I M P E R I U S escrita por T in Neverland


Capítulo 22
Ceremony


Notas iniciais do capítulo

Capítulo revisado e atualizado em 12/07/2021.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/771340/chapter/22

Ceremony - Capítulo XXII

Quando o dia do casamento de Emma finalmente chegou, Ilka não conseguiu controlar sua ansiedade. O dia inteiro se baseou em o que vestiria, como arrumaria o seu cabelo e até mesmo como deveria se maquiar. Grindelwald sabia que aquele era o dia de sua melhor amiga, portanto tudo deveria ser perfeito. E foi.

Acabou decidindo usar um vestido preto, com um tecido liso e grosso, o qual possuía uma saia rodada que lhe cobria até metade das panturrilhas, a parte superior era fechada por botões e possuía mangas de formato triangular, que deixavam seus ombros de fora com um decote em V largo e não muito profundo.

Os sapatos eram não muito altos, pois a garota gostava de saltos que não a passassem a sensação de que poderia machucar-se com algo bobo, como pisar em um degrau errado ou algo assim. Os cabelos estavam curtos a ponto de não conseguir prendê-los, por isso somente os modelou para que ficassem em cachos ao redor de seu rosto.

Sua maquiagem também não era pesada, pois gostava de se manter natural e reconhecível. Tom usava um terno completo, de tom grafite, ambos estavam arrumados e formais, mas nada muito extravagante.

O casamento ocorreu ao ar livre, durante o pôr do sol, aos fundos da mansão dos Macmillan, que possuíam um belo jardim, ao qual foi decorado com maestria para o casamento.

O quintal dos Macmillan era enorme, rodeado por árvores, e possuía até mesmo um labirinto de plantas. 

Uma capela bela e humilde foi montada no espaço vazio entre grandes pinheiros, e bancos de madeira pintados de branco estavam ocupados por diversos rostos conhecidos. Entre eles, Lucretia e Walburga com seus respectivos noivos, todos muito bem vestidos e adornados. 

Ilka optou por sentar-se perto delas, por serem as únicas conhecidas ali.

Quando Emma entrou, estava belíssima. Seu cabelo já não possuía a mesma franja que lhe cobria a testa, mas sim uma que lhe emoldurava o rosto, e o restante estava preso em um coque baixo e complexo. O seu vestido era de um tecido brilhoso, que lembrava uma seda ou cetim, sendo longo e provavelmente possuía gordas camadas de enchimento, para dar-lhe volume à saia. A parte superior possuía mangas longas e bufantes e seu véu era tão comprido que se arrastava pela grama recém aparada, tingindo-lhe levemente de verde.

Seu noivo, Lestrange, já esperava por ela, na pequena capela rústica que havia sido montada no quintal dos Macmillan. O rapaz parecia mais velho do que realmente era, talvez pela espessa barba e os longos cabelos negros, que lhe alcançavam os ombros e estavam soltos e bem penteados. O terno que usava era de tom azul marinho, provavelmente o tinha escolhido para fugir um pouco do tradicional preto, que, inclusive, a maioria dos convidados usava.

O noivo estava bem sério e Ilka por um momento cogitou que talvez ele não quisesse se casar com Emma, e toda a cerimônia fosse planejada pelos pais. O que não era incomum entre famílias puro sangue, os Lestrange, inclusive, possuíam a fama de serem adeptos a essas tradições antigas. Lestrange, Black e Malfoys eram alguns dos nomes mais famosos entre as famílias mais tradicionais.

Depois que o casamento acabou, todos entraram para a enorme mansão dos Macmillan, onde uma banda bruxa, a qual Ilka não conhecia, tocava, um banquete também estava sendo servido para todos os convidados.

Muitas variedades de comidas e coquetéis distraíam e empanturravam as mais ricas e famosas famílias da elite bruxa, e a garota se sentiu deslocada e desconfortável quando Tom se afastou, na intenção de cumprimentar o noivo e dar suas felicitações.

Uma mulher acabou notando sua presença ali, e se aproximou. 

Usando um longo vestido azul marinho, e com cabelos loiro-alaranjados soltos e ondulados. Parecia ter pouco mais de quarenta anos, exibindo uma maquiagem impecável, com cores que iluminavam o seu rosto e se igualavam às pérolas que exibia em seu pescoço.

Um garoto baixo e que provavelmente tinha menos de dez anos estava logo atrás dela, agarrado em sua saia, parecendo envergonhado. Diferentemente da mulher, o garoto possuía cabelos castanhos e um rosto sardento, mas ainda assim parecia com ela, talvez por suas feições.

— Com licença, você é Ilka Bagshot? – perguntou a senhora, com elegância, equilibrando com maestria a bebida que carregava em uma taça esculpida.

— Grindelwald, na verdade. Ilka Grindelwald – apresentou-se, ao se virar completamente para a mulher.

— Oh, perdão. Sou Isla Macmillan, mãe de Emma – a ruiva se apresentou, lhe esticando a mão livre para um cumprimento – E este aqui é Ethan, meu filho mais novo – fez menção com a cabeça para a criança agarrada em sua saia enquanto Ilka aceitava a sua mão, apertando-a – Emma me disse tanto sobre você! Mas acho que ela esqueceu de comentar que era uma Grindelwald.

— É que é algo recente... Quando fui transferida para Hogwarts me apresentei com o nome Bagshot, que é de minha tia, com receio do preconceito que o nome de meu pai poderia trazer – explicou, agora parecendo bem mais confortável por ter alguém com quem conversar – Imagino que Emma estava com a mente bastante ocupada esses últimos dias e não se lembrou de comentar com a senhora.

— Pode ser... Enfim, estava curiosa para conhecer a senhorita. Minha filha sempre se mostrou desanimada com a escola e nunca comentou muito sobre amizades realmente próximas, e desde o último ano o seu nome não sai de sua boca, então acredito que a sua presença na escola tenha mudado a estadia de Emma em Hogwarts.

— Fico feliz em ouvir isso da senhora, senhora Macmillan. Gosto muito de Emma, e acredito que nunca tive uma amiga tão próxima quanto ela.

— Que ótimo ouvir isso, Ilka! – Isla Macmillan pareceu quase desesperada, e a Grindelwald logo notou que seus olhos estavam marejados, o que lhe causava uma certa preocupação – Posso então confiar em ti para pedir-lhe um favor? Por Emma.

— Claro! Em que posso ajudar? – questionou, demonstrando a sua preocupação.

— Eu e minha família nunca fomos muito apegados a toda essa tradição de puro-sangue e casamentos entre bruxos, mas são tempos difíceis e casamentos com famílias ricas acabam se tornando necessários, principalmente para nós mulheres – explicou Isla, enquanto bebericava o líquido de tom avermelhado de sua taça – Não queria que Emma passasse pelo mesmo, mas meu marido, Isaac, acabou não concordando com a maneira que eu pensava e negociou a mão de Emma aos Lestrange.

— Sinto muito, senhora Macmillan, não imaginava que o casamento de Emma era arranjado.

Mentiu, é claro, era o mais sensato a se fazer naquele momento.

 Imaginava sim que o casamento de sua melhor amiga era arranjado, mas não entendia a preocupação da mãe da garota, e isso a aflingia.

— Não sei se já ouviu, mas os Lestrange têm certa má fama, e estou receosa por Emma, já que ela vai mudar-se de casa e passar a morar com um deles. Emma é muito inocente, e geralmente não vê maldade nos outros, mas eu já percebi que Thierry é bastante explosivo, e pode se tornar agressivo às vezes.

Ilka desviou o seu olhar de Isla para Tom, que ainda conversava com o noivo, próximo ao grande balcão onde estavam sendo servidas as bebidas e coquetéis. 

Riddle estava com o seu clássico sorriso quando expunha suas ideias, o mesmo que estampava o seu rosto durante as reuniões na sala precisa. Era uma expressão a qual a Grindelwald conhecia muito bem, e Lestrange parecia bastante interessado na conversa do rapaz, o que preocupava a loira.

— Eu vou tentar me manter o mais próxima de Emma que eu puder, senhora Macmillan, se diz que o Lestrange pode ser perigoso para Emma, eu acredito. Darei o meu máximo para que nada de ruim ocorra a sua filha, pode acreditar, e se desconfiar de algo entro em contato com a senhora o mais breve possível, tudo bem?

— Sim... Muito obrigada, Ilka. Fico feliz que Emma tenha conhecido alguém como você.

Isla sorriu para a garota e logo se afastou, puxando consigo o pequeno Ethan, que se virou para encarar a húngara uma última vez, com seus enormes olhos esverdeados.

Grindelwald suspirou, preocupada com a conversa que havia acabado de ter com a mãe de sua melhor amiga. Como passaria a levar as coisas a partir dali, ela não fazia a mínima ideia, mas não mentiu para Isla quando disse que se manteria próxima a Emma, atenta a qualquer sinal de abuso que pudesse interpretar por parte do Lestrange.

Ilka resolveu então se juntar a Tom, que ainda conversava com Thierry. Caminhando com confiança até os dois, se agarrou ao braço de seu noivo, em uma clara demonstração de posse, com um sorriso claramente falso direcionado ao mais novo marido de Emma.

— Acho que ainda não fomos apresentados oficialmente – disse a loira, soltando-se do braço de Riddle e esticando a mão para o outro rapaz – Sou Ilka Grindelwald, noiva de Tom, prazer.

— É um prazer finalmente conhecê-la, Emma falou bastante sobre você, Ilka. Inclusive ela queria que fosse madrinha de nosso casamento, mas infelizmente minha família possui algumas tradições quanto a escolha de padrinhos.

— Eu infelizmente não posso dizer o mesmo – começou, seguida de uma longa pausa que deixou Thierry confuso, com o quão rude aquilo soou – Emma não falou muito de você – Ilka finalmente completou, deixando que o Lestrange interpretasse como bem entendesse a sua fala – De qualquer jeito, fico feliz pelo casamento, acredito que você fará bem a ela, certo? – perguntou, cinicamente e o rapaz arqueou a sobrancelha, ainda tentando compreender o porquê do comportamento passivo-agressivo da loira.

Tom percebendo o clima estranho entre os dois, deu um aperto leve no braço de sua noiva, chamando a sua atenção, que redirecionou o seu olhar do homem barbado para o seu companheiro, tentando entender. 

Riddle apenas desviou o olhar da garota, novamente para o Lestrange e tentou amenizar.

— Sinto muito pelo comportamento de Ilka, Thierry. Agora se nos dá licença, preciso trocar uma palavrinha a sós com ela – Riddle disse, querendo mediar, e o Lestrange apenas deu de ombros e se retirou, deixando os dois enfim sozinhos. Assim que se viu livre para conversar com Grindelwald, ele se virou agressivamente. Parecendo nervoso, quase rosnando para a garota – O que foi isso Ilka? Não percebe o quanto os Lestrange são influentes? E você trata o herdeiro deles assim? Por Merlin, pensei que era mais inteligente!

— Não vou bancar a lambe bolas de um cara que eu mal conheço e nem ao menos simpatizo! Não dou a mínima para quem ele é ou diz ser, eu não confio nele, Tom – Ilka respondeu no mesmo tom de seu noivo, sem hesitar. Ninguém falava com ela daquele jeito, independentemente de quem fosse – E eu honestamente achei que você entenderia mais o lado de sua noiva, e a defenderia, ao invés de tomar as dores de um qualquer que você mal conhece.

Riddle que estava prestes a criticar o linguajar de Ilka, já que nunca havia a visto falar algo tão baixo, logo mudou sua expressão, parecendo mais ameno ao notar que a garota de fato tinha razão.

 Estava colocando um desconhecido acima de sua própria noiva somente levando em conta seu sobrenome.

— Tem razão. Peço perdão por ter falado contigo dessa maneira, mas por quê? Por que destratou alguém que você mal conhece dessa maneira? O Lestrange não é ruim, estava conversando com ele tranquilamente até você chegar, inclusive tinha certeza que até poucos minutos atrás eu havia conseguido um novo aliado – explicou o rapaz, enquanto pegava as mãos de sua noiva com um movimento delicado.

— Quando você me deixou para conversar com ele, a mãe de Emma foi conversar comigo. Ela não me disse muito, mas o pouco que me contou foi o suficiente para levantar uma bandeira de alerta em minha cabeça. Eu não confio nele, e acho que você também não deveria.

— O que a senhora Macmillan lhe disse exatamente?

— Nada demais, somente me contou que o casamento foi arranjado e que Thierry tem alguns comportamentos explosivos e agressivos. Como eu disse, o suficiente para deixar um alerta – explicou e desviou o seu olhar para a banda que tocava, que naquele momento se organizavam em suas posições e começavam a tocar uma música lenta – Quer dançar? – perguntou Ilka, desviando o assunto e apontando com a cabeça para a pequena área livre onde poucos casais de pessoas mais velhas dançavam.

Tom não respondeu, apenas esticou-lhe a mão, convidando-a para a pista.

A festa acabou não rendendo muito para os dois. E Emma não teve tempo de falar com todos os seus convidados, já que sua atenção estava sendo disputada naquele dia em que era o centro das atenções. Ilka, frustrada, acabou partindo antes do previsto, sem se despedir de ninguém e levando Tom consigo por esse motivo.

Ao chegarem de volta na casa de Batilda Bagshot, cada um se encaminhou para o seu quarto, em silêncio. 

Durante o seu banho, Ilka não deixou de pensar o quanto o seu relacionamento com Tom havia desandado durante as férias. Estava instável como uma montanha russa, seria como ela própria descreveria. Parecia que tudo que ela fazia, ou dizia, que não fosse o que Riddle esperava, era motivo para discussão. Mesmo que o período fora da escola tivesse começado tão bem.

Presa em seus pensamentos enquanto estava de molho na banheira, Ilka chegou a uma conclusão. Gostava demais de Tom para deixar o seu relacionamento afundar daquela maneira, somente porque ela não agia da maneira que ele gostaria.

Após deixar o banheiro e vestir-se com uma camisola, a Grindelwald partiu pelo corredor do andar superior da casa, com seus pés descalços e os cabelos pingando água. 

O ambiente estava escuro, já que a garota saiu sem vela. Não tinha visto necessidade, já que conhecia bem o lugar

Um fino trecho de luz escapava por baixo de uma das portas. A porta do quarto de Tom, que denunciava que ele ainda estava acordado. 

Tomando coragem, Ilka bateu na superfície de madeira, que é aberta quase que imediatamente pelo rapaz, que aparentava também usar roupas de dormir. 

Ele pareceu surpreso pela presença da moça, trajando um curto vestido de seda, de tom vermelho, mas com alças e pequenas rendas em preto, além dos pés descalços e os cabelos molhados.

— Está tudo bem? Aconteceu algo? – perguntou ele, preocupado e levemente envergonhado.

Tom nunca havia visto Ilka usando trajes tão íntimos e que expunham tanto de seu corpo.

— Não, eu só estava pensando... Se importa se eu dormir aqui essa noite? – Ilka se pronunciou, dando um passo para mais próximo de Riddle, e passando a mão em seu peito.

— Você quer trocar de quarto? – indagou, sem segundas intenções, e sem entender o verdadeiro objetivo da garota.

— Não, Tom, eu quero dormir com você.

Ilka então adentrou o quarto de vez, fechando a porta atrás de si e jogando-se contra o garoto, com um beijo caloroso.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I M P E R I U S" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.