Wintershock escrita por ariiuu


Capítulo 18
A atmosfera por trás das cortinas


Notas iniciais do capítulo

Hello, people. Eu disse que não ia postar mais, porém, surgiram algumas pessoas pedindo pra voltar a postar, então resolvi retomar. Mas não fiquem tão felizes, porque o incentivo aqui no Nyah continua baixo. Não tem engajamento, e sei que não é porque a história é ruim (as estatísticas mostram que as pessoas leem, mas na hora de dar um feedback, só ficam as moscas). Enfim, vou postar um hoje e outro no sexta ou sábado.

Eu considero esse capítulo um dos mais engraçados. Acho que vocês vão curtir bastante, já que está cheio de referências de músicas, filmes, etc...
Teremos uma personagem nova introduzida, que é bem irritante por sinal... kkkkk
Esse é mais um daqueles capítulos que servem como um passo para o desenrolar do casal principal. Aos poucos os dois vão se envolvendo, até terem noção de que terão sentimentos um pelo o outro, mas ter noção não é o bastante para ainda se entregarem... então, espero que sejam pacientes, ehehe.
Imagens desse capítulo no wintershock.tumblr.com e a música do capítulo tbm.
Divirtam-se!



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Mais um fim de semana chegava e Nova York se encontrava colorida devido à primavera.

Nessa ocasião, Bucky havia descoberto formas de sair do apartamento a luz do dia, sem levantar suspeitas.

Decorou caminhos e ângulos, passando facilmente despercebido por qualquer câmera de segurança, monitoramento ou reconhecimento facial.

Já estava habituado a caminhar pela região, por suas incríveis habilidades como espião, de se infiltrar no meio das pessoas e agir normalmente, assemelhando-se a um cidadão nova yorkino comum.

Mediante a isso, agora o soldado saia com frequência, e naquele dia em específico, deixou Darcy avisada de que demoraria para chegar.

Era sábado, e a estudante preferiu trazer Kimberly até seu apartamento, em vez de sair para beber com ela em algum bar por aí...

A loira topou, a contragosto, mas ao mesmo tempo era a forma que tinha de averiguar se sua amiga estava mesmo segura, já que agora convivia com um assassino.

As duas subiam as escadas do prédio.

— E se ele chegar e me encontrar lá? – Kimberly contestava, assustada.

— Eu duvido. Ele é um espião de primeira. Perceberia logo de cara que estou com visita e não entraria no prédio. – Darcy acalmava a amiga, que não se sentia à vontade por saber que a estudante vivia com um ex-agente da HYDRA.

— Sendo assim, vamos passar a tarde toda juntas. Eu estava com muitas saudades da minha joaninha! – Kim abraçava Darcy apertado, ao chama-la carinhosamente de joaninha, um antigo apelido que a mesma lhe deu, por causa das quase imperceptíveis pintinhas em seu rosto.

— Eu também estava com saudades de você, meu lactobacilo!

— Hey, me chame de algo mais carinhoso! Esse era o xingamento dos garotos na época da escola!

— Vou pensar em algo... – A estudante sorria, debochadamente. Era tão divertido estar com Kimberly.

Ela era a sua número 1, mas Derek também era o seu número 1. Basicamente, ambos estavam empatados quando se tratava do nível de importância em sua vida.

Mas quando Kim e Derek se encontravam, disputavam insanamente o primeiro lugar. Os dois eram fortemente ligados à Darcy e sempre que se viam, brigavam feito cachorros loucos, tamanho ciúmes.

Era por isso que Darcy nunca podia chamar os dois para sair, pois sempre terminava em tiro, porrada e bomba.

Enquanto as duas subiam as escadas, deram de cara com uma das vizinhas de Darcy naquele condomínio.

Uma loira, de olhos verdes, cabelos ondulados, pele alva e vestida com trajes magníficos...

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Roupas da Dior,

Bolsa da Prada,

Sapatos da Jimmy Cho,

Perfume da Coco Mademoiselle.

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E Darcy...? Bem, ela estava muito elegante com os cabelos ondulados, porém levemente desgrenhados, uma blusa preta simples, calça jeans e o típico Vans old skool preto, super tradicional...

Kim também não vestia os seus melhores trajes naquele dia, que basicamente se resumiam a uma blusinha básica na cor azul, jeans e tênis Adidas branco tradicional.

A tal garota as olhava da cabeça aos pés com muito desprezo...

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Clarice Morrigan. Vizinha de Darcy e sua colega de sala na universidade de Culver.

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Era muita coincidência dizer também que se conheciam desde criança e que sempre se odiaram?

Será que rolava uma invejinha por alguma das partes?

Ou ambas as partes?

A rixa entre elas já durava... 20 anos...

E brigavam desde os 3 anos de idade...

Como as duas foram parar na mesma faculdade? Os falecidos avós de Darcy e Clarice moravam em Nova York, mas também possuíam residência em Willowdale. Elas tinham tudo para serem amigas, mas as diferenças entre ambas eram gigantes.

Clarice desferiu um olhar absurdamente execrável para Darcy, como se estivesse vendo uma barata asquerosa da pior espécie em sua frente.

Já a estudante, cruzava os braços no ímpeto de mostrar uma pose intransigente.

— Não deveria estar limpando a chaminé? – A loira indagou, impiedosamente. Se referia ao buraco no alto do prédio.

— E você não deveria estar na comissão das bruxas? – Darcy respondia na lata, pouco se importando de parecer uma ogra.

As duas se encaravam impetuosamente a ponto de raios saírem de seus olhares e se chocarem, surgindo faíscas.

— O que está fazendo perambulando por aqui? Não tem coisas mais importantes para se preocupar...? Tipo o seu TCC? – A loira esbanjou um sorriso de canto cínico e maligno.

Darcy cogitou a possibilidade de empurrá-la da escada.

— E você não deveria estar fazendo o mesmo...? – Dessa vez, era Kim que a indagava. Quem aquele projeto de Barbie falsificada e importada da China pensava que era?

— As coisas estão fluindo normalmente com o meu projeto, então sempre tenho o fim de semana livre... – Sorria enquanto colocava a mão na cintura, expondo uma postura soberba, apenas para mostrar à Darcy que estava tranquila sobre seu trabalho de conclusão de curso.

— Hmm... Deve estar pagando uma nota para os seus burros de carga- digo, seus colegas de grupo, fazerem o trabalho sozinhos... – Darcy sorriu de volta, descaradamente.

— Não seja idiota!

— Não grite comigo, sua oxigenada de meia pataca! – Ela não tinha a mínima paciência com a loira.

— Porque em vez de me chamar dessa forma, você não dá um jeito nesse cabelo ensebado!? Está fazendo cosplay de vassoura!? Por que se for, sinto dizer, mas está mais pra ninho de rato!!! – Clarice adorava falar mal do cabelo de Darcy, e isso lhe irritava profundamente.

— Olha só quem fala, seu saco de lixo com peruca! Todo mundo sabe que você é careca! – Kim defendia a amiga, mas a vizinha de Darcy não mediu palavras até mesmo para ela.

— É melhor você ficar quieta, seu filhote de lombriga. Não falei com você. – Clarice agora ofendia Kimberly, que dessa é quem perdia as estribeiras.

— Como é que é!? – A loira gritou, mas Darcy segurou Kim pelo braço.

— Você é repugnante, Clarice! Sua única salvação é nascer de novo... mas fica tranquila que dessa vez eu me certifico que sua mãe vai chocar seu ovo bem longe do esgoto!

Os olhos de Clarice se alargaram e seu rosto começou a ficar vermelho... De raiva...

— Darcy Lewis, sua certidão de nascimento é um pedido de desculpas da fábrica de preservativos, sua porca!!!

— Céus...! Como eu posso perder a compostura com um ser tão inferior e me rebaixar ao seu nível!? Você é um câncer em fase de metástase!

— Eu sou o quê!? – A loira contestava, não entendendo o que aquilo significava.

— Qualquer primata, que tenha mais de dois neurônios fazendo sinapse entende o que eu digo, menos você, sua jumenta! – A estudante estava prestes a dar uma voadora na loira e arrancar o seu aplique na base da paulada.

— Darcy, vamos embora? Não estamos num concurso de quem humilha mais. Essa garota não vale o chão que pisa. – Kim segurava o braço da amiga, impedindo-a de prosseguir.

— Por que não vai arrumar um par para o solstício de verão da universidade? Talvez devesse chamar o Richard, pra ele com certeza te dar o fora porque vai estar acompanhado da Miss Culver, ahahahahaha!

— Que engraçado... Já que estamos convidando os rapazes, porque não chama o Shrek!? A fiona da Universidade não pode ficar sem um par...

Só pra esclarecer, a Miss Culver era uma das garotas mais bonitas da universidade e todos os rapazes sempre a convidavam para eventos que aconteciam no campus.

A Miss Culver era uma garota linda do terceiro ano de Ciências Biológicas e Richard, colega de Darcy, estava saindo com essa mesma garota.

As duas fizeram caretas absurdas, uma para a outra, mas Darcy resolveu dar as costas, deixando a loira logo atrás, histérica de raiva.

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Se alguém ouvisse todos os xingamentos nojentos que ambas trocavam, sentiria náuseas...

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— Tomara que você pegue sarampo, sua idiota!!!

Mas Clarice ficava no vácuo ao ver Darcy indo embora e dando tchauzinho para ela enquanto terminava de subir as escadas.

— Por que você ainda dá moral pra essa louca asquerosa? – Kim protestava. Clarice era nojenta.

— Também não sei! Ela é mais odiada que personagem feminina em anime Yaoi naquela universidade!

— Você devia se benzer. Com esse encosto de vizinha, quem precisa de inimigo?

— Pois é... Quanto mais eu rezo, mais esse peido do capeta aparece... – A estudante revirava os olhos.

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Enquanto isso, Bucky andava por algumas ruas de Manhattan, sozinho.

Precisava ter aquela experiência, sem que estivesse com Darcy ao seu lado.

Caminhar ao lado de tantas pessoas e transitar livremente, era libertador.

Ainda que estivesse correndo riscos por andar em Nova York, ele era um dos melhores espiões do mundo. Mesmo com amnésia, seu corpo e sua mente estavam sincronizados quando se tratava de combates corpo a corpo, combates a distância, espionagem, desestabilização, infiltração, e qualquer habilidade que exigisse muito de seu físico e de suas aptidões mentais em sistematizar elementos para obter êxito em diversas missões.

Para a HYDRA lhe capturar, teria de arquitetar um excelente plano, pois não seria fácil.

E com o decorrer dos dias, suas destrezas se tornavam ainda mais estáveis. A resiliência corporal também, afinal, era um super soldado.

Apenas sua mente não parecia evoluir. Seria difícil voltar para seu estado anterior, como Sargento James Buchanan Barnes.

Por enquanto, teria de arrumar maneiras para estabilizar sua mente, sozinho, até que pudesse procurar por algo ou alguém que lhe ajudasse a quebrar o seu código mental.

Não seria fácil, mas esperava que esse dia chegasse... não importa quanto tempo demorasse.

E depois de caminhar bastante, ele passava por um muro que tinha uma pichação intrigante.

“Thank you Avengers – X”

Vingadores foi o grupo que Darcy mencionou anteriormente, ao qual Steve fazia parte.

Precisava saber mais a respeito sobre esse grupo... mas por ora, ele apenas decidiu que se concentraria em outras coisas mais importantes.

Saber sobre os Vingadores ficaria para o futuro.

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Kim e Darcy colocavam a conversa em dia, e assim, passaram a tarde juntas.

Comeram, ouviram música, dançaram, cantaram, e por último, já esgotadas, resolveram descansar...

Uma sentada e outra deitada, apenas papeando sobre assuntos variados.

— O filho de Jane e Thor vai ser metade humano e metade asgardiano? Será que ele vai viver mais do que a gente e terá super força? – Kim perguntava, curiosa, sem saber do que falar.

— Sei lá. Os asgardianos vivem bem mais do que a gente e demoram envelhecer. Se eu fosse a Jane, arrumava uma forma de viver 5 mil anos, como eles.

— Ahahahaha, para de viajar, Darcy! A Jane não é a Bella que pode ser transformada numa vampira quando bem entender.

— Minha filha, depois de tudo o que vivenciei nesses últimos dois anos, eu não desacredito de mais nada. – A estudante afirmava, esticando os braços no ímpeto de alonga-los.

— Ok, mas agora me fala como está sendo seus dias ao lado dele...

— Hmmm... – A garota ficou em silêncio, olhando pra cima por um tempo, apenas para formular uma resposta detalhada.

— Não é como antes, que eu podia andar pelada pelo apartamento, cantar Queen no maior volume e dançar Kpop na sala. Tenho que ser uma garota recatada, pois um homem à moda antiga agora vive comigo. – Ela piscou, numa pose requintada.

— VOCÊ RECATADA!? VÁ À MERDA, DARCY!!! O MÁXIMO QUE VOCÊ DEVE FAZER É NÃO CANTAR COMO UMA TAQUARA RACHADA PELA CASA!!! AHAHAHAHAHAHA!!! – Kimberly começava a rir da amiga, que já expressava uma carranca em resposta.

— Hey, taquara rachada é a vó! E você por acaso acha que eu vou andar pelada!? Para de viajar!

— Vai saber... – A loira deu de ombros.

A estudante apenas revirou os olhos em resposta.

— Mas falando sério... como é o comportamento dele?

— Normal. É um homem que gosta de ser independente... Ele é discreto, muito precavido, desconfiado, está sempre em alerta, tem muita facilidade para aprender qualquer coisa, consegue se concentrar facilmente e tem um apetite monstruoso.

— Isso é normal de qualquer homem, mas... Quantos anos ele tem mesmo?

— 97.

— Mas você disse que ele ainda é jovem, certo? O quão jovem ele é?

Darcy não respondeu. Ela apenas se levantou e tirou um livro da gaveta de sua escrivaninha, que estava ao lado do sofá, perto da sacada.

A garota folheou o livro numa página específica e então, deu para Kim segurar.

A página do livro mostrava uma foto de James ao lado do Capitão América, fardado.

— Eu peguei isso na biblioteca da universidade. Esse é o Sargento James Buchanan Barnes. A única diferença, é que agora ele tem o cabelo até os ombros.

Kimberly alargou seus incríveis olhos azuis e ficou em silêncio, intercalando seu olhar para as fotos do livro e para Darcy, simultaneamente.

A loira virou outras páginas e viu diversas fotos do Sargento, do Capitão América e dos membros do Comando Selvagem.

— Jo-a-ni-nha... – Kim silabou, perplexa.

— O quê...?

— Esse Sargento é um gato...! Um verdadeiro Deus grego! Céus, não tinha ideia que você estava com uma beldade dessas dentro de casa! E eu sentindo pena de você, sua safada!!! É ele quem corre perigo aqui, com uma pessoa como você por perto!!! – A loira começou a dar chutes e socos na amiga.

— Hey, olha lá como você fala da minha pessoa!

— Quem não te conhece que te compre! Eu sei exatamente o tipo de ninfomaníaca que você é!!!

— Para de dizer bobagens, Kim! Eu sou a Madre Teresa de Calcutá perto de você!

— Mas não é mesmo!

— Tarada é aquele chorume da Clarice! Imagine se ela dar de cara com o Bucky aqui no prédio!? Vai correr atrás dele igual um hipopótamo no cio!

— Eca! É melhor você manter ele longe dela! Só de falar, meu estômago revirou. – Kim colocou a língua pra fora, num gesto de enjoo.

— Eu vou avisá-lo, até porque, a Clarice trouxe aquelas primas retardadas pra ficarem aqui um tempo. Às vezes eu ouço aquelas loucas relinchando ao som de Ariana Grande.

— Eeew! Só de imaginar, fico com diarreia.

— Estou dizendo isso, mas ele vai saber que não é certo se meter com essa seita nazista de loiras da Ku Klux Klan que pagam de civilizadas mas parecem ter saído de algum galinheiro satânico.

— Assim esperamos...

— Eu só quero que ele se recupere... não tem sido nada fácil ter ficado décadas longe do mundo real. – Darcy continuava se compadecendo dele. Toda vez que se recordava do que leu em seus arquivos, sua feição mudava drasticamente.

Kim percebia o quanto a garota se importava com o soldado.

— Deve ser difícil ter passado por tantas lavagens cerebrais e tentar se manter são o tempo todo, não é?

— Ele é um homem fora do tempo, com uma mente caótica, repleta de crises traumáticas, mas é uma excelente pessoa. Quero que ele tenha uma vida normal e seja feliz. Depois de tanto sofrimento, ele merece. – A garota proferia tais palavras enquanto olhava para a capa do livro.

— Você já o deixou ciente de que eu sei sobre ele?

— Ainda não tive chance. A única pessoa que ele tem conhecimento que sabe sobre sua identidade é o Derek.

— É melhor você dizer o quanto antes, joaninha.

— Vou dizer no momento certo... – O olhar combalido da estudante incomodava Kimberly.

A loira notava que Darcy perdia um pouco de sua alegria natural quando falava sobre o sofrimento de James.

— Kim... Tem algo acontecendo e queria sua opinião... Uma pessoa de fora com certeza teria uma visão mais ampla pra opinar, certo?

— O que é?

— Desde que conheci o Bucky, ele tem preenchido a maior parte dos meus pensamentos... e... nunca mais me lembrei do Robert depois disso. – Revelava, quando se recordava de seu ex, além da raiva ter diminuído, seu coração não parecia doer como antes.

— Tá falando sério...? – A loira contestava, desconfiada.

— Sim. O Robert ficou distante... não sinto mais toda aquela mágoa quando penso que levei um fora só porque ele não gostava do meu jeito de ser e porque me trocou por outra... – Seu semblante melancólico parecia ter outro motivo agora, e não, seu ex não era o causador disso.

Kimberly ficou em silêncio por um tempo antes de responder. Ela observava atentamente a expressão da amiga.

— Bem... acho que você está tão empenhada em trazer o Bucky de volta pra sociedade e ajudá-lo a recuperar sua vida, que isto se tornou sua prioridade, a ponto de esquecer do Robert.

— E isso é bom?

— Sim. Só tem um porém.

— Qual...? – Darcy alargou o olhar, prestando muita atenção.

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— Você não pode se apaixonar por ele.

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Silêncio...

E mais silêncio...

Era possível ouvir o vento entrando pela janela e o barulho dos carros do lado de fora.

A estudante franziu o cenho, esboçando uma cara desacreditada.

— Eu? Me apaixonar!? Tá brincando né...?

— Não tô não... – Kim a olhou de cima abaixo, com olhar de deboche.

Darcy estreitou o olhar, cruzou os braços, suspirou e sorriu, maquiavelicamente.

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— Sobre me apaixonar... Prefiro ser recrutada para os Jogos Mortais...

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Kim arregalou os olhos... Darcy e suas piadas infames com cunho de horror, suspense e aflição.

— É mesmo...? Ia preferir rasgar seu olho com um bisturi pra tirar uma chave que abre uma máscara mortal, do que se apaixonar? – Kim rebatia, narrando uma das cenas do segundo filme de Jogos Mortais.

— Eu corto até o meu pé se for necessário. – Ainda com os braços cruzados e um sorriso insolente, Darcy afirmava com muita convicção que preferia cortar o seu pé do que se apaixonar.

Cortar o pé para sobreviver foi a cena final de uma das vítimas de Jigsaw, no primeiro filme da franquia dos Jogos Mortais.

— Você é louca, joaninha...

—  Ficar sem um pé é mais fácil do que parecer uma idiota que baba por um cara, seja ele quem for, não acha? – A estudante contrapôs.

— Mesmo se esse cara for o Bucky?

— Sim... Por que ele seria uma exceção?

— Não sei... Ele seria?

— Não. Posso te garantir.

— Você não acredita mais no amor? – Kim a alfinetava. Depois de Robert, Darcy se tornou fria como uma pedra de gelo e sempre quando ouvia sobre o assunto ou quando alguém por perto começava um relacionamento, a garota sempre soltava suas piadas ácidas, ironizando e transformando cenas românticas em contos de terror, com sangue, tripas e bolo de queijo, regados a muito humor negro.

— Claro que eu acredito no amor! Romeu e Julieta por exemplo, é a história de amor mais verdadeira que existe, porque mostra que quando você se apaixona, o melhor a se fazer é se matar!

— AHAHAHAHAHAHA, EU ADORO SUAS FILOSOFIAS DESDENHANDO SOBRE O AMOR. CONTINUE, POR FAVOR!

— Você diz isso porque é uma mulher fria e sem coração que não se apaixona!

— Mas é claro. Meu coração tem que estar preso num cofre de aço a sete chaves, ou você acha que eu vou deixar qualquer zé mané chegar e bagunçar o coreto?

— Minha filha... As pessoas deveriam tirar licença pra namorar... – Darcy achava que pra ter um relacionamento, era preciso preencher todos os requisitos para não magoar um coração.

— Espero que seja racional e extremamente fria quanto a isso. Você não pode se apaixonar por um assassino. – Kim alertava.

Suspeitava que talvez, Darcy não estivesse mentindo sobre se apaixonar, mas era notável que a estudante estava a um passo disso acontecer.

— Eu não vou... agora vamos parar de papo e assistir Arquivo X!?

— Bora!

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As horas passaram e Darcy se despedia de Kimberly.

O sol começava a se pôr e a garota voltou para seu apartamento, bocejando.

Ela atravessou a porta e logo se sentou na poltrona ao lado da sacada, cruzando as pernas e colocando os pés para dentro do assento, de forma desleixada...

A postura de uma criança...

A estudante ligou o rádio, numa estação antiga de Nova York, que sempre ouvia nas horas vagas...

Óbvio que o gênero predominante era rock... Ela não conseguia ouvir outra coisa.

Acordes, soando simultaneamente e viajando pela atmosfera plácida... no sossego de um sábado à tarde... prestes a anoitecer...

A música que começava a tocar naquele momento, iniciava com um assobio... e a doce melodia de uma guitarra acústica, em plena consonância... Simetricamente afinada... Eufonicamente perfeito...

A canção lhe lembrava os livros que estudou nos primeiros anos de faculdade... Livros sobre a guerra fria, já que a letra da música narrava tal assunto.

Scorpions – Wind of Change...

E por mais que a letra falasse de um vento de mudança na Europa com o fim da guerra fria, a sensação era de pura melancolia, lhe fazendo ter mais uma crise existencial...

Havia lido vários livros sobre o quão triste eram as vidas das famílias separadas pelo muro de Berlim...

“Música... Sempre nos fazendo chorar de alegria... ou de tristeza...” – Pensava.

Estava longe de casa e de seus pais... Em breve se formaria e teria de decidir o que fazer depois...

Darcy estava cheia de planos e sonhos... Nada podia impedi-la de realizar suas aspirações... eram tantas...

Os olhos da garota pesaram... suas pálpebras foram fechando enquanto a melodia tocava no rádio...

Seu sono era pesado...

Ela se inclinou, descansando os braços no braço da poltrona... A postura não era das melhores, mas se sentia confortável.

E então... ela adormeceu...

O sol cerrava os olhos, anunciando que iria dormir em breve, entregando o reinado a noite, que serenamente surgiria...

Alguns segundos depois, Bucky chegava, abrindo a porta do apartamento com cautela, sempre vigilante.

A primeira visão que teve, foi de uma Darcy totalmente sonolenta, repousando na poltrona ao lado da sacada.

James se perguntou porque a garota dormia ali e como conseguia ter um sono tão pesado?

O soldado se aproximou, lentamente, temendo acordá-la.

A imagem em sua frente era surpreendente... ele chegou no exato momento em que a brisa do anoitecer afagava suavemente os cabelos da garota.

O refrão da música, soava esplendorosamente...

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♪ Take me to the magic of the moment,

On a glory night,

Where the children of tomorrow share their dreams,

With you and me…

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James não sabia, mas letra da música encerrava um ciclo do qual fez parte, quando trabalhou para a HYDRA em conjunto com os soviéticos e a KGB na guerra fria.

O sargento continuou ali, imóvel, apenas observando-a. Não queria acordá-la, então tudo o que conseguiu foi contemplar a imagem da estudante, em mais uma expressão inconsciente de toda a paz que fluía de si... invisivelmente...

E secretamente, Bucky tinha inveja... Inveja da paz e da liberdade que ele não tinha, mas eu ansiava ter...

Poderia ser como ela...? Voltaria um dia para seu estado de origem? Mesmo não se recordando de toda a sua vida passada, algumas memórias fragmentadas lhe mostravam o quanto o Sargento Bucky Barnes era imaculado e possuía uma mente limpa... como uma folha em branco, esperando para ser preenchida...

Ali, ele escreveria seus sonhos... mas infelizmente, a HYDRA transformou o papel branco em cinzas... restando apenas resquícios de poeira... queimadas pelas chamas e dissipadas pelo vento que transpôs o tempo...

A estudante se remexeu na poltrona, procurando uma melhor posição...

Mas continuou dormindo...

Ela mantinha a cabeça encostada no braço da poltrona, com uma expressão serena em seu rosto, e... o sol ia se pondo... adornando suavemente as madeixas castanhas...

A aragem suave ao redor, movia sutil e delicadamente alguns fios de cabelo... e...

Uma pequena mecha castanha tocou a bochecha feminina, permanecendo na frente dos olhos fechados...

Tal conceito, seria digno de uma pintura... mas a beleza daquele instante ficaria eternizado na mente dele, que não conseguia tirar os olhos dela...

Os raios de sol que entravam pela sacada e recaiam sobre a pele alva e os cabelos castanhos, realçavam ainda mais o seu brilho... Era magnífico...

Pétalas de luz a flutuar... faíscas reluzentes entrelaçavam a atmosfera por trás das cortinas...

James se sentiu fortemente encantado por aquela feição pura...

Envolvido pela simplória, porém arrebatadora expressão límpida e refinada, ele a tocou...

E muito sutil e vagaroso, os dedos humanos deslizaram a mecha castanha pela bochecha feminina, levemente corada, colocando-a suavemente atrás da orelha.

Mas...

Mais uma vez, ele atentou para as manchas em seu pescoço, que se encontravam um tanto imperceptíveis se comparando a alguns dias atrás.

James tinha certeza que ele a machucou, mas Darcy não falou nada a respeito...

Por quê...?

Porém...

Os olhos dela se abriram, aos poucos e lentamente...

A primeira coisa que a garota viu em sua frente era Bucky Barnes, imóvel, com uma expressão imparcialmente fria...

Não estava surpreso pelo fato de Darcy ter acordado... pelo contrário... Ele manteve a expressão gélida... Não era um homem que tinha facilidade de externar suas emoções...

Ela entreabriu os lábios, enquanto seus olhos analisaram-no. A garota fitou a expressão indiferente do soldado, mesmo sendo flagrado a tocando.

— Você...

— Você... Tinha uma mecha na frente do seu rosto... - Ele replicou, inerte. Não era de seu feitio demonstrar interesse em tocá-la, mas diante de todo aquele cenário fascinante onde Darcy era a protagonista, levou-o a tomar tal decisão.

— Aah... Eu dormi... - Ela esfregou os olhos e depois escorregou a mão direita por seus cabelos ondulados, bagunçando-os lentamente.

Mesmo sendo expressões e gestos comuns, Bucky não se lembrava de se sentir tão impressionado quando Darcy mostrava traços humanos de cansaço ou preocupação.

O que estava acontecendo com ele? Por que parecia que seus sentidos se ampliavam ainda mais quando ele a fitava naqueles momentos?

A garota esticou os braços, alongando-se. Passou a tarde toda com sua amiga, rindo e fazendo coisas que as duas gostavam.

— Você demorou... Foi em algum lugar legal?

Mediante a pergunta dela, James sorriu. Mas não era um sorriso de alegria, mas sim de deboche.

— Você acha que um espião sairia pra se divertir?

— Por que não? Seres humanos precisam de algum divertimento de vez em quando. Você não gosta de fazer isso?

— Não sei exatamente como é isso...

— Hmm... Então acho que preciso te levar em alguns lugares bem legais pra você relaxar, não acha? – O tom alegre da voz de Darcy mostrava apenas o quanto ela era ingênua e incrivelmente infantil.

— Não acho que nada me faria relaxar.

— Por que não? Você adorou ver o pôr do sol comigo naquele dia.

— Isso não quer dizer nada...

— Sério, por que você precisa ser tão chato e apático!? Dê uma chance pra ser feliz de novo.

— Eu não acho que isso será possível... – O semblante do soldado endureceu. A garota não podia julgá-lo de acordo com seus padrões.

Ela era livre e tinha paz...

Ele estava preso no mais escuro abismo e era atormentado diariamente...

— Aff... Eu estou me esforçando pra que você fique curado de seus traumas e você devia fazer o mesmo, Bucky. Seja mais honesto consigo mesmo. Se esforce mais. Você merece.

— Não é simples.

— Pode não ser, mas você podia colaborar né? Dê mais chances para o que pode te ajudar a se livrar do seu sofrimento.

— Lewis... Você sabe que a cura pra uma mente como a minha, não é assim tão fácil. Não venha me dizer que força de vontade é a única coisa que preciso nesse momento. – Não conseguia ceder. Era mais forte que ele. Seu passado sombrio, todo o treinamento implacável ao qual foi submetido, o caráter que a HYDRA moldou para encaixá-lo... tudo isso ainda continuaria vivo dentro do seu eu atual...

Não era o Soldado Invernal, mas ele também não era Bucky Barnes... estava longe de voltar a ser... por mais que quisesse.

— Bucky... Você vai conseguir... Eu estou nessa com você e farei o possível pra te ajudar nessa transição. Eu prometo. – A amena expressão dela, o acalmava, mas ainda assim, não era suficiente.

— Não faça promessas pra alguém como eu.

— Por quê?

— Sou um assassino...

— Ex-assassino... – Ela corrigiu.

— Eu matei muitas pessoas...

— Não foi sua escolha e logo não é sua culpa, então pare de se martirizar.

— Isso não é um martírio, Lewis. São fatos. – Insistiu. Ela não lhe convenceria do contrário.

— Ok então... já ouviu o ditado “O sol aparece para todos, mas brilha para poucos”? Acho que você quer ficar escondido dentro de uma caverna e se enterrar num buraco fundo, não é?

— Mesmo que faça tais analogias, não vai me convencer facilmente.

— E como eu posso te convencer...? – Ela piscou, esboçando um semblante alegre e vívido.

Bucky estreitou o olhar, mirando o pescoço feminino.

— Para começar, pode me dizer porque escondeu de mim o fato de que te machuquei no dia em que perdi o controle.

A voz dele era séria e mostrava uma leve irritação.

Darcy suspirou, um pouco embaraçada.

— Bem... você estava muito mal, então achei melhor não te aborrecer e resolvi te poupar, porque o peso de seus traumas é muito pesado... e eu podia lidar com isso sozinha. – Revelou, desconsertada. Não tinha intenção alguma de dizer aquilo a ele.

— Não faça mais isso, Lewis. Eu podia ter te matado... e eu não quero te machucar de novo... – O sargento redarguia, firmemente convicto.

— Não precisa se preocupar. Isso provavelmente não vai acontecer de novo. – Ela retorquia, despreocupada.

— Não devia ter tanta certeza...

— Mas eu tenho...!

— Use a razão e pare de ser tão empática com um assassino...

— Ah, eu desisto... você está muito chato hoje! - E então, a garota deu as costas para ele, indo na direção da cozinha.

Pelo visto, Bucky não estava bem, então mais uma vez teria de adiar a conversa onde diria a ele sobre Kimberly e que a mesma sabia de tudo.

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Havia amanhecido e bem longe dali, na Carolina do Sul, Natasha Romanoff transitava pelas ruas de Colúmbia, a capital do estado.

A agente usava mais um de seus disfarces, já que o governo estava em seu encalce.

A Viúva Negra, agora com os cabelos tingidos de loiro, tomava café tranquilamente em uma das cafeterias do centro da cidade, mas sempre com os olhos em alerta, caso algo fora do normal acontecesse.

A garçonete se aproximava, trazendo seu pedido.

— Aqui está o seu croissant, senhorita. – A garota sorriu, colocando o prato em cima da mesa de madeira.

Natasha agradeceu e a atendente retornou para dentro da cafeteria.

A agente observava o ambiente ao redor discretamente.

As árvores se encontravam no auge de sua beleza, pois a estação mais linda do ano imperava nas ruas da cidade. A temperatura também era a ideal para mais uma manhã de primavera.

E em meio as suas distrações com o local, seu telefone tocou.

.

No visor: “Arrow”.

.

Ela atendeu no mesmo instante.

— Nat?

— Por que demorou entrar em contato?

— As coisas não são tão fáceis, ainda mais depois de tudo o que aconteceu. Ficou difícil ligar. – A pessoa do outro lado da linha era Clint Barton.

— As coisas não estão fáceis pra ninguém... – A Viúva bebericou mais um gole de seu café, levantando suavemente a alça da xícara de porcelana.

— Onde você está?

— Sabe a minha prima, Carolina? Ela está no sul do país agora. – A agente articulava a frase de uma forma que Clint entendesse sua localização exata, que basicamente era em Colúmbia, no estado da Carolina do Sul.

— Colúmbia?

— Sim. O clima é agradável e o café é maravilhoso. Acho que poderia viver aqui pelo resto dos meus dias.

— Muito engraçado, mas agora fale normalmente. Estamos numa linha segura, então me dê um resumo do último capítulo desse desastre que aconteceu em Washington. – Ainda falando de uma forma discreta, o Gavião Arqueiro perguntava sobre a queda da SHIELD e como tudo havia terminado.

— Nossa casa foi dissolvida e nossos colegas se espalharam. Alguns foram para a CIA, outros para companhias específicas, empresas privadas, outros decidiram sair do país e os demais fugiram.

— E quanto aos infiltrados? – Ele mencionava sobre os agentes da HYDRA infiltrados na SHIELD.

— Uma parte foi morta em combate e os demais presos. Alguns também fugiram.

— E quanto ao Fury?

— Não tenho ideia pra onde ele foi.

— Como tudo isso aconteceu? Vocês não sabiam sobre o Pierce?

— Não... Ele estava a muitos passos à frente de todos nós.

— Por que o Fury me enviou para uma missão tão longe? Eu devia ter ficado... – Barton se queixava do fato de não estar nos Estados Unidos quando a SHIELD colapsou.

— Fury sabia que você tinha tesouros preciosos demais pra simplesmente te deixar lá num momento crítico. – Natasha se referia à família do Gavião Arqueiro, que ninguém no mundo além dela e de Nick sabiam.

— E quanto ao Capitão? Tem notícias sobre ele?

— Ele saiu do hospital com Sam Wilsom. Não tenho ideia de onde esteja agora.

— Entendo...

— Clint... Mesmo depois de tudo o que aconteceu com a SHIELD, estou na estaca zero novamente, mas... te procurei porque preciso de sua ajuda sobre algo.

— E o que seria?

.

— Tenho informações que Belova está nos Estados Unidos e isso está me preocupando.

.

A agente olhava discretamente para os dois lados. Não se sentia segura em dizer aquele nome e não estar em alerta.

— Belova? Yelena Belova?

— Sim...

— Por que ela estaria nos Estados Unidos?

— Não tenho ideia, então, vou precisar que me ajude a achar a localização dela, já que não tenho recursos para isso. – Natasha não poderia simplesmente procurar por alguém sem deixar rastros, tanto para o próprio governo americano, quanto para o governo russo, já que...

Sua rival estava nos Estados Unidos.

— Que missão faria a Belova sair da Rússia?

— Isso é o que vamos descobrir...


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Notas finais do capítulo

Yelena Belova é a rival de Natasha nos quadrinhos. Achei interessante coloca-la na fanfic.
Vocês ficaram sabendo que a Disney vai lançar uma série do Falcão e do Soldado Invernal pelo seu futuro serviço de streaming? Ah, e vai ter uma série do Loki, do Gavião e da Feiticeira Escarlate e do Visão também. Eu estou em chamas! Mal posso esperar!
Até o próximo.



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