POV Rachel

Ao deitar em minha cama, ela nunca pareceu tão boa. Eu não teria que olhar para ninguém, muito menos para Garfield, que era quem eu menos queria ver.

Aninhei-me em minhas cobertas, só deixando a cabeça de fora. Um flashback de hoje passou rapidamente na minha cabeça num piscar de olhos. Eu senti as bochechas esquentaram ao pensar que quase beijei alguém - e esse alguém era o Garfield.

Mas por que eu ficaria vermelha? Nem ao menos suporto esse cara!

Logo fui pegando no sono, desviando minha atenção para coisas chatas, como matemática, física quântica e quando percebi, estava sonhando.

Meu sonho começou num bosque florido cheio de vida e cores. Eu estava sentada debaixo de uma maciera, lendo algum livro como de costume, até que escuto o trotar de um cavalo.

Olho para os lados e não vejo ninguém. Resolvo voltar à leitura. Mas o barulho volta mais forte e eu fui obrigada a fechar o livro e a procurar de onde vinha aquele som.

A medida que eu ia andando, o som ficava mais alto. Até que eu avistei alguém montado em um cavalo. Não dava de ver quem era, o rosto estava borrado. Ele parou, desceu do cavalo e me reverenciou.

— Saudações. - Falou o cavaleiro. - Permita-me dizer, mas você é muito bonita, madame.

Ele ajoelhou-se, pegando na minha mão e beijando-a, fazendo-me corar instantaneamente.

— O-Obrigada... - Assenti com a cabeça, com dúvidas. - Quem é você?

— Eu sou seu cavaleiro, Milady. - Ele disse isso e rapidamente, minhas roupas mudaram. Eu estava com um maravilhoso vestido do século passado, com o cabelo ondulado que combinavam muito com as roupas do tal cavaleiro.

— E qual é seu nome? - Perguntei, curiosa.

Ele apenas sorriu.

— Seu coração sabe a resposta. Pergunte a ele.

Fiquei muito confusa na hora. "Como assim, perguntar ao meu coração?"

Cheguei a conclusão que era um sonho supérfluo, sem significado algum. Eu leio muitos livros de fantasia e devo ter sonhado com isso, pronto. Mas parecia ter algo mais nisso.

O que perguntar ao coração quer dizer? Como ele saberia a resposta? Falar com o coração é mais difícil do que se parece... Aquela pergunta ficou ecoando na minha cabeça, mesmo eu tendo acordado no meio da noite, sem ele me dizer quem era.

Porém aquele sorriso e aquela voz eram familiares. Fiquei horrorizada com meus próprios pensamentos. Por que eu sonharia logo com ele? Que pesadelo...

POV Garfield

Depois de tudo o que aconteceu comigo e a Rachel, eu fui me aconchegar na cama. Desta vez, estava com roupa de pijama e não apenas com a calça, como de costume. Hoje estava frio.

Mil e um pensamentos estavam transitando em minha mente e mil vozes falavam ao mesmo tempo, me causando desespero. Eu estava no silêncio - com mil coisas falando ao mesmo tempo. Olhando para o nada e pensando em tudo.

Após um longo tempo tentando pregar o olho, eu consegui dormir (acho que de tanto esforço). No sonho, eu estava sentando na grama, observando as nuvens, cada uma com um formato. Foi quando uma silhueta apareceu. Era uma garota, já dava de ver de longe. Aonde quer que ela passasse, todo mundo caía, até as mulheres e crianças. Eu comecei a me assustar vendo aquela cena. Achei que não era nada de mais. Mas o engraçado é que ela parou na minha frente. Só pude ver o (bonito) sorriso dela... Eu estava assustado, mas meu coração estava disparado.

— Logan... Seu idiota. - Disse a garota, dando risada da minha cara.

Acho que conheço alguém que me chama assim.

— R-Rachel?! - Dei um berro e ela riu mais.

Ela começou a se afastar, até que sumiu. Eu chamei ela mais algumas vezes, porém eu estava sozinho. Havia várias garotas ao meu redor, mas Rachel era a única que conseguia se aproximar de mim. Todas as outras pareciam bater numa espécie de parede invisível e impenetrável.

Acordei assustado e notei meu coração querendo sair do peito.

— Que pesadelo... - Eu disse, arfando um pouco.

Levantei para tomar água. Talvez me acalme um pouco.

POV Rachel

Vou aproveitar que acordei e vou tomar água. Para minha surpresa, o Logan estava ali também. Ótimo. Eu não queria vê-lo tão cedo!

— Rachel?

— Ah, você também está aí? - Fingi não ter visto ele ali antes.

— Perdeu o sono também? - Perguntou ele, tomando água.

Assenti com a cabeça, pegando um pouco de água para mim.

— Tive um pesadelo.

— Engraçado. Também tive um.

"Não, ele não pode ter tido o mesmo sonho que eu." - Pensei comigo mesma. Parecia brincadeira.

— Melhor voltarmos...

— Espera, Rachel...

Me virei e ele me imobilizou pelos ombros, olhando fixamente nos meus olhos, que refletiam o rosto dele e também a lâmpada da cozinha.

— O- o que você quer? - Estava torcendo para minha voz não sair fraca.

— Eu apenas quis ver... seus olhos.

"HEIN?"

— O que?

— Esquece... Não é nada... - Ele disse, me soltando e corando muito.

Eu, hein? Nessa hora, achei que ele ia tentar algo e meu coração deu um salto.

POV Garfield

Depois daquele sonho, uma vontade inexplicável de ter a misteriosa Rachel do meu lado se instalou em mim, insistindo em ficar, como se não precisasse mais de nenhuma garota, apenas dela. Era tão estranho, por que isso está acontecendo?

— Ah, Garfield... - Ela me chamou e eu virei.

— O que foi?

— Essa deve ser seu recorde de não me chamar daquele apelido esquisito por mais tempo.

Eu sorri de canto.

— Quer que eu chame, é?

— Não, valeu. Prefiro que me chame pelo nome mesmo. - Ela disse, revirando os olhos.

Eu sorri.

— Tá bom. Rachel Roth. Boa noite. - Pisquei para ela, que deu um pequeno sorriso tímido.

— Boa noite, Garfield Logan. Vê se não molha a cama.

— Eu não! - Soltei uma risada estrondosa e aí lembrei que estávamos em um prédio. - Cuidado você também, princesa.

Eu vi o rosto dela ficar vermelho. Será que eu falei algo errado?

POV Rachel

Tudo menos "princesa"! Me faz lembrar do sonho... E não, não sou princesa coisa nenhuma! Ah, eu preciso de uma boa noite de sonho. Não vou retrucá-lo, senão sim que ele não para!

Cada um foi para seu quarto. Só acordei na manhã seguinte.

Estava chuvoso, o que significa que precisarei ir de guarda-chuva.

— Bom dia. - Disse Garfield, coçando os olhos com sono.

— Bom dia. Olha só, precisaremos ir para a aula com guarda-chuva.

— É... Se eu tivesse um carro e soubesse dirigir, eu levaria a gente. Mas ainda preciso aprender.

— Não queria ficar longe de mim? Para não levantar suspeitas? - Perguntei.

— Isso tá chato já. - Ele disse, dando de ombros. - Podemos fazer o que quisermos, né?

— Só não quero fofoca pro nosso lado. - Cruzei os braços.

— Relaxa, eu vou defender nós dois. Os recalcados sempre precisam de um motivo para fofoca. Vou dizer que você é minha parceira no tênis.

— Mas não jogo tênis.

— Quer aprender?

Eu senti um sorriso se formando em meus lábios, o que foi estranho, já que eu não o mandei aparecer.

— Pode ser.

Ele sorriu, parecendo satisfeito.

— Beleza. Sou o melhor professor. - Como sempre, modesto... - Vamos tomar nosso café e vamos para a escola!

Assenti com a cabeça, colocando a água para o café e tirando coisas da geladeira. Ele me ajudou, tirando as canecas e colocando os pires.

Não é que parece que ele tomou um pouco de jeito?