Acordo Perfeito escrita por BCarolAS, cecimaria


Capítulo 23
Capítulo 22




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—Mas isso é um absurdo! - Elisabeta se levantou de vez sem poder se conter mais. - Nunca ouvi tanta baboseira na minha vida. Meretíssimo, o senhor não pode acreditar nisso. Eu sequer estou grávida.

—A senhora não pode interromper o tribunal assim! - O advogado de Brianna apontou o dedo para Elisa. Darcy se irritou.

—Não aponte o dedo para minha esposa.

—Está vendo o que tenho que suportar, meretíssimo? - Brianna fez cara de choro.

E então foi um Deus nos acuda. Todos começaram a gritar ao mesmo tempo, o juiz martelava pedindo ordem sem ser ouvido, acusações eram trocadas até que em meio a tudo isso, Elisabeta desmaiou.

—Elisa? Elisa? - Darcy a segurou antes que ela caísse no chão. - Elisa, meu amor, fala comigo.

—Eu não disse que ela estava grávida? - Brianna mostrou seu ponto, ainda sentada, com cara de tédio.

—SILÊNCIO! - O Juiz gritou. - Pelo visto, todos mostraram-se incapazes de prosseguir com esta audiência de forma madura e pacífica no dia de hoje. Ela está suspensa por dois dias. O senhor, leve sua esposa para casa. - Ele se dirigiu à Darcy - Enquanto isso, determino que a guarda da menor, Victoria Margareth Williamson, ficará com a mãe, até o dia da audiência.

—NÃO! - Darcy não soube o que fazer. Elisa ainda estava  desfalecida em seus braços. Mas não havia nada que ele pudesse fazer naquele momento. Elisa estava desmaiada em seus braços, e ele estava extremamente preocupado. E não tinha como desacatar a ordem do juiz, não sem prejudicar ainda mais a si mesmo. Só restava aceitar que, ao menos por enquanto, Victoria ficaria com Brianna.

Um pouco depois, na sala de espera, Darcy ainda estava com Elisa, e ela aos poucos despertava.

—O que aconteceu? - Ela perguntou, tentando se sentar.

—Você desmaiou, meu amor. Está tudo bem? Elisa, você está grávida?

—Claro que não, Darcy. Eu saberia se estivesse grávida. E lhe diria, claro. E a audiência?

—Foi suspensa por dois dias. - Darcy suspirou cansado - O juiz deu a guarda provisória a Brianna, pelo menos até a próxima audiência. - Elisabeta se levantou de uma vez, mas ficou tonta.

—Eu não vou deixar, Darcy, eu não vou deixar! - Elisabeta não conseguiu conter as lágrimas que caiam do seu rosto, e naquele momento, viu Victoria correndo na direção deles, seguida por uma assistente social.

—Pai? Mamãe? Eles disseram que eu vou ter que com minha mãe, eu não quero. Vocês prometeram! - Mas Victoria se conteve ao ver Elisa. Ela parecia frágil e chorava. - Mamãe, você está bem? É verdade que você desmaiou? Você está mesmo grávida?

—Não, meu bem, eu não estou grávida. Acho que só estou um pouco adoentada. - Ela abaixou para falar com a menina. - Sinto tanto. A audiência foi adiada, outra irá acontecer em dois dias. E enquanto isso você vai ter que ir com Brianna.

Darcy ficou de joelhos para falar com a filha:

—Filha, eu preciso que você seja forte, okay?

Nesse momento, Brianna apareceu com guardas.

—Vamos, Victoria.

—Não! Eu não vou com você! - A menina tentou se agarrar ao pai, mas Brianna a pegou pelo braço e saiu puxando-a. Darcy correu.

—Deixe nos despedirmos dela, Brianna.

—Você tudo bem. Ela não. - Apontou para Elisabeta, que olhava a cena um pouco ao longe, agarrada a parede. Darcy foi até a filha.

—Vicky, sua mãe, sua verdadeira mãe, - Ele quase olhou para Brianna com um olhar desafiador - está doente. E isso está a fazendo ainda mais triste, pois ela se sente um pouco responsável pelo o que aconteceu hoje. Então eu peço que você seja forte. Levante a cabeça. Afinal, não passaram as duas últimas semanas lhe chamando de Elisabetinha à toa. Dois dias, filha, e eu lhe prometo, você vai para casa com a gente.

—Está bem, papai. Eu consigo ser forte. Cuida direitinho da mamãe, está bem?. Chama o doutor Watson. Pede Matilda pra fazer sopa. - Darcy sorriu.

—Pode deixar. Eu amo você, Victória. Não se esqueça disso.

—Eu também te amo, papai.

O abraço durou um pouco mais que o normal, foi um pouco mais forte que o normal também, e Victoria só olhou uma vez para trás, para dar tchau para Elisabeta. Ela respirou fundo. Seriam só dois dias.

Darcy e Elisabeta foram para casa calados. Ela chorava silenciosamente, o rosto encostado no vidro gelado. Nunca achou que recorreria aos santos de sua mãe, mas estava rezando. A todos eles, a qualquer um que estivesse ouvindo. Ela só queria sua filha. Darcy estava tão desolado quanto. Pensava no que podia ser feito, mas nada surgia à mente. Queria chorar, mas sabia que precisava ser forte. Elisabeta era sua rocha, e era a vez dele ser a dela. Ao chegar em casa, Elisabeta foi direto para o quarto e se deitou. Sentia-se fraca.

—Devo ter comido algo estragado. - Ela falou quando Darcy sentou no pé da cama e acariciou sua perna.

—Doutor Watson já está a caminho.

—Como você acha que ela está? - Elisabeta perguntou.

—Bem. Ela é forte. Nós dois aprendemos a ser mais fortes desde que você chegou e nos ensinou.

Enquanto isso, não muito longe da mansão Williamson, Victoria olhava seu antigo apartamento. Repetia para si mesma: você é forte, você não vai chorar, como uma espécie de mantra. Brianna encarava tudo de uma maneira sádica repugnante.

—Feliz em estar de volta, sweetheart? - Victoria apenas revirou os olhos.- Vá se acostumando. Essa será sua casa de novo. E dessa vez eu vou conseguiu uma boa grana do seu pai.

—É só com isso que você se importa mesmo. - A menina deu de ombros.

—Desde quando você se tornou tão sentimental? E tira isso da cara, - Ela puxou os óculos do rosto de Victoria com força - deixa seu rosto ainda mais redondo.

—Não. Eu preciso deles. - Victoria tomou os óculos da mão de Brianna em um único gesto, certeiro e corajoso - Vou para o meu quarto. Ou é melhor ir direto para o banheiro, já que é para onde você vai me mandar ir mais cedo ou mais tarde? - Brianna a segurou pelo braço

—Você está muito saidinha, menina.

—Me solta! - Victoria exigiu.

—Você está pensando o que? Que vai voltar para aquela sua madrasta caipira? E essa sua pele queimada de sol? Parecendo uma camponesa! Victoria, querida, escute só. Sua madrasta está grávida. Seu pai vai ter um filho. Talvez o filho homem que ele sempre quis. O herdeiro. O futuro conde. E sabe o que você vai significar para eles? Nada! Não leu Cinderela, querida? Não sabe o que acontece com as filhas do primeiro casamento quando o pai casa-se novamente? Ela vira empregada. Babá do novo filho. É para isso que você vai servir. Para trocar as fraldas do bastardinho

—Eu não ligo. Eu prefiro trocar fraldas do meu irmão a ficar aqui com você.

—Mas e se for uma menina, hã? Uma menina que seja a cara da sua madrasta? Porque até eu tenho que admitir, ela é bonita. E seu pai não é feio. E se a menina, enfim, nascer bela? Coisa que você, mesmo sendo minha filha, não conseguiu. Eles a tratarão como uma princesa. E ela se parecerá com sua mamãe postiça. Toda vez que seu pai olhar para ela, se lembrará da esposa. Toda vez que olhar para você, lembrará de mim. E seu pai não gosta muito de mim, não é? Pensa nisso, honey. Pensa bem se você quer mesmo morar com eles.

Victoria não respondeu, mas correu para o seu antigo quarto, e bateu a porta. Se jogou na cama e começou a chorar.

 

***

—Não pode ser, dr. Watson. - Elisabeta não estava pronta para admitir que Brianna estava correta. Darcy estava petrificado.

O médico encarava o casal com uma expressão neutra.

—Eu estou nessa profissão há anos, não costumo me enganar quanto aos meus diagnósticos, muito menos deste tipo. Todos os sintomas batem, Lady Williamson. E pelas nossas contas, não deve ser de muito tempo, talvez o estresse da viagem tenha adiantado os sintomas.

—Grávida. - Darcy sentou-se na cama ao lado de Elisa com um discreto sorriso no rosto. - Meu amor, enfim uma boa notícia. Dizem que as flores nascem até em meio a guerras.

—Não, Darcy, você não está entendendo. Brianna vai usar isso contra nós.

—Não vai, ela não precisa saber. A audiência é em dois dias. Você não terá o menor sinal. - Ele apertou a mão dela. - Alegre-se, meu amor. Pense em Victoria. No quanto ela queria um irmãozinho. Ou irmãzinha.

—Você tem razão. É só que como eu posso ficar feliz com a chegada de um novo filho se eu posso perder a nossa, Darcy? Não parece certo. Então eu vou ignorar.

—Ignorar?

—Sim. Até termos nossa Victoria de volta, eu vou ignorar o fato de que estou grávida. - Darcy respirou fundo.

—Meu amor, não é justo. Nosso filho ou filha não tem culpa de nada. Ele merece ser amado e celebrado. Nós não podemos ter favoritos.

—Eu não quero que Victoria se sinta deixada de lado como Brianna sugeriu. Ela já foi abandonada tantas vezes…

—Eu sei, meu bem. Mas nós sabemos que isso não vai acontecer. Nós temos amor suficiente para os dois. Três. Quatro. Quantos filhos tivermos. E um cachorro. E um gato. - Ele tentou aliviar a tensão da situação.

—É tudo tão difícil, Darcy! - Ele a abraçou. Ela soluçou.

—Eu sei meu bem, eu sei. Mas vai ficar tudo bem. Nós quatro vamos ficar bem.

 

Os dois dias que antecederam a audiência se arrastaram. Nem Darcy nem Elisa pareciam estar prestando atenção em nada. Anteriormente à audiência, o advogado apareceu para conversar com eles.

—Nós começaremos por Brianna, de onde parou. Depois interrogaremos os Russel, Lady Cora e, surpreendemente, outra senhora se voluntariou para testemunhar.

—Quem? - perguntou Elisa.

—Anna Beauchamp.

—Lady Hampshire? - Darcy sorriu. - Eu nunca acreditei que ficaria feliz com todo aquele episódio. - Ele gargalhou. - Como foi que sua mãe disse aquela vez? A justiça vem a cavalo?

—A galope. - Elisa também sorriu.

Os dois se aprontaram para o tribunal. Darcy usou um terno escuro, com um colete cinza claro e Elisa usou um vestido perolado com detalhes vermelhos na barra. Os dois pareciam elegantes, confiáveis. Ela prendeu o cabelo em um coque baixo. Ao chegaram no tribunal tentaram procurar Victoria, mas disseram que Brianna já havia entregado a menina para as assistentes sociais. Entraram na sala e esperaram a audiência começar. O Juiz demorou alguns minutos e entrou na sala lendo uns papéis.

—Vejamos. Brianna Williamson contra Darcy Williamson pela guarda da menor Victoria Williamson. - Ele olhou para os lados. Depois se dirigiu para Elisabeta. - Espero que a senhora esteja se sentindo melhor hoje. - Elisa balançou a cabeça afirmativamente. - E espero que todos vocês se comportem melhor hoje. Vejamos. Senhorita Williamson deu seu depoimento. A acusação deseja acrescentar alguma pergunta a ela?

—Não, meritíssimo. - Respondeu o advogado dela.

—A defesa? - Ele perguntou.

—Sim, meretíssimo.

—Por favor. - O juiz apontou a cadeira para ela. Brianna levantou. Usava um terninho roxo com detalhes dourados. Elisabeta pensou que ela parecia o papel de parede antigo do quarto que ela reformou.

—A senhorita poderia aqui dizer os motivos pelos quais se separou do Lorde Williamson?

—Bom… O pai dele nos obrigou.

—Então a senhorita não foi pega em um caso de adultério com o Lorde Hampshire?

—Ah, mas isso já faz muito tempo… - Ela deu um sorriso amarelo.

—E então a senhorita abandonou a própria filha para se mudar para a América com um namorado?

—Eu achei que ela ficaria bem com o pai. - Ela virou-se para o juiz. - Eu já disse isso.

—Se a amava tanto, se o lugar de uma filha é com a mãe, como a senhorita tanto afirma, por que não a levou junto? Quanto tempo demorará para mudar de ideia novamente? Não acha que a criança merece um pouco de estabilidade?

—Ora, minha vida amorosa não vem ao caso! E eu não mudarei de ideia. O lugar dela é comigo. Com a mãe dela.

—E por que sua filha não pensa o mesmo? A menina aparentou ter uma espécie de aversão a senhora. Medo até, eu diria. Quando foi dito que ela passaria os dois dias anteriores com a senhorita ela chorou e gritou. Implorou para as assistentes sociais para que não deixassem. Se a senhora é uma mãe tão exemplar, por que a menina não quis ir com a senhora?

—É culpa do Darcy! E daquelazinha com quem ele se casou. Eles jogaram minha filha contra mim, meritíssimo.

—O fato, meritíssimo, é que a menina ama o pai e a madrasta, que ela mesma chama de mamãe. E tudo que sabemos é que a mãe biológica a abandonou. Que garantia temos de que não abandonará de novo?. Enquanto o pai e a madrasta tem endereço fixo em Londres, emprego, e condições financeiras e emocionais de manter e educar a criança.

—Protesto, meritíssimo! - O advogado de Brianna bradou - Ele está fazendo suposições sobre minha cliente. Ela é apenas uma senhora que foi abandonada pelo marido, e ainda está se estabelecendo. Tem plenas condições de cuidar da filha.

—Protesto aceito. Vamos para a próxima testemunha.

A testemunha era uma moça que trabalhou no mesmo restaurante em que Elisabeta e alegou que ela era explosiva e não cumpria ordens. O advogado alegou que aquela era uma péssima influência para Victoria. Depois, uma amiga de Brianna testemunhou, alegando o quanto a ex-mulher de Darcy estava sofrendo desde que voltou com o afastamento da filha. Foi então a vez dos Russels. Eles alegaram que conheciam Darcy desde a faculdade, e que acompanharam o casamento dele com Brianna e com Elisabeta. E que era claro a diferença e como Victoria evoluiu desde que foi morar com o pai.

—E o que a senhora me diz sobre o casamento deles ser de fachada? Tudo para que a Senhora Elisabeta Benedito pudesse ficar no país?

—Digo que o senhor claramente nunca viu os dois juntos por mais de dois minutos. - Amelia riu. - Não sei se os senhores leem o Times, mas várias vezes eles foram chamados de os Condes do amor. Eu e o meu marido até tivemos uma pequena DR sobre eles serem considerados o casal mais apaixonado da alta sociedade. Darcy e Elisabeta se amam, e isso se reflete em Victoria. Ela aparenta ser uma menina doce, e muito feliz. Diferente até mesmo de quando morava com ambos os pais, quando ainda eram casados.

Um pouco depois foi a vez de Cora entrar. O juiz se espantou.

—Cora Legge.

—Ora, Andy Wood! Como vai Becky? - Ela sorriu. - Diga a ela que se faltar o clube do livro mais uma vez eu vou pessoalmente buscá-la. - O juiz sorriu e assentiu. Era um velho amigo de John e sua esposa, Rebecca era muito próxima de Cora. Eles gostavam muito dos Legge. Cora deu um sorriso para Brianna.

—Por favor, nos diga de onde conhece as partes.

—Da vida inteira. Veja bem, eu cresci com ambos. Brincávamos juntos.

E assim, Cora deu seu testemunho de caráter dos dois. Tinha inúmeras histórias do heroísmo de Darcy e vilania de Brianna. Quando viu que não poderia reverter o jogo, o advogado de Brianna lhe perguntou de Elisabeta.

—Elisa? Fomos amigas quase instantaneamente. Acho que nos parecemos bastante. Ela é uma mulher inteligente, com formação acadêmica e educa Victoria da melhor forma possível. Minha filha Emma depois que passou a frequentar a casa deles se mostrou até mais interessada em relação aos estudos. - Cora se virou para o juiz. Ela tinha um magnetismo impressionante. - Certa vez Emma ameaçou pedir que Elisa a adotasse. Tentei não levar para o pessoal. Eu queria que ela me adotasse.

Todos riram. Cora irradiava simpatia e bom humor, ao mesmo tempo em que mostrava ser uma mulher firme e correta, sua postura exigia das pessoas nada além de respeito.

—E quanto ao temperamento explosivo da senhora Williamson?

—O que o senhor chama de “temperamento explosivo” eu chamo de personalidade. Mas eu entendo que algumas pessoas se sintam ameaçadas por mulheres fortes e que não abaixam a cabeça. Eu mesma já fui acusada disso uma vez ou outra  na minha vida.

Lady Hampshire contou sobre o caso de Brianna com o marido e como ela quase destruiu o seu casamento. Alegou que ela não tinha um bom caráter e nunca demonstrou arrependimento. O advogado de Brianna, no entanto, teve um bom contra-argumento.

—A senhora demonstra ser tão evoluída, mas por um momento pareceu esquecer de que não estamos mais no século XVIII. Uma mulher não deve ser tão julgada pelas suas condutas sexuais. E, afinal de contas, quem nunca se apaixonou e cometeu um deslize, não é mesmo?. - Ele piscou para o juiz.

Entretanto, ainda eram os anos 30, e a honra de uma mulher ainda era vista pela sua fidelidade. O juiz entrevistou Darcy e Elisabeta, que falaram sobre como se conheceram. Foram confrontados pela fuga de Victoria, acusados de serem relapsos e de poderem ter outros filhos. E a pobre da Brianna, teria só a sua Victoria. Elisabeta teve que respirar fundo várias vezes para não pular no pescoço convencido de Brianna. Mas o juiz estava muito confuso. Ele tentava ser imparcial, como seu trabalho exigia. Mas tinha ouvido coisas negativas sobre os dois, e tinha Cora. Era uma amiga da família e a opinião dela pesava. E bom, ele tinha quatro filhos. Três garotos e uma meninnha, Jullie. E ela era a joia da sua vida. Ele queria garantir o melhor para aquela menina.

—Antes de tomar minha decisão final, tem mais uma pessoa que eu gostaria de ouvir. - Ele cochichou com o bedel, que saiu do tribunal.

Darcy e Elisabeta se encararam.

—Tem mais alguma testemunha na lista? - Darcy perguntou a Hendricks.

—Não. - Ele reviu alguns papéis. O advogado de Brianna parecia igualmente confuso, quando o Bedel voltou com a pequena Victoria. Ela usava o mesmo vestido de quando deixou a casa de Elisabeta e Darcy. Estava sem os óculos e seus cabelos pareciam ter sido alisados. Ela encarou Elisa e Darcy  e os dois sorriram para ela, a encorajando. O advogado de Brianna tentou protestar.

—Meritíssimo, isso não é correto.

—Não é convencional, mas neste caso, com tantas testemunhas contraditórias, achei melhor perguntar direto à fonte.

Victoria foi sentada na cadeira da testemunha e seus pézinhos balançavam. Ela não conseguia enxergar os pais nem a mãe direito, pois estava sem os óculos. O juiz virou para ela e sorriu, estendendo a mão.

—Olá, eu sou Andrew Wood, mas pode me chamar de Andy.

—Oi. Eu sou Victoria. - Ela disse timidamente.

—Você sabe por que está aqui?

—Sim. Vocês vão escolher com quem eu vou morar.

—E eu quero escolher o melhor para você, por isso eu vou lhe fazer algumas perguntas. Preciso que você responda a verdade, está bem?

—E por que eu não posso escolher? - Ela questionou. Elisa sorriu. Não importa o que dissessem, ela era sua filha.

—Victoria, não questione o juiz! - Brianna ralhou com a menina.

—Por favor, não nos interrompa. - o juiz repreeendeu Brianna. A menina sorriu de lado. O mesmo sorriso de Darcy, Elisa pensou. - E com quem você gostaria de morar, querida?

—Eu não sei se eles ainda querem que eu more com eles, sabe, agora que eles podem ter uma filha bonita de verdade, mas se eu pudesse escolher, eu moraria com o papai e com a  Elisa. - Darcy e Elisa se encararam. Ele quis levantar e gritar mas Elisa segurou sua mão.

—Por que você acha que eles não iriam querer mais que você morasse com eles? - O juiz indagou. Mas achou importante ressaltar para  menina que ela era querida. Nunca tinha visto um pai brigar pela guarda. - Eles estão aqui hoje, não estão?

—É que minha mãe, minha mãe Brianna - Ela ressaltou. - Me disse que eles iam ter outro filho e não iam mais me querer por perto.

—Entendo. E mesmo assim você prefere morar com seu pai? - Ela balançou a cabeça afirmativamente. - Por quê?  - Victoria fez uma careta.

—Porque eu amo a Elisa. - Ela disse simplesmente. - E o papai, é claro. Eu amo meu quarto, e meu piano novo. E as aulas da Elisa, apesar deu não ter feito o último dever de matemática.- Ela se virou para Elisabeta. - Eu esqueci no Vale, desculpa. - Elisabeta sorriu. - E a gente é feliz, sabe? O papai janta com a gente todos os dias. Nós brincamos juntos. Eles me contam histórias para dormir. Eu não era feliz antes.

—Quando morava com sua mãe verdadeira? - Elisa revirou os olhos ao escutar aquilo. E Victoria fez o mesmo. Mas assentiu. - Por quê?

—O senhor pergunta mais porquês do que eu. - Ela respondeu, arrancando risadas do juiz. - Ela não gosta de mim de verdade. Ela nunca perguntava como eu estava ou que eu queria. E ela não me dava aulas de verdade, só de coisas de vestir e regras de etiqueta. Elisa me ensina matemática e geografia. E livros. Eu gosto de ler agora, sabe? E a Elisa, ela cuida de mim, e minha mãe não cuidava. Ela sempre me dizia que eu era feia e que não conseguiria arrumar um bom marido. Ela nem deixou eu usar meus óculos hoje. Eu não enxergo direito, sabe? - Ela suspirou. - Antes eu achava que era normal. Mas depois que a Elisa foi morar lá em casa, eu descobri que a gente pode sim ter alguém que cuida da gente de verdade. E eu torci tanto para ela e o papai se casarem! E agora que eles se casaram e estão juntos de verdade e a gente estava feliz como nos livros, eu não quero ir embora. Por favor, Elisa. Eu não me importo de trocar as fraldas do bebê.

—Ok, chega. Meritissimo, o senhor me dê licença. Se não der, farei do mesmo jeito - Elisabeta levantou e correu até Victoria. - Meu amor, quanta coisa sem sentido!. Não acredito que você realmente pensou que não iríamos mais querer você. Você esqueceu o que seus avós lhe disseram quando viemos embora? - Ela balançou a cabeça. Lágrimas escorriam de seus olhinhos azuis. - Você é uma Benedito. E sempre será. Não importa quantos filhos seu pai e eu tivermos, você sempre será nossa primogênita. - Victoria se esforçava para não chorar. Tinha prometido ser forte. Mas estendeu os braços para Elisa, que a pegou.

—Isso é um absurdo. - Brianna levantou-se. - Solte minha filha agora.

—Senhora, por favor, respeite sua filha. - O juiz respondeu. - A senhora pode soltar a menina um momento?- Elisa concordou e pôs Victoria no chão.

—Creio que já ouvi o suficiente. Como ficou claro, a menor em questão tem grande afeição pelo pai e pela madrasta e deseja ficar com eles, e eu irei respeitar sua decisão. - Um burburinho cresceu. Victoria não entendeu direito, mas Darcy abraçou Elisabeta com força e os dois começaram a chorar. Ela não sabia se aquilo era bom ou ruim. - Quanto ao pedido de auxílio financeiro, já que a senhorita Williamson não terá a guarda da menina, não vejo motivos para isto. Entretanto creio que o senhor Williamson poderia concordar em deixar o apartamento em que mora para senhora, visto que um dia foram casados. As visitas da mãe à menina deverão ser decididas de comum acordo entre todas as partes. Alguma objeção? - Ele perguntou a Darcy.

—Não senhor. Passo a escritura para ela ainda essa semana.

—Então vamos encerrar por aqui. Minha filha tem um recital de piano hoje.

—Eu também toco piano, senhor meritissimo Andy!. - Disse Victoria. - Mas eu não entendi. Com quem eu vou morar?

—Com seus pais verdadeiros, minha querida. - o juiz sorriu para ela e ela se voltou para Darcy e Elisa. Eles levantaram e então a pequena correu e se atirou nos braços de Darcy. Elisa os abraçou.

—Papai, mamãe, é verdade? Eu vou mesmo ganhar um irmãozinho?

—Ou irmãzinha.

—Eu posso escolher? - Ela perguntou.

—Não. - Elisa gargalhou, enxugando as lágrimas de Darcy. - mas pode me ajudar a montar o quarto, comprar roupinhas e pensar em nomes.

—Ah, mas eu já tenho tudo planejado. - Ela respondeu. Foi a vez de Darcy gargalhar.

—É claro que tem. Mas agora, vamos para casa.

Os três saíram de mãos dadas, Victoria saltitando entre os pais. O juiz observou a cena com um discreto sorriso no rosto. Havia feito a escolha certa, e mais do que podia sentir, ele podia ver.


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Notas finais do capítulo

Bem meninas, acho que vocês conseguem sentir que o final está chegando. tem sido bem divertido e tudo. Obrigada pelos comentários, dicas, indignações. Nós adoramos cada minuto. Mas sempre resta aquela dúvida: o que faremos com Brianna?



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