Venha Comigo. vol 3: Vida Morta escrita por Cassiano Souza


Capítulo 10
Quebrado


Notas iniciais do capítulo

Olá!!! Perdões pelo hiato quase interminável, e obrigado por provavelmente estar lendo isso. Demorei por muitas razões, e principalmente por falta de tempo mesmo. Mas o que importa é que está aqui este capítulo que eu particularmente gostei, e que espero que leia com muita paciência, pois este é o maior capítulo que já escrevi de todas as minhas fanfics! Não foi intencional, apenas aconteceu, e aqui estamos. Então peço também para que se a leitura começar a ficar cansativa, você pare e leia depois, pois se ler assim acabará perdendo muita da história, e será muito triste para mim, já que espero que sinta tanta emoção quanto eu senti ao escreve-lo. E no capítulo muitos detalhes e elementos dos capítulos passados serão novamente presentes aqui, espero que não tenha se esquecido. ÓTIMA LEITURA!!!



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Olhares sérios, olhares enraivados, e olhares apreensivos. Eram estes os olhares que eram embatidos pelo trio, onde Aduen havia acabado de ter sido ofendido, Grace, havia acabado de ter sido persuadida, e Lermin, havia acabado de revelar até onde iria a sua determinação e agressividade, tendo tomado o aparelho de gatilho de ativação das naves, das mãos de Grace. E estando pronto para ativa-lo, e eliminar a vila, e tudo o que nela havia, Lermin, pressionaria agora o botão que daria início ao processo.

— Por favor, Lermin, não faça isso! - Implorou Grace, gritando.

Mas, Lermin apenas fingia não escutar. Porém, enquanto erguia o aparelho para distancia-lo da doutora, um curioso "click" era escutado logo ao lado de um de seus ouvidos, e assim, a sua ação era interrompida.

— Ponha esta coisa no chão, amigo. - Avisa Aduen, apontando a sua arma para a cabeça de Lermin.

Lermin, vira o seu rosto para o outro, descrente. Não esperava ele por isto:

— Aduen... - Sorriu em deboche.  – Por que eu faria isso?

— Pra evitar que eu puxe o gatilho dessa arma, e evitar que você caia ensanguentado no chão, com um buraco na cabeça. - Respondeu, fitando convicto.

— Pensei que eu tinha apenas um idiota em minha frente. - Diz Grace. – Mas eu estava enganada, são dois. - E os dois, miraram os seus olhares embravecidos para ela. – O que pensa que está fazendo, Aduen?!

— Eu estou tentando para-lo, estou tentando ajudar! Isso não é por capricho.

— Com certeza não, “mira certa”. - Provocou Lermin.

— E há sentido nisso para você? Não há como salvar uma vida acabado com outra! - Protesta, Grace para Aduen. – Condenação não gera salvação! Assim não existe nenhuma ajuda, é apenas uma forma diferente de escolher uma outra vítima! Uma forma diferente de matar um outro alguém.

— Mas eu estou do seu lado! - Explicava Aduen. – Estou só tentando impedir que o senhor naquela vila seja morto!

— E eu só estou tentando impedir que todos naquele galpão sejam mortos. - Acrescentou Lermin.

— “Tentando impedir que todos sejam mortos?” - Replicou Grace. – Não, não é isso, pra mim não. O que você está fazendo não é tentar salvar a todos, é apenas salvar alguns, mas, com o preço de deixar alguém para trás. E alguém que poderia muito bem ser você, ou alguém que você ama.

Lermin desviava o seu olhar. A ruiva prossegue:

— E você, Aduen, o que aconteceu? Por que está sendo tão agressivo?! Eu não te conheço direito, mas eu tinha confiança o-suficiente para dizer que você não era assim.

— A vida já me fez passar por muitas coisas, Grace. - Dizia Aduen. – Pode não parecer, mas eu já tive de fazer coisas horríveis. Eu não escolhi ter de usar uma arma, e eu não escolhi ter de estar sozinho. E Eu sei o que é estar sozinho! Aquele senhor passa pelo mesmo agora. E eu não irei abandona-lo!

Porém, Grace, continuava em reluto pela expressão em sua face. Aduen completa:

— Eu não serei como os outros. 

— Mas não adianta a vida ter te dado uma arma se você não for capaz de atirar com ela. - Provocou Lermin. – Se for alguém que se esforçasse ao máximo por sua opinião, não hesitará. Se for mesmo capaz de me parar, então atire! - Ordenou.

E Aduen, apenas engoliu a seco, fechando a cara. Lermin continua:

— Mas você não é capaz. Não é mesmo, Aduen? Eu vi até onde vai a sua misericórdia exagerada. Dialogamos bastante desde quando chegou aqui. - Suspirou, por fim.

— Já me fizeram todas estas questões uma vez. - Lembrou-se Aduen, em lamento.

— E o que você fez? Aposto que nada. Mas hoje pode ser a hora de descobrir. Até aonde você iria para lutar pelo o que deseja, “senhor passado obscuro”?

Eram muitas provocações para serem simplesmente escutadas e deixadas de lado, e ouvindo aquela última, Aduen franze irritado muito mais a sua face, e segura ainda mais firme em seu armamento. Mas, vendo o efeito de suas ironias, Lermin não se acovardava ou continuava debochando, ele apenas fitou o outro ainda mais sério.

Então, sentindo aquele absurdo clima de tensão se entornar para talvez, algo mais sério, Grace, se posicionava agora entre os dois teimosos rapazes, estando ela, na frente da arma, e na frente de Lermin. Ela, encarava séria e confiante ao jovem perobenho de Perob-1, que dias atrás, havia passado pela mesma experiência, onde ele havia também por um triste motivo ameaçado alguém, mas, não sabia se era capaz de matar ou não, em qualquer caso que fosse.

— Saia da minha frente, Grace. - Ordenou Aduen, fitando firme para Lermin.

— Não. - Negou a mulher.

— Saia.

— Não.

— Saia!

— Não! - Gritou autoritária, e Aduen, apenas a encarou tentando criticar a atitude. A doutora avisa:

— Eu não vou sair enquanto vocês dois não pararem e crescerem.

— "Crescerem"?!

— Sim, porque estão sendo como duas crianças praticamente! Provocando e se irritando? Já é a hora de virar um adulto, cada um aqui. Não estamos em uma briguinha pessoal, rapazes, e isso não é sobre vocês, é sobre as pessoas, e sobre uma vida deixada para trás, mas a que custo? Matar um amigo?!

— As pessoas são podres, Grace, são más, e ninguém conseguirá andar na linha para sempre! Você é quem está sendo infantil!

— Eu?! Certo, vamos fingir que sim. E vamos imaginar que vocês estão sendo os dois adultos aqui. Então, primeiro você, Lermin, você quer mesmo saber se o Aduen é capaz de explodir a sua cara?!

Lermin não conseguia rebater. Grace prossegue:

— E você, Aduen, acha que deve provar ser capaz de fazer uma coisa dessas?! Se orgulharia em tirar uma vida?

E Aduen, nada responde, apenas, tenta ignorar, mas, ao mesmo tempo, parecia prestar muita atenção naquelas palavras. Talvez isso, tocasse em seu interior, mesmo que envolto em muito rancor.

— E sabe de outra coisa? - Dizia Grace. – Eu não sei se você é mesmo capaz de atirar em seu amigo.

Aduen fechou a cara. Grace esclarece:

— Eu realmente não sei se você é capaz! E eu não quero saber! E nem você deveria querer! Ninguém deveria.

— Grace... - O reluto de Aduen perdura. 

— Não quero ver isso, não quero que o Lermin seja uma vítima de quem quer que seja, e muito menos de você. E não quero que você carregue esse peso.

— Por que não?

— Porque o Lermin eu já sei ser infelizmente capaz.

Lermin toma uma postura cabisbaixa. A ruiva prossegue:

— Mas você é diferente... Você é melhor do que isso, e do que ele sempre se mostrou ser! Você é uma boa pessoa! E eu sinto muito se a vida te levou a caminhos horríveis, mas... Como dizem, para viver não tem receita, as coisas simplesmente acontecem. E não veja a falta de capacidade ou duvida disso te desanimar, pois isso não é nada importante. Viver é importante! E respeitar outras vidas é essencial se quiser ter respeito à sua. Isso vale para os dois!

E os dois perobenhos, apenas encaram o chão em silêncio.

— Você nunca matou alguém, matou? - Indagou Lermin, tímido.

— Tirando o Doutor...? Não, ninguém. - Respondeu Grace, sem peso algum. - Mas você já. E como se sentiu?

— Estranho.

— “Estranho”. Teve vontade de vomitar e chorar, não foi?

— E como você poderia saber?!

— Sou médica, sou uma doutora. Somos nós alguns dos que combatem a morte. Ela passa em minha frente todos os dias! Não preciso me esforçar para entender estes assuntos. E veja também que ironia, você está tentando salvar todo mundo, mas, matando alguém, e eu estou tentando salvar você, impedindo que alguém te mate, mas, para salvar quem você quer matar. - Piscou para Lermin, que virou a cara. A ruiva continua a reforçar. – E sei como você se sentiu em cada morte, Lermin, e sei mais ainda que não foi uma boa experiência.

— Por que você sempre fala como se sempre soubesse de tudo? - Indaga Aduen.

— Ah, bem, vírus da TARDIS! Mentira. Mas porque.... Esse “desafio” que você está passando agora é o mesmo que um grande amigo meu está passando.

Aduen não entendia a quem ela se referia. Grace continua:

— Ele já enfrentou batalhas, perdas, viu criações de mundos e viu os finais deles, discutiu com deuses e demônios, e correu e caiu muitas vezes. E nunca buscou o mal de ninguém ou o bem ao sacrifício de algum outro, e nunca... Nunca precisou de armas, crueldade, ou super poderes, apenas... Da sua bondade e sabedoria! Mas ele foi desafiado, queria saber então se seria mesmo capaz de enfrentar tudo o que viesse, e fazer tudo o que fosse preciso, e então... Tentou se armar, e ofender outras vidas.

— E ele conseguiu? 

Grace sorri largo:

— Ele é o Doutor, ele nunca conseguiria. E sabem o porquê?

Os dois teimosos tentavam imaginar. A mulher esclarece:

— Porque os tolos preferem ir pelo caminho mais fácil, ele não, ele é inteligente, ele sabe que existe um bom motivo para o caminho difícil ser difícil, e é assim que ele sempre encontrará outro jeito. E para o caso de vocês também há um! Isso não precisa ser assim. Mas se estão mesmo dispostos a mandarem tudo pelos ares... Vão em frente. - A doutora se retirava de entre os dois.

Muitas palavras carregadas de bondade e certeza, era tudo o que Grace manifestava, e faces carregadas e certeza e ódio, era o que Aduen e Lermin viam, olhando um para o outro. Mas, ambos sabiam e sentiam o-quanto estavam errados com as suas ações, porém, ambos estavam decididos a partirem para o fogo e fúria. Mas, algo a mais estava ali, algo importante, algo generoso, algo que jamais deve ser deixado de lado, algo chamado "consciência". E era assim, que toda a diferença seria feita. Dúvida e vergonha ocupavam agora os olhares onde antes o rancor se abrigava, e os dois perobenhos, trocavam olhares avermelhados, pelo nervosismo do momento.

— Você fala como o meu irmão. - Diz Lermin a Grace, e assim, ela ergue as sobrancelhas.

— Você fala como o meu avô. - Diz Aduen tristonho à doutora, e assim, ela fica boquiaberta.

— Bem, não sou avô, nem avó, mas sou irmã! - Corresponde a doutora. - E se me acham tão parecida com eles, me sinto orgulhosa, pois sei que não falamos e agimos dessa maneira por querermos apenas fazer o certo ou tentarmos ser bonzinhos, somos assim, por apenas uma coisa... Também somos pessoas. Também temos problemas, também nos irritamos, somos impulsivos, somos teimosos, e muito felizes, com certeza! Apesar de todos os problemas que nos cercam. Isso porque estamos vivos, vocês estão, e o senhor Jimh também está.

Lermin encara o chão. Grace olha para cima:

— Uma vida, é tudo o que temos, e é isso que torna cada uma igualmente única e importante acima de tudo. Uma vida, e acabou. Somos humanos, e é por isso que o Doutor nunca deixará de nos salvar. - Sorriu. – Ele aprendeu com os seres frágeis o-quanto é importante ter perseverança.

Um silêncio fúnebre envolve o trio, e por alguns segundos, nenhuma palavra ou olhar era trocado, antes de ter sido interrompido por esta pergunta:

— Não acredito na pergunta que farei, mas... O que “poderíamos” fazer? - Pergunta Lermin cabisbaixo, abaixando o aparelho dos gatilhos.

— É, o que poderíamos? - Pergunta Aduen, abaixando a arma.

Lermin e Aduen, estampavam em seus rostos e gestos, arrependimento e vergonha, e Grace, estampava pura surpresa e alegria, ela por alguns segundos, imaginava que a sua tentativa de busca por segundas opções não daria certo, porém, ela havia se surpreendido. Pois, até agora a sua raça havia lhe mostrado apenas brutalidade e agressão, mas, neste momento, parecia que a mulher dos anos 2000 realmente veria os tão sonhados humanos do futuro, que ela sempre imaginou, e que o Doutor tanto elogiava.

— Responda logo, o que vamos fazer?! - Perguntam os dois impacientes.

— Calma! Eu estava tento um choque de emoção. Mas se querem saber, eu não sei. Apenas, sei que pessoas estão com medo lá fora, e nós iremos ajuda-las.

***

Na vila, alguns metros apenas do monte onde o trio estava, os Cybermans, procuravam e esperavam por a sua tal "humana ideal, Grace Holloway, mas, que simplesmente não estava ali, e apenas os-deixava cada vez mais cansados e já prontos para abrirem mão dela, e assim, partirem para a utilização dos demais humanos. Os Cybermans já haviam averiguado por cada viela, e por cada cômodo em seus casebres, e nenhuma humana original havia sido encontrada.

— Não encontramos o alvo em nenhum dos domicílios dessa área. - Diz um Cyberman, vindo até outro. 

— Correto. O alvo não foi localizado em nenhum metro quadrado por toda a localidade. Porém, encontramos um outro indivíduo.

— Que indivíduo?

— Um indivíduo de Perob-2, denominado de Jimh Uhik, em estado de idade avançada. E em oposição aos nossos objetivos.

— E o que foi feito a ele?

— Ele foi eliminado.

— De acordo. Mas e os demais humanos, qual processamento receberão?

— Eles serão utilizados. Há uma nave em orbita. Tente contata-la, precisamos de uma plataforma de teletransportes.

— De acordo.

Assim, os dois Cybermans se separam, para prosseguirem com as suas funções. E talvez, o contato com a nave que se espreitava na orbita de Refúgio fosse conseguido, e se assim, feito, os pobres refugiados dariam adeus ao planeta e à suas humanidades.

***

No Lamet, o caos intenso continuava. Cybermans antigos e os recém convertidos, se enfrentavam simplesmente em pura violência e banalidade, não havia uma explicação mais clara para isso. E era isto, que intrigava dois Cyber-supervisores que questionavam agora o Doutor, em um dos laboratórios da cyber-oficina, onde o Senhor do Tempo havia contribuído com as conversões.

— O que você fez? - Questiona um dos Cybermans, apontando eles, duas enormes armas. – Informe.

— Eu?! - O Doutor parecia tão perdido quanto. - Eu já disse, eu não fiz nada, eu também não entendo o que está havendo!

— Incorreto, você é o Doutor, você é um trapaceiro. E você estava por responsável das conversões. Apenas você, poderia saber o que houve.

— Exigimos a informação. - Diz o outro Cyberman. – Informe, informe!

— Eu não posso, eu também não sei o que houve! - Insiste o Doutor.  

— Incorreto. Informe, informe, informe!

O Doutor apenas fitava sem palavras, às armas apontadas para si, enquanto os Cybermans, continuavam a clamar por informação.

— Tudo bem! - Pôs as mãos para cima o gallifreyano, e o clamor dos Cybermans cessa. – Porém, devo avisar de que eu achei terrível esse “informe, informe, informe”, é muito melhor quando os Daleks falam, “explique, explique, explique”. Eu adoro essa parte!

— Este assunto é irrelevante, onde está a informação?

— Certo, se querem a informação... Eu direi onde ela está. Ela está em minhas calças.

— O que isto significa? Não pode ser literal.

— "Não pode"? É claro que pode! A realidade ao redor da minha vida é ridícula, sabiam?

— Escanear as calças do Doutor. - E assim, os dois Cybermans faziam, onde direcionavam os seus olhares para as calças do Senhor do Tempo, e logo, percebiam algo de muito intrigante.

— Ah, vocês viram tudo, mas tudo bem. - Resmungou. 

— Há altos níveis de energia sendo emitidos por um de seus bolsos! De onde você está extraindo esta carga?

— Da base, é claro. Falando disto? - Retira a chave da TARDIS de um dos bolsos, e ela, brilhava intensamente dourada. – Adoro Cybermats, vocês não? São ótimos sabotadores, e ótimos ladrões de energia. São como as abelhas coletando o pólen.

— Mas onde você conseguiria um Cybermat?

— Grace, boa em esmagar coisas. E eu tinha o pequeno trapaceiro apanhado por ela bem naquele sobretudo que deixei na sala de comando. Ele está por aí agora, e a minha chave apenas ganhando e ganhando mais energia. Eu só precisava enrolar um pouco.

— Você está agindo contra nós. - Concluiu. 

— Sim, de fato, mas isto já era mais do que obvio para mim.

E enquanto o brilho da chave apenas se intensificava, o Doutor então estala os dedos, em sua pose confiante, e logo, a cabine azul começa a surgir por entre si. Os seus cabelos, sacudiam selvagens, com os ventos da chegada da máquina do tempo. E vendo a fuga do Doutor acontecer em suas frentes, os Cybermans logo começam a disparar, mas, disparos esses, que eram completamente desafiados por o campo de forças da cabine.

— E antes que eu vá embora... - Dizia o Doutor, com a imagem da caixa se materializando aos poucos ao seu redor. – Eu não ajudei em nenhuma conversão, eu nunca contribuiria com isso. Tudo o que vocês tem contra si agora são um bando de latarias robóticas rebeldes. Sempre imaginei como seria o dia em que veríamos robôs versus ciborgues. Boa sorte.

E após esta frase, a TARDIS se materializava por completo ao entorno do Doutor, e imediatamente, partia com ele, se desmaterializando depressa. Os Cybermans, apenas encaravam estarrecidos à fuga bem sucedida:

— Para aonde o Doutor foi?

E o outro, se esforçava em processar uma resposta para aquela questão.

***

Na vila, a sua grande e antes solitária praça se mostrava mais do que movimentada agora. Os Cybermans já haviam se dado por vencidos da caçada de Grace, e começavam a se reunir agora para elaborarem novos planos, e logo em seguida, partir com os refugiados. Mas, para alterar novamente os planos dos zumbis de lata, a doutora Holloway chegava agora até eles.

Vinha ela, calma, e cheia de atitude em seu modo de andar e olhar:

— Olá, Cybermans.

E os vários Cybermans, apenas a encaravam sem espanto.

— Você é Grace Holloway, você é o nosso alvo mais importante, você é uma humana ideal. - Disse um dos seres de aço.

— Pois é, sou eu. Parece que nada nunca é surpresa para vocês! E que praça cheia! Precisam mesmo de tudo isso para me encontrar? É, vocês são muito parecidos com os caras chatos do colégio! Mas o que importa agora é que eu estou aqui, eu, uma ser humana clássica. E toda de vocês, sem mais correria e sem mais planos mirabolantes. Porém... Quero antes saber de algumas coisas, com vocês. Pode ser?

Disse Grace, desviando o seu olhar ao fundo da praça, onde via Lermin e Aduen passando depressa, quase agachados, direto a uma outra rua.

— O que você deseja saber? - Indaga um Cyberman. 

— Eu quero... Eu quero entender certos pontos sobre vocês.

— Quais pontos?

— Primeiro, por que isso precisa mesmo ser assim?

Os Cybermans a encaravam desentendidos. A ruiva esclarece:

— A sua conduta, isso de eliminar por completo tudo o que você já foi um dia, e... Se trancar em um armário de alumínio. Como vocês podem chamar isso de sobrevivência?

— Se com “armário de alumínio” você se refere ao nosso suporte biomecânico, entenda que é ele quem possibilita a nossa sobrevivência, é através disto que mantemos os nossos organismos ativos e protegidos contra os males fatais da humanidade.

— Mas isso valeu a pena? Vocês... Vocês nem sentem a luz do sol, não sentem uma simples brisa de vento, e nem sei se ainda são capazes de respirar! Isso não pode ser chamado de estar vivo! É como um passarinho em uma gaiola, ou um peixe num aquário. Estão satisfeitos? Estão felizes?!

— Não somos programados para nos sentirmos felizes. Felicidade é apenas uma emoção aguçada por um motivo de satisfação. Nós não possuímos emoções. Mas sim, nos satisfazemos, quando cumprimos as nossas metas.

— Então vocês não são felizes. 

— Correto.

— E é aí que entra a falta de sentido. Não adianta se dizerem vivos e evoluídos se foi para então acabarem assim! Sem sentimentos, sem felicidade, vocês são praticamente como... Monstros.

— Incorreto, monstros não existem. Monstros são apenas alegorias folclóricas primitivas.

— Ah, admito, não é fácil tentar dialogar com vocês! Acho que deve ser impossível enfiar alguma ideia diferente em suas cabeças.

— Foi você quem disse que queria conversar.

— Pois é, tenho essa mania, sorte que a Marys não está aqui! - Riu. – Mas, continuando, vocês e o Doutor já se conhecem há muito tempo, não é? Estou certa? Sei que sim, ele já viveu muito, e viu muitas coisas.

— Sim, o Doutor testemunhou o nosso surgimento.

— É? E aposto que a cada encontro mais maldades vocês fizeram, e a cada encontro mais maldades o Doutor desfez. E a minha pergunta agora é... Por que após tantas possíveis derrotas vocês ainda não desistiram? Sabem que ele nunca desistirá.

— Desistir não condiz com as nossas programações. E porque a autopreservação é uma delas. Continuar existindo é a nossa principal motivação. Somos incapazes de desistir.

 E com esta frase, Grace sorri, se lembrando de seu amigo. O Cyberman termina: 

— E o Doutor vai contra os nossos objetivos. Ele não zela pela prosperidade humana. Ele não deve ser pensado como o seu salvador, ele é o verdadeiro inimigo. Nós somos os seus salvadores.

— Tudo bem, mas nem que fosse a última opção. Mas, entrando em outro ponto, como vocês começaram com isso, como esta meta de “sobrevivência” começou? Gostaria muito de ouvir uma boa história. Será que pode ser? Mas quero dizer completa. - Piscou para os seres de metal.

Os Cybermans, contariam a Grace a história deles, a traiçoeira e longa história deles, mas, o que isto lhe importava? Nada, simplesmente. Aquilo não passava de uma simples distração, pois enquanto o alvo Cyberman interagia com eles, os dois jovens perobenhos cumpriam a outra parte do plano.

Em uma outra rua da vila, que fazia ali entrada à praça, uma das quatro naves que Lermin havia espalhado horas atrás estava, e era ali, que ele e Aduen voltavam agora, para tentarem pegar uma das naves de viagem paradisianas. O caminho estava mais fácil, pois, Grace estava na praça, tomando a atenção dos Cybermans, da mesma forma que uma lâmpada toma a atenção das mariposas. Contudo, ainda pelo caminho, alguns Cybermans solitários eram encontrados, porém, eram facilmente combatidos pela dupla, usando as suas armas e as coroas de execução. Até, que o objetivo daquela parte do plano já estivesse completo, chegar e pegar uma das naves.

— Conseguimos! - Diz Lermin feliz, entrando junto com Aduen, na sala de comando da nave. – Somos um bom trio. - Se dirigiu para o computador no painel de controles.

— Mas e a nave, você pode tirar ela mesmo do sistema do gatilho de ativação múltipla? - Pergunta Aduen, se dirigindo até a janela da frente, e observando a praça.

— É claro que posso. É fácil, é só reprogramar tudo. - Dizia, clicando em vários botões. – Logo sairemos daqui, e partiremos para o galpão. As pessoas já estão salvas.

— Quero acreditar que sim. Já chega de sofrermos, é a hora de... - Mas não termina a frase, Aduen apenas continua olhando surpreso à praça. – Acho que os planos deverão ser outros.

— Como assim?

— Aquilo é uma plataforma de teletransporte, não é? - Aduen aponta para os arredores da praça, e assim, Lermin avista o objeto apontado.

— Sim, é uma plataforma de rematerialização.

— Então devemos fazer algo a respeito.

— O quê?! - Assustou-se.

— Se nós danificarmos aquele teletransporte então os Cybermans estarão no mesmo barco que nós. Com uma plataforma daquelas poderão levar todas as pessoas embora.

— Mas o que poderíamos fazer? Aquela plataforma está cheia de Cybermans envolta!

— Já os-distraímos uma vez, e podemos fazer isso de novo. Você sabe pilotar essas naves, então você irá em direção à praça, e partirá avante. Os Cybermans o-seguirão, e eu serei rápido e darei um jeito na plataforma. Depois, você volta e nos apanha.

Porém, Lermin, permanecia contrário:

— Isso é muito arriscado. Você sabe o quanto isso é perigoso?

— A vida é perigosa. Nós estamos vivos, e as pessoas que precisam de nós agora também. O risco é um preço.

— Você é muito corajoso.

— Deve ser porque é só essa uma das coisas que sobram. “Coragem”, é só isso o que nos resta no final. 

Os olhos dos dois amigos, se enchiam de um brilho enorme. Lermin declara:

— Eu adorei te conhecer, Aduen. Você foi diferente de todas as pessoas ruins como eu. É difícil achar alguém com tanta bondade por aí hoje em dia. Mas odiei você e os seus amigos desde o primeiro momento!

Riram alto, os dois. Aduen diz:

— E eu adorei conhecer alguém que pudesse me chamar de amigo.

— Eu também. Amigo.

— E perdão por quase explodir a sua cara.

— É, vou pensar no seu caso.

Então, dando um aperto de mãos, firme e forte, e duas palmadas por de trás de cada ombro, os dois rapazes de Perob seguiam com as suas metas, após isto, e um sorriso em cada rosto se mantinha estampado.

No entanto, enquanto o plano não se concluía, a doutora continuava a dialogar com os Cybermans, numa conversa onde eles lhe explicavam toda a sua história. Desde o nascimento deles, principalmente falando de Marinus, Telos, e Mondas, e de como o surgimento deles é basicamente iniciado pela necessidade de adaptação às necessidades, a evolução. Sendo assim, os Cybermans podem surgir de qualquer lugar, basta apenas existir humanos ali para isso. São seres inevitáveis, como muitas coisas, como: desastres naturais, escanda-los políticos ou populistas chatos. E eram detentores de inúmeras batalhas com o Doutor, e inúmeras histórias de conquistas e derrotas pelo espaço-tempo, onde se lutava contra humanos ou por humanos.

— Bem, daria uma boa opera espacial! - Comenta Grace, após o término da história. – Após ver e ouvir coisas assim o tempo todo eu poderia ser escritora de ficção cientifica! O que acham?

— O que é uma escritora de ficção cientifica?

— Como pode não saber?! É uma pessoa que... - É interrompida, tendo a visão da nave partindo, e sabendo que a sua distração tinha dado certo. – Querem saber? É alguém que escreve coisas tipo aquilo ali. - Apontava para a nave, que buzinava alto, sobrevoando a praça, e passando rumo a floresta.

— Montem rondas.  - Ordenou um dos Cybermans, vendo a cena. – Eliminem aquele veículo, ele não está sob o nosso comando. Isto é a influencia de algum elemento hostil.

E quando os Cybermans começavam a marchar na mesma direção em que a nave partira, Grace, retira algo do seu casaco:

— Podem ir parando aí! - Revelava o gatilho de ativação múltipla.

— O que é isto? O que significa este dispositivo?

— O que significa este dispositivo?! Significa um grande “bum!”. E está prestes a acontecer, se não colaborarem com a humana aqui.

Todos os Cybermans apenas a encaravam calados, a-encarando com os seus olhos profundos. Mas, seguindo com o outro plano, Aduen agora partia agachado e silencioso, até a plataforma de teletransportes, um grande objeto prateado e plano sobre o chão, com enormes placas prateadas de vidro em sua parte de cima, e um pequeno painel de controles ao lado. Mas, entre Aduen e os Cybermans, apenas alguns 20 metros os-mantinham separados, entretanto, que por sorte, estavam de costas, focando eles, na doutora.

— Vamos lá, o que eu posso fazer? - Conversava Aduen, cochichando com a plataforma. – Talvez apenas te danificar já seja o bastante.

Então, sacando a sua arma, Aduen pensava em danificar a plataforma com os seus disparos, mas, vendo que isto apenas atrairia os Cybermans, ele pensa em outra coisa. Que seria abrir os sistemas da máquina, e revirar em tudo ali dentro. Porém, enquanto isso, a tensa situação com Grace continuava.

— Você não possui coragem para ativar este aparelho. - Avisa o Cyberman a Grace.

— Está duvidando?  - Zombou a ruiva. - É claro que eu tenho!

— Incorreto. Você não possui coragem. Podemos assegurar isto escaneando os seus batimentos cardíacos. Eles indicam que você está mentindo.

— Não, você está mentindo.

— Incorreto, nós não mentimos.

— Mentem, pois eu tenho coragem! - Afirmou séria.

— Então ative, prove que é capaz. Até onde você chegaria por algo?

Grace encara o gatilho. O desafiante insiste:

— Você não é capaz, correto?

As palavras de Grace tentavam negar aquilo, mas, o seu coração... Afirmava completamente. Ela havia evitado que Aduen e Lermin cometessem as suas loucuras, minutos atrás, então, alguém com a opinião de que cada vida é mais do que importante e possuímos apenas uma para aproveitar, não conseguiria tão facilmente detonar tudo ali, e levar a si, e a Aduen juntamente. Ou conseguiria? E na naquele momento...

— Eu não consigo. - Caiu a doutora de joelhos no chão, chorando por sua incapacidade.

— Afirmativo.

Mas, de repente, um som de disparo rouba a atenção de todos. Aduen havia feito tudo o que podia, mas, não confiaria apenas em bagunçar todo o sistema, ele havia dado um tiro nas baterias da máquina, para se assegurar ainda mais. Entretanto, com o som deste feito, todos os olhares inimigos o-rodeavam curiosos, e após isto, o jovem de Perob-1 corria apresado por sua vida, em passos que devido a situação, pareciam ficar cada vez mais lentos.

— Você não conseguiu porque você tem medo. - Diz o Cyberman a Grace. – Nós não.

Após esta frase, Grace entendia onde aquele ser queria chegar, à crueldade.

E enquanto os Cybermans apontavam as suas armas, Aduen corria, e enquanto Aduen corria, Grace apenas gritava um agoniante “não”, inconformada. Mas, dois disparos atingiam agora a cada uma das pernas do jovem, que então apenas se ajoelha gritando agoniado, e, que logo em seguida, era atingido novamente, em sua coluna. E assim, Aduen apenas acabava de se estirar ferido pelo chão.

Grace corre até ele:

— Aduen, fale comigo. - Pedia Grace, já ao seu lado. – Você está bem?

— Bem, eu fui fuzilado, o que você acha? - Sorria, franzindo a testa, de dor.

— Pois é, acontece. - Grace também sorria, entristecida.

Mas agora, cumprindo com a última parte do combinado, voltava Lermin para buscar Grace e Aduen, achando ele, que todos os Cybermans já haviam o-seguido. Mas, acabava se surpreendendo vendo que não. Porém, acabava se surpreendendo ainda mais, vendo a cena onde via o seu amigo estirado no chão. Ódio era iminente, e assim, ele estacionava a nave próximo ao amigo, mas antes, atropelando todos os Cybermans ali próximo.

— Aduen?! - Lermin corre até ele. – Resista! Como está?

— Acho que... Morrendo, basicamente. - Respondeu.

— Claro que não, a Grace é médica, ela pode fazer alguma coisa. Não pode, Grace?

— Incorreto. - Nega um dos Cybermans, interrompendo Grace de falar. – A sua coluna foi gravemente corrompida. Hemorragias e queimaduras internas apenas se intensificarão. Não será permitido tratamento, e não há tempo e equipamento necessário. O individuo irá morrer.

— Isso não é justo! - Berra Grace.

— Ele poderia sobreviver passando pelo processo de conversão, mas ele não irá, ele não é mais necessário, você será utilizada.

— Malditos! Vocês são um bando de miseráveis! - Gritou Lermin, esmurrando o chão, e chorando soluçante.

Mas, trazendo Lermin de volta à calma, a voz de Aduen lhe chamava atenção:

— Algum de vocês dois faria um favor pra mim?

— Pode falar, eu faço, se ainda estiver em meu alcance. - Avisou Lermin, nem dando tempo a Grace, de se manifestar. – O que você quer?

Então, pondo a sua mão dentro de um de seus bolsos, Aduen retira uma surrada, suja, e preta e branca fotografia, de Naarhsoodd, a sua irmã.

— Foi o dia em que ela se formou. - Encarava  Aduen, sorridente ao sorriso da imagem. – Ela estava tão feliz! Todos nós estávamos, foi o dia mais feliz lá em casa.

— Deve ter sido mesmo. - Disse Grace, já de olhos vermelhos, pela desgraça.

— E eu a roubei, roubei essa foto. A única lembrança material da adolescência de minha irmã. É a última imagem que o meu avô teve dela. E aqui está, achei que precisava de algo assim, um sorriso que eu pudesse levar para qualquer lugar em que eu fosse. Por isso a minha fuga.

— Como assim?

— Um enxame. Eu já estou morrendo. Quero dizer... Antes disso, eu já estava. Tentei traficar para me tratar, mas não deu muito certo. E não queria ter o vovô vivendo a sua velhice infeliz, com o sepultamento de mais alguém amado. Então... Não preciso explicar como embarquei.

— Vocês não mereciam isso. - Grace estava mais do que abatida

— E por isso, eu quero pedir este favor.

— Diga. - Pediu Lermin, atencioso.

— Se dificilmente sair daqui... E espero que consiga, dê um jeito, e entregue esta foto ao vovô. Ele está me perdendo agora, e não será justo todas às vezes em que ele checar o álbum... Houver um membro da família a menos. - Franziu mais forte a face.

— Sim, eu prometo, eu tentarei cumprir.

Aduen sorriu sincero:

— Obrigado, amigo, e obrigado novamente.

— Pelo o que novamente?

— Você ainda está com o meu cachecol em seu braço. - Mas Lermin não entende aquilo. – Você foi um dos poucos que não teve nojo de mim. Aah... - Se esforçava para continuar falando. – E... Obrigado também Grace, você foi também uma verdadeira... Amiga.

Mas, fechando os seus olhos com os seus sentidos já em despedida de sua vida, Aduen apenas escuta os choros e os clamores de Lermin e Grace, enquanto sentia o seu corpo cada vez mais dormente, e assim, falava consigo mesmo, em seus últimos pensamentos:

Desde criança, para nós do sistema solar de Doquraeb-29... Aprendemos que existem dois mundos, aquele que nascemos e crescemos... E aquele, que todos sonham em ir quando já tiverem idade o suficiente, Paradisum-2.0. Um lugar onde encontraremos tudo o que não pudemos ter em nossa terra, e onde o trabalho e a felicidade esperam por nós. Todos os jovens sonham em ir para lá, mas, mesmo assim, nem tudo é tão perfeito o quanto parece, existe um problema, sempre existe um problema. E o problema... É que às vezes alguns desses jovens nunca mais voltam. E foi assim, a história de como eu conheci o Doutor e Grace Holloway, e de como eu descobri o que aconteceu à minha irmã, e de como o Doutor perdeu uma das suas melhores amigas, pois agora... Grace também dará adeus à vida como conhece, será apenas um objeto nas mãos dos monstros de lata. E Lermin... Espero que consiga cumprir a sua promessa. Outro pobre qualquer como eu, que seguiu nessa mesma jornada, mas, que espero que termine-a diferente. Ele foi importante para mim. E a sensação que sinto agora, é algo tão...

Os pensamentos se calam, e os amigos apenas encaram agora chocados a um mero cadáver.

— Aduen? - Chamou o outro perobenho. – Aduen? - Chamou mais uma vez, preocupado. – Aduen?! - Mas, nenhuma resposta conseguia.

— Lermin, eu sei que é difícil, mas... Ele está morto. - Disse a doutora, tentando parecer conformada, aquela situação exigia uma postura mais firme, de quem dizia sempre ver a morte em sua frente.

No entanto, o outro, nunca estaria conformado, e assim, apenas chorava. Porém, logo enchia os seus olhos com ódio novamente.

— Exploda eles, Grace! - Pedia Lermin, em um tom desesperado, estava fora de si, pela situação. – Exploda eles!

— Não. - Soou cansada.

— Eles precisam pagar por isso!

— Sim, eles precisam, mas não será assim que acontecerá. Você não aprendeu a lição? Chega de mortes por hoje. - Dizia observando as pessoas do galpão sendo escoltadas à vila.

E com esta negação, Lermin apenas engolia o choro, e começava a tentar refletir sobre as suas ações. Grace conclui:

— Fique vivo, Lermin, cumpra a sua promessa. E eu...

— Você o quê?

— É a hora de eu ir. - Levantou-se determinada. - Podem me levar, Cybermans, já chega de escapatórias. Ninguém precisa mais se machucar.

— De acordo. - Concordam os seres de metal.  – Mas antes, você precisará esperar mais um pouco. O seu comparsa danificou a nossa plataforma.

— Você ficou louca?! Não pode simplesmente ir com eles! - Indignou-se Lermin.

— Chegou a hora de enfrentar os meus demônios, Lermin, todos teremos esse momento algum dia. - Responde a ruiva. – Fugir demais apenas trará mais consequências.

E Lermin inconformado, berra esmurrando o chão.

— Algo poderia ser feito a respeito do seu estado emocional. - Avisa um dos Cybermans a Lermin.

— Está propondo que eu me torne um de vocês? - Indagou o rapaz. - Pois que vão para o inferno! Eu prefiro ter a minha vida eliminada aqui e agora do que me tornar um bando de lixo como você!

— Você se opôs, você sugeriu o seu elimino. Você será eliminado.

Com isso, um dos Cybermans estende a sua mão fria em direção da face do jovem, que ainda estava ali, ajoelhado ao lado do falecido amigo.

— Não façam isso! - Clamou Grace, tentando parar o ser, o-segurando em seu braço.

Mas, antes que Lermin tivesse a sua face tocada e eletrocutada, um estranho e familiar som chama a atenção de todos os Cybermans ali, e assim, aquela ação era interrompida. A TARDIS estava se materializando na praça, bem no meio dela.

Grace sorri largo, sabendo que aquilo significava apenas uma coisa; esperança. E todos os Cybermans, observavam curiosos à cabine já materializada, e Lermin, tinha a mão sanguinária dos Cybermans afastada de seu rosto enraivado.

Fora poupado, mas, permanecia boquiaberto, tentando entender aquilo, todos tentavam, com um silêncio terrível que encobria o ambiente, esperando que o Doutor saísse da cabine. Entretanto, nada sai dali.

***

No Lamet, o sinal malva não parava de soar, e por todas as suas alas inferiores, o estridente som dos alarmes se manifestava mais presente do que nunca antes.

— As minas parecem apresentar algum problema. - Diz um Cyberman a outro, em uma sala de monitoramento.

— Correto, porém uma equipe de averiguação já foi acionada.

Quando de repente, outro sinal era iniciado.

— Este é o sinal de ameaças nas regiões exteriores.

— Correto, algo deve estar havendo do lado de fora.

— Ative as câmeras dos Cyberdrones.

E ligando as câmeras dos Cyberdrones, logo era avistado a TARDIS, fugindo e rodopiando por entre eles, e por entre os seus vários e intensos disparos. Mas, a cabine azul não se dirigia rumo ao espaço profundo, se dirigia ao redor da base, e assim, logo um enorme estrago já estava estampado na face do asteroide.

— Aquilo é um Geoglifo. - Notavam os Cybermans, observando as imagens capturadas da totalidade da superfície da base, onde todos os disparos mandados pelos Cyberdrones acabaram formando uma frase, dizendo: “Cyber-controlador, te vejo no armazém. Doutor. Não se atrase”.

— O que faremos?

— Avisar.

E já enviando o aviso ao Cyber-controlador, ele então se retirava agora de sua sala de comando, se levantando determinado de seu trono. Mas, no momento em que ele acabara de atravessar a porta para fora, a TARDIS se materializa imediatamente ali, onde o Doutor saí e corre depressa até a porta, a fecha-a, puxava a sua trava.

— Rha! Cheguei primeiro. - Apanha e veste o Doutor, ao seu sobretudo, que ali ainda estava jogado no chão. – Estou realmente a só agora. A porta foi travada internamente, pela tranca especial. Não poderá se teletransportar para cá, apenas teletransportes de emergência são permitidos em salas de lideres, mas apenas para sair, não entrar. - Dizia, por um interfone, e vendo o Cyber-controlador por um monitor, que recebia as suas imagens por uma câmera no corredor.

— O que você quer? - Pergunta o Cyber-controlador.

— Eu já lhe disse horas atrás. Para-los, é claro!

— Impossível. Você está em desvantagem, você teve o seu plano dissolvido. Nós conseguimos deter os revoltosos, reiniciando os seus sistemas.

Mas após isto, o Doutor se dirige aos computadores da sala:

— Ah, aquilo? Aquilo foi só uma distração, camaradas. O meu verdadeiro plano é manda-los pelos ares, sobrecarregar os geradores.

O Doutor manuseava os computadores. O Cyber-controlador prossegue:

— Mesmo que você derrote esta base nós ainda coexistiremos. Existe uma outra Cyber-tumba em ativa, nós recebemos o seu sinal. Podemos partir para lá.

— Existe? Por acaso não seria em Refúgio, seria? Não importa, pensarei em algo! Vocês sabem.

— Incorreto, isto está além até mesmo do seu alcance.

— "Além do meu alcance"?! Não me provoque, vocês sabem do que eu sou capaz, sabem de tudo o que eu já enfrentai contra vocês em minha vida. E já estou cansado disso, já estou cansado de ver todas estas injustiças que seres como vocês espalham pelo universo!

— Mas você também sabe do que nós somos capazes. Duvidamos sim dos seus resultados. Estamos com a sua comparsa, não se recorda?

E assim, os olhos do Doutor se vidravam com esta lembrança, e as suas agitadas mãos acabam estáticas.

Enquanto se voltava entristecido para o monitor, o Senhor do Tempo via a triste imagem de Tyam, sendo trazida até o Cyber-controlador.

— Olá, Tyam. - Saudou o Doutor, pesaroso. – Eu estava tão preocupado em me exibir, que... Eu me esqueci de você.

— Não tem problemas, já estou acostumada. - Riu, cabisbaixa.

— Você deseja salva-la? - Perguntou o Cyber-controlador. – Então pare, pare com as suas artimanhas. Ou ela não terá salvação.

— Terá. - Afirmou convicto, o Senhor do Tempo.

— Incorreto. Foi instalado um micro chip de elimine-o no cérebro de sua parceira. Ela está a nossa mercê. E não tente resgate  por materialização, em questões de segundos o chip poderá ativo.

Os olhos do Doutor, se enchem de ódio e rancor. Se fosse algo liquido, já teria transbordado. Ele havia se esquecido de Tyam, e isso, a-havia posto em uma situação ainda mais precária para ela e o Senhor do Tempo enfrentarem.

— Malditos... Para a sua crueldade não há limites? - Estava estarrecido o gallifreyano. 

— Eu sinto muito, Doutor. - Dizia Tyam. – Sempre foi assim mesmo. “Tyam, aquela que só atrapalha”, bem que todos me diziam. - Uma lagrima descia solitária.

Mas, também escorria uma outra, dos olhos do Senhor do Tempo.

— E então, o que você fará, Doutor? - Questionou o Cyber-controlador.  – Desistir, ou salvar a sua... Amiga?

E aquela era a questão. O que o Doutor, um ser antigo e muito vivido, regido por grande sabedoria e imensa bondade responderia ou faria a respeito? Era algo que ele nunca imaginava ter de enfrentar ali, onde a situação já estava traiçoeira, mas, que agora tomava um tom ainda mais obscuro.

E assim, se afastava ele dos computadores, talvez ele estivesse mesmo abandonando o seu plano, e salvando a sua amiga. Mas, antes que a sua postura cabisbaixa fizesse a sua esperança cair de cara no chão, a voz de Tyam o-traria mais uma questão:

— Doutor? - Chamou a garota.

Mas, o Senhor do Tempo tentava evitar o contato visual com o monitor. A jovem continua:

— Quero lhe perguntar, e espero que responda com sinceridade.

O homem fita a tela. A humana prossegue:

— Você pode mesmo fazer algo a respeito dos Cybermans?

Contudo, um silêncio se abate na conversa por alguns segundos. Onde após engolir a seco, responde o Doutor desesperançoso:

— Acho que sim.

— Então faça. - Pediu fervorosa.

— Claro que não! Sabe que eu não posso deixa-la morrer!

— Não se importe comigo!

O Doutor permanece com a mais pura angustia em seu olhar. Tyam insiste:

— Eu não o-conheço, mas se a minha irmã já confiou alguma vez em você... Eu também confio. E apenas saiba, é necessário. Eu também nunca desejaria isso, mas não há outra forma. Há?

— Não. - Fitou o chão. – Mas você simplesmente está disposta a isso?!

— A minha vida inteira eu fui um empecilho, Doutor. E só hoje será o dia em que eu serei útil... Então, que não seja para o mal, não deixe que as ameaças deles te atinjam!

— Mas você não está vendo?! Não é apenas sobre uma escolha que estamos falando, é sobre uma escolha envolvendo vidas! A sua vida! E mesmo assim, eu já devia estar acostumado, porque é sempre assim... A minha vida não é sobre apenas andar por aí e ajudar alguém, é só sobre chegar em algum lugar e tomar uma decisão, porque ninguém mais irá tomar.

— Nunca imaginei que houvesse mais alguém com esta mesma história, esta é exatamente a história de minha irmã. Ela sacrificou os seus sonhos e esperanças pelos sonhos e esperanças dos outros. Ela é a minha heroína.

O Doutor desviava o seu olhar. A condenada indaga:

— E por isso quero saber... Onde está ela agora? Os Cybermans falaram em invasores. Você chegou aqui com ajuda dela?

— Sim. - O gallifreyano respirava gélido. 

— E... - Respirou fundo. – E ela está morta, não é?

— Está. - Uma pedra parecia ter sido retirada dos ombros do Senhor do Tempo.

— Tudo bem. - Sorriu triste. – Eu já sentia isso desde que olhei em seus olhos, quando perguntei se conhecia a Gai. Parecia estar mentindo, eram aqueles os mesmo olhos com que ela me olhava quando não queria me contar a verdade.

— Eu sinto muito.

— Não sinta, ela estava muito errada.

— “Errada”?!

— Ela acreditava que morte era só o que restava no final. Mas eu não, eu nunca acreditei. Morte não é tudo, é só um detalhe, e antes que tudo se acabe... Ainda existe vida e esperança após qualquer partida. Então, prove que a minha irmã estava errada, Doutor, prove que mesmo se eu morrer hoje ainda existirá esperança para um outro alguém no universo.

— Eu não posso fazer isso! Eu não consigo.

— Consegue, é claro que consegue! Se “Tyam, a fracassada” é capaz de ter coragem, então alguém que se diz tão vivido também é. Foi por um momento como esse que eu esperei a vida toda! Mostrar para todos que eu sou sim... Forte. Me deixe ter certeza disso, Doutor, me deixe ser corajosa.

— Você é forte. - Admitiu cansado. 

— Eu sei, eu sempre soube, os outros é que não me davam espaço para eu mostrar.

Então, após um último sorriso, mirado por um olhar distante, o Doutor se volta depressa para os computadores.

— Eu não me esquecerei de você. - Disse ele, e Tyam sorriu.

Mas, antes que ela se manifestasse com palavras, o Cyber-controlador se manifestava primeiro:

— Ativar chip.

E assim, o chip no cérebro da jovem era ativado, e enquanto os seus gritos de agonia entorpeciam o ambiente, o Senhor do Tempo apenas tentava ignorar, se concentrando nos teclados dos computadores.

Porém, que não eram o bastante para evitar que lagrimas escorressem de seus olhos sérios. Entretanto, que agora se tornavam mais aliviados, devido aos gritos cessarem, a jovem havia acabado de cair morta o chão. E os corações do Senhor do Tempo, estavam mais do que quebrados nesse momento, mas ele, ainda não havia se desanimado. E o alerta malva, não parava de tocar.

— Desista, Doutor. - Ordenavam os Cybermans, atrás da porta. – Você está cercado, você não tem chances, você também não tem mais recursos.

— Eu sei. - Dava uma pausa, pesarosa. – Estamos no mesmo barco. E sim, eu estou cercado, estou sem chances, mas... Não sem recursos.

— O que você tem?

— Coragem.

— Esta é apenas uma atitude impulsiva.

— É, conhece a lei da impulsão? Pois é exatamente com a minha coragem que eu acabarei com isto. - Desistia dos computadores.

— Está pensando em alguma ação destrutiva. Não teme a morte? Você não pode ser convertido. - Avisou o Cyber-controlador.

— Sim, não posso, mas não me importo de estar fora do clube! E mesmo que convertidos, ainda resta um destino igual para nós dois.

— Qual destino?

O Doutor respira cheio de tristeza:

— Morte... Não importa o quanto corrermos, morte... É só o que resta no final.

— O que pretende?

— Partir pela última estrada.

— Você pretende se autodestruir?

— Sim, mas não irei sozinho, vocês virão comigo, pelo mesmo caminho. Eu irei para-lo, eu irei parar todos vocês!

— Como?

— Que tal ao invés de sobrecarregar os geradores eu jogar uma pedra no formigueiro? Pois Gaaiu e Tyam não morreram em vão, e eu prometo acabar agora com as duas bases.

— Mostre.

O Doutor, logo sorri largo, e parte para a TARDIS. Mas, em imediato, acaba voltando de lá:

— Voltei. Estão com pressa para serem destruídos? Pois bem.

Retirando então o magnetizador de matéria de um dos seus bolsos, o Doutor o fixava no chão, e apontando e ativando a sua chave de fenda sônica para a cabine azul, logo, ela se desmaterializava, e o-deixava apenas admirando a imagem ofuscante dela se dissolver no ar.

Mas isto, não acabaria por aí, com a partida da TARDIS, outra coisa parecia também querer ir junto. Pois o Lamet, neste momento, simplesmente partia em disparada pelo espaço profundo. E os Cybermans e o Doutor se esforçavam para se manterem em pé.

— O que você fez? - Pergunta o Cyber-controlador, se segurando pelas paredes.

— Atração magnética! Os magnetizadores de matéria consideram duas ou mais matérias como um só elemento, os-unindo atomicamente. E magnetizando o asteroide e linkando o magnetizador com a TARDIS faz com que os dois devam ser um só. Mas a TARDIS partiu em busca de algo que eu deixei despercebido, e a sua lua foi atrás da sua alma gêmea!

— Não faz sentido. A TARDIS é quem deveria ser atraída!

— Só porque o Lamet é maior por fora? A TARDIS é maior por dentro! Lei da atração, quanto maior a massa de um corpo, mais ele é capaz de exercer efeitos gravitacionais sobre outro. E eu e Isaac discutimos muito naquele dia!

Assim, simplesmente continuava veloz e inabalável rumo ao Refúgio, o Lamet era realmente agora uma pedra jogada contra um formigueiro.

— Mas não mandei a TARDIS sozinha. Lembram dos alarmes nas alas inferiores? Adivinhem o que ela está levando lá dentro.

— Não importa. - Bufa o Cyber-controlador, se mantendo em pé. – Nós não estaremos derrotados por completo, existe uma nave em órbita de Refúgio. Os seus remanescentes poderão reativar as demais tumbas pela galáxia.

— Mas Perob estará livre do seu parasitismo! E os humanos não são mais compatíveis com vocês!

— Quem você pensa estar salvando, Doutor? Você pode estar tentando preservar os seres humanos, no entanto, nós também. As suas ações não são diferentes das nossas, apenas os métodos.

E ouvindo isto, o Doutor apenas se senta no chão, e recostando-se a uma parede, ele não queria admitir, mas, realmente ele e os Cybermans buscavam o mesmo objetivo, salvar a humanidade. Tudo o que diferenciava, era apenas o método de alcance.

***

Continuando a inesperada situação da praça, onde a caixa azul havia chegado naquele instante, todos os vários Cybermans apenas a encaravam esperando pelo seu grande inimigo emergir dela, o Doutor. Porém, nenhum Doutor saía dali.

— Como aquilo chegou até aqui?! - Pergunta Lermin, confuso.

— Aquela é a TARDIS. - Diz um dos Cybermans.

— E o que é uma... TARDIS?

— O veículo do Doutor.

— Incorreto. - Nega Grace. – Aquilo não é só o veículo do Doutor, é a nave que carrega toda a esperança do universo, a caixa que guarda toda a justiça pelo espaço tempo. E se ela está aqui... Eu sinto muito.

— O que você quis dizer?

— Que se o Doutor sair de lá de dentro... Então eu sinto muito, mas eu não irei mais para-lo, e ele não terá piedade.

— Incorreto, o Doutor sempre tem piedade.

— Então boa sorte.

Com isso, um dos Cybermans batia na porta da TARDIS, e exigia a saída e rendição do Doutor. Mas, abrindo-se de repente a porta, o escuro interior da cabine era revelado. E curiosos, os Cybermans apenas esperavam calados por algo a mais.

E assim, uma batalha estava declarada, pois, dali da TARDIS, saíam homens e mais homens, armados com as suas ferramentas de mineração, 500 talvez, ao todo. Onde enfrentavam violentos e impacientes aos Cybermans. Foi isto que o Doutor resgatou das minas de prata do Lamet, os seus escravos. Que seriam alguns dos rapazes selecionados ao longo dos anos para trabalharem minerando o asteroide, em busca de metais raros e preciosos que os Cybermans usavam como pagamento aos favores de Paradisum.

— Vocês serão eliminados. - Avisam os Cybermans. 

Logo, um enorme confronto já estava travado, pois, enquanto os Cybermans vinham com os seus mortais raios laser ou feixes de raios gama, os perobenhos vinham com as suas picaretas, marretas para rocha ou até pares, com toda a coragem e ódio que possuíam.

Aparentemente imaginando, parece algo muito injusto, mas, os escravos estavam em maioria, não havia mais do que 300 Cybermans ali. Porém, este confronto não foi intencional, o objetivo do Doutor era apenas resgata-los e envia-los para ajudarem os outros no que pudesse estar havendo atualmente, após a sua saída durante a missão, porém, que depois devessem imediatamente retornar à cabine. Mas, vendo esta situação, os homens de Perob então lutariam pelos seus demais conterrâneos.

— Ótimo. - Diz Lermin, vendo todo o caos ao seu redor, onde homens e Cybermans sucumbiam igualmente à morte. – Eu também estou dentro! - Sacando a sua arma, entrava na batalha.

Olhando envolta, apenas mais tragédias Grace era capaz de avistar, porém, roubando a sua atenção, os sinos do claustro iniciavam as suas badaladas, que sempre traziam um só significado; "perigo próximo".

— Os sinos do claustro! Isso não é um bom sinal. - Pensou alto, a ruiva.

E vendo os antes escoltados refugiados do galpão amedrontados por entre aquela guerra, Grace gritava a todos para correrem para dentro da cabine.

— Pessoal?! - Gritava a doutora terráquea. – Vão para a cabine! Vão para a cabine!

Então, amedrontados e sem mais o que ganhar ou perder, seguiam a sugestão, mesmo estranhando o tamanho do abrigo.

— E não se preocupem, parece mesmo pequena vendo daqui, mas garanto, cabe todo mundo!

Os sinos tocavam cada vez mais fortes, e as pessoas corriam cada vez mais em direção da caixa, e que por sorte, conseguiam isso, devido aos seus carrascos estarem muito distraídos no momento. Um momento, de sangue e medo, por todos os lados, pois, os Cybermans não possuíam misericórdia, e os homens não possuíam mais uma consciência calma, possuíam apenas o desejo assassino da vingança.

***

Rumo à Refúgio, o Lamet continuava vindo como uma flecha, e milhões de anos luz cortava facilmente. Mas, lá dentro, não havia espaço apenas para a agitação, havia espaço para a melancolia e a solidão também, e era ali, onde embrenhavam os pensamentos do Doutor agora. Pois esta situação que ele enfrentara apouco lhe lembrara de um episódio em seu passado, a morte do seu amigo, Adric. Que havia tido um fim parecido, um fim, onde ele havia ficado para trás, porém, que logo em seguida, havia aproveitado a oportunidade para usar a sua coragem e tentar ajudar mais pessoas. E que também, havia sido uma batalha contra os Cybermans, e que havia acabado com a nave em que estava, se chocando com o planeta Terra, há cerca de 65 milhões de anos atrás. E assim, extinguido os dinossauros, e aberto um novo caminho para a evolução, e talvez, fosse o caso agora com Refúgio.

***

Na praça, a batalha continuava violenta, porém, já muito mais desgastada, devido a já vários Cybermans detidos, e já vários humanos eliminados.

— Entrem! Continuem! - Continuava Grace, gritando, e continuavam as pessoas entrando. Grace, então corria também até os idosos e crianças, e os-ajudava a chegar mais rápido à TARDIS. – Isso, entrem!

Entretanto, os sinos do claustro ainda continuavam sem nenhum cessar, e o número de refugiados acabava diminuindo da praça cada vez mais, com todos eles correndo apressados para a TARDIS, com todo o temor das suas vidas possível. E logo, todos estes sobreviventes já se refugiavam lá dentro.

— Acho melhor você também entrar, Grace. - Sugere Lermin, atirando próximo dela.

— Não posso, e as pessoas?

— Elas já entraram.

— Ainda faltam vocês. - Se referia aos homens.

— Nós ainda estamos lutando, e devem ter mais Cybermans a caminho. Entre! O senhor Jimh com certeza já não está mais vivo uma hora dessas.

— Eu sei. - Disse conformada. – Irei entrar, mas antes, preciso ir buscar uma coisa. Ok?

— Aonde você vai?

E depressa, saía Grace por entre o confronto, e se dirigia ao objeto que o Doutor havia feito no dia anterior, a gaiola de sinal. O objeto usado para mascarar um dos pilotos.

— Ainda bem, você ainda está aqui! - Comemorou a ruiva.

Ela apanha a chave da TARDIS, que o Doutor havia posto ali, e assim, corre apressada rumo à cabine, porém, antes que chegasse até lá, era pega por uma de suas pernas, e logo, caía no chão. Um Cyberman debilitado a-segurava firmemente.

— Me solte! - Exige a mulher. 

— Você não pode fugir, você servirá para a criação de milhares de nós. - Avisou a criatura. 

— Não! Eu não vou!

— Irá!

Mas de repente, um fardo de faíscas era espirrado por de trás de Grace, Lermin disparava no braço do ser, que acabava então se rompendo, e consequentemente libertando a doutora.

— Obrigada. - Agradece ela. 

— Vamos!  

Estendendo depressa a sua mão, Lermin a ajudava a se levantar, e imediatamente, corriam para a caixa que tanto assustava com as badaladas do claustro. E das portas da caixa, Grace gritava aos homens para voltarem imediatamente.

Pois, aqueles sinos, estavam agitados mais do que ela já havia escutado em toda a sua vida. E os escravos na luta vendo que todas as pessoas já se mantinham abrigadas e que a maioria dos Cybermans já estava detida, corriam eles de volta à TARDIS.

Onde após todos eles terem já adentrado a cabine, as suas portas eram fechadas, e ela simplesmente se desmaterializava dali. Mas, enquanto a imagem dela desaparecia na frente dos Cybermans, uma outra imagem aparecia, um enorme brilho no céu. E em um segundo, um enorme clarão se abate por todos os lados.

O Lamet havia finalmente se chocado com o Refúgio. E a TARDIS havia saído, mas, o asteroide já estava vindo em uma velocidade muito grande contra o planeta, não haveria tempo para pausas. Um enorme estrago estava feito.

***

Rangendo tristonha, a TARDIS se materializava fraquejando numa enfumaçada, suja, e pouco movimentada praça, a praça de embarque espacial de Perob-1. Era onde as naves de viagem rumo a Paradisum estavam estacionadas, há um dia atrás.

E vendo onde estavam pelo monitor, logo então começavam todos a sair, e a encarar felicitados e assustados ao mesmo tempo, ao fato de realmente terem escapado do Refúgio. Os olhos das crianças não paravam de brilhar.

— Mas e o Doutor, onde está? - Pergunta Grace, já do lado de fora, a um dos escravos. – Onde ele ficou?

— Ainda na lua, com certeza. Ele não nos disse nada sobre voltar, apenas disse para pegarmos todos e voltarmos para a máquina, e que depois... Ela nos traria para casa. Ele disse que havia programado tudo.

— Está bem. - Disse conformada, porém, com um olhar que negava qualquer uma das suas palavras.

— Mesmo?

— Sim.

Assim, se retirou o homem, e Grace, tentou então se conformar de verdade, porém, com os seus sentimentos totalmente indispostos a isto. E fitando o chão, deixava uma das suas lagrimas cair sobre ele.

— Não fique triste, Grace. - Pedia Lermin, chegando até ela.

— Como não ficar? Perdemos o Doutor, perdemos o Aduen! E o Uooltc, onde está? E a Gaaiu e os outros, os escravos nem tocaram em seus nomes. Quais foram os seus destinos?!

— Eu também não queria que acabássemos assim, mas acho que não houve outro jeito, tinha de ser assim. Talvez.

— Claro que não! Perder pessoas amadas nunca foi e nem será necessário, a vida é que é uma velha mal amada, e não gosta de ver ninguém feliz.

— É parecida com o homem que me adotou então.

— Ou com a minha ex-sogra. 

Tentaram rir.

Mas, de uma das barracas de lanches ali na praça, um velho gritava, por:

— Ei, senhorita?! - Parecia olhar para Grace. – Senhorita?! Eu a vi embarcar ainda ontem numa daquelas naves com aquele seu amigo! Como poderia ter voltado tão depressa? Ninguém nunca volta de Paradisum!

— Grace, aquele senhor está olhando para cá. - Avisa Lermin. –  Ele não está se referindo a você?

— Acho que sim. Aquele é o avô do Aduen.

— Então é esse? O Aduen o-amava muito.

— Vá até ele.

— Ir até ele?! Eu não terei forças pra isso.

— Não tem? Dê um jeito, pois terá de ter. Saímos do fogo, Lermin, aproveite a sua chance de estar respirando, cumpra a sua promessa.

— Mas por quê.... Por que a vida é tão injusta, Grace? Por que ele teve que perder o neto, por que eu tive que perder todos os meus amigos?

— Porque... Porque é assim que ela é. Não é apenas bonita, e também não é apenas feia! É só... Complicada. É complicado. Ou, é apenas uma grande pilha de coisas, coisas boas e ruins. E estamos bem encima dela, tentando nos equilibrar.

Lermin, apenas ouvia atento, onde os seus olhos tristes prestavam a mais sincera atenção. Grace conclui:

— Por favor, vá até ele.

Então, confirmando com um gesto por sua cabeça, Lermin partia para a humilde barraca do avô de seu amigo.

— Olá. - Disse Lermin.

— Olá! - Disse o senhor, animado. – O que vai querer? Ou será que quer alguma informação? Está com aquela mulher? Ela foi muito simpática ontem. É sua amiga?

— Ah, sim. Mas eu não tenho dinheiro pra nada, é só... Uma informação.

— Certo, diga.

— O senhor é o avô do Aduen e de sua irmã, não é?

— Sim, de onde o-conhece? Ele viajou ontem à tarde. Mas o seu sotaque... ? Não é daqui. É de Perob-2?!

— Sim, mas eu saí de casa, e foi aí onde eu o-conheci. Pediu que eu lhe entregasse isto.

E retirando a fotografia de Naarhsoodd de um de seus bolsos, a entregava nas mãos do pobre avô, que franziu as sobrancelhas surpreso:

— Essa é a foto da formatura da Naarhs! Bem que senti falta dela. Espero que não seja um daqueles moleques tarados da escola!

— Não, não é nada disso!

— Então por que o Aduen me enviaria isso por você? Onde ele está?

E sem conseguir responder a pergunta, os olhos de Lermin apenas se enchem de lagrimas, e nenhuma informação sobre o paradeiro do amigo era dita. O avô insiste: 

— Estou ficando preocupado. Por favor, diga... Onde ele está?

Lermin, apenas tentava se manter sério, com toda a firmeza possível em face, mas, em seguida... Lagrimas e soluços amargurados, era tudo o que Lermin conseguia fazer, após alguns segundos de frieza e um silencio angustiante. Simplesmente responder aquela questão era pesado demais. E se agachando na frente da barraca, Lermin se fechava em sua tristeza, e o velho avô, não via escolhas, a não ser, confortar o jovem:

— O que foi, meu filho? O que houve? Não precisa ficar assim. Imagino que algo muito delicado tenha acontecido, mas você deve se acalmar. Irei lhe preparar alguma coisa, que tal?

E assim, o velho vendedor começava a preparar um suco para o rapaz, era o que Grace percebia da distancia em que estava. Não quis ir até lá, pois já estava muito cansada de ver tantas amarguras ao seu redor. Mas, para afasta-la das tristezas que a cercavam, uma conhecida e querida voz lhe chamava atenção:

— Eu não deveria estar aqui, deveria?

Grace se vira imediatamente para trás, e mais do que boquiaberta estava. O sujeito lamenta:

— Não consegui cumprir a promessa que lhe fiz.

— Doutor?! - Abraça-o feliz.

— Sim, eu. Mas, continuando, por que estou aqui?! Isto é um erro!

— Ora, só você mesmo reclamaria disso! Você está vivo!

— Sim, e como eu disse.... Isto está errado, eu nunca poderia ter vindo para cá.

Grace, cruza os braços revoltada. O Senhor do Tempo continua:

— Eu vinha pelo Lamet, e ele colidiu com Refúgio. Eu deveria estar na pilha de escombros agora, mas, de repente... Uma luz enorme encobriu a minha visão, e... Eu estava aqui, quando abri os olhos.

— Ótimo, pode ter sido a TARDIS.

— Não foi a TARDIS. Ela foi programada apenas para parar por alguns minutos em Refúgio, e depois vir direto para cá, eu não poderia deixa-la juntar-se com o asteroide, e tive de ficar.

— Então continue reclamando. Mas você já me disse que o universo é grande e ridículo, e às vezes coisas impossíveis acontecem, e chamamos isso de um milagre. Pode ter acontecido um agora!

— Não, Grace, nada é tão simples. Não foi um milagre, eu sei que não. E não sei como, mas... Há algo a mais acontecendo, e por isso, de alguma forma eu estou aqui.

— “Conspirações”, por que tudo sempre se resume nisso?! E mesmo que seja... Você deveria tentar se esquecer disso por enquanto, eu também quase morri, sabia? Várias vezes!

— Eu avisei que o cargo não seria fácil.

— Me prometeu lugares incríveis!

— Fomos em lugares incríveis!

— É, mas eu não sou de Washington, nunca mais me leve para fazer um piquenique no cemitério!

— Certo.

— E em uma dessas possíveis fatalidades, eu consegui salvar a chave da TARDIS. - Exibiu a chave, cheia de saliência. – Aqui. - Estendia a mão, entregando-a.

— Não quero, pode ficar.

— Não quer?! Você... Você está me dando a chave da sua casa e carro?! A TARDIS, a maior e melhor nave espacial do universo?!

— Sim, eu estou. - Sorriu. – Você já se mostrou merecedora dela mais do que eu poderia cobrar. Ela é sua, doutora Holloway. A menos, é claro... Que não a-queira.

— É claro que eu quero! - Admirava o objeto. – E sem ofensas, mas pensei que esse momento nunca iria chegar! Bem que a Dodo disse que um dia você poderia ficar mais liberal.

— Ela disse isso?!

— Disse, e disse também que...

E tendo a frase interrompida, Grace simplesmente sumia da frente do Doutor. Em um enorme flash de luz. E o Senhor do Tempo, testemunhava aquilo sem resposta alguma, apenas, a falta de crença no que os seus olhos viram, e com um enorme espanto estampado em seu queixo caído.

— Grace?! - Chamava o gallifreyano, olhando envolta, atordoado. – Grace?!

Porém, nada de Grace Holloway estava ali, apenas a enorme multidão de sobreviventes que já haviam saído de fora da TARDIS, e lotado a praça. Muitos rostos haviam em sua frente, mas, nenhum deles sendo o que ele procurava. E antes que qualquer atitude fosse tomada, os sempre intrigantes sinos do claustro tocavam novamente. Com logo, partindo depressa o Senhor do Tempo até a sua nave, que já vazia estava.

— Para aonde a Grace poderia ter ido? - Manuseava o console. – Ou melhor, o que poderia ter acontecido?

Os castiçais, ardiam a sala com as suas ofuscantes luzes vermelhas, brilhando intensas.

— Isto tudo só pode significa algo de muito grave, algo terrível, algo como... -  O Doutor puxa o monitor até si, e lá, estava uma certa mensagem que o-fez erguer completamente as sobrancelhas.

“Não se atrase/ quer a sua amiguinha de volta?/ venha me caçar, Doutor/ coordenadas direto no banco de dados/ espero te ver logo/”.

Já acessando e digitando as coordenadas, o Doutor logo mexia apresado em todos os botões e alavancas possíveis, e puxando a grande alavanca, a TARDIS partia desesperada, vórtex a dentro.

 


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Notas finais do capítulo

Sim, esse é o último capitulo de todos. Mas não, não da VM, e sim deste volume. O caso da Grace é um gancho para o próximo volume, o quarto. Mas um volume que não sei quando poderei começar a escrever, pois continuo sem tempo e agora irei me dedicar a escrever a minha outra fanfic atrasada, 12 & Clara: A Roda De Fogo.
Então agora muitos e muitos obrigados a todos que leram e apoiaram a história até aqui, a sua atenção foi muito importante para mim! ;) desejo um sincero abraço e muita felicidade em sua vida.
E quero por favor pedir um super comentário para quem estiver disposto. Sabe, uma critica construtiva, ou até destrutiva será bem vinda! Mas espero que seja sincero. E olhando para todo o que ocorreu do começo da história até aqui o que você pode argumentar sobre? Na minha opinião eu trabalhei melhor com Cybermans do que com Daleks até agora, achei eles muito mais ameaçadores aqui. E para mim realmente é assim que qualquer ameaça na série deveria ser tratada. E se você se incomodou com as diversas mortes da história, bem... para mim Doctor Who é uma série tão assassina quanto The Walking Dead ou Game Of Thrones! E digo isso com toda a segurança do mundo!!! É só você olhar lá desde o começo da série até agora, e verá o tanto de morte que existe em cada arco e temporada! E como exemplos de histórias sanguinárias eu posso citar aqui até alguns episódios mais chamativos como: The Impossible Planet, 42, The Waters of Mars, Flatline, Under the Lake. E qualquer episódio de Cyberman é sanguinário, admita.
E sobre mortes, por que eu matei o Aduen? Bem, porque se não fosse por isso ele simplesmente voltaria de volta para casa com os seus mesmo problemas e dignidade intacta? Não seria interessante, então preferi matar o bonzinho para que a perda de alguém tão correto pudesse fazer falta a alguém mais impetuoso, como o Lermin, e então isso fazer ele tentar ser alguém melhor.
E já que neste volume não teríamos um personagem resgatado da série clássica, tivemos um momento resgatado. O asteroide se chocando com o Refúgio foi inspirado na morte do Adric. E o que é bem melhor do que se eu fosse trazer os Adric. Com certeza!
E os sobreviventes, vão ficar na rua mesmo? Qual o final deles e do Lermin? Acho que os demais sobreviventes buscarão a assistência social, com o auxilio do avô do Aduen, e talvez o Lermin seja abrigado por ele, e se torne um novo “neto”. Sempre me perguntarei como foi depois.
Os escravos das minas de prata nunca foram mostrados até agora, mas já foram citados lá no capítulo 3, onde a Gaaiu conta ao Aduen as chances de sua irmã estar viva. E sobre aquilo do Geoglifo, são literalmente como a tradução do nome, “desenhos na terra” ou escrituras, mas lá estava no asteroide, porém achei que ainda se encaixaria.
E aquilo que a Grace disse sobre Washington é verdade, os cemitérios de lá são usados para muitas coisas, como eventos culturais, artísticos e populares. Piquenique é que tive que inventar, mas com certeza muitos lá já fizeram.
Mas sobre o capítulo, eu gostei dele, na verdade é o meu favorito da fanfic. Tentei deixa-lo o mais surpreendente possível, e acho que cheguei perto. Mas sobre a história, eu gostei muito ela, porém como autor eu me desapontei comigo mesmo em muitos pontos no planejamento. Foi sim apressado, e acho que sempre acabo sendo. Justamente por tentar fazer tudo muito rápido, pois sempre que consigo tempo tento investir ele nas fanfics, e nem sempre tenho, isso por causa de muitas coisas da minha vida particular e todo o resto do mundo real me influenciando psicologicamente e criativamente. E não seriam 10 capítulos no meu plano, eram para ser apenas 6! Mas acabou que vi que seria impossível contar tudo de uma forma descente tão rápido. E uma das minhas principais preocupações era sobre a obviedade da história, pois sempre que temos os Cybermans já fica algo meio obvio para todos sobre como será o resto da história. Pois se temos Cybermans, já sabemos o que querem, humanos. Bem, pelo menos esses da série moderna focam muito nisso, os da clássica nem tanto, possuíam alguns planos mais variados, como destruir humanos! Mas aqui o foco tinha que ser mais emocional, então eles queriam converter humanos.
Então até mais, e voltando para avisar, o volume quatro não sei quando posso escrever, então iremos demorar para ver o resultado do desaparecimento da Grace. E muito obrigado pela leitura, atenção e companhia!
Próxima aventura:
https://fanfiction.com.br/historia/781462/Venha_Comigo_volume_4_Presente/