Wintershock escrita por ariiuu


Capítulo 42
Segundo round: Darcy vs Nathan


Notas iniciais do capítulo

É isso mesmo, minha gente! Hoje teremos a segunda rodada entre os dois estagiários, e dessa vez, será bem mais violenta que no capítulo anterior. Eu espero do fundo do meu coração que vocês gostem ;D
Divirtam-se... divirtam-se muito, muahahahahaha *maldade vindo



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Darcy saia do laboratório aliviada por Jane lhe dar férias.

A garota ficou ali por duas horas, copiando alguns arquivos para seu pen-drive, separando livros para levar para o apartamento de Kimberly, totalmente concentrada apenas no seu TCC.

Mas Erik pedia ajuda para a garota a respeito de alguns arquivos, passando aquele tempo com ela, envolvidos no desenvolvimento de um projeto que já estava para ser concluído.

— A propósito, Darcy, você nunca mencionou que tinha um primo que estava com você em Nova York. Ele é de onde? – Contestava, enquanto imprimia várias folhas de alguns arquivos na impressora gigante do salão principal.

A estudante arregalou os olhos, pois sabia que Erik, diferente dos outros, conhecia muito a respeito da história dos Estados Unidos, principalmente fatos da segunda guerra mundial.

— Ele é do Colorado. Não costuma nos visitar com frequência. – Darcy tentava arrumar alguma desculpa que não o fizesse dar muitos detalhes sobre Bucky.

Erik era alguém muito perspicaz e tinha medo que descobrisse sobre tudo...

— Ele lembra o rosto de alguém que já vi em algum lugar... alguém das antigas, sabe? – O astrofísico estava um pouco intrigado com a fisionomia do soldado, e a única coisa que conseguiu ouvir em seguida, foi uma Darcy rindo de nervoso.

— AHAHAHAHAHAHAHAHAHA, o rosto dele é super comum! Não parece com ninguém não! – A garota fez uma careta bizarra e o cientista franziu o cenho, desconfiado.

— Bem, de qualquer forma, você estará fora por um tempo, certo? A Jane lhe deu férias?

— Sim. Preciso me concentrar no TCC.

— Eu tenho certeza que dará tudo certo. Você podia ter escolhido outro tipo de ciência, porque política é algo muito chato e complexo.

— Legal e divertido é física quântica, não é mesmo? – Ela revirava os olhos, em forma de ironia.

— Quando será sua formatura?

— Final de Julho.

— Estaremos lá. – O astrofísico sorriu. Jane e Darcy eram como filhas para ele, e o mesmo possuía muita consideração por elas, já que os três trabalharam juntos por anos.

— Assim espero. Agora preciso ir. – Ela colocava a mochila nas costas.

— Se precisar de alguma coisa, me ligue. E não fique muito tempo sem dar notícias pra Jane, ou ela vai surtar com a sua ausência.

— A Jane só pensa em trabalhar. Ela não liga pra mim.

— Isso não é verdade. Ela te ama.

— Ela me ama, mas o trabalho ocupa o primeiro lugar no coração dela.

— Isso eu tenho que concordar. O Thor é o segundo colocado.

— E nós os terceiros!

Os dois riram e ela se despediu do cientista, saindo do salão naquele exato momento.

A partir de agora, se dedicaria totalmente ao seu trabalho de conclusão de curso e seus planos a curto, médio e longo prazo.

Era o mais sensato a se fazer...

Darcy suspirava aliviada depois de ter colocado tudo o que precisava no pen-drive e na mochila... teria suas férias e ficaria com Kim até organizar tudo.

Estava decidida a manter distância de Bucky Barnes por enquanto, até que as coisas se acalmassem... mas...

Ela percebeu que os slides da apresentação tinham ficado num pen-drive em seu apartamento...

Céus... teria que voltar lá para pegá-los...

“Por que não os colocou na nuvem? Como você é burra, Darcy...” – Xingava a si mesma por tamanha incompetência.

— Tudo estava indo bem... até eu acordar...

E então, teria de correr o risco de encontrar o sargento em seu apartamento, justamente quando tinha resolvido não cruzar com ele... porém, não havia outro jeito. Precisava pegar o pen-drive com os slides da apresentação para treinar sua retórica.

Em meio a vários pensamentos sobre não encontrar de forma alguma com o soldado, a estudante cruzou o corredor, rumando o para o elevador, e então...

.

Deu de cara com Nathan...

Pela segunda vez naquele dia...

Só podia ser praga de alguém...

.

No mesmo instante, a feição de Darcy fechou... não conseguia ficar um segundo sequer perto daquele satã... Ainda mais depois da discussão que tiveram pela manhã.

Darcy virou o rosto, ignorando-o totalmente.

— Acho que o destino quer que nossos caminhos se cruzem o tempo todo... – Ele a provocou, com um sórdido sorriso nos lábios.

— A única coisa que devia cruzar nesse momento, é um caminhão, na sua direção. – Replicou seriamente.

— Aonde você vai a essa hora? Por que ainda não está trabalhando?

Darcy deixou sua carranca se fechar ainda mais. Lá estava ele perguntando de novo o motivo de não estar em horário de expediente.

— No dia que eu precisar te dar satisfações da minha vida, me avise, pra eu tirar uma tomografia e ver se está tudo bem com meu cérebro.

— Hmm... fico imaginando o tipo de tratamento que você deve dar para o cara que está apaixonada... isso é tão patético... – Nathan retorquiu, com um sorriso sombrio. Ele ainda se recordava do dia anterior, ao qual ouviu a garota dizer no meio do restaurante ao telefone, que estava apaixonada por alguém.

— E eu fico imaginando o quanto seria ótimo para o planeta terra se você se liquefizesse e desaparecesse totalmente...

— Eu não queria estar na pele do cara que você está apaixonada... – Nathan zombava explicitamente da cara de Darcy e a mesma não entendia o porquê de estar ouvindo coisas sobre ela ‘estar apaixonada’ pela segunda vez consecutiva.

Céus... Será que ele sabia de algo...?

— Do que você está falando... por que está dizendo o tempo todo sobre eu estar apaixonada?

— Darcy, Darcy... matei dois coelhos numa cajadada só hoje... – O estagiário estava feliz por deixa-la extremamente irritada.

— Hmmm... se vamos falar de ditados populares, eu gosto do: “Melhor um rifle na mão com dois inimigos voando.” – A garota ironizava, fazendo um trocadilho com o ditado “melhor um pássaro na mão do que dois voando”, mas de longe aquilo fazia cócegas em Nathan.

— Você já se declarou pro cara que está apaixonada? – Ele teimava em provoca-la e Darcy perdia as estribeiras.

— MAS QUE INFERNO, NATHAN! POR QUE ESTÁ ME FAZENDO UMA PERGUNTA DESSAS!? – Bradou, colericamente.

— Por que ontem eu estava no mesmo restaurante que você e praticamente a ouvi berrar ao telefone pra todos ao redor que estava apaixonada por um cara...

Oh,

Céus...

Um,

Dois,

Três,

Segundos e...

— O QUÊ!? – Darcy gritou, um tanto alarmada.

De todas as pessoas no mundo, por que aquele filhote de cruz-credo tinha que ter ouvido a pior de todas as suas confissões?

— Está assustada...? – Ele continuou sorrindo, totalmente vitorioso.

— Você... – Darcy não sabia o que dizer e não raciocinou direito por medo. Ninguém ali devia saber sobre todos os seus segredos que envolviam Bucky Barnes.

— Torno a perguntar... Está assustada...? – Ele se aproximou, cercando-a por completo.

Darcy tentou voltar a razão. Nathan não parecia estar blefando, então, teria de ser mais inteligente que ele.

— E por que você acha que é um cara...? Pode ser uma garota também... – Balbuciou, trêmula.

— Eu tenho certeza que é um cara... – Nathan sorriu petulantemente de canto, como se estivesse numa espécie de batalha mental contra Darcy e a mesma estivesse perdendo.

— Você não pode ter certeza de nada. Não me lembro de ter citado o gênero da pessoa na minha conversa ao telefone.

O elevador apitava, prestes a abrir.

— Eu tenho um palpite... – O satã replicou, muito convicto.

— É mesmo...? Qual...?

.

— Que o tal cara é o seu primo...

.

Darcy esboçou uma careta horripilante ao ouvir aquelas palavras e quando menos esperava...

A porta do elevador abriu, e Nathan a puxou com força para dentro, junto com ele...

— HEY, ME LARGA!!! – Darcy gritou, como instinto de sobrevivência, afinal, a cria de belzebu acabava de prendê-la no elevador.

A porta se fechava e agora a estudante estava encurralada...

Céus... e agora?

— Assuma de uma vez por todas que aquele cara não é o seu primo.

— Ele é sim!!!

— Ooh... por que está berrando como uma criancinha de cinco anos? – O rapaz a provocava, sorrindo diabolicamente.

O rosto de Darcy estava vermelho de raiva.

A garota tocou o bolso de trás das costas, procurando sua arma de choque, por instinto.

— O que foi...? Esqueceu o taser...? – Nathan ainda sorria triunfante, porque achava que todas as suas suspeitas estavam certas.

— Eu juro por Deus, Nathan, que da próxima vez que você me prender no elevador junto com você, não vou me segurar pra usar o meu lança chamas!

— Mas eu sou o satã, Darcy... chamas não surtem efeito em mim... – E por fim, o rapaz abria os braços, numa pose majestosa, como se tivesse ganhado a guerra, numa série de batalhas contra a estudante.

Ela rosnou em resposta e o elevador parou no segundo andar.

— Quando você morrer, eu espero que os vermes que comerem a sua carne não tenham indigestão por causa do seu veneno!!!

Então, a primeira coisa que Darcy fez, logo quando as portas do elevador abriram, foi...

.

Correr...

.

Ela correu na direção das escadas, decidindo descer o prédio por ali, já que não teria argumentos para rebatê-lo sobre ‘seu primo’.

Nathan não foi atrás dela, mas estava orgulhoso de si mesmo.

Finalmente ele botou Darcy Lewis pra correr.

O satã saia do prédio feliz...

— No nosso próximo embate, você não perde por esperar... – Cochichava para si mesmo...

O que ele estava planejando...?

.

Depois do susto com o satã, Darcy correu para seu apartamento.

Aquele dia estava sendo um dos piores... e ainda por cima teria de correr o risco de encontrar com o soldado, caso o mesmo ainda estivesse lá...

— Por que esqueci os slides...? droga... – Praguejava a si mesma por ter uma mente tão esquecida nos momentos mais críticos de sua vida.

O satã havia descoberto o pior de seus segredos e não seria fácil despistá-lo...

— Eu quero morrer... – Darcy rangia os dentes, em tom choroso.

Ao chegar na frente do prédio, ela contou até dez antes de entrar, fazendo respiração por diafragma.

Esperava não encontrar com Bucky, mas caso encontrasse, pelo menos aquelas ondas trovejantes em seu estômago estariam controladas por causa de suas técnicas de respiração para amenizar o nervosismo.

OU NÃO...

— Certo... eu posso, eu quero e eu consigo... – E então, a garota começou a subir as escadarias do prédio.

Ao chegar na porta, ela contou até dez novamente, então...

Finalmente entrou...

Ela olhou fixamente ao redor, e percebeu que tudo estava silencioso.

Não tinha ideia se Bucky estava ali, mas se estivesse, apenas seguiria seus planos, ignorando-o totalmente, para o bem dos dois.

— Certo... Eu escolho me concentrar nos estudos, até por que... Temos um TCC. Preciso ensaiar a minha parte da apresentação, se bem que, estou preparada pra isso há anos... – Convencia a si mesma, enquanto se dirigia a sua escrivaninha...

A garota pegou o pen-drive com os slides e resolveu imprimir tudo.

Os papeis com suas anotações no editor de texto estavam bem organizados, então só precisava memorizar com precisão os tópicos dos slides que seriam passados no auditório para a banca que avaliaria o projeto.

Darcy apanhou uma pilha de livros e vários papeis, arrumando-os ao lado do notebook que se encontrava em cima da escrivaninha...

Os papeis eram basicamente lembretes de coisas importantes sobre o projeto...

Ela olhou ao redor e percebeu que James de fato não estava ali, então por ora, poderia usar aquele tempinho para treinar.

Só vou me aquecer e em meia hora eu dou no pé... – Decidida, a garota resolvia apenas treinar aquele tempo e então, voltar para o apartamento de sua amiga.

A estudante passou a ler em voz alta a escrita dos lembretes apenas para pegar no tranco. De resto, tudo viria em sua mente...

— Certo... o conceito sobre a ciência política é o primeiro tópico... só preciso deixar meu conhecimento fluir, então...

Ela pigarreou, e então, começou a falar sobre o que sabia do primeiro tópico.

— O que é Ciência Política? Para melhor entender a Ciência Política, deve-se analisar primeiramente o conceito e significado da mesma, uma vez que, a partir desta conceituação é possível analisar, dissertar e visualizar suas aplicações no decorrer do tempo e espaço, e suas contribuições para a história, bem como, estabelecer conexões e parâmetros entre passado, presente e a projeções da ciência política para o futuro. A ciência é o conjunto de técnicas e modelos que permite organizar o conhecimento sobre uma estrutura de fatos objetivos, então, vamos a estrutura...

Darcy eu uma pausa, olhou para cima, e suspirou calmamente.

— A política, no que lhe diz respeito, é uma atividade ideológica destinada à tomada de decisões de um grupo para alcançar objetivos e o exercício do poder para a resolução de conflitos, portanto, podemos afirmar que a ciência política é uma ciência social que se dedica ao estudo da atividade política como um fenômeno universal e necessário. A ciência política também se encarrega de desenvolver a teoria do Estado, a principal forma de organização social. Alguns afirmam que a política sempre existiu, mesmo sendo de uma forma rudimentar, pois, as reflexões sobre os seus âmbitos datam da antiguidade. No entanto, há quem situe o nascimento da ciência política no século XVI, com o trabalho de Nicolás Machiavelo e-

Darcy foi interrompida pela porta da sala.

Bucky entrava no apartamento...

“Ótimo... eu devia ter me mandado enquanto era tempo... Parabéns, Darcy...” – Pensava, se recriminando por ter decidido ficar ali, sendo que o objetivo era não cruzar com o soldado.

A garota se xingava dos piores sinônimos de ‘asna’ por pensamento, mas no mesmo instante chacoalhou a cabeça e resolveu esquecer que o cara que ela gostava, acabava de atravessar a porta da sala de seu apartamento.

Mas ainda assim, por mais que quisesse fingir que ele não estava ali, era um tanto difícil quando o mesmo ficava em silêncio, do outro lado da sala, lhe observando muito curiosamente.

A estudante suspirou e olhou para cima de novo.

“Dissipe pensamentos e sentimentos sobre ele agora mesmo, sua idiota...!” – Gritava consigo mesma.

Quando pensou em dizer que estava ensaiando para sua apresentação, Bucky foi mais rápido.

.

— Por que você não voltou pra casa?

.

No mesmo instante, Darcy o encarou, impaciente.

Não estava disposta a ser a mesma Darcy idiota, mesmo se quisesse. Era um misto de raiva, de impotência, de ciúmes... sim, ciúmes porque não conseguiu superar o fato de vê-lo com a Viúva Negra aquela noite... e era totalmente ridículo e patético, exatamente como Nathan escancarou naquela manhã.

— Eu estava com um pouco de ressaca, então fui pra casa da Kim. – Retorquiu, levemente irritada... e obviamente, James desconfiou daquela postura nada comum da estudante.

— Mas você passou um dia fora de casa...

— Aah... está contando quantos dias eu fico fora? Por quê...?

— Está tudo bem...? – Ele ignorou a pergunta dela com outra pergunta.

— Sim, está. Mas será que eu posso voltar a fazer o que estava fazendo antes de você chegar?

James franziu o cenho, estreitando o olhar diante da carranca da garota.

Que tratamento hostil era aquele? O que ele tinha feito de tão errado?

— Sim... me desculpe por interromper.

— Certo, então... – A garota virou na direção da sacada, segurando o papel com todos os tópicos da sua parte da apresentação, e então, retomou seu discurso.

.

— Platão influente filósofo grego nascido em Atenas, provavelmente em 427 a.C, possuía um vasto conhecimento em ciências, matemática, retórica, além de filosofia, dando uma importância significativa para a educação, onde valorizava métodos de debate e conversação como formas de alcançar e aperfeiçoar o conhecimento, desenvolvendo o homem moral, a partir da educação, com aulas de retórica, ciências, geometria, música, astronomia e educação militar.

.

A voz da garota soou muito mais séria e grave do que o habitual. Ela estava totalmente concentrada.

Não era comum vê-la naquelas circunstâncias. Era diferente... Darcy sempre estava risonha, fazendo piadas, sendo extrovertida o bastante para deixa-lo sempre alegre, mas agora ela parecia o extremo oposto.

James continuou a observá-la discretamente... Ele reparava nos gestos precisos dela e em sua concentração...

Era admirável... A forma como a mesma discursava sobre os tópicos de seu trabalho... tão empenhada em detalhar tudo de forma complexa e requintada... Explicar coisas as quais não entendia e de como todo aquele conhecimento acumulado era resultado de um trabalho árduo...

A segurança do olhar dela... penetrante e convicto... Parecia aniquilar toda a lucidez que ele lutava em manter, deixando-o sem defesa...

Seus sentidos se ampliaram... e não conseguia despregar os olhos dela... não era algo normal... sua reação em meio a visão dela, definitivamente não era normal...

O que estava acontecendo...?

Darcy estava estranha a algum tempo, e no dia anterior esse comportamento ficou ainda mais evidente.

Bucky ainda a observava, magnetizado... prestando atenção em tudo nela, desde a forma como seus lábios soletravam cada palavra de seu discurso até o modo como a garota colocava uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.

Enquanto continuava analisando-a, o soldado se assustou quando Darcy parou seu discurso no meio e jogou alguns papeis para cima, como se tivesse errado alguma coisa e perdido totalmente a calma.

Os rascunhos voaram por toda a sala, com a estudante no meio, exibindo uma feição sombria.

— Céus... eu esqueci de mencionar várias coisas importantes dessa estrutura... como vou intimidar a banca com essa retórica tão ridícula!? – Ela começou a caminhar de um lado para o outro, apreensiva.

— Há algo que eu possa fazer pra te ajudar? – Sem raciocinar, Bucky sugeriu, e ela se surpreendeu.

— Não há nada que você possa fazer pra me ajudar. Eu estou num conflito que só os meus colegas de grupo entendem. – Redarguiu, direta e um pouco grosseira.

Ela também sequer olhou pra ele. Sua atenção estava totalmente nos papeis com os tópicos, que agora se encontravam espalhados pelo chão.

Ainda não estava acostumado com aquela Darcy ranzinza. Era raro vê-la tão mal-humorada daquele jeito.

— Você prefere ficar sozinha?

— Sim. – Ela respondeu, sem fita-lo.

Sem saber o que responder de volta, o soldado apenas se arriscou.

.

— Esse seu trabalho te deixa nervosa e diferente do que estou acostumado...

.

Darcy finalmente tirou os olhos dos papeis e o encarou.

Bucky viu o par de olhos azuis, o fitando, de modo impaciente. Era como se a estudante tivesse lido sua mente. Seu olhar lhe atraía e o desarmava completamente...

A garota não acreditava que seu mau humor estava o incomodando.

Teria de disfarçar seu incômodo... ela não podia ser pega pelo espião que James era...

— Hey... É claro que estou nervosa... este é o momento mais importante da minha vida... – A estudante esbanjou um terno sorriso, tentando quebrar o clima ruim que a mesma tinha instaurado, mas...

.

Bucky achou aquele sorriso um pouco forçado...

.

— Você está estranha. – Rebateu-a, sendo honesto sobre o que achava do comportamento atual dela.

— Você sempre me achou estranha.

— Não... Hoje você está estranha, mas de um jeito diferente...

— Nossa... Isso é uma ofensa ou um elogio!?

— Não, não é isso...

— Eu só quero me concentrar aqui, entende? Vamos entregar a monografia e encarar uma banca de juízes daqui a alguns dias... É normal que eu esteja 'estranhamente diferente', não acha?

— Sim, mas-

— Tudo bem Bucky. Eu não estou nervosa com você ou com ninguém em específico. Estou nervosa com meu TCC, de verdade. Não se preocupe. - Ela mentiu, sorrindo de novo.

E então o sargento voltou a vê-la se concentrar.

Darcy realmente estava empenhada e o Bucky sabia que estava lhe atrapalhando.

— Vou te deixar sozinha... – Ele se justificou, mas... a estudante sequer ouviu o que o soldado disse.

Embora não soubesse o porquê, era demasiadamente desconfortante... Darcy estava diferente... muito diferente do que sequer podia imaginar.

Era como se ansiasse pelo sorriso dela, que o acalmava em todos os sentidos... mas tudo o que teve dela foi um sorriso nefasto sobre seu nervosismo...

Era possível notar isso por conta de suas habilidades como espião...

E naquele momento, James percebeu que estava em conflito...

Seu autocontrole estava quebrando e sua mente caindo aos pedaços por tentar entende-la.

Entre várias indagações sobre a garota, uma se passava em torno da cena do dia em que o ex-namorado da estudante parecia persegui-la, deixando-a exasperada.

Darcy realmente não tinha mais sentimentos por aquele rapaz?

Quando parava para pensar a respeito, ela nunca mais havia mencionado nada sobre o tal Robert... Será que a mesma estava escondendo algo?

Havia algo dentro dele, que dificultava suas habilidades de espionagem quando tentava ler o comportamento de Darcy.

Sabia que o fato de sempre se sentir tentado e intrigado pela garota era fatal... a forte atração que nutria por ela, os efeitos devastadores que tantas situações inesperadas lhe causavam, não lhe permitia executar suas incríveis destrezas como espião...

Era por isso que a HYDRA sempre procurou eliminar todas as suas emoções... elas atrapalhavam e não possibilitavam realizar todas as missões que lhe eram atribuídas...

Por muitos anos, ele foi uma arma sem sentimentos... sem traços de sua personalidade real... longe de tudo o que o sargento James Buchanan Barnes era...

Mas agora era diferente... estava longe da criogenia há meses, recuperou parte de suas lembranças e também parte da pessoa que foi na década de 40...

Darcy o ajudou no processo, mas agora era como se tivesse se tornado um pouco dependente dela... e a rejeição da mesma o atingia negativamente em todos os sentidos.

Não foi uma escolha... apenas aconteceu... e James simplesmente não sabia como lidar...

Enquanto a fitava, tão concentrada em seu trabalho de conclusão de curso, o soldado sentia se coração apertar... não era algo que pudesse controlar... era irreversível e temia acabar ainda mais afetado...

Darcy Lewis não podia deter o controle sobre ele...

Ela não deveria...

E quanto mais pensava a respeito, sua mente não conseguia chegar a nenhuma conclusão plausível...

Então por ora, deveria esquecer...

Não tinha certeza de mais nada... mas aquilo não deveria ter importância...

Porém, tinha...

Mas em meio aos pensamentos intrigantes e uma Darcy irritada por conta dos tópicos de seu TCC, a campainha do apartamento tocou...

— Estranho... não estou esperando ninguém.

— Quer que eu atenda? – Bucky sugeriu, e ela negou.

— Não... vai que é a Clarice vindo me torrar a paciência!? E se ela te ver, é capaz de pular em cima você, já que não pode ver um homem em sua frente.

— Ok... – Ele replicou, timidamente, indo para a cozinha, justamente para não ser visto.

Darcy caminhou até a porta e finalmente a abriu...

E a pessoa que havia tocado a campainha era ninguém mais e ninguém menos que...

.

Nathan...

.

Com uma expressão cínica no rosto...

.

A garota arregalou os olhos e então...

.

Bateu com a porta na cara dele...

.

Foi automático... ela não esperava que aquele infeliz aparecesse ali, repentinamente.

O que ele queria?

— HEY, DARCY, ABRA LOGO ESSA PORTA! EU VIM TRAZER UM MATERIAL QUE JANE PEDIU PRA VOCÊ ANALISAR DURANTE SUAS FÉRIAS!

O satã gritava do outro lado, enquanto a garota tentava recuperar o fôlego...

“Céus, eu não acredito que isso está acontecendo!!!” – Pensava, enquanto levava as mãos até a cabeça, desesperada.

— Aconteceu alguma coisa...? – Bucky perguntava, do outro lado da cozinha e a estudante apenas gesticulou com as mãos para que o soldado saísse dali, mas sem dizer uma palavra.

James observava o desespero dela... por que Darcy estava agindo daquele jeito?

Sabia que não podia ser visto por ninguém, mas a reação dela era um tanto exagerada.

— DARCY!!? – Nathan gritava por trás da porta.

— EU JÁ VOU!!! – E então, a estudante respirou fundo três vezes, pegou o taser que estava na mesa de canto da sala e...

Abriu a porta abruptamente, fechando-a por trás logo em seguida.

— Me entregue o que a Jane pediu e dê o fora. – Darcy grunhiu, com uma carranca horripilante na face.

— Que falta de educação... não vai me convidar pra entrar? – O satã replicou, com uma expressão divertida.

— EU NUNCA VOU CONVIDAR O DIABO PRA ENTRAR NA MINHA CASA!!! AGORA ME PASSA LOGO O QUE VEIO ME ENTREGAR E DÊ O FORA!!! – Antes que percebesse, a estudante apenas gritou mais alto que podia.

Estava furiosa por dentro. Já era a terceira vez que aquele belzebu cruzava seu caminho naquele dia.

— Por que está gritando!? Por acaso está escondendo alguma coisa que não quer que ninguém saiba? – Redarguiu, fitando-a intensamente.

— C-claro que não!!!

— Ooh... será que o seu primo que não é seu primo está aí e por isso está morrendo de medo que eu o veja...? – A indagou, cinicamente, arrancando uma expressão colérica do rosto de Darcy.

— Eu juro por Deus que eu vou te empurrar escada abaixo se não parar com suas insinuações!

— Então tente... vamos ver se tem coragem... – Nathan a provocava, com um lindo sorriso de canto, ousadamente petulante.

— Ah é!? Você que pediu! – E então, Darcy sacou a arma de choque de trás de sua calça e apontou na direção dele.

Os olhos do satã arregalaram e ele recuou dois passos para trás, levantando as mãos para cima, em pose de rendição.

— Calma... você não vai usar isso em mim de verdade... vai...? – Replicava, um pouco assustado.

— Quer apostar pra ver...? Desça as escadas... AGORA!!! – A estudante mirava o taser na direção do estagiário, gritando com o mesmo.

— Ok, tudo bem... estou descendo... – E então, Nathan caminhava rumo as escadas, com as mãos para cima e uma Darcy irritada logo atrás, com a arma apontada em suas costas.

Os dois desceram e a estudante ainda segurava a arma em sua direção.

Nathan olhou para trás, notando que Darcy não havia abaixado o taser.

— Já descemos, então porque não abaixa essa arma?

— Não até que você deixe nas minhas mãos o que veio entregar e dê o fora. – Ela não abriria a guarda para o satã de forma alguma.

Da sacada do apartamento, Bucky observou Darcy e um rapaz, alto, moreno e em trajes elegantes, conversarem.

“Quem é esse cara...?” – O soldado se perguntava.

E por que Darcy estava com o taser apontado para ele? Será que aquela pessoa representava algum perigo?

O primeiro impulso que sentiu, era de correr para o térreo e averiguar a situação, mas o tal rapaz parecia não estar disposto a ameaça-la, já que se encontrava com os braços para cima.

Era algum conhecido dela?

— Me dê o material que veio entregar. – Darcy o advertia mais uma vez, com o taser em sua direção.

— Só depois que abaixar essa arma.

— Fala a verdade, você veio até aqui só pra me provocar não é!? Por que a Jane mandaria você e não o Andrew, a Helena ou o Dylan?

— Por que todos estavam ocupados.

— Não acredito em você.

— Eu venho te fazer um favor e é assim que me trata? – O estagiário exibia um olhar nefasto e um ar sombrio podia ser facilmente notado, em meio a um cinismo descarado...

Suas intenções pareciam malignas, segundo Darcy...

E o sorriso...? Aquele maldito sorriso de canto que hipnotizaria qualquer garota acéfala e carente, era de tirar o fôlego... isso se...

Darcy não estivesse totalmente apaixonada por Bucky Barnes - Que naquele momento, era o antídoto para tal sortilégio do satã.

A postura ousadamente sedutora dele não lhe afetaria. Ela era completamente imune.

— Pela última vez... entrega logo a porcaria do material. – A garota exigia, exasperada.

— Me diz, Darcy... não fez alguém chorar hoje, fez...? É por isso que está tão irritada...? Precisa descontar suas frustrações nas pessoas pra se sentir melhor, não é mesmo...? – Ele a provocava, ansiando para que a mesma perdesse o controle, simplesmente porque...

Amava vê-la com raiva, já que a estudante abria muitas brechas por conta disso.

— Ainda não... mas são só três e meia, e você pode ser essa pessoa, que tal?

— Vai precisar de muito mais pra me fazer chorar em sua frente... – Ele replicou, num tom de voz mais baixo... seu fascinante timbre aplacaria de modo certeiro e letal qualquer mulher...

Menos ela...

— Você é tão-

— Charmoso? Perfeito?

— Pilantra!?

— Sexy? – Ele sorriu novamente... ardiloso e quase irresistível...

— Você é muito convencido! Alguém já te disse isso!? – Darcy permanecia com o taser apontado na direção de seu colega de trabalho.

— Eu digo isso pra mim mesmo todos os dias.

— Sério, Nathan, vaza daqui! Eu vou ligar pra Jane agora e pedir pra alguém me trazer esse material! Pode ser o próprio lúcifer em pessoa, MAS NÃO VOCÊ!!!

— Ora ora... vai chamar o meu pai...? – O estagiário continuava a provocando, mesmo sabendo que corria o risco de ser eletrocutado.

— NATHAN... FORA DAQUI!!! JÁ!!! - Darcy gritou e Bucky conseguiu ouvir o berro da garota do alto do prédio.

— Nossa... alguém aqui está tendo uma revolução na calcinha...! – Nathan passava de todos os limites com Darcy, que a essa altura, estava prestes a apertar o gatilho.

— NÃO PENSE QUE VOCÊ CAUSA ALGO NA MINHA CALCINHA, NEM MESMO POR UM MINUTO!!! – A garota bradou de volta, de forma desvairada e descontrolada.

Quem aquele satã pensava que era, pra dizer na maior cara de pau que ele a excitava?

— Uau... então o que eu te causo? – O estagiário se aproximou dois passos, e ela recuou um passo.

— Além de me fazer vomitar!? NADA!!!

Darcy estava tão afetada e descontrolada que sequer percebeu o veloz movimento do satã...

Que facilmente puxou a arma dela com a mão direita e enganchou a cintura da mesma com o outro braço.

A estudante piscou três vezes, com os incríveis olhos azuis arregalados, não acreditando que estava naquela posição com ele...

Um sorriso ousadamente triunfante de canto pode ser vislumbrado nos lábios de Nathan...

O olhar negro tão gélido em tons nublados...

Perigoso e obstinado...

Darcy ergueu o rosto para encará-lo...

Mas por que diabos aquele demônio parecia tão glorioso com seu cabelo liso desgrenhado sendo afagado pela brisa do entardecer e seus nebulosos olhos negros entrecerrados numa feição incrivelmente sombria?

A estudante abaixou o rosto e seu olhar percorreu na direção da camisa Calvin Klein preta, aberta no colarinho...

Nathan cheirava a cipreste, eucalipto e lavanda, ou seja... o maldito perfume da Polo Ralph Lauren que ela tanto odiava.

E do alto do prédio, o soldado presenciava a cena...

Completamente...

Devastado...

Os olhos do sargento nublaram... e uma expressão sinistra tomou conta de seu rosto...

O punho de metal se fechou, e se estivesse segurando algo, com certeza teria sido estraçalhado no mesmo instante.

Quem era aquele cara e por que estava tocando a estudante daquela forma?

Bucky sabia que se aquilo durasse mais cinco segundos, simplesmente perderia o controle e sairia disparado na direção de Darcy...

— Me solta agora! – A garota gritou, tentando se desvencilhar do enlace do satã.

— Ooh, Darcy pare de resistir. Porque não nos unimos...? Sua loucura à minha!? – O rapaz sugeriu, provocativo.

— Nem por um milhão de dólares!

— Bem... então talvez eu tenha que te convencer...

— IMPOSSÍVEL!

— Quero ver sua reação depois disso... – E então, Nathan inclinou o rosto lentamente na direção da estudante.

Darcy arregalou ainda mais os olhos quando percebeu o que o maldito estava prestes a fazer...

Em menos de dois segundos, era obvio que ambos estariam muito mais próximos do que jamais estiveram...

O encontro dos lábios dele nos dela já era inevitável, porém, no último instante...

.

Darcy chutou com força o meio das pernas do satã, e rapidamente tomou o taser da mão dele, o que ocasionou...

.

Um potente disparo, que o fez tremer por completo, lhe derrubando automaticamente no chão...

.

A garota observava seu colega de trabalho tombado e desmaiado...

Ela suspirou, aliviada...

Era obvio que tudo aquilo não passava de mais uma mera provocação, porque Nathan lhe odiava...

Não havia outra explicação para tamanha bizarrice...

Mas ele teve o que merecia...

E então, quando finalmente Bucky terminava de descer as escadas numa velocidade incrível, avistou a cena grotesca...

O rapaz desmaiado no chão...

E uma Darcy ranzinza, com uma expressão diabólica no rosto, rangendo os dentes.

O soldado a fitou...

Assustado...

Quando pensou que a resgataria de um possível assédio - e não porque estava se roendo de ciúmes lá em cima, a ponto de quase ativar o Soldado Invernal – a garota mostrava uma expressão assombrosamente atroz, nunca vista antes...

Se o mau humor dela já estava lhe assustando, o que dizer daquela cena onde a mesma deixava um homem de mais de um metro e oitenta inconsciente e no chão?

A estudante caminhou na direção do sargento no mesmo instante...

A aura que ela emanava naquele exato momento, era um tanto funesta e densa...  Sombriamente escura...

— Volta pra dentro, agora... – Ela passava por ele, ordenando que Bucky subisse, enquanto segurava sua arma de choque...

— Mas-

— EU DISSE PRA VOLTAR PRO APARTAMENTO, AGORAAA!!! – Darcy gritou, desferindo um olhar assustadoramente horripilante, fazendo James recuar...

Se o Soldado Invernal estivesse ativo, até mesmo ele retrocederia diante de tamanha ameaça...

A fúria de uma mulher era algo devastador de se testemunhar...

Por um momento, pensou que alguma entidade maligna tivesse tomado conta do corpo da garota...

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Aquela não era a doce e divertida Darcy Lewis que conheceu, mas sim...

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Um ser amaldiçoado que acabara de sair das profundezas do inferno...

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Notas finais do capítulo

E aí, curtiram? Vocês pediram treta e coloquei a treta... Coitadinho do soldado no meio de tudo isso, mas ao menos a Darcy descarregou toda a tensão em quem mais mereceu (ou não) o satã :D
**Alerta de spoiler**
Povo querido, o próximo capítulo estará de arrasar! Teremos altos acontecimentos hilários e vou listar tópico por tópico pra vocês surtarem nos comentários (deixe seu comentário).
Jane e os estagiários vão para o karaokê.
Darcy bêbada, cantando Queen e Hole.
Bucky acaba vendo a cena grotesca da estagiária cantando no karaokê, embriagada, e de que quebra ainda esbarra na Natasha.
Tony Stark e Bruce Banner vão até o karaokê para encontrar com Thor.
E os estagiários bêbados junto com uma Darcy frustrada porque está apaixonada pelo soldado.
Tudo isso e muito mais!
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