Wintershock escrita por ariiuu


Capítulo 5
Chuva e relâmpagos correndo em louca vertigem


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, como estão?
Feliz 2019 e que esse ano seja maravilhoso! Principalmente pra mim, que adoro escrever essa história, e para vocês que leem e se divertem, pois essa é minha intenção :P
Esse capítulo está bem estranho... As coisas meio que começam a esquentar entre essa dupla antagônica. Só lendo pra entender.
Não se esqueçam que essa fanfic tem um Tumblr: https://wintershock.tumblr.com. Lá tem coisas exclusivas que não são postadas aqui. Deem uma conferida quando quiserem.
Ignorem os erros por enquanto, porque nada sai 100% perfeito sem dezenas de revisões.
E vamos ao capítulo! Divirtam-se!



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Havia anoitecido e eles partiram.

Darcy se viu obrigada a aceitar que Bucky roubasse outro carro e então os dois seguiram para a cidade de Calverton, não tão longe de onde estavam.

A garota ficou feliz, pois ao menos havia uma loja de departamento por ali e podia comprar o que precisasse, sem estar isolada numa pequena vila como antes.

Teria de usar o cartão de crédito, pois seu dinheiro estava acabando.

A estudante comprou algumas coisas para se disfarçar, já que estava morrendo de medo de ser detida por ajudar a roubar dois carros...

Uma touca, óculos de sol, um boné, um casaco vermelho e uma peruca loira.

Mas por ora, ela apenas usava uma touca como disfarce.

Os dois se hospedariam num outro hotel e a mesma teria de enrolar a recepcionista mais uma vez, pois não tinha como apresentar a identificação do serial killer que a acompanhava.

E novamente, ela conseguiu.

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Já era de noite e Bucky saia do banheiro, ainda com o cabelo úmido por causa do banho. Ele tinha acabado de limpar seu ferimento no ombro.

Mesmo depois de um dia, os hematomas ainda lhe causavam muito desconforto e necessitava repousar, porém, não havia conseguido dormir na noite passada, pois precisava ficar de vigia.

Já Darcy, se encontrava entretida, lendo um livro, totalmente concentrada.

Observando-a em silêncio, ele focou no livro de capa estranha que a mesma lia.

A garota notou que o mesmo lhe fitava fixamente.

— O hotel tinha uma estante de livros na recepção, então resolvi pegar um para ler. – Ela respondia à pergunta que o olhar dele parecia lhe fazer.

— E o que é isso que você está lendo? – Indagou-a, friamente.

— It, a Coisa do Stephen King. Nunca leu? – Ela colocou o livro na frente do rosto, como uma máscara, já que a capa basicamente se resumia ao nariz vermelho do palhaço e o sorriso macabro e assustador.

— Não. – Redarguia, totalmente impaciente. A garota sabia que tinha amnésia e sempre fazia perguntas do gênero apenas para deixa-lo ainda mais irritado.

— E não deveria. Isso não é para menores de idade e fracos de espírito. – Ironizava, e Bucky já começava a apreender sobre o sarcasmo dela, só porque o não entendia nada daquele tempo.

A estudante fechou o livro, se preparando para sair do hotel. Compraria algo para os dois comerem, já que estava morrendo de fome.

— Você vai sair? – Perguntava, mais como um mecanismo de defesa do que interesse.

— Sim. Seres humanos comem, já você... que não tenho ideia se é o Conde Drácula, um lobisomem, um demônio, o Van Helsing ou uma forma evoluída do Hannibal, não parece sentir fome de outra coisa que não seja sangue, não é mesmo? – A estudante sorriu de canto, puramente insolente.

Bucky ficou em silêncio, olhando-a radicalmente... colérico... Sem entender uma palavra sequer do que aquilo significava, apenas atentando para mais uma dose de seu sarcasmo, estritamente infantil, desnecessário e inconveniente.

Já ela, fez a típica cara de paisagem, colocou sua touca e o taser no cós da calça, saindo do quarto imediatamente.

Sabia que o irritou por compará-lo com aberrações do mundo do terror e da fantasia, mas enfim...

Tudo o que Bucky conseguiu ouvir depois, foi o barulho da porta batendo, pelo lado de fora.

Estava chovendo, mas a garota saiu do hotel mesmo assim, pouco se importando.

O soldado desmemoriado se dirigia a janela para olhar a movimentação do lado de fora...

No vidro da janela os pingos escorregavam, da chuva incessante que não parava...

Ele ficou ali por meia hora, de vigia...

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Um tempo depois, diante das gotas que escorregavam rapidamente pelo vidro, Bucky observava a estudante voltando para dentro do hotel, apressadamente.

Ela corria, risonha, carregando comida nas embalagens largas de papelão.

O sorriso dela lhe irritava profundamente...

Quando Darcy voltou, Bucky estava sentado, no escuro, patrulhando pela janela.

A estudante acendeu a luz e deu de cara com o semblante obscuro do homem de braço metálico, já impaciente pelo fato de a claridade interromper sua vigia.

Ela segurava duas pizzas quentinhas nas embalagens e o cheiro despertava o olfato dele.

— O que é isso...? – Perguntava, atraído pelo aroma peculiar.

— Pizza Hut! E é o que vamos comer!

— Comer...? – Ele sentiu seu estômago reagir diante do cheiro maravilhoso que emanava das caixas. Quando foi a última vez que comeu algo? Não se recordava de sentir fome...

— Desde que viajamos não te vi comer, então comprei pizza. Você não está com fome? Como conseguiu ficar um dia inteiro sem comer nada? – Indagava, já abrindo as caixas em cima da mesa.

— Eu... Não tive apetite... – Ele retrucou, sem saber exatamente o que responder. Talvez o fato de não ter se lembrado que precisava comer, lhe fazia ter a sensação de que não necessitava de alimentação alguma.

— Você pode comer à vontade. Eu comprei duas pizzas. Mussarela e Peperoni! – E então, ela correu e abriu o frigobar do quarto, tirando uma garrafa de Coca-Cola dentro.

— E o que é isso que você está segurando...? – Bucky estranhava o conteúdo daquela garrafa.

— Coca-Cola... Você não está reconhecendo a marca? – Darcy fazia uma careta. Quem no mundo não conhecia aquele refrigerante?

— Eu... Não sei... – Redarguiu, impreciso e totalmente confuso.

— Como um agente secreto não sabe o que é coca-cola? Onde você esteve...? Sua amnésia é tão profunda assim? – A garota abria a garrafa e despejava o líquido escuro em dois copos, fazendo a espuma subir rapidamente.

Quando ela ergueu o copo para ele, sua mão segurou o objeto, timidamente, se perguntando o que poderia ser aquele líquido estranho que espumava.

Darcy revirou os olhos, mas o deixou de lado para ligar a TV.

Ela colocou num canal de desenhos e seriados.

Tão típico dela...

Já Bucky, experimentava o refrigerante e se impressionava com o sabor ardido e doce, mas ao mesmo tempo familiar.

Sua memória lhe dizia que já havia bebido aquilo em algum lugar. Só não sabia onde.

A garota devorava seu pedaço de pizza enquanto assistia “Victorious”, uma série de comédia da Nickelodeon.

Enquanto Darcy se entretinha, ele pegou um pedaço da pizza, um tanto hesitante... mas não havia outro jeito... precisava se alimentar, porque seu corpo pedia por aquilo.

Então, mordiscou aquela maravilha e se surpreendeu com o sabor delicioso... Estava com tanta fome e apetite que parecia nunca ter comido antes em sua vida.

De certa forma, aquilo trouxe um pequeno sentido em tudo de ruim que estava vivendo... era tão patético...

Ele olhou para ela, tão animada e feliz... Não parecia estar intimidada em sua presença naquele momento.

A estudante trajava roupas diferentes. Talvez ela tenha se trocado quando ele estava no banheiro.

Uma camiseta preta com uma estampa engraçada e calça jeans, além da touca.

Seu tênis all star estava do lado do rack. A garota se encontrava sentada de pernas cruzadas em cima da cama, com um pedaço de pizza na mão e o olhar fixo na TV.

Suas risadas eram estridentes e o entusiasmo dela lhe despertava certa curiosidade. Como a mesma conseguia estar tão feliz, apenas por estar vidrada nas imagens a sua frente?

O sorriso de Darcy era jovial e aquilo lhe incomodava demais... porém...

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Ela se virou e os olhares de ambos se encontraram...

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A estudante realmente era bonita... Mas ele tentou não prestar atenção nisso porque não o levaria a lugar algum...

Seu cabelo castanho ainda estava solto e molhado por causa da chuva, emoldurando perfeitamente seu rosto. Suas bochechas estavam coradas e os olhos azuis cor de céu se encontravam bem delineados por traços escuros e esfumaçados... os observando, em silêncio...

Por um momento ele tentou adivinhar as nuances do azul nos olhos dela, que variavam de safira a turquesa...

O olhar dele desviou para os lábios da garota... perfeitamente avermelhados... uma característica apreciativa, se pudesse julgar...

Tentou não descer sua visão para baixo e observar a camiseta que ela usava... estar tão realçada em seu corpo...

Era tudo muito estranho... Sua memória visual parecia admirar tudo o que estava diante de si e a impressão era a mais agradável possível, mas não conseguia entender o porquê.

Sem nem ao menos pensar, ele apenas a questionou.

— Você não tem medo de mim...? – Dessa vez, era ele quem perguntava diretamente, lhe pegando de surpresa.

— Nesse momento não, pois você parece uma pessoa normal, mas quando isso não acontece, eu imploro a Deus diversas vezes que você não me mate, não me corte em picadinho e não me coloque numa mala com destino ao rio mais próximo. – Revelou, devorando mais um pedaço de sua pizza de peperoni, um tanto despreocupada.

Bucky não sabia como compreendê-la... Aquilo era uma piada sarcástica ou a garota falava sério?

Às vezes Darcy era precisa como uma bússola... E outras vezes ele se perdia em sua vastidão...

A estudante apenas expressou um meio sorriso, extremamente confiante e efêmero, voltando sua atenção para a TV em seguida.

“Quem é você...?”— Bucky se perguntava, mentalmente...

Não podia vê-lo, mas podia sentir os olhos dele se movendo sobre ela, se questionando sobre a mesma.

— Não sei se você quer saber meu nome, mas se está curioso sobre mim, vou te dar um pequeno resumo... Eu trabalho para dois astrofísicos num laboratório de física quântica em Nova York. Estou no quarto ano da faculdade e me formo esse semestre. Eu amo frapuccino de caramelo com chantilly, filmes de terror, músicas antigas e nas horas vagas jogo online... Bem, na verdade há muito mais coisas que eu amo, mas não vou listar, senão você vai amanhecer ouvindo a minha voz...

Amanhecer ouvindo a voz dela? Talvez não fosse ruim... Ela lhe distraia de seus terríveis pensamentos desconexos sobre tudo e todos à sua volta, embora não entendesse quase nada do que dizia...

Talvez ouvir sobre sua vida não fosse uma má escolha... Mas ele não tinha coragem de dizer isso a ela... O seu instinto ainda lhe aconselhava a não confiar facilmente em alguém... Mesmo que essa pessoa fosse ela... Uma jovem estudante tão frágil e que se alegrava com um pedaço de pizza e séries de TV.

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Bucky ficava de vigia enquanto Darcy dormia...

Três horas se passaram e ela já estava caída em sua cama, descansando. A garota tentou convencê-lo a dormir, mas sem êxito, desistiu e apenas adormeceu.

Ele se impressionava com o fato de a mesma conseguir dormir tão facilmente... Não tinha certeza se poderia, porque a HYDRA com certeza estava lhe procurando... Não podia baixar a guarda e ser pego.

Bucky apagou as luzes e tudo estava escuro novamente...

O barulho do nada... Não silenciava a dor que habitava nele... O sentido de tudo que procurava, mas não tinha ideia de onde achar...

Não sabia quem era e essa seria a missão mais importante agora... Talvez a mais importante de sua vida...

Descobrir sua identidade...

Sua memória desvanecia... Como poeira fluindo pelas sombras...

A noite prevalecia e a chuva continuava forte lá fora... As gotas que batiam no vidro da janela ao seu lado, prendiam sua atenção por alguns segundos...

Muitas imagens violentas de várias pessoas vinham à sua mente... E as mesmas morriam de forma brutal...

Por suas próprias mãos...

Mortes por estrangulamento... Decapitação... Mutilação... Eram tantas formas cruéis e desumanas...

Ele carregava o sangue de inúmeras pessoas desconhecidas em suas mãos... Aquilo pesava em sua mente e lhe fazia ter uma sensação repugnante...

Em meio ao turbilhão de abomináveis pensamentos, Bucky tentava o máximo que podia ficar sem dormir.

Se passaram dois dias... Era difícil manter a prontidão constante da vigia e estar em alerta se algo se aproximasse, para um suposto combate...

Suas pálpebras pesavam... Seus olhos tentavam se fechar contra sua vontade...

Não se recordava de dormir profundamente... e talvez não conseguisse repousar duas noites seguidas... Ele podia ir além do que um humano comum conseguiria, mas ainda precisava de algum descanso para que seu corpo e sentidos funcionassem corretamente... porque se não conseguisse, estaria inapto nos momentos que necessitasse lutar... O combate fazia parte de sua natureza... Foi treinado intensamente para isso... Mas...

O tempo corria em louca vertigem...

Um cenário psicodélico emergia diante de sua cabeça...

A privação do sono... estava lhe deixando louco...

Bucky tentava desesperadamente não se descontrolar e perder o domínio de sua mente, pois estava à beira de dar vazão aos instintos assassinos que tentavam lhe consumir o tempo todo...

A abstinência do descanso e a agonia em se manter acordado por causa de algum perigo iminente... estavam lhe causando efeitos devastadores...

Porém, um ruído lhe tirou daquela insanidade perturbadora e turbulenta...

Darcy acordou e tentava se locomover com muita dificuldade no meio daquela escuridão...

Sonolenta, a garota acabou tropeçando em seu próprio tênis, perdendo o equilíbrio... e...

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Em vez de cair de cara no chão, ela sentiu uma mão agarrá-la...

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O zumbido do braço de metal fez Darcy perceber que ele a tocou...

Os dedos dele envolveram sua mão, segurando-a... Ele era forte o suficiente para firmá-la facilmente, não lhe deixando cair...

Refreando sua queda, a garota admirava a capacidade do braço metálico... Tão frio e rígido...

Em frações de segundo, a ponta do polegar de metal pressionou o centro da palma da mão dela...

E no mesmo instante, ele a ajudou a se levantar...

Eu... Me desculpe...— A garota sussurrou na escuridão, ainda sentindo o metal de seus dedos encostado em sua mão, fazendo-a estremecer minuciosamente...

— Não se desculpe... – Murmurou, friamente.

— Eu sinto muito... sou extremamente desastrada... – A garota articulava, tentando se afastar, mas ele ainda segurava firmemente sua mão.

— Não tem importância... – O tom de sua voz, soou um pouco menos agressivo do que o comum e ela sentiu um impetuoso frio na barriga de ansiedade quando o mesmo parecia estar convicto de tocá-la sem tanta preocupação, não expressando ameaça como de costume.

Aquilo era uma bandeira branca sendo erguida em meio ao clima tenso que pairava entre os dois?

— Você deve ser traumatizado e por isso não consegue ser tocado... não é mesmo...?

— Consigo fazer isso no escuro... – Bucky sussurrou, largando sua mão no mesmo instante.

Embora não visse nada, ela podia senti-lo há dois metros de distância.

Seu braço cibernético fez um ruído de cliques metálicos. Um suave barulho eletromecânico.

Darcy ainda não sabia o que aquele braço significava... Nem quem ele era... Mas podia adivinhar que por trás de toda aquela frieza e indiferença, havia alguém com traços humanos e empáticos de alguma forma.

A única coisa que a garota pôde ouvir logo em seguida, era o mesmo abrindo o zíper da jaqueta de couro, tirando-a, ficando apenas com a camiseta escura que vestiu no dia anterior, deixando os braços humano e de metal totalmente a mostra.

Chovia... e o clima estava um pouco gélido do lado de fora...

— Eu sei que devia prestar mais atenção, mas estou morrendo de sono e está tudo escuro.

— Vou acender a luz... – Ele se aproximava do interruptor, mas ela o impediu.

— Não precisa. Você não gosta de claridade. – Ela correu na frente dele e quase caiu de novo, mas dessa vez, ele a segurou com seu braço humano...

Darcy sentiu sua respiração engatar...

— Você está alterada... Por acaso teve um pesadelo? – Ele a questionou e a mesma não entendeu.

— Não, por quê...?

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Por que seu coração está acelerado... – Ele replicou, passivamente.

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Darcy arregalou os olhos, mesmo no escuro... Como ele conseguiu sentir as batidas do coração dela?

Como... Você...— Balbuciou, sem completar a pergunta. Estava um pouco chocada.

— Eu estou sentindo os batimentos através do seu pulso... – A voz calma e a revelação que lhe fizera, meio que a deixaram um tanto nervosa.

Como ele conseguia sentir seus batimentos tão facilmente só através de um toque?

— Uma pessoa normal jamais perceberia isso tão fácil através do tato... isso é alguma habilidade de espião? – A estudante o contestava, perplexa, sentindo o toque da mão humana na sua.

— Não vejo necessidade de te explicar sobre isso... – Já ele, resistia, tentando ser mais educado, já que a mesma havia lhe tirado do frenesi violento que estava a poucos minutos por causa da privação do sono e o excesso de concentração em vigiar a movimentação pela janela.

— Você não pode mesmo me dizer nada?

— Não.

— Por quê?

— Por que você não tem nada a ver com tudo o que está acontecendo comigo.

— E o que está acontecendo com você...?

— Coisas... Que você não tem ideia... – Por um momento, mesmo em meio a escuridão, Darcy pôde perceber a sombra de um meio sorriso... Essa seria a primeira vez que ele demonstrava tal expressão desde que se conheceram ou era só alucinação?

Desconfiada, Darcy se aproximou dele, lentamente... e...

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Bucky não recuou...

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Se ele havia lhe tocado para que não caísse, duas vezes, o que aconteceria se ela o tocasse?

Dessa vez, ousadamente, Darcy ergueu o braço no ímpeto de tocá-lo propositalmente... estava determinada sobre isso sem pensar muito, porém...

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Bucky desviou seu corpo, agarrando o pulso dela com a mão humana enquanto o braço de metal circundou sua cintura, segurando suas costas com a palma da mão metálica, a cercando completamente...

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Por um momento, se sentiu atônita e extremamente chocada...

Sua visão estava totalmente preenchida pelo corpo dele...

Os reflexos daquele homem eram altamente elevados e Darcy estava com medo que o mesmo ouvisse seu coração bater descompassadamente de novo...

Era como se ele percorresse o mais íntimo de seus caminhos, desvendando cada pedaço oculto dos pensamentos dela naquele momento...

Mas na verdade, Bucky só tentava fugir desesperadamente de sua mente atordoada que lhe implorava para se manter acordado, enquanto seu corpo desejava repousar... um mecanismo de defesa que poderia lhe matar, pouco a pouco...

Vagueava perdido e sem perspectiva do que fazer naquele momento... E a estudante era a única distração no meio do inferno de sua mente adoecida...

A penumbra do quarto contrastava efemeramente com os relâmpagos em meio à tempestade do lado de fora e que clareavam por ligeiros segundos todo o ambiente, revelando o olhar friamente impetuoso que a retalhava...

Você está... muito quente...— A voz da garota falhou entre o sussurro que a pouca respiração lhe dava...

Eu sou assim...— A entonação de sua voz era grave, mas condescendente... E ressoava assustadoramente em seus ouvidos...

Quando o tocou pela primeira vez, sua pele era fria... E agora, seu toque era incrivelmente incandescente...

Aquele misterioso homem pálido, de pele quente... lhe deixara paralisada e em sua sintonia...

Ambos se encontravam incrivelmente perto... Tão próximos que podiam ouvir as respirações um do outro...

O toque cáustico da mão humana segurando seu pulso e a mão gélida de metal encostado em suas costas, havia cortado sua respiração...

O temporal de uma noite escura... E as faíscas limpas que amenizavam o frio no caminho molhado do lado de fora... Eram a melodia perfeita a ser ouvida naquele quarto...

Os sons ensurdecedores dos trovões não conseguiam mais assustá-la... A única coisa que prendia a sua atenção era o jeito como ele a olhava naquele momento... uma expressão extremamente emblemática, mesmo em meio a escuridão... e que podia ser vislumbrada pela iluminação oscilante das cortinas que esvoaçavam suavemente pela fresta da janela...

Olhos tão frios, sublimes e cruéis... que lhe faziam ter a imensa vontade de rasgar o véu sombrio que o cobria...

Em meio a brisa gelada, os fios de cabelo castanho iam aos poucos se desgrenhando... lentamente... fazendo algumas mechas cobrirem parte dos olhos azuis, tão incompreensíveis... herméticos e desafiadores... tornando o aspecto do homem a sua frente ainda mais obscuro e indecifrável...

A beleza daquelas trevas evanescentes... tiravam demasiadamente o fôlego dela...

E a contraste dele, o esplendor cristalino do olhar da garota tentava puxá-lo para fora do desvairo que sua mente insistia em lhe prender... Um local tão horrível, pintado de vermelho escarlate... A cor do sangue de todos aqueles que matou...

Era demasiadamente escuro... Um verdadeiro abismo...

O vazio de uma ferida invisível que doía intensamente... melancólica e cruel... no mais profundo da alma... se transformando no pior de todo o seu sofrimento...

E Bucky nem ao menos entendia o porquê...

Tudo o que podia sentir era sua mente imersa na batida de um relógio sem tempo... sem propósito e sem sentido... Onde estava...? Por que estava ali...? Por que ela estava ali com ele...?

O perfume de Darcy pairava sob seus sentidos... e indiferente as suas indagações... porém, estranhamente envolvido, ele parecia desesperado em absorver a intensa luz naquele olhar azul celestial que aquecia seu coração e lhe fazia pulsar inexplicavelmente...

Tanto Darcy quanto Bucky se encontravam totalmente ligados um ao outro...

Se conheceram em circunstâncias terríveis, não sabiam nada um do outro... tampouco seus nomes...

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Tal gesto soava como um fatídico e translúcido cortejo...

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Invisível, involuntário, mas compreensível e mútuo...

Um magnetismo de um vínculo imperceptível que pareciam ter desenvolvido secretamente um pelo o outro...

Um tanto constrangida por viver aquela experiência intensa por senti-lo lhe tocar profundamente e misteriosamente, mas sem saber o significado de tudo aquilo e de todos os olhares trocados, os toques enigmáticos e a conjunção daquela cena irreal que estava vivendo ao lado de um homem desconhecido, vulgo assassino e agente secreto, a voz da garota resolveu cortar todo aquele torpor...

Me desculpe... de novo...— Balbuciou, enquanto sentia sua mão agarrada a dele e a mão de metal sustentando suas costas...

Seu toque irradiava um imenso calor contra a pele dela, mas o contato do metal gelado em suas costas lhe causava um forte arrepio...

Era como se a voz de Darcy lhe trouxesse de volta ao presente, ao planeta terra e a todo aquele contexto de realidade.

Bucky soltou a mão dela rapidamente.

Não tem importância... — Murmurou, se afastando no mesmo instante.

A estudante apenas respirou profundamente, procurando se recompor...

O que diabos foi tudo aquilo...? Parecia ter vivido algo tão intenso que jamais sentiu com nenhum outro homem em sua vida...

Ela o observou esfregando os olhos.

Sabia que ele não dormia a dois dias.

— Você não quer que eu fique de vigia no seu lugar...? Você precisa dormir.

— Eu não posso dormir...

— Você precisa dormir... Não estamos sendo vigiados...! Se estivéssemos, já não teriam vindo atrás de nós!

— Eu não posso baixar a guarda...

— Você não precisa. Eu vou ficar de olho e se alguma coisa acontecer, eu grito. – E então, ele pôde vislumbrar um terno sorriso florescendo nos lábios dela, mesmo na penumbra do quarto...

— Não... Eu não posso deixar alguém como você vigiar... então pare de dar sugestões. Não se esqueça que eu estou no comando.

Darcy desferiu um olhar raivoso para o mesmo.

— Ok! Mas se você desmaiar de sono, saiba que vou te abandonar e ir embora! - E então, ela bateu a porta do banheiro com força, pois desde que acordara, era isso que devia ter feito, em vez de ter tropeçado e quase caído.

Bucky suspirou profundamente e voltou a se sentar na poltrona ao lado da janela.

Já Darcy, se praguejava por ter se deixado levar pelo gesto e a aparência de um assassino que nem sabia o nome.

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Notas finais do capítulo

E o que fui tudo isso? Wooow, será que teremos coisas mais intrigantes no próximo?? Sim ou com certeza? :D
Reviews com sugestões são bem importantes. Comentem e deixem suas opiniões.
Nos vemos no próximo.



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