas essa não é uma decisão dele. E eu não aprovei. Mas não é isso que me preocupa. Ele vai querer vingança.

 - E vamos estar prontos para ela.

— Se você está dizendo, Chefe, concordo com você! Agora, equipe que não vai ser mandada para a morte certa, temos que terminar um caso.

E com essa deixa, todos seguimos Tony. Mas antes que pudéssemos chegar à porta, Ziva disse:

— Ah, parabéns para vocês dois! O anel é de muito bom gosto.

O Secretário tinha que ter uma boca tão grande.

— Não que eu não desconfiasse, mas queria que vocês tivessem confiado em nós. Não custava contar.

— Iríamos contar quando tudo ficasse mais calmo, Ziva. Mas agradeço o cumprimento.

— E quanto a minha aposta! – Tony estava incrédulo! – Vocês arruinaram o dinheiro mais certo que eu iria ganhar na vida!

— Foi de propósito, DiNozzo. Você tem que parar de se preocupar com a vida dos outros. E de tirar dinheiro de toda a Agência também.

— Mas chefe, não é ilegal.

— Mas também não é permitido.

— Nem acredito – ele fazia um muxoxo. – Contudo já era. E parabéns, a vocês dois. Vocês se merecem. E acho bom contar logo à Abby porque ela, sim, vai fazer o maior estardalhaço na Agência, se a deixarem de fora. – ele disse com uma piscada.

Só Anthony Dinozzo para dizer algo assim.

McGee foi o mais discreto dos três, nos desejando felicidades! Alguém tinha que ter a cabeça no lugar.

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Voltamos á sala dos agentes para definir o que iríamos fazer com nossa gangue Fuzileiros, e, por mais perigoso que parecesse, resolvemos juntá-los na mesma sala (adeus regra nº1). O risco de isso dar errado, aliás, muito errado, era alto, contudo era a nossa última chance. Se não conseguíssemos provar quem era o chefe e a cadeia de comando entre eles, teríamos que soltá-los e o caso ficaria sem solução.

Não foi uma tarefa fácil e nem rápida. Precisamos de toda a madrugada para que finalmente, eles começassem a se acusar e, eventualmente, partirem uns para cima dos outros. Mas quando a situação ficou insustentável, o líder se fez presente, todos o obedeceram e, assim, terminamos o caso.

Era hora de contar para Abby, Ducky e Palmer a notícia. Mesmo sendo alta madrugada, afinal, McGee, sem querer havia comentado que tínhamos novidades e queríamos dividir.

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Contar para Abby a novidade do noivado dentro da Agência, mesmo depois de todos terem deixado o prédio, não foi a melhor das ideias. Ela deu um grito tão alto de alegria que os seguranças da noite foram parar em seu laboratório para conferir se tudo estava bem. E foi aí que a notícia acabou se espalhando.

— Mas eu não acredito! Vocês dois juntos!!! Eu sempre achei que vocês formavam um lindo casal! Sempre tão sincronizados, mesmo com todas aquelas brigas, mas mesmo assim, sempre tão fofos juntos!! Ah! Eu tô tão feliz por vocês! – E lá ia o quarto abraço em menos de cinco minutos! – Eu posso ser a dama de honra no casamento! Posso? Vocês deixam??? Por favor!!!

Que escolha tínhamos? Se fosse para Abby se acalmar, faríamos qualquer coisa!

— Sim, Abby, eu adoraria. Mas não ache que o casamento ira acontecer em qualquer momento próximo, eu alertei à Gótica mais feliz que conheço.

— Sem pressa, Jenny! Mas eu já vou olhar o meu vestido. Não tem problema de ser preto, né?

— Abbs, sendo você, qualquer coisa está boa. – Jethro tentou acalmar a garota.

— Eu amo tanto vocês!!! – outro abraço que virou um abraço coletivo quando ela puxou os demais presentes.

— Vai ser o casamento do ano!!!! – Ela gritou em nossos ouvidos.

Eu e Jethro trocamos olhares. Se deixássemos por conta dos sete presentes naquele laboratório, teríamos uma festa e tanto.


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Notas finais do capítulo

Mais uma regra! Eu disse que até o final da fic teria mais!
Regra nº1: Nunca deixem os suspeitos ficarem juntos, ou melhor adaptada, Nunca coloquem os suspeitos da mesma sala!
E, depois de toda essa confusão, vai sobrar para quem? Pro Gibbs? Pra Jenny? Para os dois?
A equipe já sabe do noivado e já quer o casamento. Já imaginara uma Dama de Honra de preto?? Só se for a Abby!!
Muito obrigada por lerem e comentarem!!
Bjs



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