Good Morning Call - BBRAE escrita por Buttercup


Capítulo 8
Não Vou Te Abandonar




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POV Rachel

A sorte foi que a chuva tinha dado uma trégua na hora em que saímos no apartamento. Assim que chegamos na escola, ela começou novamente. E estava tão frio que eu sentia calafrios o tempo todo.

— Amiga Rachel, que bom que chegou! - Era Kory, abrindo um largo sorriso como de costume.

Não deixei de sorrir de volta.

— O que está acontecendo? Estava me esperando?

— Estava sim! Achei que você não viria hoje! Provavelmente, o trabalho será em duplas e eu gostaria de ir com você! - Falou ela, toda empolgada.

— Eu agradeço por você estar tão empolgada em me ver. - Dei um pequeno sorriso. - Mas é melhor você ir com o Dick.

O rosto dela ficou da cor do cabelo ruivo.

— P-Por que?

— Não é óbvio? Vocês se gostam. - Eu falei, como se já não fosse óbvio. - É uma chance de ficarem sozinhos.

— M-mas e você? Eu quero ir com você também!

— Eu me viro, não se preocupe. - Falei, despreocupada.

— Se o Gar estudasse conosco, você podia ir com ele.

Revirei os olhos, para não demonstrar minha surpresa por Kory ter tocado no nome dele.

— Ainda bem que ele não estuda conosco.

— Ele é bem legal, amiga. Só é mulherengo. - Kory disse.

— Não suporto a cara dele.

— Não gosta dele nem um tiquinho assim?

— Nem.

— Um grãozinho de areia?

— Nada. Meus sentimentos são nulos. Eu o desprezo e ele também me despreza.

— Que horror! - Exclamou ela. - Deve ser a primeira garota de quem ele não gosta.

Arqueei uma sobrancelha.

— Eu acho que essa provocação entre vocês, esse ódio todo... É amor escondido! - Ela disse, sorrindo de orelha a orelha. - Eu shippo demais!

— Que nada. - Falei, dando de ombros, disfarçando a coloração avermelhada de minhas maçãs do rosto.

— Eu acho que vocês combinam e são fofos! - Kory continuou e eu notei os garotos juntos com Garfield passando por ali. Não podiam ouvir.

— Nada a ver, Kory. Olha só o Dick ali! - Mudei o assunto.

O rosto dela se iluminou.

— S-Sério? Ah, não... - Ela virou-se pro outro lado, ajeitando o cabelo e pensando em como estaria fisicamente.

Eu ri da ação dela. Será que quando gostamos de alguém agimos assim?

POV Garfield

Eu não estava com a mínima vontade de ter aula, como sempre. A sorte é que tenho amigos. Victor e Dick foram me encontrar e agora estamos colocando o papo em dia.

Avistei a Rachel com a Kory e queria dar oi, porém a Rachel estava me olhando com uma cara esquisita, até assustada. Achei melhor deixar como estava.

A aula passou devagar, como sempre. Ainda mais que eu era o mais novo dos meus amigos e estava um ano para trás. Fiquei rabiscando o caderno e fiz o esboço de um rosto. Era exatamente o formato de rosto da Quel. Por que eu estava fazendo aquilo do nada? Apaguei rapidamente, como se tivesse sido pego por ter feito algo ilegal.

Por que estou pensando tanto nela?

POV Rachel

A aula não foi tão ruim. Hoje teve trabalho de história. Claro que deixei a Kory e o Dick irem juntos, afinal, sei que no fundo era o que eles queriam. Fiquei feliz por ter feito isso por eles.

Eu fui com o Victor e a nossa parte da apresentação era a primeira. Mas eu nem me importei.

Na saída da aula, ainda estava chovendo, para minha alegria (só que não). Vi Garfield e os garotos atrás de mim.

— E aí, Rachel. - Dick disse, acenando.

— Olá, meninos. - Respondi.

— Quer ajuda? - Garfield perguntou e me surpreendeu.

— Com o que?

— Você vai se molhar toda, sem guarda-chuva. - Vi Garfield roçar a nuca, desviando o olhar de mim. Eu nunca o vi daquele jeito.

Eu senti minhas bochechas esquentarem, por conta deste ato.

— N-não se preocupe. Vou ficar bem. - Respondi, tirando uma mecha de cabelo dos olhos, mas também não o olhava nos olhos.

Que tipo de situação é essa? Nunca fiquei nervosa perto dele. Por que isso está acontecendo?

Me lembrou a Kory com o Dick e... AH NÃO! MIL VEZES NÃO!!! Eu não gosto dessa peste!!

— Eu tenho um guarda-chuva grande o bastante. Venha comigo. - Ele se aproximou de mim, tocando meu ombro e eu senti as pernas fraquejarem, por conta do pensamento anterior.

— NÃO!! - No impulso, eu gritei e saí correndo, desesperada.

Garfield ficou sem entender nada, muito menos Victor e Dick.

POV Garfield

Quando eu sou mala, ela reclama. Quando sou gentil, também reclama. Pô, qual o problema dela? Eu não a entendo.

— O que será que deu nela? - Victor perguntou, tão confuso quanto eu.

— Sei lá. Ela é estranha. - Eu disse, encolhendo os ombros.

— Ela parecia assustada. Acho que aconteceu alguma coisa com ela e ela não quis ser rude. Você que interpretou mal. - Dick disse, sempre vendo o outro lado da coisa.

— Isso mesmo! Eu não consigo entendê-la! Não sei o que se passa na cabeça dela! - Fale, me fazendo de vítima.

— Não sabe se ela está com problemas ou algo do gênero? - Vic perguntou.

— Por que eu saberia? Não moro com ela.

Ahh, por que eu falei isso??

— Falando em morar, eu e Dick podíamos ir qualquer hora na sua casa nova, né?

Engoli em seco. O que eu faria se eles descobrissem a verdade?

— É, algum dia. - Disse. - Bom, vou indo. Até mais.

Me despedi deles e corri atrás da Rachel, com o guarda-chuva, porém estava me molhando. Eu a vi parada para atravessar a rua.

POV Rachel

Corri o máximo que pude para fugir dele. Mas eu não deveria fugir, então por que estou com tanto medo? Eu não quero mais olhar para ele. Eu estou sendo covarde, coisa que nunca fui. Estou fugindo de mim mesma.

Minha respiração estava ofegante e eu estava ensopada. A chuva gelada entrava em choque com minha pele quente. Antes de eu atravessar a rua, alguém segurou meu braço com força. Olhei para trás e era o Garfield.

— Garfield? - Deixei escapar.

— Por que está fugindo? - Ele disparou, me deixando mais nervosa. - Ou melhor, de quem está fugindo?

Deu vontade de dizer "de você" mas isso não faria sentido algum.

— Não sei... Não sei o que aconteceu comigo, me perdoe.

— Olha, se não queria ajuda, era só ter dito... Não precisava sair correndo.

Eu senti lágrimas se formando em meus olhos e comecei a me sentir pior ainda.

— Não sei o que houve comigo. - Eu disse, segurando as lágrimas, com força. - Eu sinto muito e agradeço por querer me ajudar.

— Ei, o que está havendo com você? - Ele parecia preocupado.

— Não sei! E é isso que me dá medo! - Falei, parecendo desesperada, como uma criança que se perdeu da mãe.

O olhar dele estava cabisbaixo e acho que ele estava tentando entender que eu estava sofrendo, de alguma forma. Eu não sei o que estava acontecendo e o porquê de ter saído daquele jeito.

— Sua boba. Fiquei preocupado com você.

Assim que ele disse essas palavras, eu deixei as lágrimas rolarem. Que boba eu fui. Mas por que eu choraria por causa disso? Eu não sabia, mas estava me sentindo péssima.

— Desculpa. Não vai se repetir, eu espero. - Funguei um pouco. - Não me abandone por causa disso.

Assim que eu disse isso, ele envolveu seus braços nos meus, formando um abraço. Eu estava perto da nuca dele, onde eu podia facilmente sentir o perfume forte dele que ficava por toda a casa. Ele nunca ficou tão perto assim de mim, a não ser aquela vez do "quase beijo". Eu comecei a ficar com muito calor e meu coração começou a se agitar, mas de um jeito bom. Abraços são realmente reconfortantes.

— Não vou te abandonar, não se preocupe. - Ele disse, docilmente.

— Por que?

— Eu não sei, mas não vou.

Eu sorri, ainda o abraçando, na chuva mesmo e fechei os olhos. Sentia que essas palavras eram meu porto seguro, mas eu espero que ele não esteja me enganando. Por que eu acreditaria naquele cidadão? Talvez eu estivesse apenas carente, precisando de conforto e palavras. Não sei bem. Mas não queria ser abandonada. E se ele disse que não o faria, eu vou acreditar. Também não querer mais abandoná-lo.

— Eu também não. - Dito isso, eu intensifiquei o abraço, sentindo o calor de nossos corpos parecendo emanar uma energia boa em nosso entorno.

A chuva era fria, mas eu estava com calor. E eu não sabia que essa sensação era tão boa.

Aquele momento pareceu durar séculos - melhor século da minha vida (se é que já vivi um).


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