Miríade escrita por Melry Oliver


Capítulo 16
16. Prioridades




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/771245/chapter/16

Nós tínhamos duas opções para escolher, a primeira seria eu não ir à aula pela manhã, e usaríamos o tempo disponível para ficarmos com o meu pai. Ethan se propôs a faltar à escola, pois a tarde seria melhor e emendaríamos com a noite, diante dos inúmeros argumentos dele, Sarah a contragosto aceitou.

Assim que eu cheguei à High School me deparei com Aprille e Ian abraçados a todos os sorrisos, ela gesticulou os dedos numa clara expressão que me contaria tudo depois, eu já imaginava o que seria...

Ao virar o rosto levei um baita susto ao ver Lewis muito perto, ele invadia o meu espaço, delicadamente eu dei um passo para trás.

— Você me assustou Lewis. Levei a mão ao coração.

Ele ficou desconcertado me olhou meio tímido e sorriu.

— Desculpe.

Não teria sido proposital, foi apenas falta de atenção da minha parte.

— Já passou. Sorri sem graça.

Lewis permaneceu ao meu lado.

— Então o que vai fazer hoje? Enfiou as mãos no bolso.

— Vou passar o dia com o meu pai.

— Seu pai não mora na Irlanda?

Expliquei que Stephen estava na cidade.

— Eu iria convidá-la para sairmos. Eu evito olhá-lo no rosto.

 Ah! Eu tinha demorado em perceber que Lewis se interessou por mim, eu o achava tão meu amigo que não distinguia a sua amizade do sentimento amoroso.

Nunca aconteceria algo entre nós, ao seu lado eu não sentia aquele turbilhão de emoções que outra pessoa me fazia sentir sem se quer me tocar.

Mordi os lábios incerteza.

Se eu tivesse me atentado a isso antes eu nunca teria aceitado seu convite, e isso teria me poupado de me sentir meio culpada.

Continuei em silêncio.

 O que eu poderia dizer? Fica pra próxima? Não nessa vida.

Fica quieta Destinee.

Desviei a atenção e avistei aquela garota, qual era o nome dela mesmo?

Sunny? Summer?

Observavam-nos na curva da marquise, os olhos pequenos revelavam irritação com pitadas de curiosidade.

Eu só queria entender qual era o problema dela comigo.

— Lewis você conhece alguma Sunny ou Summer? Eu não lembrava o nome dela.

Ele me olhou perdido, talvez pela minha pergunta repentina.

— Tem uma Sunny na turma de Espanhol e uma Summer na aula de Cálculo.

Ah! Não complica Lewis.

— Essa garota que eu estou falando tem os cabelos escuros e sempre a vejo sozinha. – Detalhei.

— Ah você deve estar falando da Amber Sanders.

Isso!

— Eu a conheço. – Fez uma careta. — Mas porque pergunta?

— Hm... Pensei se contava a verdade e escolho seguir por esse caminho. — Por curiosidade já que ela estava agora a pouco nos olhando fixamente.

Ele olhou em volta procurando.

Graças a Deus a garota já tinha dado no pé, seria vergonhoso vê-la notar que eu tinha acabado de falar sobre ela com o Lewis. Diante da sua falta de disfarce, na primeira oportunidade que apareceu eu aproveito para escapulir para a sala de aula.

Entre uma aula e outra eu me escondia do Lewis, sem ainda acreditar no tiro no pé que eu havia me dado. Os problemas pareciam me perseguir! Por mais fofo, bonito e gentil que ele fosse. Não ocorreu aquele lance de convergência de interesses entre nós.

Aprille estava radiante ao aparecer no refeitório com Ian ambos envolvidos em sua própria bolha do amor. Eu não iria interromper o momento deles. Lewis finalmente me localiza na nossa aula em comum, e por mais estranho que pareça o clima não ficou estranho. Assim que a sirene soou corri para fora da escola, Stephen levaria Ethan e eu para almoçarmos em um restaurante.

Eu sabia que Ethan estava sentado no banco da frente, então seguir para a porta traseira, assim que me sentei, ele falou. — Pose para a foto. – Ele segurava o celular.

Acheguei-me para ficar entre os dois bancos.

O flash não estava ligado.

— Mais uma para o Instagram. Comentou Ethan.

Joguei o corpo para trás, na rua repleta de casacos azuis, eu sentir os pneus do automóvel ganhar movimento. — Onde os meus filhos querem comer?

Papai não conhecia Melbourne.

—Qualquer lugar está ótimo pra mim.

Ethan parou de mexer no celular.

—O Universal Restaurant me parece uma boa opção.

— Nada que um GPS não resolva.

Ele mexeu em alguns botões para o endereço destinado.

—Esse é o espírito.

As mesas disponíveis na calçada atraíram o meu pai, um prato de frango à parmegiana me encheu a boca, Ethan tagarelava sobre a rotina escolar e suas notas excelentes, meu pai ouvia cada palavra com demasiada atenção, não havia dúvidas que o garoto era um pequeno gênio.

Passar algum tempo de qualidade com meu pai trazia uma sensação de satisfação pessoal, era como se o tempo em que nós passávamos distantes fossem lacunas que se preencheram com a sua presença paterna.

Na véspera da sua partida, Audrey não foi ao trabalho, minha mãe contou que ela teve um pequeno problema pessoal, e aquela impressão maluca que ela estava intimidada pelo meu pai voltou outra vez.

Como parte da sua psicologia reversa Stephen tentou arrancar de mim, informações pessoais constrangedoras. Mesmo nervosa e deslocada eu ria de suas tentativas em me demover da escolha de não lhe contar nada comprometedor.

De olhinhos pequenos de aspecto de raposa ele se pronunciou.

— Ok bonequinha, você venceu. Fez bico. — Mas se precisar do seu pai não hesite em me procurar.

Eu confiava nele, mas em relação aos meus sentimentos eu não era uma pessoa que gostava de conversar sobre eles.

Foi apenas dois dias que se passaram numa velocidade incrível, o tráfego de pessoas estava lento quando a minha mãe nos levou até o aeroporto, foi uma despedida triste de abraço reconfortante, ao ponto de eu segurar as lágrimas, e sentir um aperto no peito.

Voltamos à rotina familiar de deveres, responsabilidades e lazer, não houve nenhum indício de que ele ao menos tentou me procurar, até conferir a secretária eletrônica, mas não tinha nada. Aquele papo na praia provavelmente tenha sido apenas uma distração que no fim resultou em um beijo.

Por que raios eu fui beijá-lo?

Alheia ao meu estado reflexivo, Aprille me contava o que tinha acontecido com ela.

—... Então ele apareceu na minha porta me pedindo perdão.

Sorri sincera.

— Fico feliz pela conciliação, apesar de ter certeza que o desentendimento não duraria muito tempo.

— É. Você falou mesmo e as suas palavras me animaram. Sorriu agradecida, porém, os seus olhos ficaram pequenos.

— Alguma coisa a incomoda?

Ela não estava alheia como eu pensava.

— Ah... Eu estou bem.

Mas uma análise comportamental vinda da sua parte.

—Você me considera sua amiga?

Aprille não se tornou uma amiga, ela havia se tornado a minha melhor amiga.

— Você é a minha melhor amiga. Verbalizei o pensamento.

Ela tocou na minha mão.

— Você está diferente mais distraída, você está gostando de alguém e não quer me contar?

Foi impressão minha ou ela olhou para Lewis e Kayden que conversavam a alguns metros de nós?

— Aprille eu não...

Ela suspirou triste, me sentir mal ao tentar enganá-la.

Ela sabia que eu estava mentindo.

Tentei recomeçar.

— Me desculpe, é que... Eu tenho dificuldade em falar sobre os meus sentimentos...

Olhos surpresos.

— Você gosta de alguém!

— Fala baixo. – Pedi ao olhar em volta.

Ela tampou a própria boca.

— Me desculpe foi à surpresa em saber disso. Falou minutos depois.

— E então quem é o felizardo? Eu o conheço?

Aprille olhou outra vez em direção aos garotos.

— Depende do seu conceito de conhecer.

Não entendeu mesmo.

—Como assim?

— Conhecer por já ter o visto ou por falar com ele?

— Não me enrola Destinee.

A Sirene tocou, porém Aprille me puxou para uma área vazia.

— Estou esperando.

— Não é nada do que você está pensando Aprill...

— Tudo bem, mas eu quero saber o que está acontecendo.

Respire Destinee e conte a sua amiga.

Mas como poderia dizer algo tão irreal?

Fechei os olhos e disse de uma vez.

— Eu conheci o Michael Campion.

Silêncio.

Abri um olho para avaliar a situação.

Estática era a  definição de Aprille Payne. A garota estava chocada.

— Você está me dizendo que conheceu o meu Michael? Falou devagar.

Ela pareceu uma versão adolescente da sua irmã Megan.

Assenti com a cabeça.

— Eu não acredito nisso! Como não pôde me contar antes?

Pedi mais uma vez para ela não gritar.

— E então o que rolou entre vocês?

Já que decidi contar a ela, falei a história do aeroporto na chegada, do reencontro na praia e no beijo dado.

— Não brinca!

— Você conseguiu a proeza de dar umas pegas no meu Michael?

Aprille conseguiu a façanha de me fazer sentir vergonha.

— Deixa o Ian escutar você chamando o Campion de “Meu Michael”. Usei suas palavras.

— É completamente diferente senhorita. Eu gosto do trabalho público e espetacular que ele faz e não da sua figura amorosa como algumas moças difíceis parecem se atrair.

1×0 pra ela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Miríade" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.