Saint Seiya - O solstício de inverno escrita por Junior Targino


Capítulo 2
Capítulo 2 - As ambições do ditador


Notas iniciais do capítulo

Numa noite fria do deserto iraquiano, o ditador finalmente se revela. O homem a quem tanto a saintia de Escorpião procurava ficará de cara a cara com ela para a prestação de contas. Qual será o resultado desse encontro?



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*BASE SECRETA, ALGUM LUGAR NO DESERTO DO IRAQUE*

 

               Sob a luz lunar, numa noite limpa e sem muitas nuvens, dois cavaleiros de ouro poderosos a mando do santuário cumpriam uma missão complexa numa sinistra base militar escondida e bem protegida nas terras iraquianas.

 

Enfim, estamos dentro. - Comentou Leila, em voz baixa.

É. Agora temos que concluir o resto da missão.— Disse Kiki, observando atentamente os detalhes do ambiente no qual eles se encontravam. - Nossa, que arquitetura estranha pra uma base militar no meio de um deserto, você não acha?!?

               A saintia de escorpião passou a analisar o local e realmente, tudo era muito excêntrico. Eles estavam num corredor espaçoso.  Paredes, teto e piso eram feitos de uma rocha escura maciça talhada. Havia fios (que deviam ser responsáveis pela energia elétrica e distribuição de dados dentro da base) espalhando-se pelos cantos das paredes, emaranhando-se com os diversos tipos de plantas trepadeiras que cresciam em abundância ali. Letras semelhantes às letras encontradas nos pilares que sustentavam a barreira de selos que protegia a base estavam espalhadas por toda a extensão do corredor, oscilando em uma cor roxa que fazia a iluminação da passagem.

 

De novo essas letras estranhas que vimos lá fora... — Falou Leila, se aproximando da parede e tocando as letras em relevo com as suas mãos.

E não é só isso. Você notou que o ar está ficando mais pesado? Tem algo muito errado acontecendo aqui dentro... — Quando Kiki ia dizer mais coisas, Leila fez um sinal de silêncio com as mãos. O som de passos, antes distantes e quase imperceptíveis aos ouvidos não treinados, estava agora se tornando cada vez mais próximo. Era um grupo de soldados fazendo a ronda de vigilância interna.

"Preste atenção: é através deles que nós iremos nos infiltrar. Vamos nos esconder". — Por telepatia, Leila instruiu Kiki passando todo o seu plano e então eles se esconderam numa esquina que estava alguns metros adiante, ocultando-se completamente do corredor principal, de onde o grupo de soldados estava vindo.

 

               Os soldados estavam muito bem armados. Caminhavam atentos prontos a interrogar e se necessário, destruir qualquer invasor. Quando eles estavam para atravessar a esquina onde estava o cavaleiro de Áries e Leila escondidos, foram sorrateiramente acertados, sem tempo para reação. O grupo de quatro soldados desmaiou imediatamente com os poderosos socos que Kiki desferiu.

 

Ficarão desacordados por bastante tempo. O suficiente para resolvermos tudo o que temos para acertar aqui. Vasculhe a mente de um desses soldados procurando as áreas mais restritas e suspeitas. Saberemos assim a direção para a qual ir.  - Comentou Leila, se aproximando de um dos soldados.

 

Após Leila dar a ideia, rapidamente Kiki tocou os seus dois dedos na testa de um dos soldados e concentrando o cosmo, invadiu a mente daquele soldado.

 

— Vamos! — Perspicaz, sem hesitar a direção na qual seguir, após ter sondado as memórias do soldado, Kiki tomou a dianteira, guiando Leila. Ambos começaram a correr em alta velocidade, contudo esforçando-se para serem silenciosos, na direção de onde os soldados tinham vindo em busca da misteriosa área restrita.

 

 

 Alguns minutos correndo, atravessando diversos corredores e passando pela frente de várias portas, finalmente chegaram a um grande portão. Era necessária uma impressão digital específica para abri-lo. Sem isso, certamente aquele portão teria de ser arrombado por uma explosão, de tão grande e reforçado que era. O aviso era claro: área restrita! (escrito em diversos idiomas). Certamente, explodir aquele portão não seria um problema nem para Leila nem para Kiki. Contudo, ambos sabiam que aquela missão não era de poder, mas sim de estratégia e precisão a nível cirúrgico. Não podiam ser detectados.

      A santia e o cavaleiro notaram que a pressão estava cada vez mais pesada. Quanto mais se aproximavam do portão, maior o peso ficava. Balançando a cabeça, Leila confirmou o que Kiki queria fazer: mais uma vez, teleportaram. Conseguiram passar. Com o portão gigante de aço nesse momento atrás deles, se surpreenderam com a visão repugnante que se descortinava bem perante os seus olhos.  

     Um imenso salão laboratorial mal iluminado cheio de corpos de seres humanos, homens e mulheres, de todas as idades, mutilados. Os corpos estavam depositados em cima de brilhantes pentagramas macabros com símbolos sumérios. De cada pentagrama, saiam feixes luminosos como que em raízes pelo solo, indo em direção a uma máquina de aparência primitiva no centro da sala. A máquina reunia energia vital e cosmo de cada uma daquelas dezenas de vítimas em um único ponto, um orbe multicolorido que resplandecia em várias tonalidades à medida que os cosmos eram drenados. A densidade de todo aquele cosmo reunido era o que estava tornando o ar tão pesado.

 

De..DESGRAÇADO!— Exclamou a saintia de Escorpião em alta voz. - Além de usar cosmo para fins militares contra nações que não possuem as mesmas armas, aquele miserável do Haadel chegou a esse ponto! Imperdoável, isso é um verdadeiro crime contra a humanidade, olha esse genocídio Kiki! Temos provas irrefutáveis. Ele precisa ser julgado! CHEGA!— Falou Leila, vendo até crianças mutiladas lançadas sobre os pentagramas e revoltando-se com isso. Ela aproximou-se de uma delas, certamente possuía menos de sete anos. Era uma garotinha nativa. Ajoelhou-se, lacrimejando, tocando naquele rostinho que embora não mais possuísse vida, ainda preservava sua inocência. Contendo-se para não soluçar, jurava várias e várias vezes mentalmente que não perdoaria aquele homem.

 

               Apesar de ter receios quanto a envolver-se emocionalmente em missões, e, portanto, desaprovando a atitude passional da saintia de Escorpião, no seu interior, e evitando ao máximo demonstrar isso, Kiki também estava extremamente revoltado e sentia a dor que sua companheira sentia. Não logrou impedir uma lágrima de descer sobre seu rosto, secando-a, antes que Leila pudesse ver. Ele tinha que se manter firme naquela situação delicada. Pela ética e jurisdição do santuário, com provas inegáveis em sua frente, eles estavam autorizados sim a ali mesmo julgar com pena capital o ditador responsável por aquela cena. 

               Atrapalhando o comovente momento dos cavaleiros, que lamentavam a morte dos inocentes, repentinamente barulhos metálicos indicaram que o enorme portão estava a se abrir. Leila continuou imóvel, chorando. Kiki velozmente virou-se em posição de guarda, preparando-se para o pior. Dois indivíduos passaram pelo portão. Eles saíram da penumbra caminhando lentamente, pondo-se sob a iluminação do ambiente. Assim se revelaram. Um era um ríspido senhor de meia-idade, bigode, trajes militares ao estilo de um general e coturno. O outro individuo estava completamente encapuzado, sendo impossível discernir seu rosto ainda. Assim que passaram do portão, a expressão facial do que parecia um general tornou-se um sorriso verdadeiramente diabólico, sádico. Irônico, parou próximo a alguns metros dos cavaleiros e começou a bater palmas.

 

Olha, eu estou im-pres-ssio-na-do! O santuário está cada vez melhor, me surpreendi. Destruíram uma cidade estratégica minha, acharam a localização da minha base, infiltram-se aqui e ainda por cima descobriram o meu segredinho. Fantástico! Verdadeiramente FANTÁSTICO! — Disse o homem, rindo sadicamente enquanto aplaudia os cavaleiros.

Como você descobriu a nossa infiltração? Eu tenho certeza que não deixamos nenhum tipo de rastro! É impossível! — Kiki estava muito surpreso.

Em condições normais, vocês teriam realmente feito a festinha de vocês aqui cavaleiros!  Mas observem. — Haadel desabotoou um dos botões da parte da roupa que vestia seu pescoço e parte do peito. Afastando o tecido, revelou um colar de ouro cheio de símbolos babilônicos e uma pedra preciosa roxa no centro. O colar brilhava intensamente. – Graças a esse brinquedinho aqui que ganhei dos deuses, posso saber de tudo que acontece dentro das imediações da barreira de selos. Até mesmo os melhores assassinos do Olimpo não seriam capazes de entrar sem serem detectados. Quanto mais vocês!

Deuses?! Como assim? E por que Haadel? Por que ir tão longe a ponto de sacrificar até vidas inocentes em prol de sua ambição? Eu não entendo! — Disse Kiki, inconformado.

Vocês, vermes do santuário, em breve descobrirão o porquê de tudo isso. Isso que você está vendo...— Haadel apontou para os corpos das pessoas sacrificadas. - É apenas um pequeno preço a se pagar pelo que está por vir.

 

               Ouvindo aquelas palavras, Leila lentamente virou seu rosto em direção a aquele terrível ditador. A expressão de nojo em sua face foi inevitável. Ela não conseguia acreditar que sim, havia encontrado um ser humano tão horrendo e desprezível como aquele. Levantou-se, enrijecendo os punhos e elevando o cosmo, enquanto o ditador e aquele que o acompanhava dirigiram-se para próximo do Orbe.

 

Vocês até fizeram um bom trabalho, cavaleiros. Mas estávamos preparados para isto. Sempre estivemos!— Gritou Haadel. - Farei mais... MUITO mais sacrifícios como esses se forem necessários para que eu alcance meus objetivos. Esses LIXOS só servem para isso: somente peões a serem sacrificados em prol de uma causa muito maior.

DESGRAÇADO!— Leila não conseguiu mais conter a sua raiva escutando aquele ditador maníaco se referindo de forma tão nojenta às vítimas que ele mesmo havia mandado executar, em prol de seu plano. - Você não é um homem, Haadel, você é um DEMÔNIO! Um DEMÔNIO. Pagará com sua vida por seus crimes. Agulha escarlate!!!

 

De uma só vez, com a intenção de alvejar Haadel, a Saintia de escorpião explodiu seu cosmo, disparando com o indicador os golpes representantes das terríveis catorze estrelas da constelação de escorpião, faltando apenas a Antares. Com o poder imenso disparado diretamente contra aquele homem, era uma certeza que a décima quinta estrela nem seria necessária. Não haveria nem mais alvo a ser acertado.

Quando os golpes iam acertar certeiramente o ditador, o indivíduo encapuzado que acompanhava o ditador elevou seu cosmo, explodindo-o, revelando-se ao rasgar aquilo que o ocultava.

     O misterioso indivíduo era na verdade uma mulher. Uma mulher de exímio porte físico, cabelos castanhos claros, traços árabes, sorriso sórdido e olhos cor de mel trajando uma armadura diferente de tudo quanto Leila e Kiki já haviam visto. Ela se pôs ali, em campo de batalha, a serviço do ditador. Lançando-se em frente à Haadel, a fim de protegê-lo, a guerreira interceptou tranquilamente os catorze disparos com as mãos. Impulsionada, caiu de pé, sendo arrastada e rasgando o solo pelo impacto do golpe, tendo por fim, parado a alguns centímetros de encostar-se ao ditador.

 

Eu, Fátima, muqatila de Lilith, serei sua oponente! — Exclamou a guerreira.

Qualquer um que se oponha a destruição desse demônio...— Leila apontou para o Haadel - terá o mesmo destino que ele. LUTE comigo se for capaz!— Tendo gritado essas palavras, a saintia de escorpião elevou o cosmo e partiu para cima da adversária. Com a maior velocidade que conseguiu, aproximou-se, executando um chute giratório. A aquela distância, não haveria qualquer possibilidade de defesa. Pelo menos era o que a saintia imaginava.

Então é só isso?! Esse é o poder dos famosos cavaleiros do exército da deusa Atena, que cuidou da terra durante tantos séculos desde as eras mitológicas??!? — Fátima desviou facilmente do chute. E não apenas isso. Cada soco e pontapé, freneticamente disparado por Leila contra aquela guerreira era esquivado como se a saintia estivesse tendo seus movimentos previstos. - Agora é minha vez. Receba o meu golpe, saintia de Escorpião, Turbilhão das sombras!— Concentrando em sua mão uma densa massa de cosmo negro, Fátima movimentou-a em uma velocidade impressionante, moldando um turbilhão de cosmo giratório. Ao socar, deslocou toda a pressão para um único ponto: o abdômen de Leila. A saintia de Escorpião foi lançada com tanta força pela explosão em direção à parede do Salão que pulverizou a rocha talhada com a força do impacto, abrindo uma cratera imensa e levantando poeira por todo ambiente.

Leila! — Gritou Kiki, elevando o cosmo e pulando em direção a muqatila para atacâ-la.  Em uma fração de segundo estava face a face com Fátima, pronto a socá-la. – “Tem algo estranho! Os nossos movimentos estão sendo retardados, como se algo estivesse dificultando o nosso deslocamento!”— pensou Kiki, que socou a cara da guerreira. Sem sucesso, Fátima segurou o punho do cavaleiro de ouro ante a sua face e pelo braço, lançou-o na direção da saintia de escorpião.

Fátima, temos que ir! Os cavaleiros já viram de mais aqui. Esse lugar deixará de existir. Recebi a informação de que as imediações já foram evacuadas. Vamos! — Falou Haadel, em voz alta, tomando pra si o Orbe no centro da sala e convocando Fátima.

Eu adoraria continuar, cavaleiros! Mas tenho que ir. Se vocês sobreviverem, ainda voltaremos a lutar. — Em altíssima velocidade, Fátima desapareceu do lugar onde estava aparecendo então ao lado de Haadel. Estando juntos, uma luz os consumiu e eles desapareceram. Foram teletransportados.

Como assim esse lugar deixará de existir?! — Perguntou Leila, se levantando dos escombros enquanto Kiki também se levantava.

"Evacuação... Deixar de existir... sobreviver..." — Kiki refletiu nas palavras e rapidamente descobriu o que aconteceria adiante - LEILA! Essa base vai ser destruída! Muralha de Cristal!!!

A alguns quilômetros da base, um brilho intenso podia ser visto. Subitamente, uma explosão pôde ser ouvida. As labaredas alcançaram centenas de metros de altura no ar. As pedras não foram simplesmente quebradas. Foram pulverizadas com a onda de pressão concentrada. A explosão não foi uma simples explosão. Havia muito cosmo envolvido ali. Quando a poeira lentamente abaixou, um cubo perfeito de cristal brilhando em tonalidade amarela se mostrou, estando aqueles dois cavaleiros de ouro protegidos dentro dele.

 

Kiki, se você não tivesse nos protegido, teríamos sido pulverizados. — Falou Leila, agradecendo.

Fique tranquila. Fico feliz que esteja bem. Precisamos voltar ao Santuário e relatar todos esses acontecimentos. Temos que nos preparar para o pior! — Disse Kiki, desfazendo o seu golpe defensivo.

É... temos muito a contar mesmo... — Comentou Leila, observando a toda aquela destruição.

 

 

Continua.


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Notas finais do capítulo

Oioioi pessoal, tudo bom?! Espero que vocês tenham aproveitado o capítulo! Prometo que o próximo capítulo trará MUITAS explicações. Por enquanto, o intuito é que vocês fiquem na curiosidade a respeito de como eu vou abordar a mitologia suméria na fict. Um abraço! Deixem críticas, comentários, favoritem, acompanhem, divulguem, enfim, interajam, fiquem a vontade. Até a próxima ♥.



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