Acertando as Contas com o Passado escrita por Carol McGarrett


Capítulo 21
Capítulo 21 – A proposta


Notas iniciais do capítulo

Não irei dizer nada.

Ps.: Thais Costa, para você que me pediu outro momento Jibbs, aí está!



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E os dois meses estavam praticamente no fim. Depois da “briga” ninguém mais ousou em pensar que eu e Jethro tínhamos algo. Assim, ficava mais fácil poder conversar durante o expediente. Claro que alguns nos lançavam olhares de “Quando que eles vão explodir novamente?” Mas eram poucos, a grande maioria nem sequer chegava perto de Gibbs.

Casos apareceram e foram solucionados, inclusive dois tiveram ajuda externa, um em parceria com o FBI, Fornell fez sua entrada triunfal, e como ele ainda não sabia que eu retornara, teve que conferir duas vezes se estava no local certo, e o segundo com a Guarda Costeira. Trabalhar com Abigail Borin era o mesmo que trabalhar com o Gibbs, poderiam ter sido irmãos.

Se com a equipe estava tudo bem, o mesmo não poderia se dizer do “Diretor interino”. Cada vez que a equipe saía a campo, ele ficava ainda mais mal humorado, murmurando coisas como, “eu vou matar o próximo que me entregar uma folha de papel para assinar” ou então, “se aparecer outro relatório naquela mesa, eu juro que atiro em alguém”. Sem contar que, era um Deus nos ajude quando as reuniões intermináveis com os políticos de ternos de dois mil dólares começavam. Algumas vezes ele simplesmente abandou a conferência para ir comprar café ou simplesmente dar uma olhada no último caso em que trabalhávamos.

Tendo em vista que eu fui à sala dele e sobrevivi a uma briga que pareceu ser homérica, fiquei responsável por subir com todos os relatórios ao final do expediente.

Mal sabiam todos que, quando eu chegava lá em cima, já tinha um copo de café me esperando para a parte dois do trabalho. Jethro ficava com a parte de relatórios de missões internacionais e eu pegava a burocracia pura, finanças, processos internos e auditorias. E, assim, os dois meses estavam quase acabando e o trabalho interno estava quase todo em dia.

No meio de tudo isso, tínhamos nós. Após a briga, ninguém mais nos importunou. Tony parou com as brincadeiras e, após o expediente e nos finais de semana, tentávamos ter um tempo só para nós dois. Era difícil, principalmente se levarmos em conta que Jethro nunca trancava a porta da casa dele, o que poderia resultar em um flagra a qualquer momento e eu estava mobiliando meu novo apartamento.

Até que algo estranho aconteceu. Faltavam dez dias para que, finalmente, Vance pudesse voltar, era uma sexta-feira fria de dezembro, e como a neve começara mais cedo neste ano, resolvemos que sairíamos no horário certo e iríamos para o meu novo apartamento. Cada um no seu carro, saímos em horários diferentes. Tínhamos combinado que eu fecharia o relatório mensal de custos com os agentes do exterior e os que atuavam na base, enquanto ele finalizaria a papelada de uma última ação em conjunto com o FBI e a CIA. E depois, um jantar e a noite era nossa.

Já não aguentava mais ver números e tabelas de gastos das operações e viagens de cada agente, quando um papel diferente chamou minha atenção.

Ia perguntar para Jethro o que era aquilo, quando o telefone dele tocou. Ele pediu licença e foi para a sala atender.

Foi então que olhei com mais atenção, não era um papel oficial da NCIS, era uma nota fiscal de um pedido. Não reconheci o logo. O que quer que seja, estava no nome de Jethro.

Curiosa como sou, e tendo em vista que ele não estava disponível para me responder qualquer pergunta, já que o telefonema não havia terminado, resolvi pesquisar pelo logo na internet.

Para minha total surpresa trava-se de uma joalheria. Não uma qualquer, mas daquelas que fazem as joias sob medida e conforme o gosto do cliente. Ou seja, uma joalheira com peças exclusivas.

Minha curiosidade foi a mil, e novamente li o papel. Nele tinha o número do pedido e uma senha para poder acompanhar virtualmente o andamento da solicitação. Isso soava mais estranho ainda, Jethro não é um amante da tecnologia, seu celular prova isso, quanto mais fazer um pedido online de algo.

Assim, acessei o site e quando estava pronta para logar com o número do pedido e senha, desisti, seja lá o que fosse aquilo, Jethro me contaria no seu tempo.

Tínhamos conversado e chegado a um acordo que não haveria mais segredos entre nós, isso incluía o passado e o presente. E, com a minha descoberta, eu fui obrigada a perguntar.

— Ligação importante?

— Sim.

— SecNav?

— Sim.

Ia ser difícil não perder a paciência hoje.

— Algo que eu possa te ajudar.

— Não.

Ele estava no modo monossilábico. O que poderia indicar duas coisas: ou ele estava furioso ou pensando em algo. Tentaria mais uma vez.

— Uma moeda pelos seus pensamentos. – disse chegando perto dele e sentando na sua frente.

Ele me olhou e me analisou.

— Você sabe que não sou bom com palavras, Jen.

— Sei. Mas hoje você está excessivamente econômico.

— Não sei como começar.

— Me dê uma dica e eu talvez eu possa te ajudar.

— É que...

Eu o olhei, não adianta forçá-lo quando ele está brigando com as palavras.

Ele parou e me fitou, como se tentasse dizer com o olhar o que não conseguia com palavras.

Eu levantei, coloquei minhas mãos ao redor de sua cabeça massageando-a e, após lhe dar um beijo disse:

— Não precisa se matar para explicar. Eu estou bem ali, sentada. Quando conseguir colocar todos esses pensamentos que estão bagunçando sua cabeça em ordem, é só me chamar, ok?  - beijei sua cabeça e voltei para o meu lado da mesa e para as intermináveis tabelas. – à propósito, isto aqui, - lhe entreguei o papel da joalheria, -  estava no meio dos relatórios, creio que você deveria guardar.

Ele se assustou ao ver o papel. Olhou dele para mim e pareceu que uma luz de acendera.

— Você olhou o que era? – Não era uma acusação. Só curiosidade.

— Confesso que sei de onde é, mas não sei sobre o que se trata. – Fui sincera.

 -Jen – ele se levantou da cadeira e parou na minha frente, novamente vi em seus olhos que ele buscava as palavras certas e algo me acertou.

— Jethro, você não vai...

Ele me calou colocando o indicador na minha boca. Meu coração pulava com a possível constatação do que havia acabado de passar pela minha cabeça.

— Jen, - ele recomeçou – você sabe que eu não sou bom com palavras e não sei bem como posso fazer isso, mas, depois de te perder por duas vezes, depois de te ver partir por duas vezes e não ter feito nada para mudar a situação, eu decidi que não quero te perder de novo. Não posso ver você partir e não saber se você vai voltar ou não. As últimas semanas foram as únicas em que eu me permiti vislumbrar um futuro que não fosse o meu porão, construir barcos e tomar Bourbon. Talvez vá soar apressado ou desesperado, mas, Jenny, tente entender que -  e aqui ele parou.

— Sim.

— O que?

— Sim, Jethro, eu aceito! Não precisa de todo esse trabalho para me pedir em casamento. Eu aceito. Sei que foi difícil para você me ver partir, mas saiba que foi ainda mais difícil para mim te deixar. E eu não vou achar apressado. Afinal, lá se vão nove anos desde que nos conhecemos. E, não estamos ficando mais novos. E saiba que, seja o que Vance e Davenport decidirem, eu não vou te abandonar, não dessa vez, nunca mais vou te deixar de novo. Não tenho mais forças para isso. – Eu já chorava.

Então ele chegou mais perto, colou sua testa na minha e disse sussurrando:

— Você acaba de arruinar o meu pedido de casamento.

— Você congelou procurando as palavras! – Me defendi.

— Então, Jennifer Shepard, você aceita o seu ex-chefe, ex-parceiro, ex-amante, ex-subordinado, atual namorado e chefe como seu marido? Você se casaria comigo?

— Sim, se você aceitar o fato de que não posso viver mais sem você! – Lágrimas escorriam de meus olhos.

 - Eu posso conviver com isso.

— Fico feliz em saber. – nunca imaginei que pudesse ser tão feliz quanto naquele momento.  – posso te falar só uma coisa?

— O que é?

— Tinha perdido as esperanças de que isso pudesse acontecer. Depois de tudo.

— Duvidou de mim?

— Não. De você, nunca. Mas de que um dia eu pudesse ser feliz de verdade. Ser feliz ao seu lado. Tive medo de te perder. – Eu chorava copiosamente.

— Não perdeu. Nos desencontramos. Paris não foi o momento. Quando você era diretora fomos dois teimosos. O momento era para ser esse. – ele disse levantando meu queixo e olhando nos meus olhos.

— Então cinco é o número da sorte? – Brinquei com ele.

— Com certeza sim. – E ele me beijou como nunca tinha feito.

Quando precisamos de ar, ele se afastou e o vi procurando algo no bolso interno do seu casaco. Levantei a sobrancelha, em claro sinal de curiosidade. Ele me deu piscada e, de repente, estava apoiado em um dos joelhos.

— Você vai ser tradicional a esse ponto, Jethro? – Eu disse chocada.

— Olhe bem para mim, Jen. Sempre fui um cara tradicional. – Ele se defendeu.

— Nós – e fiz o sinal apontado para nós dois. – nunca fomos tradicionais, Jethro. Esqueceu que começamos pela lua de mel? – Disse sorrindo.

— Posso fazer o pedido? Ou você vai ficar aí só rindo da situação? – ele tentou soar ameaçador, mas ele também ria do absurdo que era o que ele estava fazendo.

Eu parei, o mais séria possível que consegui, e o encarei.

— Vá em frente... – disse – mas por dentro eu estava nervosa.

— Jennifer Shepard, você aceitaria ser minha esposa e viver o resto de sua vida ao meu lado? – Seus olhos estavam tão lindos! Refletiam o sorriso de seus lábios.

— Sim, eu aceito. – disse sorrindo entre lágrimas de alegria. Então ele pegou a minha mão direita, que tremia, colocou o anel, um lindo anel com um diamante no meio cercado por safiras tão azuis quanto seus olhos, e depositou um beijo.

Depois se levantou, beijou minha testa, minhas bochechas para então, beijar meus lábios.

Nos separamos e eu não pude deixar de notar que, para um casal nada convencional, ele fez tudo como manda a tradição.

— Sabe que eu te amo, não é? – Disse enquanto o abraçava.

— Sei, sim, se não me amasse não teria acabado de aceitar se casar comigo. – Ele disse rindo em meus cabelos.

Levantei a cabeça e o encarei. Por que ele tinha que estragar o momento?

— Leroy Jethro Gibbs, esse pode ter sido o seu quinto pedido de casamento, mas é o meu primeiro, então, nada de estragar o momento! – Eu tinha realmente ficado furiosa com esse ataque de prepotência fora de hora.

 - Sabe por que disse isso? – ele me olhou se divertindo com a minha reação.

Não me dignei a responder. Mas ele não desistiu.

 - Porque você fica linda quando está com raiva. Linda e irresistível. – Seus olhos estavam escuros – e quer saber, já que começamos pela lua de mel, que tal revivemos ela?

Não tive tempo de responder. Até porque, eu não conseguia resistir àqueles olhos.

Na manhã seguinte, acordei antes dele e pude finalmente olhar com atenção o anel. Realmente era lindo, e era um desenho que nunca tinha visto. O arco, de ouro branco, era trançado e dele saia a base para o solitário que estava envolto de safiras. Em resumo, era lindo e único e algo me dizia que fora Jethro quem o desenhara.

— Estou começando a ficar com ciúmes desse anel – uma voz rouca me tirou de minha contemplação.

Me virei em sua direção.

— Bom dia para você também.  – e lhe dei um beijo. – não vejo como pode ficar com ciúmes de algo que você desenhou.

Ele não me respondeu, simplesmente me lançou um sorriso de canto que me dizia muito.

Eu o encarei com a sobrancelha levantada, em claro sinal de que queria respostas.

— Sabia que você descobriria.

— É tão diferente de tudo o que eu já vi, que só poderia ter sido desenhado por você.- disse. – Sempre soube que você tinha jeito com madeira, mas com desenho de joia! Nisso você me surpreendeu!

 - Tem algumas coisas que você ainda não sabe sobre mim, Jen.

— É mesmo, e seriam?

— Você tem tempo para descobrir, muito tempo.

E quanto a isso, eu não discutiria, tínhamos tempo.


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Notas finais do capítulo

Capítulo inteiro de Jibbs, como prometido.
Eu achei o pedido de casamento que o Gibbs faz à Diane na série realmente bonito. Poderia ter copiado para a história, mas ela é Diane, não Jenny. Então eu resolvi fazer Gibbs lutar com as palavras e quem melhor do que a futura Sra. Gibbs, para entendê-lo?
Acho que ninguém...
Obrigada por ler e comentarem!!
Bjs



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