Wintershock escrita por ariiuu


Capítulo 3
Nunca ofereça ajuda a um assassino


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas! Demorei dessa vez, mas encontrei um tempinho hoje, na véspera de natal :D *em recesso no trabalho, motivo obvio...
Dessa vez, a nossa querida e azarada Darcy estará em maus lençóis e o clima ficará... tenso... Vamos desejar sorte a coitada :P
Ignorem os erros até que eu conserte tudo depois.
Divirtam-se!



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Bucky arregalou os olhos em surpresa. Seria possível que aquela garota...

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Sabia sobre sua verdadeira identidade...?

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Darcy não conseguiu decifrar a expressão dele. Era uma mistura de espanto com medo. Não entendia o que estava acontecendo com ele.

Bucky se aproximou e começou a enchê-la de perguntas.

De onde exatamente você me conhece?— Exigiu, deixando a garota ainda mais apreensiva.

— Bem... Eu me lembro de ter lido vários livros sobre a segunda guerra e pesquisado sobre muitos heróis americanos para alguns trabalhos da faculdade. Você se parece com um soldado conhecido, e-

— Onde você conseguiu essas informações!? – Ele a intimou, um tanto alterado e Darcy já se encontrava assustada novamente.

— Acabei de dizer que li em vários livros... Você por acaso é parente de algum soldado que lutou na segunda guerra...?

— Onde eu posso encontrar tudo isso que está me dizendo!? – Ignorando a pergunta dela, ele a indagava um tanto impaciente.

— Na biblioteca do congresso você pode encontrar, mas provavelmente já está fechada. Talvez no Museu Nacional de História tenha algo e-

Bucky a deixou falando sozinha depois de ouvir o que lhe interessava e Darcy não entendeu porque ele nem sequer deixou que ela terminasse de falar.

A garota observou o quanto estava machucado e como a situação dele parecia crítica. Não sabia seu nome, o porquê estava ali e nem por que vários agentes o perseguiram a ponto de tentar mata-lo.

Quem era ele afinal...?

Ela não podia deixa-lo naquela situação. Mesmo parecendo ser uma pessoa extremamente perigosa, ele tinha lhe salvado da última explosão há alguns minutos.

Se ele a salvou, significava que talvez o mesmo estivesse do lado certo?

Aquele misterioso homem ao menos precisava de ajuda com os seus ferimentos e hematomas.

Foi então que a garota correu novamente até ele, mas dessa vez o cercou, ficando frente a frente com o mesmo.

— Você não pode chegar no museu nesse estado! Está sangrando!

Ele lançou um olhar mortífero para ela, de novo...

— Você estava sendo perseguido por agentes da SHIELD, então eles ainda devem estar te procurando! Não é suicídio você sair sozinho nesse estado...!? – A garota contestava.

— Quem é você para me dizer o que fazer...? – Bucky rebatia, totalmente descortês. Quem aquela garota pensava que era e por que falava tão informalmente, de modo tão abreviado? Ele percebeu que a linguagem inglesa estadunidense habitual parecia ter mudado... Será que havia dormido por muitas décadas?

Aliás... Qual era a sua língua nativa...? Ele não conseguia se recordar...

Sua mente processava palavras em vários idiomas... Principalmente em inglês, alemão e russo...

— Eu... Não sou ninguém mais e ninguém menos que uma estudante universitária prestes a se formar, e para a sua informação, salvei sua vida duas vezes, então aceitar a minha ajuda é a coisa mais sábia a se fazer no momento!

Ele ficou em silêncio por poucos segundos, fitando o chão, completamente confuso... Sua mente estava tão perdida, que não conseguia raciocinar direito.

— E por que eu deveria confiar em você...? – Inquiriu de modo receoso. Embora soubesse que ela aparentava ser uma pessoa normal, no lugar errado e na hora errada, aquela reles civil americana não parecia ser digna de sua confiança.

— Por que deveria confiar em mim? Porque... Já sobrevivi a uns... Quatro fins do mundo... Então pela experiência, não seria melhor me deixar te ajudar!? Posso te levar ao Museu e... Você está ferido! Por mais que a cidade esteja um caos, a probabilidade de as farmácias ficarem abertas 24 horas é bem grande...  – A estudante concluiu, convicta de suas sábias palavras recheadas de piadas sem graça e fora de hora, esperando que fosse o bastante para convencê-lo.

Sem perceber, Bucky fez uma cara perplexa, sem ter entendido O que ela quis dizer com “quatro fins do mundo”. Mas como podia? Ele era um espião exímio... Como não podia entender o que aquela reles garota dizia?

Darcy percebeu que ele não entendeu a piada sarcástica e resolveu dar um motivo mais “convincente”.

— Eu conheço a cidade... Isso não é o bastante? – A garota dizia enquanto olhava para a mão humana segurando o abdômen que pingava sangue por baixo do colete. Sabia que também não podia leva-lo para o hospital. Se ele estava sendo procurado pela SHIELD, então o governo também estava atrás dele.

A forma abreviada e repleta de expressões idiomáticas que não entendia era irritante e incômodo... tinha certeza que eram de outro tempo...

Um tempo que não era o que ele viveu...

Bucky não sabia quem era, não sabia o que fazia ali e o seu passado estava completamente esfumaçado... Suas memórias eram coisas que não possuía, talvez quebradas por um coração que ele achava que não tinha… E que não conseguiria ter capacidade de sentir mais...

— Por que você se ofereceria para ajudar um estranho? – Insistiu em indaga-la, pois não fazia sentido o que ela estava prestes a fazer. Uma pessoa normal teria corrido e não estendido a mão.

— Por que sim...? – Ela respondeu com outra pergunta. Darcy também não podia dizer que ela tinha uma grande admiração por quem a salvava. Era ridículo e ao mesmo tempo perigoso, pois não o conhecia e talvez se arrependeria. Mas naquele momento, optou por ceder a empatia e aos bons olhos que sempre mantinha para todo o ser humano, não importando que tipo de pessoa era.

— E então...? – Darcy insistiu e ele a olhou mais uma vez, analisando-a de cima a baixo, tentando ter uma melhor leitura corporal de suas palavras e gestos para que sua natureza como hábil espião lhe dissesse se era o certo receber ajuda de uma pessoa... Como ela...

Quando Bucky avaliou rapidamente toda a situação em que se encontrava naquele crítico momento, pensou que podia usá-la.

Ela era apenas alguém que seria útil em sua fuga contra a HYDRA, as principais agências de espionagem e o governo americano.

A partir dali se utilizaria dela e do que a mesma tivesse a lhe oferecer para sair dali e recobrar sua memória.

Ele não sabia se ela era inocente demais ou empática demais. Talvez fosse os dois. Mas aquilo pouco importava no momento. Ela seria conveniente, e ele se recorreria dela.

Estava decidido.

Mas... novos elementos chegaram ao local... sorrateiramente... sem que ele percebesse...

Cinco agentes no total...

Bucky assumiu a frente e decidiu roubar um carro. A cidade estava um caos e essa era a melhor chance de sair dali, escapar da HYDRA e descobrir sua identidade...

Ele já havia decidido que usaria aquela garota como parte do plano de fuga. E as coisas ficariam mais fáceis, já que ela também se ofereceu para tirá-lo dali.

Sem saber o que fazer, Darcy se virou e olhou para ele, que abruptamente lhe lançou um olhar, como se a mesma tivesse de correr na direção do primeiro carro que avistou.

Um Toyota Corolla preto...

— Hey, eu disse que te ajudaria a chegar ao museu, mas não que teria que entrar num carro roubado e fugir de agentes secretos! – A estudante contestou, recuando alguns passos para trás, completamente assustada.

Darcy e sua bipolaridade em momentos críticos... Quando decidia correr e descer ladeira abaixo, brecava efemeramente quando estava prestes a cair e se quebrar por inteira.

E sua maldita curiosidade também não ajudava em nada.

Bucky a encarou impetuosamente colérico. A circunstâncias atuais eram outras e ele já havia decidido que se utilizaria dela.

Por bem ou por mal.

— Você disse que conhece a cidade, então entre agora no carro.

— Mas-

— Se não quiser ficar aqui e morrer, faça o que eu mando. Agora.

— Ooh, céus...

E então... Ambos correram na direção do carro.

Ele quebrou o vidro do veículo facilmente com o cotovelo do braço de metal.

— Roubar um carro não estava nos meus planos! E se eu for presa!?? – Darcy já entrava em pânico, quando ele a puxou para dentro do carro.

Bucky começou o procedimento para ligar o veículo, sem as chaves.

Os cinco agentes saíram do meio das árvores e cercaram os dois.

— Ai meu Deus, eles nos acharam!!! O que vamos fazer!!? – A garota estava trêmula novamente, se arrependendo por ter oferecido ajuda e agora estar num carro ao lado de um assassino que estava fugindo e a levando junto.

“Que mané empatia o quê!”— Ela pensava.

Quieta...— Ele a mandava se calar, enquanto ligava o carro e já pisava no acelerador.

O motor fez um barulho estrondoso e a estudante tapou os ouvidos.

O carro disparou e quase atropelou dois dos homens que haviam saído das árvores, provavelmente agentes da HYDRA que estavam ali para leva-lo.

Mas em meio a isso, um deles começou a atirar na direção do vidro quebrado da janela do motorista, e uma bala acabou atingindo seu ombro humano...

Darcy se abaixou na altura do porta-luvas, e tapou os ouvidos, com as mãos na cabeça.

Ela não percebeu que Bucky havia sido atingido por uma bala...

Ainda assim, os dois deixaram o local numa velocidade incrível.

Ele se desvencilhou dos vários veículos explodidos e do trânsito infernal causado pelos acidentes.

Manobrava o carro com muita agilidade enquanto fugia dos demais veículos que tentaram os cercar.

Meu Deus... Isso está parecendo GTA...!— A garota começava a tremer, enquanto via tal cena acontecendo de uma forma tão impressionante que parecia estar dentro de um jogo de videogame.

Ele apenas se manteve sério e concentrado... Precisava sair dali e despistar todos que tentavam cruzar seu caminho.

Baleado e muito ferido por conta de suas lutas anteriores, Bucky seguia sem dizer uma palavra. Ele apenas se empenhava em sair dali e despistá-los.

O Soldado Invernal estava acostumado a sofrer e a adrenalina de uma missão ajudava a mascarar a dor.

As mãos de Darcy tremiam e ela chegava a conclusão de que não havia feito uma boa escolha em dizer que o ajudaria, levando-o até o museu, mas ele parecia perdido, e o fato de ter lhe salvado antes e estar ferido acabou colaborando para que a mesma tomasse aquela decisão, um tanto suicida... Será que ela havia feito a escolha certa em ir com ele? Talvez não.

Estava arrependida e se praguejava mentalmente por ter tomado uma decisão maluca como aquela.

A expressão dele... Era de um Serial Killer, prestes a perder o controle e cometer um assassinato.

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Depois de longos minutos, a garota olhou para a maçaneta de dentro do carro e em seguida para a janela... Ela repetiu tal gesto várias vezes, cogitando a possibilidade de fugir dali no primeiro momento em que o misterioso homem de preto e braço de metal desse uma brecha.

Ele a observou, cautelosamente, já entendendo o que a mesma estava planejando.

Nem tente... Ou vou atirar em sua cabeça...— Sua voz era calma, mas terrivelmente assustadora. A ameaça apenas a fez confirmar o quão insensata havia sido quando achou que podia prestar ajuda a alguém como ele.

“Eu não tenho uma vida, eu tenho um negócio chamado tragédia!” — Ela pensava.

Darcy engoliu a vontade de gritar por socorro depois de imaginar uma bala estourando seus miolos.

— Então... Para onde estamos indo...? – Balbuciou, trêmula.

— Fique quieta. – Ordenava, fazendo-a se sentir ainda mais coagida.

— Mas-

— Sem perguntas. – Finalizava, ríspido. Sua voz áspera e grave apenas expressava o que ela já imaginava.

Darcy ficou em silêncio por meia hora, enquanto Bucky pegava a rodovia.

Para onde estavam indo? Maryland? Pensilvânia? Virginia?

— Me desculpe, mas para onde estamos indo? – Arriscava, sem entender porque estavam numa rodovia para fora do Distrito de Columbia.

— Vou dirigir em círculos para despistá-los.

— Eles ainda estão atrás de nós?

— Sim.

— Mas o museu fica em Washington... Eu disse que te levaria até lá, então não seria melhor ficarmos na capital e-

— Preciso de um lugar isolado... – Retorquiu, um tanto austero e misterioso.

— O quê!? Por quê precisa de um lugar isolado!?? – A garota já começava a sentir os batimentos cardíacos acelerarem novamente, quando de repente, ele lançou um olhar ameaçador para a mesma e então...

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Apontou uma arma para a sua cabeça...

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O que você prefere...? Obedecer minhas ordens e viver, ou morrer e ter seu cadáver jogado para fora desse carro agora mesmo...?— Advertiu, com a ponta da arma na direção da garota, que já estava encolhida no canto do carro, com as costas prensadas entre o banco e a porta.

— Aah meu Deus, por favor, pare...! Eu prometo que farei o que você ordenar, mas por favor, abaixe essa arma agora! – Ela levantou as mãos para o alto, numa pose de rendição, desesperada...

— Não é você quem está no comando... Não faça perguntas... – Sua voz... Era fria, enigmática e impassível...

Ele não planejava matá-la, mas se ela atrapalhasse seus planos de fuga, não pensaria duas vezes. Ela seria útil até certo ponto.

O olhar dele era de um assassino, frio e calculista... Implacável e cruel...

No escuro breu da estrada... Ele parecia um sombrio lobo das trevas... Intimidante e Selvagem... E coberto por uma aura assustadoramente nebulosa...

A estudante olhou pelo espelho retrovisor e pelo vidro da janela... Estava aterrorizada em saber que teria de ir para um local isolado junto com ele...

A noite estava fria e com um nevoeiro que fazia qualquer coisa a frente desaparecer... Darcy sentia um forte arrepio e um frio impetuoso na barriga quando pensava que poderia ser assassinada ali mesmo...

Onde estava com a cabeça quando acreditou que podia ajudar um assassino? Ela não faria isso se estivesse em um dia normal... Estava tão afetada com a pressão de seus últimos dias se preparando para o TCC, que devia ter perdido a noção da realidade.

“Senhor... Tenha misericórdia da minha alma, e se puder me tirar dessa, eu juro que faço o que a minha mãe pediu e volto pra igreja...!”— Ela orava, já pedindo para que Deus a livrasse de um possível homicídio.

Se lembraria que nunca poderia ser amigável com assassinos... aquilo não era um filme de ficção científica...

Se arrependimento matasse...

Darcy chegava a conclusão que sua vida era uma bela trollada divina.

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Depois de percorrer por várias estradas entre Bethesda, Arlington e Alexandria, Bucky dirigiu até Danville, uma pequena vila ao lado de Brandwine, há 26 milhas de Washington DC.

Ali, além de não ter a presença de civis, casas, comércios e instituições, havia um canteiro de obras.

Ele estacionou o carro naquele local...

A noite seguia escura, fria e com um clima fúnebre... O ambiente perfeito para cometer um assassinato e sepultar uma garota inocente, ali mesmo...

Darcy já estava quase passando mal de tamanho pânico...

A frase “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado”, nunca fez tanto sentido...

“Meu Deus... Nunca mais misturo vodca com energético e saio vomitando em cima do bolo de noivado na festa dos outros... Me perdoe por ter sido induzida por aquelas três hienas que trabalham comigo... Eu nunca mais vou beber...”— Ela orava, fazendo falsas promessas, completamente arrependida de ter feito um papelão com seus colegas de trabalho na festa de um dos patrocinadores de uma pesquisa de Jane e Erik, no último verão de 2013. Se aquele era seu castigo, ela só pedia para não ser morta.

Bucky parou o veículo, desligando-o.

Depois de suprimir um grito, Darcy apenas implorou, com a voz chorosa e trêmula...

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Por favor... n-não me mate...

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Ele lançou um olhar frio e indiferente a ela...

Eu não vou...— Assegurou, tirando o cinto de segurança no mesmo instante.

Quando a garota ousou olhar em sua direção, os olhos dele estavam fechados e sua cabeça inclinada para trás, encostando-se no assento.

Sua respiração estava pesada...

Bucky estava com dor e ela podia ver o sangue espalhado no colete de couro...

— Você está bem...? – A estudante indagava, sem saber que ele havia levado um tiro...

— Eu disse antes... Para você ficar em silêncio... – Articulava, com certa dificuldade.

— Me desculpe... Eu só queria ajudar...

— Não faça nada... Apenas fique quieta... – E então, ele abriu a porta do Corolla e saiu do carro, segurando o ombro, com muita dificuldade.

Ela estava com medo, mas ao mesmo tempo um pouco preocupada. E se ele morresse ali? Será que ela iria presa? Seria acusada de furtar um carro e matar uma pessoa? Quantos anos de cadeia pegaria? Talvez prisão perpétua?

A estudante sabia que estava conduzindo sua vida igual jogava Street Fighter: apertando todos os botões ao mesmo tempo e esperando por um milagre...

Sua velha mania de agir antes de pensar, sempre lhe causava grandes problemas.

Ou melhor... Ela não tinha problemas... O problema era ela...

Darcy observava tudo, temerosa pelo fato dele ter saído do carro.

Bucky vagueou por um tempo, olhando ao redor, apenas para ter certeza se não havia ninguém por perto.

Estacionado no canteiro de obras, ele abriu a porta do veículo no banco de passageiro, atrás.

Sentia uma dor latejante... Ficaria difícil continuar a dirigir se não se livra-se da bala em seu ombro.

E ele não queria envolver a estudante naquela situação, mas a mesma havia dito que o conhecia de algum lugar, e ele precisava da ajuda dela para descobrir sua verdadeira identidade...

Mas por ora, sua missão seria estar fisicamente bem para prosseguir.

Sentado no banco de trás, ele soltava a fivela de seu ombro esquerdo, no ímpeto de retirar o colete externo de seu traje.

Retirou as armas presas ao colete e as colocou ao seu lado, no banco de trás.

Sangue escorria de sua mão e salpicava no banco de couro do veículo.

— Você levou um tiro...!? – A garota contestou, chocada. Não tinha ideia de quando aquilo aconteceu.

Ele apenas percorreu seus olhos na figura dela, esperando que a mesma pegasse seu taser e atirasse nele... o traindo...

Estava acostumado com esse tipo de reação... As pessoas eram assim... Foi treinado para lidar com tais condutas...

Mas tudo o que ele teve em resposta foi o olhar de comiseração da garota... Ela parecia preocupada de verdade...

— É melhor ficar em silêncio...— Ele a mandou se calar, de novo.

Darcy bem que tentou, mas não conseguiu se conter...

— Céus... Quem é você...? Por que a SHIELD está atrás de você afinal...?

SHIELD? Ele se perguntava se ela sabia o que estava acontecendo. Por que a estudante não citou nada sobre a HYDRA?

— Não me faça perguntas... Saia do carro, vá até aquele cômodo que parece ter um banheiro e veja se há alguma coisa lá que possa ser usado.

— Ok, certo... – A garota imediatamente saiu do veículo e explorou o local.

Havia vários equipamentos e ferramentas ali, e um banheiro, que provavelmente era usado pelos trabalhadores do lugar.

Ela acenou para ele e fez um sinal de joinha.

No mesmo instante, Bucky saiu do carro, já sem o colete externo de couro preso com as fivelas grossas. Ele trajava apenas um colete escuro até os ombros, que mais parecia ser feito de uma fibra sintética e estava encharcado de sangue.

Andava devagar e tentando se manter firme ao segurar a parede, até chegar ao local onde Darcy estava.

A garota se aproximou, para tentar ajudá-lo a se manter de pé, porém, se afastou imediatamente.

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Não me toque...

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Ela estranhou aquela reação. Ele havia lhe tocado quando a salvou.

— Ok... Me desculpe... Mas se você cair, não vou conseguir te levantar... – Dizia, dando espaço no mesmo instante.

Bucky percorria para o banheiro e procurava por algo que pudesse ajudá-lo a se livrar da bala em seu ombro.

— Você não parece uma pessoa normal... – Ela alegava enquanto o observava cautelosamente.

— Eu não sou...

— Não...? – A garota contestava.

— Não... – Ele afirmava.

— Não vai me dizer quem é você...?

— Eu diria... Se soubesse... – Não sabia se devia ter dito aquilo a ela, mas a garota não parecia representar perigo.

A mesma apenas esboçou uma feição de choque.

— Céus... Você tem amnésia...? – A expressão dela foi de condolência... Quando parava para pensar, fazia muito sentido o porquê aquele misterioso homem não agia como uma pessoa normal. E isso explicava porquê o mesmo estava tão curioso quando ela disse que o conhecia de um dos livros que havia lido e de imagens dos antigos heróis de guerra que estavam no museu em Washington.

Tudo o que ele conseguia se lembrar era de ser um ativo...

O punho da HYDRA...

E a HYDRA era a única que possuía todos os seus gatilhos mentais... Por isso precisava estar recuperado para lidar com eles no futuro.

Quando Bucky abriu o pequeno armário do banheiro, encontrou uma caixa de primeiros socorros. O que era de extrema utilidade no momento.

No mesmo instante, ele tirou uma faca de dentro do coldre preso ao cinto de sua calça.

Darcy recuou dois passos para trás e levantou as mãos em seguida, novamente em pose de rendição.

— Por favor, seja lá o que você está pensando em fazer, não me mate! Eu vou me manter longe e não vou perguntar mais nada!

Ele franziu as sobrancelhas enquanto a observava implorar para que não a matasse. Então Bucky percebeu que ela achava que pretendia matá-la.

— Não... Eu não vou matá-la... Só preciso tirar a bala...

— Como é!? Você foi mesmo baleado!? E você vai tirar a bala!? Mas isso é trabalho para um médico!!! – Antes que pudesse perceber, já havia saído, e então, ela tapou sua boca logo em seguida com as suas mãos, arrependida de ter dado mais um palpite que ele não havia pedido.

Sentiu-se cansado... Mas não apenas pelo extremo esforço da missão decorrente do dia. A luta com o homem da ponte... Steve... Foi brutal. A queda seguinte no rio Potomac e sua fuga do local não ajudaram, além dos demais embates com os agentes da HYDRA que foram atrás dele, até ser baleado e ter de dirigir em círculos por cidades ao redor de Washington DC para despistar seus perseguidores... Mas ele foi treinado para essas situações.

Ele pegou uma garrafa de álcool que estava dentro da caixa e despejou o líquido em sua faca, para desinfetá-la.

Depois, Bucky abriu o zíper do colete pela lateral, deixando seu ombro humano à mostra...

Olhou para baixo e viu o sangue ao redor do ferimento... Tinha encharcado todo o colete...

A ferida latejava de dor... E ele suprimiu um gemido, tamanha aflição...

Darcy apenas ficou em silêncio, observando a cena em que o mesmo encaixava a ponta da faca na fenda de seu ombro onde a bala estava alojada.

A dor no local era insuportável... Mas não havia outro jeito...

Ele não pôde conter um suspiro...  Era só puxar a bala com cuidado e ao mesmo tempo com precisão, que conseguiria atraí-la pra cima...

Estava concentrado e empenhado em retirar o objeto de metal de seu ombro, para que pudesse se curar e prosseguir com seus planos...

Planos...? Ele se perguntava se aquilo era uma missão... As últimas imagens que vinham em sua mente eram de cenas que aconteceram naquele mesmo dia...

Quantas pessoas ele havia matado naquele dia? Quarenta e sete? Não. Cinquenta e sete... Vários agentes da SHIELD que se encontravam no quartel general antes de entrar nos aero-porta-aviões, os atiradores na margem do rio e dezenas de agentes da HYDRA que o perseguiram logo depois que salvou Steve e o deixou na beira do Potomac... Ele matou seu próprios aliados... Eles eram de sua equipe...? Todos tinham a mesma missão...? Alexander Pierce havia mandado fazer aquilo...?

Cinquenta e sete...?— Murmurou, encostando-se contra a parede do banheiro, deixando a mão de metal habilidosamente escavar seu ombro humano...

“Cinquenta e sete...? Mas do que ele está falando...?”— Darcy se perguntava, tentando entender o que aquele número significava.

Enquanto tentava retirar a bala, Bucky percebia que precisaria de mais coordenação e precisão. Não conseguiria naquelas condições.

Foi quando seu olhar a mirou, e finalmente ele fitou os olhos dela, seriamente.

— Preciso que você me ajude...

— Como...? – Darcy se aproximou dois passos, lentamente.

— Tire a bala pra mim...

— O-O QUÊ!??

— Pegue as gazes nesse pacote, forre-as em seus dedos e puxe. Não há nenhum objeto para isso, então você terá que fazer com sua própria mão.

— Eu espero que isso dê certo, porque eu não quero ser presa se você morrer... – Ela retorquia, um tanto irritada, enquanto posicionava parte das gazes em sua mão direita.

— Vai dar certo... Apenas faça como eu digo... – E então, ele endureceu seu pulso, empurrando a bala profundamente, o suficiente para deixá-la a mostra com a ponta da faca.

Ele gemeu de dor enquanto torcia a lâmina e desalojava parte do objeto de metal.

— Tire a bala... – Ele rosnou, aflito, sentindo uma dor insuportável, cerrando os dentes enquanto tentava se segurar.

E então, um tanto apavorada com aquela situação, mas sem escolha, ela segurou o objeto com os dedos e o pressionou, puxando-o para cima no mesmo instante.

Darcy conseguiu tirar a bala, que imediatamente escorreu de seus dedos.

Bucky suspirou aliviado. Ainda sentia uma dor terrível, mas agora havia se livrado do maior de seus problemas no momento.

As gazes da mão de Darcy estavam encharcadas de sangue. Ela apenas o observou com pena. Aquilo deve ter sido horrível.

— Pegue essa bala, coloque numa sacola e leve para o carro. Não podemos deixar rastros. – Ordenou.

— Ok... Certo...

Ainda com o corte da bala aberto, ele desenroscou a tampa de outra garrafa de álcool com os dentes e a cuspiu no chão.

Enquanto enrolava a bala e as gazes ensanguentadas, Darcy apenas ouviu um urro abafado de dor... Ao olhar para trás, Bucky exprimia um semblante de suplício, por conta do álcool derramado no buraco onde a bala se encontrava anteriormente.

A estudante percebia que ele parecia estar habituado com tudo aquilo e sabia exatamente o que fazer. Digno de um agente secreto.

Mas não sabia nada sobre ele e nem o que o mesmo pretendia.

Quando terminou de deixar tudo no Corolla, ela o observou detalhadamente...

Ele tapava parte de sua ferida com muitas gazes para estancar o sangue e as prendia com fita branca de um rolo. Depois disso, ele enrolou o ombro com ataduras, num improviso.

Bucky estava suado e com a metade do colete aberto, mostrando parte de seu peito...

Sua pele branca contrastava com a contusão escura que havia em suas costelas, ao lado esquerdo, perto de seu abdômen.

Vários hematomas ao redor de seu tórax podiam ser vistos...

Parte de seu corpo ainda estava sujo de sangue... E ela não tinha ideia da quantidade que ele havia perdido...

Seus cabelos castanhos escuros deslizaram para frente de seus olhos, tornando sua expressão ainda mais misteriosa e sombria... Os olhos azuis miravam o ombro humano, enquanto sua mão de metal ajeitava as ataduras ao redor...

Quando Bucky terminou, ele andou lentamente até a direção dela...

Ficando frente a frente com a garota...

Ele era incrivelmente alto... E intimidante...

— Eles podem estar atrás de mim, então precisamos ir agora. – Afirmou, severo.

— Não vai dizer obrigado por ter te ajudado...? – Darcy arqueou uma sobrancelha, sabendo que sua pergunta era petulante, mas precisava entender o que ele planejava.

— Eu vou te dar uma escolha... Fique e faça o que quiser ou venha e me mostre onde posso achar o que me disse mais cedo.

Ela ficou em silêncio por algum tempo, encarando-o seriamente.

— Posso te levar ao museu e te mostrar os livros que disse, mas com uma condição. – A garota exigia.

— Qual...? – Indagou-a.

.

Nunca mais aponte uma arma para a minha cabeça.

.

Ele a fitou profundamente por longos segundos.

Por que do nada a estudante mostrava uma postura mais corajosa?

— Eu não posso prometer isso...

— Então terminamos por aqui. – Darcy deu as costas para ele e passou a sair do local.

Pensativo, Bucky não sabia por onde deveria começar... O que aquela garota disse, era real? Serviriam como pistas ou evidências de quem ele era? A mesma falou sobre o museu em Washington... Mas qual museu era...? E onde podia achar os livros que citou?

Quando a viu indo embora, andando despreocupadamente pela estrada, sem nem saber por onde deveria andar, ele apenas a seguiu, e...

.

Agarrou sua mão...

.

A mão de metal segurando a dela... era assustador e... gelado...

— Me diga o endereço do museu... E o nome dos livros... – Exigiu, convicto.

— E por que eu deveria? Me ofereci para te ajudar, mas você me retribuiu com uma arma apontada para a minha cabeça...

— Essa arma... Não estará mais em sua direção... Não importa o que aconteça... Você tem a minha palavra... – Assegurava, com um semblante sério.

— E a sua palavra vale alguma coisa...? – Ela contestava, indigesta.

— Eu... Não sei... – Balbuciou, sem saber o que era manter uma palavra... Tinha memórias sobre isso, mas na prática não se recordava como era.

Darcy puxou sua mão de volta, suspirou impaciente, mas resolveu ceder.

— Olha só, vamos deixar uma coisa bem clara: Nada de armas na minha cabeça, nada de ameaças e nada de me mandar ficar quieta o tempo todo, certo? Eu vou te dar mais uma chance porque eu odeio a SHIELD e quero que todos eles vão pro inferno, então se eu puder ser uma pedrinha de tropeço no sapato dessa organização, já me dou por satisfeita.

— Eu não entendo porque você está citando a SHIELD o tempo todo quando está comigo, mas aceito suas condições. Agora vamos. – E então, ele a deixou para trás, indo na direção do Corolla.

Darcy olhou um pouco desconfiada para o carro...

Ela não tinha ideia de quem ele era e o que passava em sua mente naquele momento...

A única certeza que tinha era de que podia estar se metendo em uma grande encrenca de novo... E talvez se arrependeria por isso... Mais uma vez...


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Notas finais do capítulo

Depois de ver todas as estatísticas e o número de visualizações, fico me pergutando onde estão esses leitores fantasmas... Sério, podem aparecer e deixar seu review que eu não mordo não! :P
Marry Christmas e nos vemos no próximo!



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