Amarras escrita por Rafaela Tainá Santos Maciel


Capítulo 1
Capítulo I - Eis os Noivos


Notas iniciais do capítulo

Estava lendo minhas outras fics, e senti tanta falta de escrever fanfic, que resolvi recomeçar ♥
Deixem seus comentários!!



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Sakura sempre foi uma pessoa inteligente. Ela sabia disso. Nunca foi do tipo maluca que saia por ai se apaixonando, principalmente pelo ramo de sua família, pelo nome que ela carregava, ser uma Haruno nunca foi fácil. Mas a coisa ficava cada vez mais difícil, seus 18 anos chegaram, ela anunciaria seu noivado, mas nada era mais complicado do que o que sua mãe pedia que fizesse. 

—Entendeu bem Sakura? Como você vai fazer? - Sua mãe a encarava com a expressão de ferro. 

—Você quer que eu engravide do Sasuke, e então o mate? - Sakura tentava não mostrar o horror que sentia. Sua mãe tinha algum parafuso a menos na cabeça. 

—Sim, e então só para ter certeza mate o irmão dele também. - Itachi, o irmão maluco do seu noivo. Era o mais velho e deveria herdar a empresa, mas se apaixonou por uma acrobata de circo na Grécia, e fugiu com ela. Para trás só deixou o quarto vazio. Dois anos se passaram desde então, sem notícia alguma dele, ou do tal circo. Ele nunca nos contou qual circo era... Sasuke, meu noivo assumiu no lugar dele todas as responsabilidades. -Está ouvindo Sakura?  

—Mas mãe, você quer que eu crie o filho dele sozinha? - A bile se formava na minha garganta, eu sabia que meus pais não tinham perdoado a família, que mesmo depois de 12 anos o ódio não tinha passado, mas eu cresci com Sasuke e Itachi a minha volta, imaginar que mataria ... Não era impensável. Me encolhi quando ela apertou meus pulsos com mais forças. 

—Deixa de besteira, a criança você entrega a uma babá. Nem vai saber que ela existe, só precisa da existência dela para assegurar sua posição! - A raiva cintilava nos olhos verdes da minha mãe. Olhos que eu herdei. Tão parecidos, e ao mesmo tempo tão distantes dos meus, o dela sempre estavam severos, com um tom de ameaça. - Sakura você tem que vingar sua irmã! 

“sua irmã”. 

Essa frase era como o próprio túmulo que ela foi enterrada. Sachiko tinha dez anos, Itachi onze anos, Sasuke e eu seis.Estávamos brincando de pega pega, quando a tragédia aconteceu. Itachi desafiou minha irmã a passar dos limites dos jardins da mansão Uchiha, minha irmã era corajosa demais para a segurança dela mesma, eu pedi que ela não fosse, mas ela prometeu que voltava rapidinho. O desafio era pegar uma das pedrinhas verdes na margem do riacho... Era algo simples, o lugar costumava ser bem seguro, mas dois dias antes tinha chovido muito, e ele praticamente transbordava. Lembro de ver minha irmã mais velha avançar, destemida, seu longo cabelo rosa balançando no vestido amarelo, ela chegou perto do riacho, quando eu a vi. A maior cobra que já tinha visto, de uma azul acinzentada. Gritei desesperada, meu coração acelerado a mil. Itachi correu para Sachiko, tentando salva-la, assim que ele chegou a cobra já tinha se enrolado nela, e minha irmã lutava para respirar. Lembro que corri também, arranhamos a cobra com pedras, puxamos, gritamos, imploramos, minha irmã ficava roxa, enfim quando ela parou de ofegar e de reagir, Sasuke chegou com seu pai, que desesperado matou a cobra com uma faca gigantesca, e tirou minha irmã do aperto. Os ossos dela estavam todos errados. Passaram se 30 minutos e então minha irmã deixou esse mundo. 

Sachiko era linda, inteligente, encantava a todos. Os Uchiha compareceram ao enterro, mas minha mãe culpou a todos eles para sempre, no coração dela, deixar quatros crianças brincando sozinhas perto de um bosque, sem um criado por perto era pedir pela a morte. Durante muitos anos ela tentou convencer meu pai de desfazer meu noivo, sem qualquer êxito. O ódio dela aumentou, de uma forma absurda, ela passou a odiar a todos. Culpou Itachi por sugerir a brincadeira, culpou Sasuke por ser lento demais buscando ajuda, e no fundo sei que me culpou também. Por não ter salvo minha irmã. Até hoje acredito que apenas o ódio manteve a viva e longe de desistir de tudo, o profundo desejo por vingança. 

—Você me deve isso Sakura! Deve isso a sua irmã! - Eu assenti com a cabeça. Satisfeita ela saiu do quarto, me deixando com um vestido verde brilhante, meu cabelo cor de rosa trançado com cuidado e uma profunda dor no estômago: medo.  

*** 

Alguns minutos mais tarde, Liane veio me buscar, avisando que todas as visitas já me aguardavam no salão principal. Meu pai tinha uma empresa muito bem colocada, o ramo imobiliário crescia com rapidez. Mas nossa fortuna, não chegava perto da que os Uchiha detinham. Fugaku era um visionário, ele detinha pra si a maior companhia de aviões do mundo. E eu deveria ser a nora exemplar em tudo. Desci as escadas com cuidado, tentando prorrogar o inevitável, quando o vi. 

Sasuke Uchiha. Cabelos negros, olhos da mesma cor. Dono de um sorriso perturbador, e de um humor instável. Meu noivo. Minha sina.  

Ele sorriu para mim, seu terno preto perfeitamente alinhado ao seu corpo alto e bem treinado. Qualquer outra pessoa passaria despercebida na multidão, mas não Sasuke. Ele conseguia despertar o desejo nas pessoas, a vontade de olha lo mais e mais, e segui lo, por mais idiota que fosse a ordem. Sasuke levantou a mão para mim, segurei-a. 

—Boa noite Sakura. - Seu sorriso cordial não chegava aos olhos, e eu sabia bem o motivo. -Está linda essa noite. 

—Boa noite Sasuke, resolveu sair do escritório que tem se escondido há dois meses? - Durante toda as férias não coloquei meus olhos nele nem sequer uma vez.  

—Alguém tem que trabalhar para manter luxos como esses – A resposta dele era acida, e machucava meu orgulho. Cansei de implorar aos meus pais para que me deixassem trabalhar também. Suspirei.  

—Vamos fazer isso mesmo? Casamento? - Sussurrei, estávamos andando pelo salão repleto de convidados, que nos encaravam e faziam indagações a nosso respeito. Sasuke me olhou de solai-o.  

—Você consegue dizer não aos dois? - Eu sabia que ele se referia aos nossos pais, suspirei novamente. Sabia que ele estava mais infeliz com esse arranjo do que eu. Seu coração pertencia a outra pessoa. Uma mulher lindíssima, oito anos mais velha do que eu, e comprometida.  Um amor de verão em uma das nossas muitas viagens para a França, que durou mais do que deveria. Sasuke se apaixonou como um cachorrinho pela loira arrebatadora. - Vamos nos casar, não vai ser tão mau. Já pensei em alguns arranjos.  

—Arranjos? - Perguntei pouco à vontade. A quantidade de sorrisos falsos a nossa volta me incomodava mais do que eu gostaria de admitir.  

—Sim. Tenho um contrato que você irá assinar. Vai ficar tudo correto, nosso único dever é conceber um herdeiro. - Engasguei e comecei a tossir de um jeito que minha mãe desaprovaria. Uma taça de champanhe parou em minha mão. Agradecida, tomei o liquido, tentando conter a tosse.  

—Herdeiro? Você está falando sério mesmo??? - Imaginei aquele garoto que eu cresci como um irmão me tocando, me despindo, indo a lugares onde ninguém jamais foi. Era um pouco demais, e com mais náusea ainda me imaginei matando – o. Nenhuma das opções pareciam agradáveis.  

—A mesma repulsa que você sente, eu também sinto.  - A palavra “repulsa” era um exagero. Eu definiria como “desagradável” ou “estranho”, mas repulsa não. O que tinha de repulsivo em mim? E pensar que eu passava minhas noites desejando que ele me notasse. Bom que a tal loira colocou gelo no meu coração quando resolveu fazer parte dessa história. - Mas é nossa obrigação ter um filho, fora isso você vive sua vida e eu vivo a minha. Tudo nos conformes.  

Meu destino parecia cada vez mais cruel, senti cada parte minha congelar, imaginando anos e anos sem poder amar ninguém, sem ter carinho, presa em uma casa e um status social para sempre. A outra alternativa era mata-lo, mas não conseguia imaginar minha mão suja com esse sangue. 

Meu pai se aproximou de nós dois, e entrou em uma conversa animada com Sasuke sobre o novo hotel em Dubai, enquanto nos guiava até o meio do salão. Fugaku sorria para nos dois quando nos encontramos com ele. 

—É com muita alegria que anuncio o noivado oficialmente de minha amada filha, Sakura Haruno, com o jovem Sasuke Uchiha. Desejo que essa união nos traga muitas benções! - Meu pai sorria de orelha a orelha, pensando nos milhões e milhões que ele ganhava com meu casamento.  

—É de meu profundo desejo que os noivos sejam muitos felizes, e pensando nisso – Fugaku completou a fala de meu pai, completamente a vontade, tenho certeza que ambos concordaram com esse arranjo. - que resolvemos realizar o casamento daqui duas semanas! - Senti que perdia o equilibrio, Sasuke me manteve de pé com um braço de ferro, mas seu rosto estava pálido.  

SORRIA. - sussurrou de forma ríspida para mim, me forcei a sorrir, com o nó no meu estômago ameaçando me fazer vomitar a taça de champanhe. O salão explodia em palmas. 

—Para comemorar esse momento, os noivos vão começar a valsa da Aurora. - A valsa tradicional dos noivados. Era para ser o marco de felicidade e amor pleno do casal. Nada que eu realmente sentisse no momento, na verdade estava perigosamente a beira das lágrimas. Imaginava que teria dois anos de paz antes desse dia, não duas semanas. A música começou e eu não me movi, enraizada no lugar, tentando absorver o choque. Sasuke me puxou pelo pulso, nos posicionou no meio do salão e forçou um sorriso.  

DANCE. - Sussurrou entre dentes, deixei que me guiasse, enquanto na minha cabeça eu só imaginava o que seria feito da minha vida agora.  

—Você sabia disso? Duas semanas? DUAS SEMANAS? - Falei um pouco alto demais, o efeito do choque ainda dentro do meu corpo.  

—Se eu soubesse disso, teria bebido muito mais do que apenas uma taça de champanhe –Respondeu amargo – Olhe só, não faça uma cena. Esse dia iria chegar, querendo ou não. Vamos só fazer o que querem. - Continuamos o resto da música em silencio, lágrimas jorravam pelo meu rosto. -Pare de chorar pelo o amor de deus.  

—Vão pensar que apenas estou feliz. - Respondi amarga, pelo menos poderia ser dona das minhas próprias lágrimas. Meus pais me olhavam com certa repreensão, os convidados cochichavam, como se pudessem sentir a parede de gelo entre nós dois e meu desespero crescente. Antes do final da música, sasuke parou de dançar, segurou meu pulso e replicou: 

—Você me obriga a isso. - Encarei seus olhos negros sem entender, até que sua boca desceu sobre a minha. Primeiramente como um encostar de lábios, depois senti sua língua na minha e ruborizei. Uma parte minha sabia que isso não deveria acontecer de novo, mas a outra pulava dentro de mim como uma garotinha de 13 anos. Sasuke tinha um cheiro gostoso, a mão dele segurava o meio das minhas costas e me puxava pra si, fechei meus olhos e imaginei que não teria problema aproveitar um pouco desse momento... De repente tinha me esquecido da plateia, dos meus tremores, até mesmo dos meus pais assistindo, tudo que me importava era aquele gosto, aquele cheiro, a sensação da boca dele na minha, da língua circulando na minha, mas rapidamente acabou e entre nós dois ficou apenas o formigamento na minha boca. - Estou horando - Começou em voz alta Sasuke – de me casar com a mulher mais linda de todo o mundo.  

Sorri com vontade para Sasuke, quando vi que seu olhar acompanhava uma linha reta. Parada com um vestido deslumbrante vermelho, com suas madeixas loiras bem escovadas e a aliança grossa e de ouro maciço estava ela. Ino. O amor de Sasuke, e ela sorria como se o mundo todo devesse reverincia-la. Ao seu lado estava seu marido, alheio a tudo.  

O sangue nas minhas veias congelou. 


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Acham que eu devo continuar? Deixem comentários!!
Sugestões?Criticas construtivas? São super bem vindas!!
Amo vocês por lerem até o final ♥
Tia Rafa agradece!!



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