Acordo Perfeito escrita por BCarolAS, cecimaria


Capítulo 19
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Só porque a Fernanda nos fez um poema e a gente tem o coração mole.



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Darcy passou as mãos pelos cabelos com mais força do que o de costume. Ele estava irritado. Frustrado. E extremamente preocupado. O preocupava a volta repentina de Brianna. O que ela realmente queria? Quais suas intenções? Logo agora que ele estava feliz pela primeira vez na vida. O medo de se afastar de Victoria novamente o fazia entrar em pânico. Ele havia cogitado empacotar suas coisas e as da filha, e se mudar para o Vale com Elisa. E ali estava sua ex-mulher dizendo que o queria de volta. Como se algum dia ela realmente o tivesse tido. Darcy era de Elisabeta, e antes dela ele nunca havia sido realmente de ninguém. Ou talvez, sempre tivesse sido dela. Apenas não sabia ainda. Quando ele dizia a Elisa que era dela, ele realmente sentia aquilo. Não como um sentimento de posse, mas como um sentimento de pertencimento. Cada parte do corpo e da mente dele pertenciam a Elisabeta, pois só ela era capaz de despertar nele o seu melhor lado.

Ele sentou-se irritado na poltrona da sala.

—Brianna, por favor. Eu não estou para brincadeiras.

—Você acha que estou brincando, Darcy? Você é meu marido. O pai da minha filha. Nós sempre seremos uma família.

—Não fomos uma família nem quando éramos casados. Você me traiu, Brianna! E se eu bem me recordo, você disse que precisava se sentir amada, que tinha se apaixonado. E o que mais? Ah, sim. Eu jamais seria capaz de despertar amor ou paixão em ninguém.

—Darcy, querido, você ainda se ressente? Aquilo não significou nada para mim, você tem que entender.

—Assim como nosso casamento também não significou nada para você?

Do lado de fora da casa, Elisabeta sabia que não deveria ouvir as conversas dos outros, principalmente do seu marido. Mas ela não pôde evitar ou se afastar. Brianna o queria de volta, e Darcy demonstrava-se balançado? Deus, ele ainda amava Brianna? Era por isso que se ressentia pela traição e não por toda humilhação que passou, além de se afastar de Victoria? E sim porque ele a amava? Elisabeta sentiu seus olhos arderem, as lágrimas teimando em cair.

—Brianna, vá embora. - Elisa ouviu Darcy pedir com uma calma que ela jamais achou ser possível diante de tal situação. - Conversaremos depois sobre suas visitas à Victoria.

—Mas, Darcy…

—Precisa que eu a leve até a porta bem atrás de você?

Elisa se afastou da porta para não ser vista. Escondida atrás de uma árvore ela viu Brianna deixar a casa em seus elegantes saltos. Mas quem era aquela Elisabeta, afinal? Que escuta calada uma mulher se atirar em cima do seu marido? Que se esconde atrás de árvores diante da porta de sua própria casa? Elisabeta Benedito jamais deixaria Brianna ir embora sem ouvir poucas e boas. Saiu de trás da árvore e marchou em direção à ex de seu marido.

—Brianna. - Elisa a chamou, firme, fazendo com que a inglesa virasse em direção a voz. - Já está indo? Sem cumprimentar a dona da casa? Achei que os britânicos tivessem mais modos.

Brianna virou-se novamente para frente, ignorando Elisabeta. Aquilo só deixou a Benedito ainda mais furiosa. Elisa puxou o braço de Brianna com mais força do que julgava ser necessário.

—Estou falando com você. Ou além de inconveniente é também mal educada? Escute aqui, você não frequentará mais minha casa quando eu não estiver. Nós temos telefone, você pode ligar e negociar suas visitas à Victoria, as quais serão todas supervisionadas por mim ou Darcy. Eu jamais afastaria uma filha de uma mãe, mesmo que a mãe seja você. Espero ter me feito bastante clara. - Brianna soltou-se do aperto de Elisabeta e fez menção a voltar a andar. - Brianna. Eu fui clara?

—Cristalina, querida.

Elisa finalmente soltou o braço de Brianna e a observou ir embora. Respirou fundo e entrou em casa. Darcy ainda estava sentado na poltrona. A cabeça baixa, aos mãos no cabelo. Ele tinha uma expressão cansada.

—Elisa? - Ele ergueu a cabeça e encarou a esposa - Como Victória ficou? Tudo bem?

—Ela está com um pouco de medo, mas ficou feliz de poder ficar com a amiga. - Ela aproximou-se do marido e ele colocou as mãos ao redor da cintura dela. - Encontrei com Brianna quando estava chegando. O que ela queria?

—Incomodar nossa felicidade. - Ele puxou Elisa para sentar-se em sua perna e beijou o pescoço dela. - Não vamos deixar ela ficar entre nós.

Elisa agarrou-se a isso. Não iria deixar Brianna ficar entre eles. Darcy e Victoria eram sua família agora, e os Benedito sempre defendiam sua família com unhas e dentes.

—Eu vou ver Matilda para decidirmos sobre o jantar. - Ela tentou se levantar, mas Darcy a puxou de volta.

—Fica mais um pouco…

Elisabeta passou as mãos pelos cabelos do marido, e Darcy fechou os olhos aproveitando o carinho.

***

 

No final da tarde, Darcy foi buscar Victoria na casa de Lucy. A menina o abraçou com tanta força que Darcy quase conseguiu tocar o medo da filha de ser levada para longe dele. Ele entendia o sentimento, pois também compartilhava dele.

O jantar foi silencioso. Victoria falou pouco sobre a tarde com a amiga. Quando ela empurrou o prato de comida Elisa se preocupou.

—Vicky, você não comeu nada, meu amor.

—Estou sem fome, Elisa.

Elisa. Então agora ela havia voltado a ser Elisa. Nada de mamãe. Aquilo doeu em Elisabeta mais do que qualquer coisa que já havia sentido. Darcy também notou e trocou um olhar com a esposa.

—Eu posso ir para o meu quarto? - Ela perguntou sem encarar o casal.

—Pode, filha.

Os dois observaram a menina sair cabisbaixa da sala de jantar.

—Eu vou falar com ela, Darcy. - Elisa se levantou e Darcy assentiu.

Victoria estava sentada em sua cama, o diário aberto, mas a página ainda estava em branco.

—Posso entrar? - Elisa perguntou junto à porta. A menina assentiu com a cabeça e Elisabeta sentou-se ao lado dela na cama. - Aconteceu alguma coisa na casa da Lucy?

—Não. Na verdade foi bem legal, ensinamos passos de balé para as bonecas.

—E elas foram boas alunas como você? - Victoria assentiu com um sorriso triste. - Vicky, você sabe que pode confiar em mim, não é? Não quer me contar por que está assim tristinha? Estou com saudade do seu lindo sorriso.

—Minha mãe… Eu não quero voltar a morar com ela.

—Você não precisa, meu amor.

—Mas o papai só ficou comigo porque ela foi embora, e agora que ela voltou ele vai me mandar para o apartamento dela de novo.

—Seu pai não faria isso. Seu pai ama você. E ama ter você aqui com ele. Como seriam nossas noites de leitura na sala rosa sem você?

—Vocês vão ter outros filhos e não vão precisar de mim.

—Claro que vamos! Outra pessoa não poderia me ajudar a cuidar dos seus irmãos além de você.

Elisa queria ter soado confiante, mas ela mesma não tinha tanta certeza disso. Ela teria filhos com Darcy? Ele poderia facilmente retomar seu casamento com Brianna. O casamento dela não era de verdade. Darcy apenas achava que a amava, mas Brianna trouxe de volta os sentimentos dele pela ex esposa.

—Se meu pai quiser me mandar embora você briga com ele de novo? - Mas Elisa estava perdida em seus próprios pensamentos e inseguranças.- Elisa?

— Se seu pai voltar para a sua mãe, você ainda vai querer me ver? - Assim que ela proferiu aquela pergunta, pôs a mão na boca. Que coisa horrível de se dizer para uma criança. Não deveria despejar suas inseguranças em Victoria.

—Meu pai não vai voltar a casar com minha mãe, Elisa. Ele não ama minha mãe. Ele ama você. Não seja boba. Ele só sorri com você. E vocês se beijam o tempo todo. Meu pai não beijava minha mãe. Não era assim com eles.

—Pois então não seja boba você também! Seu pai ama você mais do que tudo nessa vida. Ele não vai deixar sua mãe lhe levar para longe dele. Eu também não vou deixar. Enquanto eu estiver aqui, você vai estar sempre bem pertinho de mim.

—Elisa? - Victoria a chamou. - Eu sei que eu tenho uma mãe, e que ela voltou, e que você vai ser mãe dos seus próprios filhos, mas eu posso continuar chamando você de mamãe?

—Claro que pode, meu amor. Você é minha tanto quanto é do seu pai. - E bem mais do que é de sua mãe, ela pensou, mas não falou. Estava decidida a silenciar esse tipo de pensamento horrível. - Não vamos ter sua companhia na sala rosa essa noite?

A menina abraçou Elisa e as duas levantaram-se juntas, em direção a sala rosa.

Naquela noite, depois de lerem mais um capítulo de A Princesinha, Darcy passou mais tempo do que o normal velando o sono de Victoria. Já em seu próprio quarto, deixou que Elisabeta se acomodasse em seu peito sem falar nada, enquanto ele fazia um carinho nos cabelos dela. Sua esposa estava calada e distante desde o encontro com Brianna na feira, e Darcy odiava Elisabeta calada. Era uma Elisabeta completamente diferente da que ele amava. Odiou Brianna por tirar a alegria e a confiança do rosto de sua Elisa.

Estavam tomando café da manhã quando Brianna entrou sem ser anunciada. Darcy levantou-se da mesa irritado, e Elisa sentiu a mãozinha de Victoria segurando a sua por debaixo da toalha da mesa.

—Bom dia, pensei em me juntar à minha família para o desjejum.

—Brianna, eu pedi que telefonasse, não que aparecesse aqui sem aviso. - Darcy interviu.

—Sua… Brasileirinha me deu ordens diretas para não vir à sua casa quando ela não estivesse, imaginei que nesse horário não haveria risco de não encontrá-la.

Darcy olhou para Elisa, que fuzilava a desagradável visita com os olhos.

—Se bem me lembro, eu e meu marido falamos a mesma coisa, para usar o telefone.

—Pelo telefone eu não veria a sua cara de pobre coitada quando Darcy a mandasse de volta para o chiqueiro brasileiro de onde veio.

—Brianna, cuidado. - Darcy advertiu em tom de raiva, estava difícil manter a educação e a compostura, mas não causaria cena na frente de Victoria. Ele olhou para a menina com olhos carinhosos -Victoria, filha, suba para o seu quarto, está bem?

A menina obedeceu o pai, mas parou no meio do caminho e andou em direção à mãe.

—Meu pai nunca vai mandar a Elisa embora. Porque eles são casados agora, e é a Elisa quem ele ama. Quem nós dois amamos. A Elisa cuida de mim muito melhor do que você, porque ela me ama. Como mães devem amar suas filhas. Como nos livros. Então ela sim é minha mamãe. - Ela levantou mais a cabeça, e empinou o nariz, como Elisabeta fazia quando estava com raiva. - Não você. Você é só minha outra mãe, que não gosta de mim. E eu nunca mais vou morar com você! - Tendo terminado seu pequeno discurso, ela empurrou o óculos de volta para o lugar certo no rosto, virou a cabeça e subiu as escadas, pisando duro.

Darcy e Elisa estavam sem reação diante da atitude da menina. À princípio eles pensaram em interromper e mandá-la de volta para o quarto, mas ambos gostaram do que viram. Uma Vitória que sabe se impor, que faz questão de ser escutada. Forte e decidida. Tão Elisabeta, Darcy pensou, inundado de orgulho.

—Olha só no que você transformou minha filha ao deixar essa mulher entrar nessa casa, Darcy! Uma insolente! Desaforada e sem modos, tal qual essa daí!  

—Você acha que eu me pareço com a Elisa? Fantástico! - Ela bateu palmas. Depois encarou a Brianna. - Melhor do que parecer com você! - Victoria respondeu do topo da escada.

Brianna respirou fundo, ajeitou sua postura e dirigiu-se ao ex-marido.

—Temos assuntos a discutir, Darcy. À sós. - Ela encarou Elisabeta.

—Não há absolutamente nada que eu tenha para discutir com você que não possa ser feito na presença de Elisabeta. - Ele apertou a mão de Elisa. - Minha esposa fica. - Virou-se para Elisabeta, seu olhar agora era cuidadoso e preocupado - A não ser que ela não se sinta confortável na presença de alguém como você.

—Eu faço questão de ficar. Se vamos decidir o futuro de nossa filha, é com prazer que fico.

Darcy sorriu para Elisa e apertou novamente sua mão.

—Vamos até o escritório. Os empregados já tiveram muito do seu show, e não acho que eles sentiram falta disso.

***

A conversa no escritório não caminhou para lugar nenhum. Brianna não queria conversar, queria provocar Elisabeta. Atingi-la. E Darcy não admitiu que sua mulher fosse ofendida daquela maneira, não debaixo do seu próprio teto, então expulsou Brianna. Ele entraria em contato com ela depois, daria dinheiro, compraria passagem para qualquer lugar. Brianna não queria Victoria de volta. Ela não se preocupava com a menina. Isso ficou claro naquela manhã.

Depois que Brianna foi embora, Darcy e Elisa subiram juntos para o quarto de Victoria.

—Eu não vou pedir desculpas por ter falado todas aquelas coisas para minha mãe. - A menina foi logo dizendo assim que os dois atravessaram a porta do quarto. - Ela ofendeu a Elisa, papai. Eu fiquei com raiva. Então eu defendi a Elisa, porque a Elisa sempre me defende.

—E eu agradeço, meu amor. - Elisa beijou a testa de Victoria. - Mas ela é sua mãe, independente de tudo isso…

—Eu acho que você fez muito bem - Darcy sorriu para a filha. - Nós temos que defender quem amamos. Obrigado por ter defendido a Elisa, filha. Eu deveria ter feito isso.

—Darcy… - Elisa olhou para o marido.

—Eu estava tentando agir o mais pacificamente possível, mas esqueci que as coisas não funcionam assim com a Brianna. Eu vou resolver essa situação, tudo bem?

—O senhor vai me mandar de volta para morar com ela? - Victoria perguntou, com medo da resposta.

—Que absurdo, Victoria. Ninguém vai tirar você de mim. Nem da Elisa. Ninguém. Eu amo você. Eu amo vocês duas. - Ele olhou para Elisa e depois voltou a olhar para a filha - Acho que está na hora da senhorita estudar, não é mesmo? Eu vou na empresa agora, mas volto para o almoço e lhe deixo no balé, tudo bem? - Victoria assentiu - Pois então, para a biblioteca, mocinha! Elisa já encontra você lá.

Victoria abraçou os pais e pegou seus livros, indo para a biblioteca.

Darcy puxou Elisabeta pela cintura.

—Eu vou resolver isso, eu prometo. Você confia em mim? - Elisa não respondeu.- Você não confia em mim, Elisa? - Ela abaixou o rosto e Darcy ergueu o queixo dela gentilmente. - Meu amor, eu não acredito nisso. Você ainda está se sentindo ameaçada pela Brianna? Isso não tem cabimento, Elisa.

—Darcy, você a ama?

—Claro que não! Eu nunca amei a Brianna na vida. Nunca. Eu casei com ela porque nossos pais acharam que seria bom para a família e os negócios. E eu aceitei porque não achei que você pudesse existir. Eu queria ter filhos e Brianna parecia uma boa opção. Meu casamento com Brianna durou cinco anos, e nunca, em nenhum único momento, ele sequer se comparou ao que temos em tão pouco tempo. Eu amo você, Elisabeta Benedito. Você. E só você. Você é a mulher da minha vida. E me desespera saber que você duvida dos meus sentimentos,porque só a remota ideia de lhe perder me apavora.

—Me apavora também.

—Então, eu preciso saber, você confia em mim, Elisabeta Williamson?

—Confio.

Darcy sorriu para Elisa e a beijou apaixonadamente. Deus, como ele amava aquela mulher.

 

Demoraram alguns dias até que eles ouvissem de Brianna novamente. Victoria tinha constantes pesadelos onde Brianna a levava embora. Darcy e Elisa a deixaram dormir com eles nos últimos dias, para que ela sentisse segurança de que Brianna não a raptaria no meio da noite. Após uma semana, as coisas começavam a se ajustar. Naquela manhã, Cora apareceu com Emma. Elisa estava dando aulas para Victoria, mas ficou feliz interromper.

—Cora!

—Elisa, eu vim assim que soube. - Ela esperou as meninas saírem da sala para dizer. - Brianna está de volta. Que horror.

—Sim. Tem tentado fazer de nossas vidas um inferno.

—Ela sempre foi assim. Eu era  filha de um visconde, ela era filha do segundo filho de visconde. Se ressentia. Sempre almejou ascensão social. Mas eu estou aqui e conte comigo para absolutamente tudo! - Ela pôs uma mão no queixo. - Se bem que não sei se por sapos nos sapatos dela teria o mesmo efeito agora. - Elisabeta riu.

—Eu não sei o que fazer. Devo confessar que no início fiquei insegura. Afinal ela era a primeira esposa de Darcy, mãe de Victoria. Fiquei com medo de que Darcy quisesse voltar para ela.

—Darcy? - Cora riu. - Darcy é tão apaixonado por você que nem a rainha seria capaz de afastá-lo de você. E Brianna também nunca gostou dele.

—Mas agora parece interessada.

—Como assim?

—Bom, eu ouvi ela dizer para ele que o queria de volta. - Cora levantou a sobrancelha.

—Elisa, sinceramente? Essa história toda está muito estranha. O casamento deles foi de conveniência, para ambos. Ela deve ter algum outro motivo. - Cora tamborilhou os dedos no queixo. - Brianna gosta da alta sociedade. Eu tenho meus contatos. Eu vou ver o que descubro.

—Você faria mesmo isso?

—E para que mais servem as amigas? Se a Brianna está decidida a ter o Darcy de volta vocês vão ser atormentados bastante. Tadinho do meu amigo. Brianna tem muitos defeitos, mas uma coisa que sempre admirei nela foi a sua persistência.

—Tudo que eu precisava agora era uma rival implacável.

—Mas eu já disse que você não tem com o que se preocupar.

—Darcy é bonzinho demais, Cora. Às vezes é irritante. Ele não sabe se impor. - Ela suspirou. - Prato cheio para víboras.

—Sim, Darcy sempre foi muito educado, desde criança. Mas não sei, talvez ele nos surpreenda. Dizem que o amor muda as pessoas.

 

Darcy ligou e avisou que não almoçaria em casa, pois tinha um almoço com um potencial sócio no Uruguai. Se desse certo, ele finalmente poderia estabelecer uma filial sólida na América do Sul, talvez passar uma temporada com a família em São Paulo.

Quando retornou para o seu escritório achou estranho a senhorita Skinner não estar em sua mesa, mas pensou que ela apenas não havia voltado do almoço ainda. No entanto, ao abrir a porta de sua sala, encontrou Brianna sentada na mesa. Ele respirou fundo.

—O que faz aqui, Brianna?

—Achei que poderíamos conversar melhor sem seu cão de guarda por perto.

—Já disse tudo que tinha que dizer. Você pode ver Victoria aos fins de semana, sob a supervisão de um de nós. -  Ele jogou sua pasta na poltrona e se dirigiu a sua cadeira. Ele imaginou que aquilo a obrigaria a descer da mesa. Mas ela apenas girou o corpo, deitando parcialmente sobre a mesa.

—Mas quanto aos outros aspectos?

—Que outros aspectos? - Ela se inclinou sobre ele.

—Eu e você, oras. Sabe, Darcy, nós éramos muito jovens quando nos casamos. Inexperientes no amor. E na cama. Mas isso mudou. Eu consigo ver nos seus olhos. Sentir o cheiro em sua pele. Você amadureceu. E eu realmente estou curiosa. Como nós seríamos agora? Você não está nem um pouquinho curioso? - Darcy segurou uma caneta e recostou as costas em sua cadeira.

—Não.

—Sinto muito, mas não consigo acreditar. Eu sou uma mulher atraente. Você é homem. E aquela coisinha que você tem em casa não deve ser o suficiente para lhe satisfazer.

—Sabe, Brianna, depois do seu pequeno… affair com o Hampshire eu me dei conta de como vocês são parecidos. Se eu tivesse percebido antes talvez tivesse conseguido passar meu compromisso para ele. Vocês teriam sido um casal e tanto.

—Talvez. - Ela concordou, deitando de lado totalmente sobre a mesa e apoiando a cabeça na mão. Seu rosto ficou perto ao porta-retrato de Victoria. Ela o pegou. - Mas então você não teria tido Victoria. Nós tivemos nossos momentos. Não deixe que a brasileirinha demonize tudo. Podemos tentar novamente. - Ela pôs o retrato de Victoria de frente para ele e saltou para o seu colo. - Talvez consigamos dar um irmão para ela.

—Brianna, saia de cima de mim agora. - A voz de Darcy foi dura.

—Darcy. - Ela passou o dedo em seu rosto. - Deixa eu lhe mostrar o que uma mulher de verdade é capaz de fazer. Aquela caçadora de fortunas mal deve se mexer embaixo de você. - tendo dito isso, uma mão de Brianna foi direto ao encontro das partes íntimas de Darcy. Ele levantou em pulo da cadeira, quase a derrubando, exceto pelo fato de que ele segurava sua mão.

—Agora chega. Você teve todas as suas oportunidade. Mas você é apena suma mulher vulgar, Brianna. Seu berço não lhe garantiu nobreza alguma. Você é uma mulher vulgar, mesquinha, desleal. Você acha que o mundo está aos seus pés, mas deixa eu lhe dizer, não está. E se você realmente achou que eu trairia minha esposa, minha amada esposa… Você julga o caráter dos outros pelo seu, então realmente não me surpreende que ache que a Elisa é uma caçadora de fortunas e que eu poderia ser infiel. - A voz de Darcy era grave. Uma veia pulsava em seu pescoço e alguns fios de cabelo estavam fora do lugar, em sua testa. Ele ainda segurava a mão de Brianna. - Eu sinto muito por você, Brianna. Mas chega. Quero você fora do meu escritório, fora da minha vista. - Ele soltou o braço dela. E para surpresa ainda maior de Brianna, que se encontrava petrificada com aquela versão de Darcy, ele deu um sorriso de lado. - E só para constar. - Ele a olhou de cima a baixo. - Não há nada em você remotamente mais atraente que Elisa. Você sequer me deu metade do prazer que ela me dá. Se é só nesses termos que você me entende.

Nesse momento uma risada tirou os dois do topor. Elisa estava encostada no batente. Depois da conversa com Cora e ausência de Darcy no almoço, ela resolveu aproveitar o tempo em que Victoria estava no balé e fazer uma visita ao esposo. Eles não estavam passando muito tempo juntos. Quando entrou, escutou um grito de Darcy. Correu ao escritório, mas não entrou. O marido estava segurando Brianna. A encarava com uma ferocidade. Ela nunca havia o visto daquela forma. E enquanto ele a defendia, defendia o casamento deles e expulsava Brianna, ela sentiu várias coisas. Aquele era um lado de Darcy não muito comum. E quando ele sorriu, ainda com raiva, como um vilão de filme americano e disse a Brianna que ela jamais o satisfez como Elisa satisfazia, ela não pôde conter sua alegria. O seu desejo. Os dois encararam ela.

—Elisa. - Ele disse, bastante surpreso.

—Eu não queria interromper, você tinha tudo sob controle. - Ela sorriu e foi até o marido. - Mas Brianna, querida, já deu por hoje, não é? Outro dia você volta e tenta de novo. Eu quis ficar com raiva, mas enquanto observava, eu me dei conta do homem maravilhoso que tenho. Olhe só o meu marido. - Ela passou a mão no braço de Darcy. - Não é em todo lugar que você encontra um homem desse porte. - Ela lhe deu um sorrisinho travesso. O olhar era igualmente… pecador. -Se eu tivesse feito a burrice de perdê-lo também tentaria tê-lo de volta, não vou julgá-la pelo seu lapso de consciência. Mas infelizmente hoje você já foi rejeita. Volte amanhã. - Ela pegou Brianna pelo braço e levou até a porta. Mas antes de fechá-la sussurrou para rival. - Você sabe, precisamos fazer algumas coisas agora.  - E piscou para Brianna antes de bater a porta em sua cara. Ela trancou e se virou para Darcy. - Tira esse paletó.

—O que? - Mas Antes que ele pudesse reagir, Elisabeta já estava o beijando.

Ele não conseguia entender a empolgação da esposa, mas Elisa já havia tirado o paletó dele e agora lutava com a gravata.

—Elisa… Se isso tudo é por causa de Brianna, eu…

—Darcy. - Ela se separou dele relutante. - Não é por causa de Brianna. É por sua causa.- Ele a olhou confuso. Ela sorriu. - Eu amo a sua… total falta de noção sobre o seu efeito sobre mim. Sobre as mulheres num geral. Porque, meu amor, não haveria uma mulher neste planeta que fosse capaz de resistir a você depois de ver o que eu vi. Então pare de protestar, e me beije, Darcy Williamson. Estou com saudades de você.

Darcy deu a ela o mesmo sorriso felino de antes e ela exalou. Quando suas bocas se encontraram, foram vorazes. Suas roupas foram para o chão com a mesma velocidade, e os objetos em cima da mesa de Darcy agora encontravam o mesmo destino. E aonde antes havia uma mulher tentando seduzir o ex-marido, encontravam-se dois corpos entrelaçados, suspirando, exalando, queimando. Darcy e Elisabeta só sabiam uma forma de consumar o seu amor: avassaladoramente.


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Notas finais do capítulo

Um agradecimento a Nina Simone que inspirou uma das autoras ao som de Do I move you.



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