Wintershock escrita por ariiuu


Capítulo 11
Um homem fora do tempo em Nova York


Notas iniciais do capítulo

Olar, gente. Trouxe o capítulo mais cedo pra vocês. Neste, teremos a chegada do nosso Soldado desmemoriado na grande Nova York, ao lado da demente Darcy Lewis.
Neste capítulo teremos também a presença de Steve, Sam, Jane, Erik e Thor. Espero que gostem.
Ignorem os erros até que eu conserte.
Divirtam-se!



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Depois de alguns dias internado no Hospital George Washington, na capital, em Washington DC, Steve finalmente abriu os olhos.

Olhou ao redor e virou lentamente seu rosto.

Percebeu que Sam estava ao seu lado... lendo um livro...

O Capitão ouvia uma música num volume suave...

Marvin Gaye – Trouble Man.

Quando assimilou a realidade à volta, relaxou novamente na cama daquele quarto de hospital, e então, sussurrou algo que somente o Falcão entenderia.

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À esquerda...

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Sam sorriu. Depois de todo o incidente com a SHIELD, finalmente seu amigo havia recobrado a consciência.

Steve ainda ficaria um tempo por ali, se recuperando, então por ora, permaneceria ao seu lado e decidiriam o que fazer depois, no futuro...

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"Não se pode substituir ninguém... Porque todo mundo é uma soma de pequenos e belos detalhes..."

Era mais ou menos sobre isso que Darcy dizia para Bucky, enquanto dirigia para seu apartamento.

Cada tela grande nos altos edifícios, cada outdoor, cada tela de publicidade animada e todas as lojas e prédios com um design totalmente moderno, faziam parte de sua realidade agora... O soldado desmemoriado e fora do tempo prestou atenção em todos aqueles detalhes.

Tirou os óculos que fazia parte do disfarce e passou a observar atentamente tudo aquilo, como realmente era... Nova York mudou muito... E para a melhor...

Tudo era tecnologicamente mais incrível do que podia se lembrar. Os prédios, as fachadas, as lojas e até mesmo as pessoas.

As roupas daquela sociedade moderna eram muito diferentes de sua época como Sargento, especialmente as roupas das mulheres.

Todos pareciam felizes e livres... se perguntava o que aconteceu depois da segunda guerra...

Darcy deu uma volta pelo centro da cidade, e ele ficou impressionado com a quantidade de pessoas... Nova York era uma metrópole populosa...

Em meio a algumas Avenidas, um imenso prédio era destaque em Manhattan...

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A Torre dos Vingadores...

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A estudante olhou para o local e pensou que tinha que fazer um tour por lá de alguma forma. Pediria isso ao Thor da próxima vez, já que o asgardiano agora era um Vingador e próximo do Homem de Ferro.

Ela atravessou várias Avenidas famosas de Manhattan até chegar na rua de seu apartamento.

Darcy morava no Upper West Side, que ficava entre o Central Park e o rio Hudson.

Em meio aos devaneios, enquanto Bucky olhava para cada detalhe das ruas da cidade, os dois finalmente chegaram.

A garota estacionou na frente de um prédio antigo, típico de Nova York.

— Vamos conhecer a minha casa, sargento? – Ela bateu a porta do carro e pegou as chaves do seu apartamento enquanto segurava as sacolas que trazia da cafeteria.

Bucky a seguiu, um tanto retraído.

Os dois entraram, passaram pela recepção e subiram as escadas.

O prédio não tinha um porteiro, então tudo ficaria mais fácil.

A estudante morava no penúltimo andar.

Darcy chegou na porta, virou as chaves na fechadura e girou a maçaneta, porém, deu espaço para que Bucky entrasse primeiro.

Mi casa, Su casa...— A estudante sorriu.

Perguntar o que significava aquilo seria patético, então, se limitou apenas em fazer uma cara de entendido, entrando primeiro.

Quando atravessou a porta, deu de cara...

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Com uma imensa biblioteca...

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Uma sala toda planejada com sofá, prateleiras repletas de livros que davam a volta pelas duas paredes e vários aparelhos eletrônicos, com uma sacada ao fundo.

O apartamento era grande... e bonito...

Mesmo sendo maluca, aquela garota era um tanto caprichosa. Seu apartamento era todo planejado e decorado de uma forma única.

— Você tem uma...-

— Você será mais elegante se a sua biblioteca for maior que seu guarda-roupa! – Darcy interrompeu a pergunta óbvia com uma piada.

— Então não mentiu quando disse que sabia de quase tudo sobre... Tudo...?

— Claro que não. Eu leio muito... Estou o tempo todo pesquisando, investigando... Mas a minha biblioteca existe só porque não consigo deixar meus livros de lado, porque na verdade... – A garota andou, indo rapidamente para outro cômodo e ele a seguiu.

— Na verdade, tenho quase tudo aqui! – E então, mostrou a sua mesa, com um computador, cujo monitor era imenso. Vários HDs estavam empilhados ao lado.

— Isso... É onde você guarda o resto das suas pesquisas...? Nessa máquina?

— Sim, e nos meus HDs. Mas eu prefiro os livros do que e-books. Não gosto muito de ler usando iPad.

— O que seriam e-books e ipad? – Bucky franziu o cenho. Não tinha ideia do que Darcy dizia...

— Ah meu Deus... Eu esqueci que você não sabe absolutamente nada sobre essa época... Então... Me diz uma coisa... Você sabe o que é um computador?

— Sim, mas tenho noções vagas... Me lembro que o governo americano trabalhava com algum tipo de tecnologia que não parecia nada com essa... Máquina... – Retorquia, enquanto olhava para o iMac em cima da mesa, mas omitindo o fato de que computadores de todos os tipos eram usados pelos cientistas da HYDRA, e aqueles aparelhos lhe traziam recordações trágicas.

— O ENIAC foi criado em 1946... Você morreu em 1944... – Darcy fazia o cálculo de quando o primeiro computador foi criado.

— ENIAC...? – Bucky contestou, não entendendo.

— O primeiro computador criado por dois cientistas daqui... Meu Deus, você está totalmente atrasado! Precisamos resolver isso!

Ele não respondeu. Ficou totalmente perdido em meio a tudo o que ela dizia.

Darcy percebeu a situação e resolveu cortar aquele clima.

— Certo, vamos começar com a reeducação centenária de um homem fora do tempo!

Ela não podia ir para o trabalho e largá-lo ali, perdido, naquele estado. Falaria com Jane se poderia trabalhar de casa. Precisava ao menos, deixar o soldado a par de tudo o que havia acontecido no mundo e lhe instruir sobre toda a tecnologia que ele não tinha conhecimento.

— Você não disse que estava atrasada para o seu... Trabalho...? – Bucky estranhava dizer aquilo. As mulheres da sua época não costumavam sair de casa para... Trabalhar...

— Bem, eu verei a possibilidade de fazer Home Office hoje! – Darcy deixou escapar mais um termo que ele não entendia, mas agora, percebendo a gafe, resolveu explicar.

— Home Office é o termo que usamos quando decidimos trabalhar de casa. Eu executo os serviços do meu lar, entendeu?

— Sim... – Replicou, enquanto olhava discretamente para todos os móveis e objetos do apartamento.

A garota percebia o quanto o soldado estava confuso com tudo e decidiu jogar a real com ele.

— Olha... Eu sei que você está perdido, incomodado, desconfiado e talvez reprimindo uma imensa vontade de sair correndo atrás dos desgraçados que acabaram com a sua vida, mas... Por favor, por mais difícil que seja, sinta-se em casa...! Eu moro sozinha, então não virá ninguém aqui... Além disso, eu estou fazendo tudo isso por livre e espontânea vontade, sabendo dos riscos que corro. Sei que você é um homem errático por conta de sua amnésia, então... Tente relaxar, pelo menos até você decidir o que fará daqui pra frente...

E então, Darcy lançou um sorriso cordato, tentando de alguma forma deixa-lo confortável.

Mesmo relutando o quanto podia, Bucky decidiu ouvi-la, pelo menos naquele momento. Embora estivesse com medo do mundo extremamente novo que estava diante de seus olhos, sabia que estava dividindo seu corpo com duas pessoas...

O Sargento Barnes e o Soldado Invernal...

Porém, nenhum deles estava presente naquele momento e tudo o que conseguia sentir, era que o seu eu atual não passava de uma reles casca vazia...

Enquanto isso, Darcy foi até um dos quartos do apartamento, revirou algumas coisas e depois correu para a sala, entregando várias sacolas nas mãos dele.

— Você vai precisar disso!

— E o que seria isso...? – O sargento arqueou uma sobrancelha.

— Sério, você realmente perdeu a noção da realidade? Vá tomar um banho, troque de roupa e volte pra cozinha pra tomarmos café da manhã! Como é que você não sentiu fome até agora!? – A garota articulava, totalmente desacreditada.

Depois de a mesma lhe dizer tudo aquilo, automaticamente o estômago dele começou a roncar. Bucky sentia uma estranha sensação, que era natural em todo o ser humano, mas havia se esquecido completamente.

A sensação de ter fome...

Muita fome...

Quando viajaram juntos, eles comeram pizza, sanduíches e outras coisas que não se recordava. A ida ao museu lhe deixou totalmente fora de órbita. Necessidades humanas eram um empecilho, se assim pudesse julgar. Não era algo que estivesse habituado a se preocupar, já que passava pouco tempo fora da criogenia para executar suas missões.

Quantos anos não sentia aquela sensação incômoda em seu estômago? Era indigno demais.

Darcy sorriu.

— Vá logo tomar um banho. Eu vou fazer um café da manhã mais completo pra gente. O banheiro social é por ali. – Ela apontou para a porta à direita do corredor e ele seguiu a orientação dela.

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A estudante preparava um café da manhã especial enquanto Bucky tomava banho, mas depois de tanta demora, ela resolveu fazer o mesmo.

Ligou a TV numa emissora que transmitia o noticiário da manhã e correu para o banheiro. Depois de se hospedar em vários hotéis, nada melhor do que tomar banho em casa.

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Ele terminava de tomar um banho demorado.

Estava aliviado...

Depois de terminar, dirigiu-se ao espelho ao lado do box, que se encontrava completamente embaçado por conta da fumaça da água quente do chuveiro.

Estava com receio de ver seu rosto depois de descobrir quem era, mas prosseguiu mesmo assim, passando a mão no espelho para ver sua imagem nitidamente, e então...

O espelho revelou a imagem que ele já esperava...

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A fisionomia idêntica à do Sargento Barnes...

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Apenas diferente pelo comprimento dos cabelos que se encontravam molhados e pela barba levemente aparada…

Ao menos lembrou de como se barbear, e fez isso enquanto esteve em um dos hoteis, na viagem com a garota, para que não parecesse ainda mais estranho do que pensava...

Ele não havia mudado muito... Não tinha ideia de quanto tempo a HYDRA o deixou fora da Criogenia.

E por mais que estivesse incomodado com tudo aquilo, pensaria no que fazer depois.

O brilho de sua existência estava muito apagado...

Seu corpo já não era mais o mesmo... Era um homem incompleto e cercado de cicatrizes… a maioria delas espalhadas por seu ombro esquerdo...

Lembrou-se que teria de remover o fio de sutura do seu ombro em alguns dias, mas sua recuperação avançou desde que conseguiu dormir.

Sua expressão era sombria e sua pele parecia mais gélida do que o comum... Talvez porque tivesse ficado no gelo por muitos anos... Talvez porque não soubesse mais como era a temperatura do sol em sua pele...

Mas havia momentos em que se sentia incandescente o suficiente... como um vulcão prestes a entrar em erupção... o que tudo aquilo significava?

Ele queria ser resgatado do abismo escuro em que se encontrava, porque estava perdido no tempo e almejava desesperadamente voltar de onde foi tirado... Dentro dos velhos livros onde sua vida era contada e todos podiam ler...

Mesmo estando perdido e com a mente completamente confusa, havia algo dentro dele que despertava um pouco de alegria...

Que era o fato de ainda se sentir humano...

Ele sentia sono, fome, se sujava a ponto de precisar de um banho... Um robô jamais teria tais privilégios...

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Quando Bucky saiu do banheiro social do apartamento, procurou por Darcy mas não a encontrou.

Andou pela sala, olhando para os quadros pendurados nas paredes e os pertences que decoravam o ambiente. Quadros com fotos de várias pessoas.

Do lado da TV havia um mural repleto de fotografias e lembretes. Fotos de Darcy com várias pessoas, que julgava serem seus amigos e parentes, e fotos de lugares que ela provavelmente viajou.

Já os lembretes, escrito coisas que não entendia, entre eles: “Não existe melhor dieta do que um coração partido!” e uma lista com nomes de comida que desconhecia.

No outro: “Todo mês é isso, acaba o dinheiro e sobra o mês.” com um clip prendendo muitos números que não tinha ideia do que significavam.

A decoração de seu apartamento era bem interessante. A garota era amante de flores, lâmpadas led, objetos históricos e futurísticos.

Tudo era colorido, em tons discretos.

Após espiar detalhadamente quase tudo ao redor, sua atenção foi tomada pelo som do noticiário na TV, narrando sobre o incidente em Washington DC.

O soldado ficou imerso no que era dito, prestando atenção em cada detalhe.

Foi então que Darcy saiu do banheiro com uma toalha no pescoço, enxugando os cabelos recém lavados e com roupas de ficar em casa.

Uma camiseta cinza extremamente larga, calça de moletom branca larga com bolinhas coloridas e pantufas azuis.

Hey...

Ele se virou para ela, um pouco espantado.

Mas não era pelas roupas horríveis que a mesma vestia, e sim...

Pelas notícias na TV...

Darcy percebeu e automaticamente pegou o controle, mudando de canal.

— Desculpe, mas acho que essa não é a hora pra você ver isso.

Bucky se encontrava pensativo, olhando para o chão. Não conseguia esquecer tudo o que aconteceu em Washington, por um minuto sequer.

— Você não pode continuar dessa forma! – Darcy quebrava o silêncio.

— Do que você está falando...? – O sargento contestou, impaciente.

— Eu tenho algumas roupas masculinas aqui, mas isso não vai ser suficiente. Precisamos ir ao shopping! - O intuito era distraí-lo de qualquer coisa que o lembrasse da HYDRA. Ele precisava esquecer aquilo, pelo menos por enquanto.

— Shopping...? – O que aquilo tinha a ver com o que passava na TV?

— Sim. Vou comprar roupas pra você! – Ela piscou, numa pose matreira.

Bucky a fitou, irresoluto. Tinha a impressão que estava virando o novo mascote dela.

Darcy não tinha tantas roupas masculinas em sua casa. As que estavam ali, eram de seu ex... E se sentia incomodada por vê-lo naqueles trajes.

Camiseta preta e calça jeans.

Os trajes do Soldado Invernal se encontravam devidamente guardados, na lavanderia, ao lado da cozinha.

— Você disse para relaxar e esquecer tudo por enquanto. Não é isso que eu deveria fazer? – Não tinha decidido sobre nada ainda, mas não podia deixar que Darcy tomasse a frente de tudo em seu lugar.

— Sim, e me arrependi de dar as roupas do Robert pra você vestir... Mas de qualquer forma, vamos esquecer tudo isso e comer! – Ela correu para a mesa, que ficava ao lado de uma das janelas.

Por um momento, Bucky se sentiu tentado a perguntar quem era Robert, mas quando voltou seu olhar para Darcy, desistiu. Nada nela fazia muito sentido, então não deveria dar tanta importância.

O cheiro da comida fez o estômago dele roncar mais alto. Não comia uma refeição completa... há anos...

A estudante encheu a mesa de comida de todo o tipo.

O característico café americano:

Pães, torradas, rosquinhas, ovos, bacon, as panquecas da cafeteria e algumas frutas.

Para acompanhar, havia leite, suco de laranja, cereal, manteiga, geleia, mel, patê, e qualquer coisa que deixasse um café da manhã mais completo.

Era tanta coisa... Um típico café norte-americano capitalista contemporâneo...

Mas ela não havia exagerado? Por que tanta comida para apenas eles dois?

A mesa estava coberta por uma toalha xadrez nas cores vermelha e branca e havia uma garrafinha artesanal com flores e enfeites de estrelinhas.

O sargento não sabia se achava aquilo bonito demais ou patético demais para uma garota de... Quantos anos ela tinha...?

— Darcy, certo...? – Ele a chamou, fazendo-a ficar em alerta.

— Sim! – Aquela era a primeira vez que ele chamava seu nome. Era maravilhosamente estranho e... bizarro?

— Por mais que queira entender... Depois de tudo, ainda não sei como vim parar aqui, então... Não quero que me trate como uma pessoa do seu convívio, muito menos íntima, então, vamos colocar limites em nossos diálogos daqui pra frente.

— Ah... Tá, mas a forma como eu falo com você, é a forma como eu falo com todo mundo, então... Acho que isso não precisa mudar.

— Você quer mesmo a minha opinião? – Ele contestou, sério.

— Sim. Vá em frente.

— Por mais que não lembre de nada e não saiba como o mundo está hoje, acho que você está sendo totalmente insensata em deixar um estranho entrar em sua casa... Ainda mais um estranho que quase te matou e que tem ligações com um órgão de inteligência inimigo dos Estados Unidos.

— Sim... – Ela fez cara de sono e bocejou.

Bucky julgava sua reação totalmente irresponsável.

— Eu agora sou um homem foragido... E provavelmente a HYDRA está atrás de mim.

— Sim, eu até pensei que fosse a SHIELD no começo, e é a HYDRA... Mas e daí...?

— E daí que eu não posso ficar na sua casa por muito tempo. Agradeço a sua ajuda mas-

— Olha, vamos comer? Você não está com fome? Porque eu estou... – Ela puxou a cadeira, sentou e começou a arrumar o seu café da manhã.

Bucky suspirou. Não sabia o porquê, mas parecia estar lidando com uma criança.

Decidiria o que fazer depois, embora não pudesse baixar a guarda.

Mesmo que não quisesse, não se sentia à vontade e muito menos íntimo dela para simplesmente sentarem na mesma mesa e comerem juntos.

Mas aquela garota realmente não parecia ligar para nada do que ele fazia. Sua liberdade consigo mesma e com as pessoas ao redor, de certa forma, era conveniente em horas propícias como aquela.

E pra completar, seu estômago estava implorando por comida...

Teria de deixar seu orgulho de lado, pelo menos por enquanto.

Bucky acompanhou Darcy e se sentou.

Começou a se familiarizar com o que estava na mesa.

O soldado se recordou que o Sargento Barnes adorava rosquinhas e torradas.

Resolveu experimentar uma das rosquinhas com cobertura que estavam no prato e...

Seu paladar vibrou de tamanha emoção...

Ele não sabia o que era saborear algo tão gostoso há décadas... Era um momento especial em sua vida, que era redescobrir o sabor de algo que amava comer, depois de tanto tempo.

A massa junto à cobertura de chocolate com granulado estavam lhe fazendo ter a sensação que a vida podia valer a pena...

“Céus... É indigno demais pensar dessa forma...”— Refletia enquanto saboreava a rosquinha.

Darcy observava o pequeno brilho nos olhos dele ao perceber que o mesmo parecia estar se recordando de algumas coisas.

— E então... Você gosta de rosquinhas...? – Perguntou, animada.

— Acho que sim... – Bucky respondeu, discretamente, mas um pouco envergonhado pelo fato de a garota reparar em sua felicidade por comer aquilo depois de tantas décadas.

— Eu gosto de panquecas... Mas também gosto de Waffles. – Darcy revelava suas preferências gastronômicas sobre cafés da manhã, enquanto segurava seu smartphone, respondendo as mensagens que chegavam, uma após a outra.

— Você se importa se eu fizer uma ligação? Preciso falar com a minha chefe.

— Não... – Replicou, despreocupado, enquanto tomava o seu café roboticamente e um tanto retraído, mas de uma forma um pouco desesperada por redescobrir a arte de comer.

— Namore alguém que te faça esquecer completamente do celular... Já me disseram isso uma vez. – A garota desabafava, enquanto colocava o aparelho no ouvido.

A observava e percebia que o semblante dela estava tenso. De alguma forma, Darcy parecia ter problemas, mesmo sendo uma garota moderna com um parafuso à menos.

— Alô...?

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ONDE VOCÊ ESTÁ!!? PRECISO DE VOCÊ HOJE AQUI!!! TEREMOS UMA CONFERÊNCIA EM BREVE E VOCÊ RESOLVE SUMIR E NÃO DIZER PRA ONDE FOI!!?

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A voz alta e desesperada era a de Jane Foster, do outro lado da linha.

Até ele conseguiu ouvir tudo o que a Astrofísica gritava.

— Eu... Tive uns imprevistos em Washington e...-

DARCY, EU PRECISO DE VOCÊ AQUI! JÁ SÃO NOVE E MEIA DA MANHÃ E ONDE VOCÊ ESTÁ!!?

A estudante fazia uma careta horrível enquanto deixava o aparelho longe de seu ouvido, tamanho os gritos de Jane.

— Me desculpa! Eu fui pra Washington de carona porque meu carro está no conserto e peguei a lata velha do Terry emprestada pra chegar a tempo, mas não deu! Já estou com tudo o que você precisa e vou te levar, mas será que posso fazer home office hoje? Estou muito cansada da viagem...

ONDE ESTÁ A SUA RESPONSABILIDADE!?

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— Ficou no ralo do banheiro, não tá vendo...? – Darcy revirou os olhos.

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Bucky ficou pasmo enquanto a fitava. Sabia exatamente que tipo de garota ela era, com poucos dias de convivência.

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Extrovertida,

Ousada,

Ingênua,

Vivia a vida intensamente,

Se surpreendia com qualquer coisa,

Extremamente Insensata,

Piadista,

Desleixada,

Infantil,

E irresponsável?

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VOCÊ TEM QUE ESTAR AQUI NO MÁXIMO ATÉ AS TRÊS DA TARDE, ENTENDEU!? NADA DE ATRASO!

E então, Jane desligou na cara da garota.

— Sabe, Bucky... minha vida tem muito sentido... Sentido contrário! – E então, a estudante jogou seu telefone na mesa, com muita exaltação.

Tá aí... nisso, ele concordava com ela...

Cinco segundos depois, a garota voltou a comer normalmente, depois de levar uma bronca da chefe, como se nada tivesse acontecido.

Transtorno bipolar...?

Mas que raios havia acontecido com as mulheres daquele século!? Porque elas eram tão irresponsáveis e desleixadas? – Bucky se questionava.

E mais... Darcy estava completamente largada perto dele... Seus cabelos estavam bagunçados e mais encaracolados do que há poucas horas, suas roupas pareciam velhas e além de não ter um pingo de maquiagem nos olhos, seus gestos e expressões eram bem peculiares... De uma forma que nunca tinha visto antes...

Será que eram só as mulheres desse tempo, ou as do século passado também tinham uma natureza semelhante e ele não sabia...?

A garota reparou que o soldado a olhava fixamente e então, alargou um sorriso.

— Por que está sorrindo? Você não está tendo ideias erradas, está...? – Bucky logo foi se defendendo, pois não gostava de ser indiscreto com mulheres que não conhecia.

Não sabia se o Sargento Barnes era assim, mas o seu eu de agora era.

— Não... Eu só acredito que você deve estar se fazendo várias perguntas a meu respeito... – O sorriso da estudante era um tanto grotesco e aquela expressão tinha um ar meio obscuro.

— E porque você acha que eu estaria tão curioso sobre você? – Retorquiu, ríspido.

— Porque eu sou diferente das mulheres da década de 40. – Ela sorriu de novo, mas cinicamente.

— Sim, você está certa. – O sargento afirmou com convicção.

— Eu sei. As mulheres desse tempo viviam arrumadas, com seus penteados cafonas sempre impecáveis, seus vestidos bregas até os joelhos que combinavam com a maquiagem excessiva, esperando arrasar nos bailes pra ver se enlaçavam algum bonitão, alto, loiro, de olhos azuis e burguês, ahahaha! – Ela por acaso estava descrevendo alguém com a aparência de Steve? Só o atributo burguês que não estava na lista de características do Capitão.

A garota se perdia em meio a sua própria gargalhada, parecendo um orangotango com gases.

— As mulheres de hoje em dia... São todas como você...? – Indagou, um pouco preocupado.

— Claro que não... Eu sou única! – E finalizando a frase, Darcy piscou, tentando ser sexy.

“Céus...”— Dessa vez, era ele que revirava os olhos.

— As mulheres conquistaram o seu espaço... Nenhuma delas precisa ser obrigada a casar com um macho escroto, ser uma super máquina de parir, ter uma manada de filhos catarrentos e ficar exclusivamente à disposição de seus maridos, prontas para lavarem suas cuecas e esperarem brotar chifres em suas cabeças... As mulheres evoluíram bastante, já te adianto...

Sim... Estou vendo...— Bucky proferiu automaticamente em tom irônico, sem nem perceber.

— Olha que lindo... Já está começando a usar o sarcasmo... – A garota articulava, enquanto comia uma torrada.

O soldado não sabia se ficava perplexo pela sinceridade dela ou por constatar que as mulheres não eram mais tão submissas aos homens como antigamente.

— Mas de qualquer forma, você tem que aprender mais sobre esse século. Vou te ajudar nisso! – A estudante sorriu, mostrando empolgação.

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Ela brincava e sorria como uma criança...

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E então, Darcy se levantou, foi até uma de suas prateleiras cheias de livros e pegou algumas coisas.

Seis livros, algumas edições antigas de jornais, revistas, cd’s e dvd’s.

E colocou tudo na mesa de assento da sala.

Bucky se virou e ficou se perguntando sobre o que era todo aquele material.

— A verdade demora, mas quando chega, faz questão de compensar o atraso. No seu caso, só demorou setenta anos!

— Você quer que eu leia tudo isso?

— Ler, ouvir e assistir. Eu preciso sair a tarde pra ir para o trabalho. Fique aqui e se atualize um pouco.

— Eu não sei... – Respondia um tanto confuso sobre o que faria daqui para frente. Por mais que almejasse acabar com a HYDRA, talvez sua mente merecesse um pouco de descanso, antes de pensar sobre qualquer tipo de vingança.

— Você precisa virar um ser humano normal! O que vai responder quando te perguntarem sobre o Michael Jackson!?

— Quem é Michael Jackson? - Perguntou, inocentemente.

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Som de grilos... *Cri, cri, cri...*

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— É até pecado você fazer uma pergunta dessas!!! – Darcy rebatia, pasma e boquiaberta.

Ele ficou em silêncio, sem saber o que responder.

— De qualquer forma, eu vou dar um jeito de descolar alguns arquivos secretos da HYDRA pra você. Se quer recuperar a sua vida ou não, é uma decisão sua, mas não se esqueça que estou aqui para ajudar!

— Eu não estou me sentindo tão preparado para isso no momento...

— Quando estiver se sentindo um lixo, lembre-se que reciclagem é um grande negócio... – Piscou, dando joinha, esperando o brilhinho cool que aquela pose refletia, como nos animes.

Darcy tinha o dom de transformar momentos dramáticos em piada e aquilo acabava irritando-o às vezes.

— Você deve achar que tudo isso é uma grande piada, não é mesmo? – Indagou, austero.

— Não. Acho que isso é sério até demais. Mas qual é a sua afinal? Quer voltar pra HYDRA?

— A HYDRA não está mais em meus planos...

— Hmm... Então tá... Eu vou tirar uma soneca, porque diferente de você, eu não dormi hoje. Então se quiser, pode comer tudo o que tem na mesa. Mais tarde eu arrumo a bagunça. Boa noite.

E então, ela caminhou despreocupadamente para o seu quarto, como se não houvesse sol lá fora e um estranho não estivesse em sua casa...

Como se Bucky Barnes não fosse um ex-soldado da HYDRA...

— Boa noite...? – Ele se espantou por ver que ela nem mesmo havia trancado a porta.

Aquela garota era maluca… completamente louca por deixar um estranho à vontade em sua casa.

Se perguntou se ela era assim com qualquer um... ou havia dado ‘sorte’ de que a mesma tivesse se compadecido apenas dele...

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Minutos depois, Darcy ligou para Terry, dizendo que levaria seu carro de volta na semana que vem, e logo em seguida, ligou para Derek, no intuito de explicar o que havia acontecido.

Ela implorou para que Derek não dissesse nada a ninguém, e muito contrariado, o rapaz cedeu...

A garota não podia deixar que ninguém mais descobrisse sobre Bucky e nem o fato de que o mesmo estava hospedado em sua casa.

Ninguém podia saber...

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Enquanto isso, do outro lado de Manhattan, na Upper East Side, Jane Foster e Erik Selvig trabalhavam no Laboratório de Física Quântica, cedido por uma instituição de pesquisa que patrocinava ambos os cientistas.

Era um lugar extremamente amplo. Um prédio requintado, cujo o nono e décimo andar foram cedidos inteiramente para a dupla de Astrofísicos.

O local era um laboratório dividido em diversas salas no andar de baixo, e também suas residências, no andar de cima.

— Erik, preciso daquela equação. – Jane requeria, mais uma das imensas equações que os dois resolveram enquanto trabalhavam numa pesquisa não tão difícil, baseada nas experiências que tiveram na convergência, no final do ano passado.

— Não precisamos ter tanta pressa pra fazer essa amostra do gerador de campo quântico... devíamos encerrar nosso expediente por hoje, afinal, é domingo. – O astrofísico dizia num cansado. A dupla trabalhava de domingo a domingo, quase sem descanso.

— Mas é claro que não! A Darcy está trazendo as informações que pedi agora a tarde. Não podemos parar até que ela chegue. – Redarguia, com uma pilha de papeis numa mão e uma caneta na outra, que usava para escrever novas anotações no imenso quadro branco logo ao lado, cheio de equações e termos técnicos que nenhum leigo teria capacidade de decifrar.

Nem mesmo Thor... que observava tudo com muita animação.

— Fico entusiasmado quando vejo vocês dois trabalharem tanto. – O Asgardiano decidiu ficar na terra e havia se passado alguns meses. Estava longe das arrojadas batalhas que costumava liderar com Lady Sif e os três guerreiros, vulgo amigos e companheiros de batalha.

Havia deixado Asgard e decidido ficar em Midgard, pelo menos por enquanto.

Sua estadia na terra lhe servia como férias temporárias, afinal, não tinha ideia de quando teria de entrar em combate novamente...

— Thor, diga a ela para encerrarmos por hoje. Estou cansado. – Erik protestava. Jane não tinha sua idade. Era fácil para a mesma trabalhar tanto.

— Jane, por que não vamos naquele lugar que me prometeu? – O loiro sugeria, mas era ignorado instantaneamente.

Um lugar chamado “Carousel Central Park”.

— Hoje não. Precisamos terminar essa amostra o quanto antes.

— Se puder ajudar em algo, é só me dizer. – O Asgardiano se oferecia, gentilmente, mesmo física quântica não sendo seu lance.

— Obrigada, mas por enquanto não. – A cientista retorquia, totalmente concentrada.

Jane era extremamente envolvida e focada em seu trabalho.

Erik também, porém, já estava numa idade ultrapassada no quesito “trabalhar mais de 14 horas por dia”.

Thor apenas relaxava... esperando por alguma aventura que pudesse lhe tirar um pouco do tédio, mas por ora, se sentia grato por estar ali.

O telefone tocou, tirando a atenção de todos.

Erik atendia, enquanto segurava diversos papeis.

— Alô?

Oi, será que eu posso falar com o Thor?

— Quem gostaria de falar com o Thor? – Erik arqueava uma sobrancelha, desconfiado. Quem seria?

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Doutor Banner... Quem gostaria de falar com ele é o Doutor Banner...

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Notas finais do capítulo

Thor querendo ir no parquinho? Que fofis :P O que será que Bruce Banner queria com ele?? Logo teremos muitos acontecimentos ligados com os maiores heróis da Marvel nessa fanfic, incluindo a Capitã Marvel, Homem formiga e a Vespa, Doutor Estranho, Homem Aranha, Pantera Negra e muitos outros (sim, amores, preparem o coração).
No próximo, teremos a presença do nosso gênio, bilionário, playboy e filantropo. Daqui pra frente, os Vingadores aparecerão e marcarão presença, mas não esqueçam que os personagens principais serão sempre os mais destacados, pois a história é focada apenas neles.
Cadê os comentários? Vocês só querem ler e não querem opinar? Assim fica difícil, hein? Tô esperando a opinião de vocês. É de chorar e ver as estatísticas com a quantidade de visualização e pouco comentário. Vamos parar de preguiça e comentar, ok?
Até semana que vem.



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