I M P E R I U S escrita por T in Neverland


Capítulo 2
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Notas iniciais do capítulo

Capítulo revisado e atualizado em 07/07/2021



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Share - Capítulo II

Naquela noite, Ilka sonhou com seu pai. Eram relativamente próximos e era estranho saber que não poderia se comunicar com ele por um tempo, e é claro, nem poderia mais o ver com tanta frequência como antes. 

Mesmo depois de ter acordado, continuou deitada em sua cama, olhando o tempo cinzento e nublado pela janela, com preguiça de levantar-se.

A porta do quarto foi aberta com um estrondo e a jovem Bagshot sentou-se na cama de uma vez, assustada com o barulho. Impediu-se de revirar os olhos quando percebeu Emma Macmillan na porta, parecendo envergonhada pelo alto barulho. Usava um vestido simples de poás, com um casaco de tricô turquesa por cima. Nos pés uma botinha marrom de bico fino e salto baixo. Os cabelos estavam soltos e bem penteados, com a parte da frente presa por uma faixa preta.

— Perdão, eu lhe acordei? – desculpou-se a ruiva.

—Eu já estava acordada, não se preocupe – respondeu Ilka, levantando-se e procurando as roupas que usaria naquele dia em sua mala.

Emma não pode deixar de pensar em como a garota loira, mesmo de cabelos despenteados e camisola amarrotada pela noite de sono, continuava elegante. É como se sua aura transmitisse classe. Ilka apanhou algumas roupas e passou ao lado da Macmillan, em direção à porta.

— Onde fica o banheiro? – perguntou, antes de sair, parando encostada no batente da porta.

— No fim do corredor. É a única porta sem placa de identificação  – explicou.

— Ok, obrigada Macmillan – agradeceu e pôs-se a caminhar pelo corredor.

O banheiro não era menos luxuoso que o restante que já havia visto. A pia era longa, toda feita de mármore negro e abaixo dela havia um largo armário de madeira escura, com todos os produtos de higiene pessoal que ela poderia imaginar, inclusive toalhas limpas. Ao canto havia prateleiras com sabonetes e diversos cremes. Os sanitários estavam encostados em uma parede, com várias cabines privativas de portas escuras, e a banheira ficava centralizada no ambiente, e era de uma porcelana escura, parecia que cada item ali tivesse pensado para combinar. Ao canto havia também algumas duchas, presas às paredes.

Deixando suas roupas em cima da pia, Ilka pegou uma escova de dentes nova no armário. Catou sua varinha, que estava escondida no meio da muda de roupas e tratou de escrever seu nome na escova nova, para que não se misturasse com a das outras estudantes. Escovou seus dentes e tomou seu banho nas duchas, como de costume. Logo que saiu do banho secou seus cabelos com um feitiço, modelando-os do jeito que sempre usava: com leves cachos em seu comprimento.

Escolheu usar naquele dia uma meia preta mais grossa que a do dia anterior, junto dos mesmos sapatos, além de uma saia cinza de cintura alta, que lhe alcançava os joelhos. Na parte superior, nada mais que uma blusa vermelha de gola-alta que ornava com seu sobretudo bege de botões dourados. Encaixou em sua cabeça sua diadema de veludo e borrifou seu perfume favorito algumas vezes antes de sair do banheiro.

Emma esperava sentada no salão comunal, para irem tomar café da manhã juntas. 

Depois de alguns corredores e lances de escada, Ilka e Emma chegaram ao Salão Principal, que era onde aconteciam as refeições.

Quatro longas mesas eram dispostas no grande salão, sendo uma para cada casa. Os professores possuíam sua própria mesa, ao fundo do salão em frente a uma grande janela. Guirlandas enfeitavam as paredes e doze grandes pinheiros decorados para o Natal estavam espalhados pelo salão. Poucos alunos estavam ali, a maioria havia optado por passar o Natal com a sua família. 

Na mesa de Sonserina estavam sentados apenas Tom Riddle e uma garota mais nova, bastante afastados.

Ilka tomou a frente e caminhou até a metade da mesa, onde sentou-se em um espaço vazio do banco, em frente a Riddle, que parecia entretido lendo um livro. O barulho de seus sapatos contra o assoalho de madeira era alto, e a garota gostava. 

Chamava a atenção dos poucos presentes ali no salão.

Emma tomou o lugar do lado direito de Ilka e parecia envergonhada por estar sentando-se perto do garoto. Riddle logo percebeu as garotas à sua frente e levantou o olhar, abrindo um sorriso galante.

— Bom dia, Ilka. Bom dia, Macmillan – cumprimentou-as, fechando o seu livro.

— Bom dia Tom, como passou a noite? – a loira respondeu.

Ilka serviu-se de um bocado de chá de camomila e observou Emma encará-la boquiaberta.

— Tranquilo, foi uma ótima noite – sua voz pareceu baixar um tom e Riddle abaixou a cabeça para responder, movimento que não passou despercebido pela Bagshot - Nosso passeio para Hogsmeade ainda está de pé hoje, Ilka? – questionou o garoto, voltando a levantar a cabeça para encará-la.

— Claro!

— Ótimo, te encontro na sala comunal às seis. Agora com licença, tenho horário marcado com o professor Slughorn – despediu-se e se retirou, levando o seu livro nas mãos.

Ilka serviu-se de uma fatia de torta de abóbora enquanto observava o garoto caminhar para fora do salão.

— Ilka? Tom? O que diabos eu acabei de presenciar? – perguntou Macmillan, com os olhos levemente arregalados.

— Nos conhecemos ontem e ele me pareceu amigável, foi recíproco, por isso não vimos motivos para formalidades. Também pode me chamar de Ilka se quiser, Macmillan.

— Então pela lógica você deveria me chamar de Emma.

— Eu gosto do seu sobrenome, Macmillan soa bem. É um nome bonito.

— Ok. Então... Hogsmeade? Com ou sem segundas intenções? – Emma desviou o assunto.

— Ainda não sei. Tom me parece ser bastante inteligente, e é bonito também, não dá para negar. Mas eu não sou tão simples, relacionamentos nunca funcionam para mim. Deve ser porque eu os considero banais – respondeu, dando de ombros.

— Mas você não pensa em casar-se? Conseguir um marido com bom emprego e ter filhos, sabe...

— Eu acredito que tenha coisas mais importantes para fazer. Quero ser a melhor em tudo que eu puder, e ser reconhecida por isso. Não penso em me casar, penso em ser poderosa e temida. A melhor bruxa que já pisou nessa escola, me entende Emma? Um dia eu vou saber poções que ninguém mais sabe, e feitiços que a maioria teme. Serei grandiosa e nada mais. Não precisarei de um marido que trabalhe para me sustentar, eu terei seguidores e eles me temerão a ponto de me sustentar.

Ilka terminou de explicar e seus olhos brilharam com uma cor dourada. Emma estava espantada, não sabia se temia ou admirava os planos da colega. Ilka Bagshot era de fato ambiciosa e por isso não restava dúvidas a Emma do motivo para ela estar na Sonserina.

O dia passou devagar. Ilka passou a maior parte dele na biblioteca, estudando alguns feitiços utilizáveis em duelos, preencheu quase cinquenta centímetros de pergaminho com suas anotações e resumos. Declarou-se satisfeita com seu desempenho nos estudos.

Já eram quase cinco horas quando resolveu voltar para as masmorras, na intenção de um banho. Notou assim que entrou no quarto que haviam três malas que não estavam ali antes, provavelmente suas outras colegas haviam chegado. Não fez questão de perder muito tempo ali e logo foi tomar seu banho e arrumar-se para o passeio com Riddle.

Após o seu banho realinhou os cachos de seu cabelo com um feitiço simples. Calçou uma meia três quartos preta levemente transparente, junto com um par de scarpins pretos bem lustrados. O vestido que escolheu era também preto e reto, o único detalhe que possuía era a gola estilo peter pan de cor branca, a peça era comportada e mostrava apenas três dedos da pele de sua perna que não era coberta pela meia. Estava frio, devido a isso escolheu usar o seu clássico casaco vermelho.

Algumas borrifadas de seu perfume favorito e um batom levemente avermelhado foram os últimos toques para que Ilka se entendesse satisfeita com sua aparência. Deixou as roupas que estava usando anteriormente sobre a sua cama e desceu para a sala comunal, onde encontrou Tom Riddle sentando em uma das poltronas de couro, com uma edição de livro de bolso em mãos.

Este usava uma camisa e calças sociais, ambas de cor preta. O cinto parecia ter sido pensado para combinar com os sapatos e os cabelos estavam perfeitamente alinhados, como sempre. Não demorou para que ele percebesse a aproximação da garota e levantasse o seu olhar para ela.

— Não tive a oportunidade de lhe dizer ontem, mas vermelho fica bem em você – pronunciou-se Riddle, levantando-se e oferecendo o braço para a jovem.

— Eu sei, é por isso que estou sempre de vermelho. Você também fica bem usando cores escuras – respondeu audaciosamente Ilka, aceitando o braço do garoto, entrelaçando-os para caminharem juntos.

— Preciso admitir que não era essa resposta que eu esperava, quando faço um comentário assim é com a intenção de ver as garotas corando e ficando sem-graça. Mas obrigado pelo elogio mesmo assim.

— Eu não sou como as outras garotas com quem você convive, Riddle. Eu sou melhor, e respondo a altura, entenda.

— Eu nunca pedi para que fosse como as outras garotas, Ilka.

— Ótimo, pois eu não sou – retrucou, com a sobrancelha arqueada em uma clara expressão de desafio.

Tom reparou que naquele momento um brilho dourado tomou conta dos olhos da garota e aquilo intrigou-o. Mudanças repentinas assim na aparência só possuíam duas respostas, e a possibilidade de qualquer uma das duas o interessou bastante. 

Ilka Bagshot era de fato uma garota que lhe prendia a atenção.

Tom e Ilka dividiram a carruagem que levava ao vilarejo bruxo com outros dois alunos da Corvinal. Hogsmeade era uma vila bonita, na opinião de Ilka. Bastante rústica, o que a tornava clichê, porém a neve presente nessa época do ano embelezava o lugar.

— Na Hungria ou na Noruega tinha cerveja amanteigada? – perguntou Tom e Ilka franze o cenho.

— Não. É uma bebida?

— É sim uma bebida, e é bem tradicional por aqui. Costumamos beber quente nessa época do ano, alguns preferem com gengibre para aquecer ainda mais. Vem, vou te pagar uma – explicou ele, guiando-a em direção de uma construção.

Era um edifício grande em comparação com os outros da rua, uma placa velha em cima da grande porta de madeira identifica o lugar como “três vassouras”. Ao entrarem, Ilka se sentiu confortável. O lugar possuía uma aura aconchegante e uma enorme lareira mantinha o ambiente agradavelmente aquecido. Tom se sentou em uma mesa vazia razoavelmente próxima ao bar e já pediu as tais cervejas amanteigadas para a atendente.

Ilka se sentou à sua frente e analisou o pessoal ali presente. A maioria eram estudantes de Hogwarts. E a postura da atendente lhe incomodou pelo fato dela parecer amigável demais com a sua companhia da noite.

— Então Ilka, o que lhe fez vir parar logo em Hogwarts? – Riddle começou a puxar assunto com a garota.

— Eu morava com meu pai na Hungria, por isso estudava em Durmstrang, porém ele acabou tendo de se mudar para os Estados Unidos. Não gostei da ideia de estudar em Ilvermorny, por isso optei por morar com minha tia e estudar em Hogwarts. Minha tia mora em Godric’s Hollow, então a estação King’s Cross fica bem acessível para nós.

— Mas você não poderia ter continuado em Durmstrang?

— Até poderia, mas o que Durmstrang podia me oferecer de bom eu já peguei. Sem mencionar que eu era muito julgada pelo meu nome.

— Bagshot não é um nome ruim – Tom tentou entender e logo a atendente chegou com as bebidas. O garoto agradeceu com um sussurro e voltou a prestar atenção na jovem à sua frente.

— Esse é o nome da minha tia. Meu pai tem outro sobrenome, um com o peso muito maior, preferi adotar o sobrenome de minha tia em Hogwarts para que não ocorresse o mesmo tipo de julgado que ocorria em Durmstrang.

— Não vou mentir, você me interessa mais do que devia, Ilka. Qual é o seu sobrenome?

— Por que eu lhe diria? Você não entende o peso de um nome, inclusive tem um sobrenome trouxa – comentou acidamente, enquanto experimentava da bebida a sua frente.

— Você me ofende falando dessa maneira, mas vou lhe dar um voto de confiança. Meu pai era trouxa sim, mas minha mãe era uma Gaunt.

— Deve ser triste para você não ter herdado o nome de sua mãe então. Não havia histórias sobre os Gaunt serem herdeiros de Salazar?

— Sim, e eu acredito que as histórias sejam reais. Confiei em você para contar minhas origens, agora é sua vez.

— Meu nome é Ilka Orsolya Grindelwald, sou a primeira e única filha de Gellert Grindelwald e Orsolya Kocsis. Satisfeito?

— Gellert Grindelwald, o bruxo foragido? Pensei que você soubesse onde seu pai estava.

— O ministério não sabe, mas eu não sou o ministério, sou filha dele.

— E não te interrogaram sobre ele?

— Eu sempre fui uma aluna exemplar, tanto em comportamento quanto em notas. A pobre Ilka não tem culpa pelos atos de seu pai, ela inclusive os abomina — imitou o diretor de sua antiga escola – Sou ótima com segredos – afirmou, marotamente para Tom.

— Não me arrependo nem um pouco de ter lhe convidado para sair, Grindelwald — comentou, pronunciando o sobrenome da loira como se o analisasse – Tenho outra pergunta que pode ser invasiva.

— Faça.

— Mais cedo percebi seus olhos mudando de cor, é uma metamorfomaga? – perguntou sem mais delongas.

— Não – respondeu-o com um sorriso divertido, esperando que ele completasse sua resposta.

— Então você realmente está seguindo os passos de seu pai. Isso é ótimo, eu não poderia pedir a Merlin por uma companhia melhor.

— Não te assusta a possibilidade de eu ser parecida com meu pai? Ou melhor, não te assusta a possibilidade de ele ser meu pai – indagou com a sobrancelha arqueada.

— Na verdade, me empolga a possibilidade de ele ser seu pai e você ser parecida com ele. Sinto que seremos ótimos amigos, Ilka.

— Sinto que seremos mais que amigos, Tom – piscou com malícia e Tom riu pela atitude da garota.

 


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Notas finais do capítulo

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