Era mais uma manhã de quinta-feira e o expediente no laboratório estava prestes a começar.

Darcy chegou mais cedo, com dores de cabeça por causa da ressaca.

— Ai... – Ela massageava as têmporas, tomando um analgésico junto com o café expresso que acabara de tirar da máquina.

— Sério, amiga, você precisa parar de beber. Olha essa sua cara amassada... – Andrew sugeria, um tanto preocupado com Darcy.

— Eu sei... mas quem disse que eu mando em mim mesma...? – Ela redarguia com agonia, sentindo a dor pulsante fazendo sua cabeça latejar de dor.

— Tá, e como estão os preparativos para o show do Foo Fighters!? Já é nesse fim de semana!!! – Andrew dava pulinhos, feliz da vida por ver sua banda favorita ao vivo.

— Agora de manhã a Kim vem aqui com o Derek e a Steph pra gente combinar o tour antes e depois do show. – A garota se referia a programação que todos eles fariam no dia seguinte. Seus amigos estavam muito ansiosos para aquele evento, afinal planejaram o dia com meses de antecedência.

— Nossa, você não me disse que a Steph ia... imagine se o Derek souber?

— Ele já sabe... quase deu um infarto, mas não tinha como voltar atrás...

— Por que você escondeu isso dele? Que bela amiga você é... – Andrew também sabia sobre o drama que o melhor amigo de Darcy passava com sua antiga paixão.

— Por que se eu falasse, ele provavelmente não iria. Agora ele que lide com as consequências.

— Mas você não disse que eles se encontraram no TCC? Por que o Derek teria pânico de se encontrar com a Stephanie de novo?

— Andrew... você nunca se apaixonou? A sensação é de estar num filme de terror, com um serial killer segurando um machado e correndo atrás de você, ou seja, é horrível, não importa quantas vezes você encontre a pessoa.

— Comigo não é assim não! A sensação é de estar voando e levitando... num lindo campo de flores...! – O rapaz abria os braços, dançando como a branca de neve.

Darcy revirou os olhos...

Quando se recordava das suas experiências com o soldado, preferia estar mil vezes dentro do filme o Exorcismo de Emily Rose do que apaixonada.

Porém, quando pensava que seu dia não podia piorar, uma pessoa entrava no salão principal com Erik...

.

Ian Boothby... seu ex-estagiário e ex-caso de um dia na convergência em Londres...

.

Darcy começou a engasgar, mas foi socorrida por Andrew, que passou a dar tapas em suas costas.

— E aí gente!? – O rapaz um tanto sorridente, cumprimentava os dois.

Graças a Deus Ian era um cara normal, dentro dos padrões da realidade, e ela não precisava se preocupar com sua presença ali.

— E aí, cara. – Andrew acenava.

Já Darcy, só dava um aceno de cabeça, ainda engasgada com o café e o comprimido para dor de cabeça.

— O Ian veio até aqui pegar um material para levar pra um professor amigo meu que está trabalhando na universidade de Stanford, já que estou sem tempo ultimamente. – Erik explicava a presença do ex-estagiário de Darcy ali.

— Sabe Erik, existe um serviço chamado Fedex, já ouviu falar? – Darcy ironizava e o cientista apenas revirava os olhos.

Relevaria, pois a mesma estava de ressaca.

Alguns segundos depois, o interfone do salão tocou e Erik atendia na mesma hora.

A recepcionista dizia que depois rapazes estavam subindo, pedindo concessão para liberar a entrada de ambos.

E o cientista permitiu que subissem.

— Darcy, seus amigos estão chegando.

— O Terry? Pensei que ele não viesse mais...

— O que o Terry está fazendo aqui em Nova York? – Andrew perguntava, estranhando a presença do amigo de Darcy, que vivia em Washington DC.

— Ele veio trazer um documento da biblioteca do congresso pra mim. Pedi pra ele esse favor, e esqueceu que o meliante também vai pro show com a gente?

— Ah, é verdade...

— Sabe, Darcy... existe um serviço chamado Fedex... já ouviu falar? – Erik devolvia a ironia para a garota, que fazia uma careta horripilante em resposta.

Então, no meio da conversa, Jane entrava no salão com Thor, Sam, Steve e Natasha.

O Capitão América e a Viúva Negra trajavam seus uniformes táticos e Thor usava seu traje de deus do trovão, fazendo todos os estagiários que estavam logo atrás, babarem...

— Uau... – Andrew, Helena, Dylan e Darcy diziam em uníssono, de modo ecoante.

— Gente... é o Capitão América, Thor e a Viúva Negra... Uau...! – Dylan, o mais novo e inocente dos estagiários, olhava atentamente para o trio, sem piscar.

O Capitão América segurava o capacete na mão direita, enquanto o escudo se encontrava em suas costas.

Thor ria da situação. Achava graça quando as pessoas os tratavam como verdadeiras celebridades.

— Aonde vocês vão vestidos assim? Alguma missão? – Dessa vez era Nathan quem os indagava. Não admitiria em hipótese alguma que era fã dos Vingadores.

— Sim. O quinjet vai posar no Heliponto daqui a pouco. – A Viúva Negra respondia à pergunta do satã, com muita seriedade em sua voz.

— O que é um quinjet? – Darcy questionava, curiosa.

— É o nosso novo transporte. – Thor respondia com um sorriso simpático.

Sério, de onde esse asgardiano tirava tanta felicidade?

— Uau... e o Homem de Ferro!? Vai dar as caras também!? Sempre quis vê-lo pessoalmente com o traje! – Dylan questionava. Ele era tão fã do Homem de Ferro, que possuía a maior coleção de action figures do bilionário com sua armadura.

— Sim. Ele e o Banner devem chegar juntos. - Quando Natasha terminava de mencionar o sobrenome de Bruce, todos ouviram Darcy derrubando tudo o que se encontrava na mesa onde a cafeteria estava.

O nome do cientista ainda fazia a garota tremer por dentro...

— Desculpem... eu ainda não consigo controlar o meu medo quando ouço o nome ‘Banner’ por aqui... mas estou trabalhando isso com meu terapeuta. – A garota confessava, um tanto frustrada.

— Darcy, olha essa bagunça! Tenha mais respeito com nossos hóspedes! – Jane já começava a recriminar a pobre estagiária, que como de costume, fazia um papelão na frente de todos.

— Certo... foi mal... vou pegar o aspirador de pó pra limpar a bagunça... – Ela replicava desanimadamente, ainda sentindo uma forte dor de cabeça.

Darcy passou por todos, pouco se importando se eram os Vingadores ali... sua vida estava tão ruim, que nem mesmo se os Beatles aparecessem em sua frente, não daria a mínima...

Steve notava o semblante dela... parecia um tanto abatido, e ele se questionava se a garota era mesmo aquele poço de felicidade que todos diziam ser...

Porém, quando Darcy abriu a porta para sair dali e pegar o aspirador de pó na outra sala, a primeira coisa que viu em sua frente, foi...

.

.

Robert Thompson...

.

.

— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!!!!!!!!!!!!!!!

Ela gritou tão alto, estridente e de uma forma tão horripilante, fez com que todos que estavam ali se assustassem.

Thor pegou o mjolnir, Natasha sacou sua arma e Steve retirou o escudo das costas no mesmo instante, em posição de ataque.

Darcy recuou para trás, assombrada com a visão do inferno em sua frente...

Por que Robert estava ali?

Ao notar a presença do ex de Darcy ali, Nathan automaticamente correu para a frente da estagiária, como se quisesse protege-la daquele estrume.

— O que você está fazendo aqui!? – O satã grunhiu, fazendo com que Robert o olhasse de cima a baixo, de modo afrontoso.

— Por que você entrou na frente dela!? – O ex da garota replicou, num tom desafiador.

Já Darcy... não entendia como a sua vida podia piorar... céus... ela era um imã de má sorte.

Mas logo atrás de Robert, Terry aparecia, chegando ao local, muito ofegante.

— Darcy!!! Esse idiota me usou pra chegar até aqui!!! – O rapaz gritava, atônito.

A garota fez uma cara horripilante depois de ouvir aquilo...

— COMO É QUE É!??? VOCÊ DEIXOU ESSE EMBUSTE SUBIR COM VOCÊ!!? – Darcy esbarrou forte em Robert, batendo em seu ombro de modo violento, cruzando a porta, pegando Terry pelo colarinho e o empurrando contra a parede.

— Hey!!! Eu te faço um favor e é assim que você me trata!? – O rapaz estava decepcionado com a amiga. Ele não tinha culpa se o ex dela era uma raposa e driblou a recepcionista para subir junto com ele.

— Você só tinha um trabalho!!! UM!!! – A estagiária chacoalhava o pescoço do ‘amigo’ com muita força de um lado pro outro.

— Kat, eu vim aqui pra gente conversar civilizadamente como dois adultos. – Robert se movia até a direção da garota, mas foi impedido por Nathan, que entrou na frente.

— Ela não tem nada pra falar com você! – O olhar do satã era de puro ódio... da última vez, perdeu a chance de dar um soco na cara de Robert, mas não deixaria passar aquela oportunidade de novo.

— Eu não acredito que isso está acontecendo... – Jane levou as mãos à cabeça, prestes a enlouquecer por ver todos os afetos e desafetos de Darcy ali, atrapalhando o trabalho de todos logo pela manhã.

Vendo que Nathan e Robert estavam prestes a se enfrentar no meio do corredor, Ian resolveu apartar a briga, apenas para ajudar Jane e Erik e amenizar o clima pesado.

— Hey, rapazes... não é melhor vocês resolverem seus problemas lá fora? Estão causando um desgaste no Selvig e na Foster... – O rapaz entrou na frente de Robert e Nathan.

— E quem são essas pessoas? – Dessa vez era a Viúva Negra quem perguntava, pois a mesma já estava um tanto curiosa com as coisas imprevisíveis que aconteciam naquele laboratório por causa de Darcy Lewis.

Automaticamente a garota logo foi respondendo.

.

— Ex-namorado! – Ela apontou pra Robert.

— Ex-ficante! – Ela apontou para Ian.

— Ex-amigo! – Ela apontou para Terry.

.

— Hey! Eu não tenho culpa se o Robert chegou aqui só porque eu estava subindo pra te entregar esse documento, que por sinal, é um favor que somente AMIGOS fazem, entendeu!? – Ele empurrava o envelope contra o ombro dela.

— Você podia ter dado um soco nele! – Ela pegou o envelope de suas mãos, ainda muito indignada.

— Ah, não vem com essa Darcy! Você sabe muito bem que eu não recorro aos punhos pra resolver problemas!

— Esse é o problema! Você e essa sua natureza pacífica me irrita!

— Prefiro resolver tudo com diálogo do que sair eletrocutando os outros por aí, igual você faz com o seu taser!

— Eu devia ter usado meu taser em você, pra ver se fazia esse cérebro recarregar e funcionar direito!

— Sua ingrata!

— Seu idiota!!!

Os dois continuaram gritando e discutindo um com o outro...

Na frente de todos...

Steve Rogers e Natasha Romanoff observavam tudo, um tanto perplexos...

Darcy Lewis era de fato, uma pessoa muito excêntrica e única...

A garota achava que as coisas não podiam melhorar para o seu lado, fazendo toda aquela cena na frente dos seus chefes, dos estagiários e dos Vingadores, mas...

.

Derek, Kim e Steph cruzaram o corredor, dirigindo-se até ela...

.

— Fica calma, amiga, a cavalaria chegou...! – A loira já desferia um olhar letal na direção de Robert, que recuou para trás ao notar a presença de Kimberly ali.

— Darcy, você está bem!? – Stephanie correu na direção da amiga, abraçando-a, como se quisesse protege-la de Robert.

Já Derek...

— Que ótimo... vou realizar o sonho da minha vida e dar um belo soco na cara desse verme agora mesmo! – O rapaz entrou na frente de Darcy e Steph.

— Então entra na fila... – Kimberly ficou ao lado de Derek, já fechando os dois punhos, pronta para dar a maior surra que Robert levaria em sua vida.

— E chegou mais gente... – Erik dizia num tom perplexo, sem saber onde enfiar a cara, junto com Jane...

— Não seria melhor chamar os seguranças do prédio? – Ian sugeria, um tanto ingênuo.

— Amigo... pra que seguranças se temos os Vingadores bem aqui!? – Andrew gritava de dentro do salão.

— OS VINGADORES!? ONDE!?? AH MEU DEUS!!! – Steph começava a procurar pelos heróis mais famosos da terra, largando Darcy a Deus dará no mesmo instante.

Derek e Kim também...

— OS VINGADORES ESTÃO AQUI!??? AI MEU DEUS, EU PRECISO DE UMA FOTO E UM AUTÓGRAFO AGORA MESMO!!! – A loira corria para dentro do laboratório.

— EU TAMBÉM!!! – Derek corria junto.

Darcy arregalou os olhos... como eles ousavam larga-la ali na frente daquele urubu?

— HEY, SEUS TRAIDORES!!! – A garota gritava com os amigos, completamente indignada.

O trio se dirigiu até os três Vingadores e pediram autógrafos...

Steve ficou sem reação, mas Natasha e Thor aceitaram numa boa.

E Nathan... atentava para a cena com muito ódio... ele observou Terry, Ian e Robert juntos... todos aqueles homens tinham relação com Darcy...?

— Olha lá... aposto que o satã está quase espumando de raiva por causa dos homens da vida da Darcy... – Andrew cochichava com Helena.

— Ahahaha, mas ele está esquecendo o homem principal... o tal primo que não é primo dela...!

— Sim...!

E então, os dois começaram a rir como loucos, deixando um ponto de interrogação estampado na face de Darcy.

— Do que vocês dois estão rindo aí!? – A garota gritou do outro lado, descontrolada, quase espumando de raiva.

— Nós...? Ah, bem... estávamos reparando que está faltando um homem da sua lista aqui com a gente... – Andrew replicava, num tom de deboche.

— Que homem!? – Dessa vez, era Terry quem questionava, ao lado da amiga.

— O primo que não é primo! – Andrew respondeu de volta.

.

— ELE NÃO É PRIMO DELA!? – Nathan e Robert gritaram em uníssono.

.

— Primo que não é primo!? Do que vocês estão falando!? – Dessa vez era Jane, que entrava no meio da conversa, completamente desconfiada.

— Daquele rapaz bonitão que veio buscar a Darcy na Time Square, aquela vez no evento da PYM TECH!

Natasha e Steve observavam a cena, prestando atenção.

O loiro estava sempre alheio, nunca entendendo nada, mas a ruiva já desconfiava que eles pareciam estar se referindo ao sargento.

Darcy quase desmaiou com aquelas revelações... céus, sua cabeça agora parecia que ia explodir... era muita adrenalina pra uma manhã só...

Natasha já tramava uma estratégia para desviar a atenção de todos, caso o nome de Bucky Barnes fosse mencionado.

Se Steve soubesse de algo... as coisas ficariam fora de controle...

— Sim, aquele cara alto, de cabelos nos ombros, olhos azuis e- - A mão de Derek correu e fechou a boca de Andrew, impedindo-o de continuar.

— Ele não é ninguém importante...! Ignorem!!! – O rapaz continuava evitando que Andrew continuasse falando, tentando manter o segredo de Darcy intacto.

— Não é...? Mas a gente pensava que na verdade você estava saindo com ele, e que ele era o cara ao qual estava apaixona- - E agora, era Kim que tapava a boca de Helena, dizendo algo para desviar a conversa.

— Helena, querida, já te disseram que seu cabelo está lindo? Qual é o segredo hein? – A loira não deixou que a estagiária falasse mais uma palavra sequer.

Steve, Natasha, Jane, Erik e Sam observavam tudo com muita atenção... e sim, Sam que estava ali, escondido, observando toda a treta com um salgadinho rufles na mão, sentado no sofá, sorria ao contemplar toda a novela onde Darcy Lewis era a personagem principal.

— Não sabia que ia me divertir tanto em Nova York... – Ele dizia pra si mesmo, enquanto atentava para a feição confusa de Steve.

O Capitão América então resolvia ignorar toda aquela balbúrdia e colocar o capacete, pois já dava o horário marcado com Tony e Banner.

Havia coisas mais importantes para resolver, em vez de ficar ali, no meio das brigas da estagiária de Jane.

— Natasha, Thor, está na hora... – O loiro os avisava, e automaticamente a ruiva e o asgardiano assentiram.

Mas ignorando tudo e todos ao redor, Robert mais uma vez tentou se aproximar de Darcy.

— Kat... pela última vez, vamos conversar... eu te prometo que essa é a última vez que te procuro, mas por favor, preciso que você venha comigo. – E então, ele agarrou o pulso dela.

A garota desviou seu braço com muita violência, se desvencilhando do enlace dele.

— Pela última vez, Robert... por favor... ME DEIXE EM PAZ!!! – O olhar dela era de pura melancolia e tristeza... tudo aquilo estava lhe deixando loucamente fora de órbita.

— Por favor... Katherine... – O rapaz insistiu, mas tudo o que ouviu de volta foi um não, seguido de um grito...

— NÃO!!! AAAAAAAAAH!!! NUNCA MAIS ME CHAME ASSIM!!! – Ela se afastou, prestes a chorar... e tudo isso porque...

.

O nome Katherine lhe fez automaticamente se lembrar de James Buchanan Barnes...

.

Tudo o que a garota queria era esquecê-lo... mas parece que o universo conspirava contra isso...

Terry, Ian, Nathan e os demais a olharam...

Com pena...

Os olhos de Robert larguearam... ele não imaginava que a garota sentiria tanta dor apenas por ser chamada daquela forma...

Darcy começou a chorar, constrangida e ao mesmo tempo perdida... ela não sabia o que fazer, então...

— Jane, eu tô indo nessa, desculpa... pode descontar o meu dia da folha de pagamento, mas eu preciso cair fora daqui... – E então, a garota deu as costas para todos e enquanto andava...

.

Tirou uma lata de vodka da mochila...

.

Os amigos de Darcy e os estagiários correram para o corredor e avistaram a cena da estagiária já saindo dali e indo se embebedar...

Uma cena um tanto triste...

— Mas ela acabou de tomar um analgésico por causa da dor de cabeça da ressaca... – Andrew afirmava, preocupado.

Já Derek, Steph, Terry, Kim e Nathan fuzilaram Robert com o olhar.

— Eu juro por Deus, Robert, que se você não sair daqui em cinco segundos, você vai ser linchado por todos nós...! – Kimberly o ameaçava.

— Vocês não podem encostar um dedo em mim! Os Vingadores estão aqui pra combater pessoas perigosas e vocês estão me ameaçando! – O rapaz afirmava convicto.

— Ah é...? Pois saiba que o perigo aqui é você! – Steph respondia de volta.

— Vocês são mesmo uns idiotas se acham que vão me intimidar dessa forma... A Kat sempre foi apaixonada por mim, e não vão ser vocês que irão me impedir de me reaproximar dela, otários! – E então, Robert levantou o dedo do meio para todos eles, provocando-os.

— Um... dois... três... – Derek contou até três, que foi o tempo até Kimberly chutar a canela de Robert, com muita força.

O rapaz cambaleou para trás, enquanto soltava um sonoro ‘Ai’.

E no mesmo instante, Nathan se juntou a Kimberly e ambos começaram a chutar Robert, até que o mesmo caísse no chão.

— Eu também preciso chutar ele! – Steph entrou no meio.

— Você não é a única! – E Derek se juntou a ela.

Os quatro começaram a espancar o ex de Darcy, que já se encontrava encolhido no corredor, recebendo diversas bicudas.

— Vamos...? – Steve dizia enquanto olhava para Natasha e Thor, ignorando a cena de uma pessoa sendo espancada em sua frente.

Os três cruzaram a porta e passaram pelo grupo, que naquele momento, chutava Robert de todas as formas.

— Socorro!!! Alguém tire esses cavalos de cima de mim! – O rapaz gritava por ajuda, mas os Vingadores passaram por ele e pelos amigos de Darcy, como se nem estivessem ali.

— Não vai ajudá-lo...? – Natasha perguntava cinicamente à Steve, que caminhava no meio dela e de Thor.

— Não... quando eu era encurralado em um beco por um valentão, não pedia ajuda a ninguém... – O Capitão América sorriu. Ele tinha seu próprio juízo de valores, que não lhe permitia ajudar canalhas que provocavam situações como aquela...

Terry e Ian observavam a cena abismados, mas não ajudaram...

— E aí, cara, tá a fim de tomar um café expresso lá embaixo na recepção? – O amigo de Darcy convidava o ex-estagiário.

— Já é. Melhor do que assistir esse linchamento aqui em cima. – Ian topou o convite e ambos seguiram pelo lado contrário do corredor, na direção do elevador.

— Hey, caras, me levem junto...! – Sam corria logo atrás, pois sabia que os dois ali eram os mais normais no meio daquele antro de malucos.

— Ok, estagiários, vamos voltar ao trabalho. – Erik ordenava e Jane já se jogava no sofá, com os braços pra cima, se perguntando porque Darcy causava tantos problemas.

O grupo ainda continuava fazendo Robert de bola de futebol.

— Gente, depois postem as fotos da cara inchada do Robert no Instagram pra gente ver! Tchau! – Andrew fechou a porta enquanto o pau comia no corredor.

.

.

Depois da confusão do dia anterior com a praga de seu ex-namorado, Darcy conseguiu terminar o expediente e correu para a sala de estar do laboratório, onde todos costumavam relaxar de vez em quando.

Ainda em sua depressão pós-abandono de um certo soldado, ela resolveu fazer o que fazia todos os dias para se acalmar e tentar esquecê-lo...

.

Beber...

.

A garota sabia que estava passando dos limites... se não começasse a frear seu vício, viraria uma alcóolatra e provavelmente morreria de cirrose ou de doenças bem piores...

Talvez fosse a hora de procurar um psicólogo? Teria de tomar calmante para dormir? Céus... ela sempre teve um sono pesado e agora se via no dilema de não conseguir pregar o olho, por conta de sua dor depois da partida de James...

— Essa é a última vez que eu bebo... Amanhã procuro ajuda... – A garota dizia pra si mesma uma frase clichê, usada pelos maiores viciados em bebida...

O último gole, a última cheirada, a última tragada, a última injetada... era como se aquilo aliviasse a consciência de um viciado por um dia, dando a falsa sensação que tudo terminaria no dia seguinte e sua vida voltaria para os eixos...

Mas a realidade tende a ser decepcionante...

A garota comprou duas garrafas de vodka... das mais pesadas...

Porém, naquele dia, ela não tinha almoçado e sabia que estaria causando um belo estrago em seu estômago...

Mas não tinha importância... era a última vez, não é mesmo...?

A garota ligou o rádio e colocou numa estação que tocava músicas pop da atualidade.

Ela apreciava sua bebida e a música ao mesmo tempo...

Em meia hora, lá estava ela, abrindo outra garrafa, totalmente embriagada...

Darcy começou a dançar ao ritmo de algumas músicas, afinal, quando se estava bêbado, era isso que todos faziam, certo...?

Sentia-se levitar e todas as suas dores irem embora, sendo reduzidas a cinzas... pois a única coisa que via em sua frente era a parede da sala rodar...

Uma música muito conhecida começava a tocar... A canção estava bombando em todas as rádios...

.

Sia – Chandelier...

.

— Iiiih, eu amo essa música! É tão eeeeeeeeeu!!! – Darcy começava a balançar quando a melodia começou...

♫ Party girls don’t get hurt, Can’t feel anything, when will I learn? I push it down, push it down... ♫

A garota sorria largamente, ouvindo a linda voz da Sia ecoar pela sala… e logo depois, começou a cantar junto com a música...

— One, two, three, one, two, three, drink (Um, dois, três, um, dois, três, beba)

— Throw ‘em back till I lose count (Bebo todas, até perder a conta)

E então, ela gritou o refrão junto com a cantora...

.

— Iiiiiiiiiiiiiii’m gonna swing from the chandelier, from the chandelieeeeeeeeeeer!!! (Eu vou me balançar no lustre, no lustre)

.

Ela cantava, muito alto... o que fez com que as pessoas que passassem no corredor, ouvissem.

E naquele exato momento, quem passava por ali e achava aquele som fora do normal, era...

.

Steve Rogers...

.

O Capitão não se recordava de ouvir uma música tão alta aquele horário. Será que aquilo era obra dos estagiários de Jane?

Um pouco curioso (o que não era habitual dele, mas depois de tantas maluquices que havia acontecido naquela semana), o loiro resolveu abrir a porta e espiar o que estava acontecendo na sala.

Quando colocou a cabeça para dentro do cômodo, discretamente, a única coisa que notou foi Darcy Lewis... bebendo e dançando ao som de uma música deprimente...

.

— Keep my glass full until morning light (Mantenho o copo cheio até amanhecer)

— Cause I’m just holding on for tonight (Porque esta noite estou aguentando firme)

— On for tonight (Firme esta noite)

.

Ela agarrou o cabo do abajur que se encontrava ao lado da mesa, enquanto segurava a boca da garrafa contra os lábios, inclinando a cabeça para cima, subindo o recipiente para o alto, bebendo ferozmente, como se não houvesse amanhã...

Steve estava assustado com a cena... aquela garota era uma alcóolatra? Ela bebia todos os dias de modo inconsequente, não se importando consigo mesma e nem com ninguém ao redor...

.

Sun is up, I’m a mess (O Sol nasceu, estou destruída)

Gotta get out now (Tenho que sair agora)

Gotta run from this (Tenho que fugir disso)

Here comes the shame (Aí vem a vergonha)

Here comes the shame (Aí vem a vergonha)

.

E então, Darcy subiu no sofá, com a garrafa levantada para cima, os olhos fechados e um sorriso largo, enquanto cantava junto com a música...

O loiro sabia que aquilo não daria certo... ela estava bêbada e provavelmente poderia se desequilibrar e até bater a cabeça...

Céus, o que aquela garota maluca tinha na cabeça?

Darcy abria os braços, porque tinha a sensação de estar voando...

A sensação era incrível e não se recordava de seu mundo triste e melancólico sem Bucky Barnes...

Andando pelo próprio sofá, ela quase tropeçou...

E sabendo que a estagiária se machucaria, Steve entrou na sala, sorrateiramente, sem que a mesma percebesse.

.

— I’m gonna fly like a bird through the night (Eu vou voar como um pássaro pela noite)

— Feel my tears as they dry (Sinta minhas lágrimas enquanto secam)

.

E então, como o Capitão já esperava, Darcy perdeu o equilíbrio e tropeçou...

.

Sua queda seria violenta... isso se ele não tivesse entrado na frente e a pegado em seus braços...

.

A garota ainda segurava a garrafa, e com os olhos fechados, os apertou com força porque achou que tinha caído.

Ela percebeu que não tinha levado um tombo depois de três segundos, e que na verdade...

Estava naquele exato momento nos braços do Capitão América...

Darcy sorriu amplamente, de modo iluminado ao fitar os olhos azuis a observando... um tanto perplexos...

— Uau... como eu fui parar aqui!? – Sua voz estridente fez Steve exibir uma carranca.

Aquela estagiária era muito irresponsável com sua própria vida...

Ele a levantou, se afastando logo em seguida.

— Eu não entendo... por que você bebe tanto...?

Darcy semicerrou os olhos ao ouvir tal pergunta.

.

.

— É por causa de alguém que você conhece... – Ela riu...

.

.

Steve arqueou uma sobrancelha.

— Quem...?

E então, tudo o que teve em resposta, foi uma risada extravagante.

— Alguém de muuuuuuuito tempo atrás...! Ahahahahahaha!!! – A garota ria como uma louca, com os braços para cima, ainda segurando a garrafa, mas sabia que não podia falar uma vírgula relacionada Bucky Barnes, pois provavelmente teria problemas.

Steve não entendeu a referência e resolveu ignorar os desvairos de uma bêbada.

— Eu vou chamar a Doutora Foster... – O loiro virou de costas, mas ouviu a mesma tropeçar nas cadeiras que se encontravam ao lado.

Quando olhou para trás, percebeu que Darcy deixou a garrafa de vodka cair no carpete.

O Capitão correu para perto, notando que a mesma estava no chão.

— Você está bem? – Inquiria, preocupado com a situação alarmante da estagiária.

— Eu tô tonta... – Ela fechou os olhos, tentando se segurar.

— É melhor você ficar sentada até que eu chame a Jane pra te socorrer.

— Eu vou vomitar...

— O quê...?

Steve sequer teve tempo de reagir, porque Darcy se levantou rapidamente e o atropelou, correndo muito rápido na direção do banheiro.

A estagiária abriu a porta do local com desespero e logo começou a verter seu lindo vômito para dentro do vaso sanitário, que basicamente era só a vodka...

Steve a seguiu e entrou no banheiro, percebendo o quão mal Darcy se encontrava...

Ela rapidamente expeliu tudo o que tinha em seu estômago, mas sem muita dificuldade...

O loiro olhou a cena, se compadecendo da mesma... e então, resolveu segurar o cabelo dela, para ajudá-la...

Quando Darcy terminou, começou a rir desvairadamente...

— Ehehehe... Só tem líquido aqui...! Eu não comi nada...! – Afirmava, risonha.

— Por isso que está vomitando... -  Steve completou, entendendo o porquê ela passava mal.

— Mas você viu meu vômito aquático alcoolizado, puramente cristalino...! Ehehehe...!!! – Darcy continuou rindo de sua própria mediocridade e desgraça, bem na frente do maior herói da América.

— Sim, eu vi... – Ele sorriu de volta. Naquele momento, o Capitão só conseguia sentir pena da estagiária. Não tinha ideia do porquê a mesma estava bebendo tanto, mas independente do motivo, uma pessoa passando mal precisava apenas de ajuda e compressão e não de julgamentos precipitados.

— Desculpa... Isso foi nojento... – Ela redarguiu se levantando, fechando a tampa do vaso, dando descarga.

— Imagine. Eu tenho inveja de você.

— Por quê?

— Não posso ficar bêbado.

— O quê!?

— Sim...

— Eu acho que não ia gostar de ser você... – Ela riu de novo, e ele a ajudou a se levantar, conduzindo-a até o lavatório para que pudesse lavar o rosto.

— Deve ser ótimo ficar algum momento sem sentir a dor da realidade e eu perdi essa capacidade... – Steve desabafava, ao se recordar de todas as vezes que tentou se esgueirar do mundo real por um minuto que fosse, apenas para não enfrentar seus tormentos, que eram muitos...

A garota notava um resquício de melancolia nas palavras do Capitão. Que tipo de dor o Vingador mais corajoso tinha a ponto de ter inveja de quem conseguia ficar bêbado?

Steve Rogers era um homem muito gracioso, doce e educado. Era impossível não se sentir bem ao lado dele...

Darcy terminava de lavar o rosto, tonta e ao mesmo tempo envergonhada por fazer mais um papelão na frente dele.

— Olha, me desculpa por isso... eu exagerei hoje e acabei fazendo você passar por essa situação ridícula e... nojenta... foi mal mesmo, isso não vai acontecer de novo.

— Não precisa se desculpar...

— Seja como for, me desculpe mais uma vez e... aah, o lance da aposta era tudo mentira. Eu não apostei nada, acredite em mim... – Darcy ainda estava bêbada e tentava se redimir com ele, por causa do mal-entendido daquele dia. Estava se sentindo mal e descontou nele, apenas por causa do vínculo que possuía com Bucky Barnes.

— Vocês realmente não apostaram nada...? – Steve arqueava uma sobrancelha, desconfiado.

— Claro que não! Eu nem tenho dez mil pratas pra apostar! A Helena tinha bebido umas aquele dia...

— Nesse caso, não vejo porque não aceitar suas desculpas, se são sinceras... – Ele sorriu amavelmente e a estagiária sentiu seu coração aquecer no mesmo instante.

— Acredite... você está aliviando a minha consciência agora, então... obrigada, Capitão América... – Darcy sorriu docemente gentil, encantada com o gesto tão reverente e nobre do loiro.

— Me chame de Steve.

— Ok... Steve...

E então, o Capitão sorriu novamente para ela, e se Darcy não estivesse tão apaixonada por Bucky Barnes, com toda a certeza se sentiria derreter diante daquele sorriso tão puro, cristalino e iluminado...

O que era a luz do sol perto do sorriso resplandecente dele?

O Capitão América parecia um anjo de candura... tudo nele era incrivelmente cintilante... era como se o mesmo tivesse uma linda aura radiante que aquecia tudo ao redor.

E naquele momento, Darcy tinha a certeza de que Steve Rogers possuía o brilho de uma estrela naqueles belos e esplendorosos olhos azuis...

.

.

Ao anoitecer, Jane levou Darcy para seu apartamento.

A garota pegou no sono muito rápido, e Thor praticamente teve de carrega-la nas costas para subir até o sétimo andar.

A astrofísica não sabia que sua estagiária estava dormindo na casa de Kimberly, então deixou a garota em sua cama, no quarto de seu apartamento.

Kim tentou ligar para a amiga várias vezes, preocupada, mas Darcy só acordou no dia seguinte... com mais uma ressaca...

Ao abrir os olhos, fitou o local e percebeu que estava em seu apartamento, tomando um baita susto.

A estagiária levantou abruptamente da cama e a primeira coisa que notou foi um bilhete de Jane, do lado.

“Você bebeu muito, então te trouxemos para casa. Tome o remédio que deixei na cabeceira da sua cama quando levantar. Se cuida. - Jane”

Após ler o bilhete, Darcy sentiu a violenta dor de cabeça latejante... de novo...

— Droga... eu bebi ontem como se não houvesse amanhã... só que teve...

.

.