Wintershock escrita por ariiuu


Capítulo 25
Efeitos implícitos


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, tudo certo? Esse capítulo é mais um de tirar o fôlego. Teremos um soldado expondo coisas a mais do que deveria, uma Darcy chocada, uma preparação para um evento que ocorrerá no próximo capítulo com dois personagens do filme do Homem Formiga e um soldado notando coisas que antes não notava na nossa estagiária. Tenho certeza que vocês vão amar.
Imagens e vídeo da música no wintershock.tumblr.com
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Divirtam-se.



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Darcy chegava em seu apartamento, mas conversava com Andrew ao telefone pelo fone de ouvido.

— Eu já estou cansada do Nathan... Queria colocar veneno no café dele, mas aí me lembro que ele mesmo produz veneno porque ele é uma cobra. – Darcy rangia os dentes quando se referia ao colega de trabalho que a mesma julgava insuportável. E Andrew não parava de rir atrás do telefone.

— Amiga, vai por mim, sabe qual é o nome disso?

— Qual...?

.

— Paixão...

.

Alguns segundos de silêncio e então...

— Oi...? Você por acaso fumou uma erva estragada...? – Darcy contestava, com uma careta, totalmente desacreditada.

— O bofe tá afim de você e pega no seu pé porque você não dá a mínima pra ele. — O rapaz alegava com convicção e Darcy revirava os olhos com aquela teoria louca.

— Claro que não. Ele vive me chamando de feia, ogra, monstra, assento de bicicleta, espantadora de assombrações, sucata hospitalar, vassoura de limpar privada e também disse que se eu fosse a única mulher na face da terra, ele preferia mudar sua orientação sexual.

— Eu tenho certeza que ele é afim de você. Se fosse assim, porque o Nathan não maltrata a Helena?

— Porque a Helena é um amorzinho... Quando não está competindo por algo...

— Cai na real, Darcy! O Nathan te ama e está furioso por você nunca reconhecê-lo, então pare de achar que ele te odeia, porque o nome disso se chama amor não correspondido! – Andrew continuava rindo igual a um louco, pois imaginava o quanto Nathan estava sofrendo, e ele adorava vê-lo se ferrar.

— Amor... Amor verdadeiro é pizza bem quentinha... O resto é armadilha de satanás pra fazer você se iludir...

— E você não vai se iludir porque ainda não superou o ex!

— Claro que eu superei! Eu nem sequer lembro daquela besta do apocalipse todos os dias! – A garota declarava com total segurança, pois dizem que quando você supera um fora ou uma mágoa muito profunda, se você não lembra da pessoa todos os dias, então significa que o sentimento ruim desapareceu e seu coração está limpo.

— Ah é!? Pois saiba que isso só é verdade quando você se apaixona por outra pessoa! Nada como um grande amor para superar outro!

— Grande amor? O Robert foi a grande desgraça da minha vida e eu espero que ele caia de cara em cima de um formigueiro e fique com a rosto deformado! – A estudante ainda deixava claro que estava muito magoada.

— Não desconverse... Quem é o bofe...?

— Que bofe!? Não tem bofe nenhum! Pare de especular coisas que não existem!

— Não estou especulando nada! Todo mundo sabia o quanto você era apaixonada pelo Robert, então pare de dar uma de joão sem braço e me diz quem é o cara!

— Não tem ninguém! – Insistia, tentando desconversar.

— Tem sim!

— Olha... Pra falar a verdade... Me diziam que um dia eu encontraria alguém que iria fazer o meu coração bater mais forte de um jeito extraordinário... Eu não acreditava nisso até encontrar... Com uma vaca brava no pasto! Esse é o meu grande amor! Boa noite, Andrew! – Darcy desligou o telefone na cara do colega.

Logo quando desligou, a música alta voltou a tocar novamente.

“One – Metallica”.

Ela abriu a porta rapidamente e colocou sua mochila em cima da mesa de centro da sala.

Ainda com os fones de ouvido em suas orelhas, a garota resolveu ir até o banheiro social para pegar um lenço de papel, mas quando abriu a porta, ela deu de cara...

.

Com o Soldado Invernal...

.

Em meio à uma nuvem de vapor...

Aroma de xampu, loção de barba e sabonete...

.

Na forma como veio ao mundo...

Completamente...

.

Nu...

.

— AAAAAAAAH!!! - Ela empurrou e bateu a porta do banheiro com força, fechando-a com desespero.

Aquilo realmente tinha acontecido? Darcy acabara de ver o Sargento James Buchanan Barnes sem roupa?

— Por que você não trancou a porta!!!? – A garota gritou desesperada. Ficou parada em frente ao banheiro um tempo, tentando raciocinar o que acabara de ver...

James demorou um minuto para se vestir, mas ainda se encontrava bem molhado quando resolveu girar a maçaneta e sair do banheiro.

— Eu tinha acabado de sair do banho e destranquei a porta porque não tinha ninguém aqui, até que uma garota histérica chegou de surpresa, fora do horário e gritou... – Bucky passou por Darcy, vestindo uma calça jeans, descalço e com uma toalha pendurada no ombro de metal.

Seu tórax ainda estava molhado, bem como os cabelos.

Desde quando o introvertido e reservado Bucky Barnes resolveu agir de modo tão descarado a ponto de andar daquela forma pela casa e com ela bem ali?

— Ah... Eu... Não percebi que você estava no banheiro! Eu estava com o fone de ouvido e quando eu ouço música, perco a noção de tudo... – Darcy articulava totalmente embaraçada. Mesmo que não quisesse, a visão que teve foi nítida demais e ela provavelmente nunca esqueceria o tamanho do seu...

— Me desculpe. Eu não queria trazer constrangimento... Vou me certificar de destrancar a porta só quando estiver vestido. – A voz dele era de pura tranquilidade. Não parecia estar nem um pouco envergonhado depois de a mesma vê-lo totalmente nu.

— Ok... - Darcy definitivamente tinha perdido a noção de tudo. Prova disso era como ela encarou o corpo definido e desenhado do soldado. Ele possuía várias cicatrizes, especialmente na região onde o braço de metal foi implantado. Mas o braço era um mero detalhe. Na verdade, um detalhe que até complementava a beleza sedutora dele.

Bucky secava o cabelo a toalha. Os pingos de água escorriam pelos músculos de seu braço humano, seu braço de metal e seu peitoral torneado... As linhas de seu corpo eram contornadas e fortemente realçadas pela umidade das gotas que acentuavam sua definição esmerada.

Seu torso brilhava por causa da pele molhada e os pingos de água escorriam lentamente pelos gomos do abdômen trincado.

Ela já estava começando a ficar extasiada pelo tamanho do bíceps humano. Não se lembrava de ter visto nada tão de perto, a não ser pela TV.

Bucky recebeu um treinamento duro por anos no exército americano, depois na HYDRA, então era óbvio que ele teria aquele físico tão bem trabalhado.

E indiscretamente, a estudante continuou observando-o até que seus olhos se enchessem.

O peitoral torneado.

O abdômen chapado.

Os ombros largos.

Bíceps e tríceps bem trabalhados.

As costas bem delineadas.

O braço humano tão simetricamente harmônico com o braço de metal.

Um corpo tão proporcional que parecia uma linda escultura esculpida impecavelmente por um artista gênio...

Bucky tinha um pequeno ferimento no ombro, por conta do confronto com os agentes do BND no outro dia (que na verdade eram agentes da HYDRA disfarçados), mas por ser um super soldado, qualquer hematoma levava pouco tempo para se recuperar.

Darcy teve que chacoalhar a cabeça pra sair do êxtase intenso.

Ela não se lembrava de ver um homem tão lindo e musculoso como aquele em sua frente antes. Claro... Ela viu Thor sem camisa, mas ele não contava, pois era um alienígena. Um alienígena lindo, mas não podia ser contado...

— Definitivamente... Eu não devia ter visto isso... - Ela dizia enquanto virava de costas para ele, se lembrando exatamente do tamanho e do formato do seu...

— Eu não tenho culpa se você nunca viu um homem pelado na sua vida. – O sargento interrompeu seu raciocínio com mais uma ofensa impensada.

— H-hey! Como assim!? É claro que já vi! – Rezingava, totalmente indignada. Bucky estava conseguindo deixa-la com raiva e isso era bem raro, afinal, ela sempre tinha muita paciência em lidar com ele.

— Não parece que já tenha visto algum homem nessas condições... - Ele esbanjou um meio sorriso cínico...

E Darcy congelou...

.

Oi...?

.

Quando foi que aquele soldado triste e sensível pelo seu passado estava se tornando um ser insolente e pretencioso? Não havia nem mesmo a sombra do Soldado Invernal ali, que resolveu dar as caras no dia em que ambos se desentenderam pelo fato de Darcy tê-lo seguido pelo Grand Central Station.

A personalidade do Sargento James Buchannan Barnes estava se sobressaindo a do Soldado Invernal naquele momento? Como duas personalidades antagônicas dividiam o mesmo corpo?

— Eu tenho 23 anos! Não se esqueça! – Ameaçou e ele arqueou uma sobrancelha, confuso.

— E...? – A entonação da voz masculina era de ironia. Darcy podia farejar a ironia das pessoas há quilômetros de distância.

— E...? E que tenho alguma experiência, ok!? - Ela corou levemente e ele achou meigo... Nunca tinha visto Darcy ficar envergonhada antes.

Mas provoca-la estava se tornando interessante. Normalmente, a garota mantinha tudo sob controle e tinha respostas inteligentes para a maior parte de suas perguntas.

— Entendi, Lewis... Acho que devo acreditar. As mulheres dessa geração são bem avançadas nisso. Não é como uma mulher padrão da década de 40, que desmaiava quando questionavam sua pureza, mas... Havia a exceção, que eram as meretrizes dos cabarés! É isso! A maioria das mulheres de hoje em dia são como as dos cabarés!

Darcy fez uma carranca horripilante.

— Você está me chamando de prostituta!? – Berrou como uma louca.

— Eu não disse isso... – A feição do soldado era de inocência e Darcy não acreditava que ele estava agindo daquele jeito. Era muito anormal ver Bucky Barnes tomando quase 100% do controle no lugar do Soldado Invernal.

— Você é um idiota sem graça! As mulheres do século 21 não mantém mais a sua pureza como as de antigamente, mas eu acredito no amor verdadeiro! Vou me casar um dia, quando achar... A pessoa certa... – Replicou um tanto desconsertada. Não acreditava que estava tendo aquele tipo de conversa com ele.

— Boa sorte. - Ele sorriu lindamente jovial. Aquela frase da “pessoa certa” lembrava Steve. Seu antigo companheiro estimava relacionamentos tradicionais e extremamente conservadores.

— Eu não estou gostando da sua ironia... – A garota resmungava com sanha. Estava ficando com raiva do Sargento pela primeira vez por algo tão banal.

— Eu não quis te irritar. É até bonito ver que uma garota do século 21 ainda pense no amor como nos moldes tradicionais e... Quase como nos contos de fadas...

— Os contos de fadas ficaram nos livros que estão no porão! A vida é injusta, cruel e traiçoeira! Se eu perder meu sapato à meia-noite, é porque estou bêbada! – Expeliu tais palavras com muito ódio, principalmente quando aquele assunto trazia Robert à tona em seus pensamentos.

— Hey... Não precisa ficar tão nervosa, boneca... – E de repente, a expressão dele se tornou tão mansa quanto sua voz...

Aqueles lindos e inocentes olhos azuis, brilhavam de forma ingênua enquanto a fitavam, e ela quase teve uma hemorragia nasal, como nos mangás que costumava ler.

Darcy arregalou os olhos e os girou rapidamente por duas vezes. Era um hábito que a mesma tinha quando coisas estranhas aconteciam.

Bucky achou tal gesto... Estranho... muito estranho... Mas até que tinha seu charme. As mulheres da década de 40 nunca fariam tal expressão, pois se esforçavam para passar uma imagem de mulheres perfeitas, e Darcy fazia justamente o contrário.

Ela estava desacreditada com o que via. Deveria estar feliz pelo sargento recuperar sua real personalidade, mas estava sentindo falta do soldado introvertido que lhe ignorava e lhe dava foras o tempo todo.

James ainda secava os cabelos com a toalha enquanto os raios solares adentravam sobre a janela semiaberta, junto com uma brisa típica de primavera.

A fragrância incrivelmente deliciosa que emanava do corpo dele, entrava por suas narinas e começava a nublar os seus sentidos.

Seu porte másculo e incrivelmente viril, junto daquele aroma maravilhoso, estava se tornando fatal... Estava ficando difícil não ser tentada a observá-lo a cada instante.

Maldita visão e olfato humanos...

Quando Bucky terminou de secar seus cabelos, o vento soprou mais forte pela janela e passou a desgrenhar os fios úmidos, fazendo-os cobrir parte de seus olhos...

E ele passou a mão humana pelos cabelos, empurrando algumas mechas para trás, quase como num comercial de perfumes masculinos da Dior... Tudo com muito charme e muita classe... E quase soando em câmera lenta de tão sedutor...

Qualquer mulher cairia de amores por ele... Só até a parte onde não soubessem que o mesmo era um ex-assassino de duas organizações de serviços secretos de dois países.

Mas no caso dela, mesmo sabendo desses fatos importantes, não ficava amedrontada e a mesma estava com muita raiva disso.

Estava enfurecida... Aquilo estava parecendo um filme de Hollywood. A iluminação, o clima, o contexto da cena onde ela e ele estavam...

Mais um problema para a sua enorme lista.

— Sinto saudade da época em que a minha maior preocupação era se o Patamon finalmente iria diginvolver... – Ela dizia bem indignada, fazendo menção sobre o desenho DIGIMON e o drama de um deles nunca virar um super monstro pra ajudar o resto da equipe.

E James não entendia nada, como de costume...

A garota caminhou largos passos para a área de serviço e retirou uma das toalhas de banho que estavam secando.

Dessa vez, era ela quem iria pro chuveiro.

Ao voltar para o corredor, deu um ultimato para o soldado que secava seu cabelo distraidamente.

— Dessa vez sou eu que vou tomar banho e... Trate de não entrar no banheiro "acidentalmente" pra se vingar, por que se você me espiar, vou te arrancar um olho pra combinar com seu braço.

— Não se preocupe, Lewis. Já é nítido que você é bem-dotada. Não preciso te espiar pra me certificar disso.

.

Um, dois, três segundos...

.

O barulho do vento e dos grilos podiam ser ouvidos.

Era isso mesmo que ele disse? O Soldado Invernal anunciava na maior cara de pau que havia reparado no tamanho dos seios dela?

— Você não se envergonha por me dizer isso!?

— Por que deveria? – Seu olhar firme e pretencioso estava deixando a estudante incomodada.

Segundos depois, sem ter o que dizer, ela apenas o ameaçou.

— Não me obrigue a usar o meu taser!

— Me desculpe por isso e pelo transtorno do banheiro. Não vai mais acontecer. – Ele sorriu singelamente e passou pela mesma, atravessando o corredor, rumo ao seu quarto, fechando a porta logo em seguida.

E Darcy ficou paralisada e congelada por dentro...

"Droga" - Ela pensava quando admitia pra si mesma que aquele simples sorriso não era somente encantador, mas muito sedutor e incrivelmente sexy.

A garota balançou a cabeça freneticamente de novo para sair do frenesi, como se estivesse bangueando numa roda de Thrash Metal...

Ela se jogou no sofá da sala, e ficou de pernas pro ar...

Sentindo seus batimentos um tanto acelerados, ela colocou a mão na frente do rosto para impedir que os raios solares ofuscassem sua vista...

Céus... o que estava acontecendo com ela...?

Seria humilhante demais se o Soldado Invernal descobrisse que secretamente...

Ela tinha uma queda por ele...

.

.

— Todos os arquivos estão prontos para a reunião. – Erik avisava Jane, com uma pasta na mão e vários papeis dentro.

— Certo... Então agora só precisamos checar os detalhes do evento... – A Astrofísica replicava, um pouco preocupada.

— Você não vai mesmo levar o Thor?

— Não... Eu não confio em Darren Cross e sei que ele fará muitas perguntas sobre assuntos que nada tem a ver com física quântica.

— Como tem tanta certeza? – Erik questionava.

— Porque é ambicioso demais... Ele iria enquadrar o Thor com perguntas de duplo sentido e talvez estaríamos numa saia justa.

— Você está certa... – Erik sabia que Thor era muito inocente quando se tratava de assuntos sobre a terra, e por julgar os humanos inofensivos, acabaria sendo amigável demais.

Os outros estagiários já se preparavam para o evento que aconteceria às sete da noite.

Inclusive Darcy.

.

.

Bucky havia saído e Darcy deu graças a Deus. Ficaria sozinha e teria privacidade para se arrumar para o evento com o presidente e a vice-presidente da PYM tecnologia.

Ela sabia que o evento seria formal, mas que rolaria algo mais informal com Jane e Erik logo depois, então, teria que vestir algo que beirasse o meio termo, do social e o esporte.

O rádio estava ligado em suas músicas favoritas.

E então, a estudante tomou um banho e arrumou o cabelo, deixando-o totalmente liso.

Ela colocou um vestido de malha com mangas ¾. O traje era dividido nas cores azul, verde e cinza. E para finalizar, resolveu calçar uma bota preta um pouco abaixo dos joelhos, com salto agulha.

A maquiagem se resumia em um delineador na parte de cima dos olhos, sombra clara, brush rosado e batom num tom vermelho cobre. Suas unhas também estavam pintadas de vermelho.

Tudo combinando harmoniosamente.

Ela sorriu e piscou para o espelho, sabendo que seu visual estava de arrasar.

E quando a garota terminou de se arrumar, seu telefone tocou.

Era Jane.

Imediatamente atendeu a ligação.

— Oi, fala...

— Darcy, precisamos conversar antes de nos encontrarmos.

— E porque não esperou que eu chegasse aí? – Ela dizia enquanto ajustava a bota em seu pé esquerdo.

— Porque essa conversa tem que ser por telefone.

— Certo, e o que é? – Darcy abria a porta da geladeira, no ímpeto de comer alguma besteira antes de sair.

— Eu peço pra que você por favor não responda as provocações do Nathan no jantar. Preciso que vocês trabalhem juntos. Deixem pra se matar depois que tudo acabar. A Hope Van Dyne disse que vai nos levar num lugar com músicas da nossa época e que vocês vão adorar. Fica na Times quare. Lá vocês podem se matar à vontade.

— Sério? Mas por quê ela vai nos levar em um lugar assim?

— Não sei. Talvez faça parte do plano de agradar a mim e ao Erik, mas o importante é que você e o Nathan deem uma trégua, entendeu?

— Jane...

— Sem mais, Darcy! Hoje você não vai brigar com ele! Não dentro do evento principal!

— Ok... Eu não vou contestar. Vou me comportar. Prometo.

— Ótimo! Agora sim estou aliviada! Chegue até as cinco, ok? Nos encontraremos em frente ao prédio.

— Até... – Desligava o telefone, com desgosto. Teria que engolir todas as provocações daquele satã, se quisesse não ter problemas com Jane e Erik.

E então, a estudante voltou sua atenção para a geladeira...

O som que fluía na sala estava mediano. Nem tão baixo e nem tão alto.

Uma música começava...

“Always – Bon Jovi”.

Darcy se alegrava por achar uma trufa de chocolate na geladeira.

E era a sua favorita.

A garota não pensou duas vezes e desembrulhou o doce, desesperadamente, no ímpeto imenso de se deliciar com o sabor irresistível do chocolate trufado.

Ela voltou para a sala e ficou em frente a sacada, quando enfim, deu a primeira mordida na trufa e sentiu seu espírito indo até as estrelas...

Ficou tão fora de órbita que nem mesmo ouviu o barulho da porta e nem quem havia entrado no apartamento.

A estudante apenas ficou ali, maravilhada com o gosto incrível do doce e imersa na música, a ponto de estar com os olhos fechados.

“This is Romeo is bleeding...” 

Bucky, que cruzava a porta sala, não entendia a atual situação da garota, mas tinha uma leve ideia...

— Darcy...? – A chamava, num tom mais baixo que o comum, pois temia assustá-la.

A estudante virou rapidamente para frente, fazendo seus cabelos voarem num giro de 180 graus.

Uma cena graciosa, pois seus cabelos castanhos estavam completamente lisos.

Seus olhos se encontravam alargados em surpresa. Como não havia notado a presença dele ali?

— Porqueee naum-ti-oouvi-chhegandooo!? – Indagou um pouco assustada. A sua gula ainda iria matá-la algum dia.

— Não quis te assustar... – Bucky tirava seu boné preto de baseball e os óculos escuros. Sempre saia de casa com aqueles itens, para não chamar tanto a atenção. Suas roupas também eram todas no mesmo estilo. Camiseta, jaqueta, calça jeans e tênis.

— Mas-asshhustou... – Dizia com a boca um pouco cheia, mastigando com um pouco de dificuldade, pois a trufa era das grandes.

Discretamente, Bucky lhe lançou um olhar de cima a baixo. Não era todos os dias que Darcy se encontrava...

Incrivelmente exuberante e linda...

— Eu vounnsair, entaonaumprecisa meeeesperar... Porqueee vou a trabalhooo... – A estudante tentava formular a frase decentemente, mas sua boca estava cheia de trufa e seus lábios estavam borrados de chocolate.

Ele quis rir. A aparência elegante da garota não combinava com a feição engraçada que a mesma expressava. Seus modos não eram tão graciosos, mas ainda assim, ela continuava elegante.

— Você não volta hoje...? – Contestou, no intuito de saber se deveria ou não esperar por ela.

— Chegoo-de madrugada, então não precisa-me esperaar... – Insistia em falar com a boca cheia e com os lábios recheados de chocolate trufado.

— O que você está comendo? – Bucky perguntava um pouco intrigado, já que a garota estava fazendo uma cara de demente enquanto mastigava.

— Trufa... – Respondia inocentemente, com os olhos azuis brilhando, num tom espelhado que chegava a resplandecer ainda mais com a claridade do sol que entrava pela janela.

— Tem chocolate na sua bochecha... – O sargento já estava ficando incomodado com o contraste da aparência dela e seus modos. Uma mulher na idade dela deveria ao menos comer direito, ainda que estivesse sozinha em casa.

A garota limpou os cantos de sua boca e suas bochechas com os dedos, mas ainda havia muito chocolate ali.

— Você é mesmo terrível nessas horas... – Bucky assumiu a frente, erguendo seu braço humano e então...

.

Passou levemente o polegar pela bochecha feminina, tirando a camada de chocolate do local...

.

♫ But baby, that's just me and I...

Will love you...

Baby…

Always... 

.

Era como se a imagem soasse em câmera lenta...

.

E uma pausa constrangedora foi dada entre ambos, que se entreolharam silenciosamente pelo tempo onde a música tocava perfeitamente, e a letra narrava os sentimentos de um homem que dizia amar uma mulher...

Sempre...

Aquela era a segunda vez que um “clima” pintava entre os dois... e isso não era nada bom...

A estudante franziu o cenho e abruptamente virou de costas, muito atordoada com o toque que acabara de receber...

Ela não podia imaginar que o soldado faria um movimento tão ousado...

Seu rosto estava ardendo em chamas e temia que se o mesmo lhe visse, seria fatídico, afinal...

Estava se sentindo estranhamente encabulada, toda vez que os dois tinham algum tipo de aproximação.

— É melhor limpar no banheiro, na frente do espelho... – E então, Darcy passou por ele rapidamente, sem olhar em seu rosto, e se trancou no banheiro logo em seguida.

Nem mesmo Bucky podia esperar aquela reação. Era nítido que a garota ficou embaraçada com sua ousadia...

Ele não entendia direito o que estava acontecendo, mas agir daquele modo estava se tornando natural... Talvez porque estivesse assumindo o real controle e deixando seu verdadeiro eu prevalecer, afinal, ele estava fora da criogenia há muitas semanas e suas memórias não foram apagadas forçadamente como ocorria antes... Talvez seu corpo estivesse reagindo em sincronia com a sua mente... Talvez estivesse recuperando o que havia perdido...

Suas impressões sobre Darcy não eram mais as mesmas de quando se conheceram... eram mais afáveis e envolventes do que antes... e isso lhe causava desconforto... pelo simples fato de se sentir estranhamente encantado por ela...

Mas ainda assim... Ele possuía um código mental que não conseguia decifrar. E era isso o que mais lhe deixava com medo.

Não podia deixar que os impulsos assassinos do Soldado Invernal tomassem conta quando as crises vinham. Não queria esquecer suas recentes memórias e...

.

Não queria machucá-la...

.

O barulho da porta do banheiro lhe tirou de seus pensamentos.

Darcy saia do local, agora com o rosto totalmente limpo e um sorriso brilhante nos lábios.

— Eu acho que não evoluí tanto desde os meus cinco anos... – A garota esbanjava um riso maroto, explicando seus modos tão desajeitados, não só para comer, mas para com a maioria das coisas que fazia em sua vida.

— Você não tem os modos de uma dama... Precisa aprender a ser mais delicada e cuidadosa com o que come... – Replicou divertidamente, pois era a primeira vez que ele presenciava uma mulher com dificuldades extremas na hora de se portar para comer.

— Você vai me dar aulas de etiqueta agora...? – Ela se aproximou e continuou sorrindo, firme e convictamente.

Agora sim parecia a Darcy de sempre.

— Eu não acho que seria um bom professor... – James sorriu de volta. Era meio magnético quando ela lhe lançava um sorriso, sentia vontade de retribuir.

Sem perceber, Bucky deslizou seus olhos pelo contorno doce dos lábios vermelhos em tons fortes, e que em uma linha imaginária, conseguia desenhar os traços de uma fruta que tinha a mesma cor de seu batom...

Os lábios dela tinham a cor e a textura de uma cereja... Ele nunca tinha percebido antes...

— Se você quiser me ensinar como uma mulher da sua época agia... Acho que teria curiosidade em aprender... – Darcy o encarou, risonha, e seu olhar azul celeste era palidamente ameno...

— Eu acho que você pode encontrar qualquer informação sobre meu tempo nos livros e no... Google... – Replicava placidamente sereno... Era como se conseguisse ter 100% o controle de si mesmo e ser o que era... Como há décadas atrás...

— Hey, não tem coisa melhor do que ouvir de alguém as experiências reais de gerações passadas... O Google não sabe fazer isso... - Darcy parecia uma flor que não se recordava o nome... Ela era branca, cabelos castanhos e olhos azuis turquesas em tons cósmicos... Ingênua como uma menina... Desajeitada como uma criança que ainda estava aprendendo a viver... Meiga e divertida... E quando provocada, suas feições irritadas eram um tanto fofas...

Ele estava se acostumando com ela no decorrer do tempo... e isso não seria problema, se...

.

Não estivesse se sentindo assustadoramente atraído por ela a cada dia...

.

— Você não tem modos na hora de comer e precisa melhorar isso... – Afirmava, tentando espantar aqueles pensamentos estranhos de seu cabeça...

— Posso não saber comer direito, mas sei andar de salto como ninguém! Usar salto alto não é sexy se você caminha na rua que nem um Tiranossauro Rex! – A garota se gabava e ele apenas a observava tranquilamente.

— Posso te contar do que tenho lembrado nas últimas semanas...? – O soldado se sentia à vontade para compartilhar, afinal, ela sempre ouvia tudo o que ele tinha a dizer com muito entusiasmo e cheia de perguntas engraçadas.

— Eu quero muito, mas tenho que sair correndo agora para um evento importante. Você pode me contar amanhã...? – Ela insistia, animada.

— Tudo bem... – Ele esbanjou um meio sorriso.

— É mesmo...! Vamos sair qualquer dia desses!? Preciso te indicar mais coisas que você perdeu nas últimas décadas! Ainda há muita coisa pra aprender!

— Podemos ir, mas... Há algo que preciso te dizer...

— E o que é...? – Piscou, várias vezes, com a sua típica feição divertida.

— Pensando bem, outro dia eu te digo. Você não está atrasada?

— Ah sim, é verdade! – Ela correu para a sua escrivaninha e juntou vários papeis em uma pasta.

Bucky a observava em silêncio.

Nem mesmo ele entendia, mas se sentia tentado a passar mais tempo com ela.

Talvez porque quisesse aprender mais sobre o que perdeu nos últimos setenta anos...

Talvez porque ela agia de forma tão engraçada que lhe fazia rir como nunca antes, já que as mulheres de antigamente não eram tão abertas com os homens...

Talvez porque quisesse descobrir mais sobre o mundo, mas de acordo com a visão dela...

E quando pensava nisso... Começava a ficar um pouco nervoso... Não se recordava de sentir isso há muito tempo...

Não era como estar com um velho amigo, ao qual pudesse ser ele mesmo, como era com Steve, mas também não era como estar ao lado de uma mulher que levaria para um encontro... Era diferente... e não tinha definições para caracterizar aquilo...

Darcy colocava sua mochila nas costas, enquanto segurava a mesma pasta com seus papeis dentro.

— Não tenho hora pra chegar, então por favor, se comporte! – E então, a garota exprimiu uma feição risonha e amplamente brilhante. Seu sorriso era puro e resplandecente...

.

É próprio da mulher o sorriso que nada promete e permite tudo imaginar...

.

.

.

Longe dali, Tony e Bruce iam para Long Beach, para um lugar específico, atrás de uma pessoa que lhes forneceria um material que arremataria a Legião de Ferro, que estava quase pronta.

O bilionário e o cientista estavam em um carro conversível, o típico veículo sem teto, ouvindo AC/DC no último volume, enquanto o vento sacudia seus cabelos.

Era tão característico de Tony Stark sair com um carro de milhões de dólares pelas ruas mais movimentadas.

— Tony, por que Long Beach? Não tinha esse material em Nova York? – Banner reclamava do sol da primavera, que estava de matar, ainda mais em um carro sem teto.

— Sim, tinha mas estou a fim de pegar uma praia, você não? – O Homem de Ferro sorria petulante, exibindo uma feição insolente.

Os óculos solares chamativos do bilionário só completavam sua expressão cínica, fazendo Bruce revirar os olhos.

— Não gosto de me expor com você por aí...

— Qual é!? Você é o Hulk. Ninguém vai mexer contigo.

— Pensei que ia dizer que estava vindo pra cá ver garotas de biquíni. – Banner contestava, desconfiado.

— É isso mesmo! Sabe quanto tempo estou chamando a senhorita Potts pra me acompanhar a praia!? Ela só pensa em trabalhar! – Era notório que Tony mentia. Há tempos, desde seus problemas com o reator Arc e seu embate com Ivan Vanko que havia deixado a vida de noitadas, festas, bebidas e mulheres. Pepper se tornou o seu mais precioso tesouro... ela era importante até mais que sua própria vida...

— Diz a verdade... só está indo pra esse lugar porque lembra Malibu... não tem nada a ver com biquínis... – O cientista replicava, um pouco irritado.

O Homem de Ferro ficou em silêncio por alguns segundos antes de responder...

— Às vezes sinto falta da minha antiga casa na Califórnia...

Agora tudo fazia sentido. O bilionário só queria vivenciar algo em sua rotina maçante em Nova York que o lembrasse de como vivia antes de toda aquela loucura com homens perigosos, agentes secretos e exércitos de E.T’s invadindo a terra...

— Até hoje não sei onde estava com a cabeça quando deu seu endereço pro Mandarim em rede nacional. Estava pedindo pra morrer, e ainda colocou a Pepper em perigo.

— Eu estava muito atormentado naquela época... nem mesmo o Rhodes tinha paciência pra me ouvir, mas isso foi só até nos encontrarmos. – Tony virou o rosto e o encarou com um sorriso zombeteiro de orelha a orelha, reiterando o fato de que Banner era o seu mais novo companheiro.

— Eu não sou seu terapeuta. É bom encontrar ajuda psicológica logo, pro seu bem, ou a Pepper vai continuar reclamando. – O cientista mencionava sobre a personalidade e caráter problemáticos de Tony Stark e o quanto a loira se estressava por isso.

— Eu estou aqui te colocando no mesmo patamar que um Coronel de alta patente e você vem me dizer pra procurar um terapeuta? Por favor, Banner...

— Estamos trabalhando juntos por objetivos em comum, mas não queira me atribuir o posto de melhor amigo, porque claramente o Coronel Rhodes é dono dele.

— Não é mais... ele me abandonou... – O Homem de Ferro esboçou uma feição pirracenta e um tom de voz choroso.

— Você é que o afastou com seu estilo de vida inconsequente... Deveria estar cercado de pessoas que só querem seu bem... – Banner observava as ruas de Long Beach e como o local parecia calmo.

— Ou que só querem meu dinheiro. – Tony bufou.

— O Capitão não seria um deles...

— Aah de novo essa com o Capitão, Bruce!?

— Mas é a verdade, Tony! Você devia aceitar opiniões contrárias de vez em quando pra sair da sua zona de conforto, sabia? O Steve é ótimo para fazer diversos contrapontos e manter o equilíbrio da equipe.

— Olha só, eu já liguei para aquele Capicolé várias vezes e ele não parece estar interessado em recuperar o cetro com a gente! Às vezes ele não atende as minhas ligações, e quando atende, sempre dá uma desculpa do porquê não pode vir para Nova York, então não vou insistir!

— Ele deve estar desconfortável por sua causa! Sabe exatamente que você é temperamental, egocêntrico e narcisista, sendo ele o extremo oposto de você!

— Qual é!? Vai ficar me criticando agora!? – O homem de ferro conclamava, um tanto indignado.

.

— É isso que os amigos fazem...

.

E então, o bilionário encarou o cientista, estreitando os olhos enquanto abaixava os óculos solares, parando o carro no sinal vermelho.

Banner suspirou... depois de passar meses ao lado do gênio das Indústrias Stark, era impossível não pensar o quão eles se pareciam e o quanto tinham coisas em comum...

Ambos eram suicidas em seus planos e tentavam desesperadamente contribuir positivamente de alguma forma para a humanidade...

— Você não existe... – Tony replicou, pisando no acelerador.

— Nem você... – Bruce completou.

.

E assim, a dupla seguiu viagem para Long Beach, pois teriam trabalho redobrado no dia que todos os Vingadores se reunissem novamente.


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Notas finais do capítulo

Amei escrever essa cena do Tony com o Banner. Cara, como eu amo o Homem de Ferro. Ele é o melhor personagem da Marvel ♥
E o que vocês acham que está acontecendo com Darcy e Bucky? Será que os dois estão começando a cair um pelo outro? Só posso adiantar que os efeitos implícitos continuarão e eles ficarão bem perdidos, inclusive o senhor espião que diz saber tudo, mas não está enxergando o mais obvio.
No próximo, teremos o ex-namorado da Darcy finalmente dando as caras. Isso vai dar uma confusão lascada, já que o satã, vulgo Nathan, também estará na festa... e ainda por cima, a nossa estagiária terá de ser salva pelo Soldado Invernal, já que estará fora de si com dois homens que ela odeia se enfrentando em sua frente. Pronto, dei spoilers demais, mas preciso fazer uma propaganda pra atrair vocês para os comentários.
Imagens e vídeo da música no wintershock.tumblr.com
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Até o próximo.



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