Acordo Perfeito escrita por BCarolAS, cecimaria


Capítulo 14
Capítulo 13




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Jane e Camilo se despediram um dia após o natal, dizendo a Darcy e Elisa que dona Ofélia já iria fazer drama por eles terem perdido uma festa de final de ano e, se eles não estivessem lá no ano novo, jamais seriam perdoados. Darcy e Elisa sentiram a casa vazia. Foi especialmente difícil para ela ficar sem a irmã e melhor amiga. Darcy e Victoria perceberam que Elisabeta ficou um tanto cabisbaixa, então resolveram lhe fazer uma surpresa. Ela estava sentada em sua mesa, com  a máquina de escrever a encarando enquanto admirava a resistência das flores ao inverno. Dracy e Victoria entraram na sala tentando não fazer barulho, mas ela sorriu ao vê-los ali.

— Elisa, a gente sabe que você está triste porque a tia Jane voltou para o Brasil.

— Eu não estou triste, meu bem. - Darcy levantou a sobrancelha para ela. Victoria continuou.

— Então tivemos uma ideia! Vamos te levar para um passeio.

— Eu não sei se eu estou no clima.

— Ora, Elisa, vamos. Vai ser divertido. - E dito isto, Darcy tirou uma das mãos das costas e mostrou um par de patins.

— Mas eu não sei patinar. - Elisabeta contra-argumentou.

— A gente te ensina! Vamos, Elisa, vamos!

Elisabeta tentou resistir, mas Darcy e Victoria a olharam daquele jeito. Eles tinham o mesmo olhar, e ela se encontrava cada vez menos capaz de resistir.

Ao chegarem ao mercado de natal, encontraram muitas vendinhas a menos, e havia um clima estranho, Darcy pensou. Mas talvez fosse o que sua mãe costumava chamar de tristeza pós-natal. Victoria ajudou Elisa a calçar os patins e eles entraram no ringue de patinação. Victoria logo soltou a mão de Elisabeta e começou a deslizar, fazendo piruetas. Elisabeta estava agarrada ao corrimão, concentrando todos os esforços em não cair. Darcy foi até ela e ofereceu a mão.

— Vem.

— Você está louco se acha que vou soltar essa barra.

— Se você ficar parada aí, não vai patinar.

— Eu estou bem, muito obrigada.

 - Me dê a mão. - Ele estava parado ao lado dela, e estendeu a mão.

— Não.

— Só uma. A outra pode continuar na barra.

— Eu vou cair.

— Confia em mim. Me dê a sua mão.

Elisabeta lançou um olhar sério para ele. E ali estava Darcy, parado, em seu sobretudo azul escuro, um cachecol, e um gorro na cabeça. Os patins o faziam parecer ainda mais alto. Os olhos de Darcy brilhavam na luz do sol e ficavam quase da cor dos de Victoria. Ele tinha um sorriso fácil. Ela já aprendera a identificar seus sorrisos. E aquele, que ele estava dando a ela neste momento, normalmente era dirigido apenas a Victoria. E algumas vezes a Charlotte. Era o seu sorriso de segurança e amabilidade. E não havia nada mais a ser feito além de dar sua mão a ele, pois ela sabia que se caísse, ele a seguraria. E foi exatamente o que aconteceu. Elisa demorou um tempo para ficar em pé sem que suas pernas deslizassem, mas sempre com Darcy segurando sua mão. Demorou um tempo ainda maior para conseguir se mover, mas não teve coragem de soltá-lo. Victoria aparecia de vez em quando e encorajava Elisa a ir sozinha. A primeira vez que ela tentou, caiu de bunda no chão e foi socorrida por um Darcy preocupado. Logo em seguida ela caiu, mas dessa vez levando Darcy consigo. Os dois sorriram juntos, no chão da pista de patinação. Darcy tentou se reerguer junto de Elisa, mas os dois caíram novamente, e o riso se expandiu. Darcy tentou controlar sua respiração pós riso, e só então levantou-se, puxando a mão de Elisabeta em seguida, já equilibrado nos patins.

Eles chegaram em casa perto da hora do almoço e Elisabeta sentia como se tivesse levado uma surra. Mas eles riam sem parar relembrando os feitos de uma Elisa desengonçada.

— E aí, quando a Elisa saiu patinando tão rápido eu pensei que ela ia conseguir, mas então ela atropelou aquela senhora! - Victoria revivia a cena.

— Eu fiquei tão envergonhada. E eu estava  tão empolgada, eu finalmente estava conseguindo patinar! Eu tinha que derrubar uma senhora?

— Eu fiquei preocupado. Você caiu muitas vezes. -  Darcy disse por fim, com um olhar um pouco mais sério.

— E tenho certeza que quando tomar banho hoje estarei cheia de manchas roxas. Mas agora estou com fome. Vou ver com a Matilda que horas o almoço será servido.

Elisa deixou a sala e seguiu para a cozinha, apenas para encontrar Matilda consolando sua ajudante.

— Aconteceu alguma coisa? - Elisa perguntou, e assim que a moça viu Elisa, saiu correndo. Matilda explicou.

— Na noite de Natal vários imigrantes foram expulsos de Londres. O namorado de Mary era grego. Ela está um pouco… chateada com a situação. Visto que a senhora ainda está aqui. Graças a Deus que vocês e o Lorde Williamson vão se casar em breve. Não consigo mais imaginar essa casa sem a senhorita.

Ela retornou para a sala com o semblante preocupado. Victoria havia subido para se trocar e lavar as mãos e Darcy a flagrou pensativa.

— Aconteceu algo? - Deus, ele já a conhecia tão bem!

— Matilda acaba de me informar que vários imigrantes foram deportados na noite de natal. Na noite de natal, Darcy! Esse povo não tem piedade? Um coração? - Ele se sentou e passou a mão nos cabelos antes de segurar as mãos de Elisabeta.

— Eu entendo que as coisas não estejam fáceis, mas essas atitudes extremistas do governo não mudarão nada. Culpam os imigrantes pela crise apenas porque precisam culpar alguém.

— E jamais admitiriam a culpa deles. - Elisabeta completou. Eles ficaram um tempo em silêncio. - Darcy, eu não posso ir embora agora. Precisamos nos casar.

— Sim. - Ele concordou.

— Rápido. - Ela reforçou.

— Sim.

— Quais os seus planos para o dia primeiro?

Darcy passou novamente a mão pelos cabelos. Faltava menos de uma semana para o ano novo. Mas Elisabeta estava certa. Nem ela nem ele possuíam tempo. Deus, ele quase esqueceu da sua própria situação, a herança, os termos do pai. Precisavam correr contra o tempo.

Após o almoço Darcy saiu de casa para conseguir uma licença especial para o casamento, enquanto Elisabeta foi pedir Charlotte que desfizesse as malas, para que a ajudasse na organização, o que ela aceitou de prontidão e com muita animação.

Os noivos queriam um casamento simples e rápido, mas precisavam ser convincentes. Depois da grandiosa festa de noivado que deram, o casamento não poderia deixar a desejar. Ambos Elisabeta e Darcy respiraram desanimados. Charlotte e Victoria ganharam carta branca para os preparativos do casamento, que ocorreria em poucos dias. A irmã de Darcy aceitou o desafio, prometendo se empenhar três vezes mais. À Elisabeta coube a única missão de escolher o vestido perfeito, e Victoria não aceitaria menos do que isso: deveria ser perfeito. Levaram uma tarde inteira para encontrarem o discreto, porém elegante e lindíssimo vestido de noiva. Quanto a Darcy, ele já havia perdido a conta de quantos cheques havia assinados, e quanto dinheiro havia desembolsado nos últimos três dias. Mas ele o fazia de bom grado.

Na tarde anterior ao casamento, Darcy saiu para assinar alguns documentos na empresa e fazer a última prova do smoking . Quando voltou para casa encontrou Elisa próxima à porta, vestindo seu casaco.

— Vai sair? - ele perguntou, surpreso.

— Eu já estou praticamente morando aqui, preciso trazer algumas de minhas coisas em definitivo. Se eu conseguir juntar tudo a tempo volto ainda hoje.

— Eu vou com você.

— Darcy, não precisa.

— Faço questão. Com dois pares de mãos será mais rápido e eficiente. Vamos no carro. Eu mesmo irei dirigindo para termos mais espaço para suas coisas.

— Nem é tanta coisa assim.

— Que seja. Vamos de carro, nós dois. É mais rápido e prático. Charlotte - ele chamou enquanto vestia de volta seu próprio casaco - Eu e Elisa vamos passar na casa dela para pegar algumas coisas. Você pode olhar Victoria por um tempo?

— Claro, meu irmão. Podem ir tranquilos. Mas não demorem muito, precisam descansar para o grande dia amanhã!

Darcy e Elisa chegaram ao apartamento da Benedito no começo da noite. Elisabeta sentia-se exposta ao ter Darcy em sua casa. Era pequena, humilde, mesmo com o ar sofisticado que Ludmila deu ao apartamento. Em seus três anos em Londres Elisa fizera o máximo para dar sua cara a seu cantinho, e sentia que estava mostrando a Darcy detalhes que ela guardava apenas para si. Ele tentou não deixar transparecer a curiosidade e a satisfação de estar na casa de Elisabeta, mas não foi tão sutil assim. Parado à porta, Darcy observava cada detalhe. A parede em um tom mais escuro de bege atrás do sofá de dois lugares. O pequeno batente acolchoado na janela. Ele quase conseguiu tocar na imagem mental que imediatamente criou de Elisabeta ali, sentada, com um livro em mãos. O balcão que separava a pequena sala da minúscula cozinha com portas-retratos misturados a utensílios domésticos. Se aproximou e levou uma das fotos até mais perto de seus olhos. As irmãs Benedito abraçadas e sorrindo no sofá do que seria a casa da família no Vale do Café. Darcy desejou visitar o lugar. Colocou o porta-retrato de volta no balcão quando ouviu a voz de Elisa chamar seu nome.

— Eu vou pegar algumas roupas no quarto…

— Você precisa de ajuda? Quer que eu pegue algo por aqui? - Darcy ofereceu seus serviços.

— Está vendo aquele baú próximo à janela? Eu agradeceria se você o levasse até o carro..

Darcy quase não conseguiu levantar o baú. Mas com algum esforço foi capaz de descer com ele. Quando Darcy voltou ao apartamento, depois de guardar o baú no carro, bateu delicadamente na porta entreaberta do quarto de Elisa.

— Oi? Voltei. Tem mais algum baú cheio de pedras para carregar?

— Pedras? - Ela ficou confusa e então riu. Era realmente pesado. - Livros! Entre. Estou quase terminando com as roupas, mas tem alguns outros livros que eu gostaria de levar, estão ali naquela mesa à sua direita. Pega pra mim?

— Claro! - Ele caminhou até a mesa e observou os títulos. Não havia como negar que Elisabeta Benedito era uma mulher culta e letrada. Além de duas ficções havia uma livro sobre a história do jornalismo e outro sobre as mulheres à frente de seu tempo. Empilhou as obras e carregou-os até a porta da casa, quando esbarrou em uma Ludmila tremendo de frio, com neve por toda sua roupa.

— Darcy! Que surpresa! Vai sair? Acho melhor esperar mais um pouco. Começou uma nevasca horrível, quase não consigo chegar até aqui.

Elisabeta saiu do quarto com uma mala cheia de roupas e uma pequena valise na mão. Olhou para a amiga que ainda tremia, e depois para Darcy, parado diante da porta tentando equilibrar os livros em seu colo.

— Ludmila estava dizendo que começou uma nevasca terrível.

— Nevasca em Londres? Em dezembro? - Elisa perguntou incrédula.

— Aparentemente o ano está uma loucura no que diz respeito ao clima de Londres. - Ludmila respondeu, ligando o aquecedor.

— Deus! Está forte assim?

— Elisa, seja lá para onde estiverem indo é melhor esperar.

— É noite de réveillon. Prometemos voltar logo para assistirmos aos fogos com Victória.

— Se o tempo continuar como está, duvido que tenham fogos.

Elisabeta largou as malas e se jogou no sofá, rendida. Não era preciso olhar perto da janela para ver o quão ruim estava a situação.

— Darcy, sente-se. Não vamos sair assim.

O lorde olhou as horas. Quase nove da noite. Victoria e Charlotte os estavam esperando em casa para os fogos.

— Vocês tem um telefone? - ele perguntou.

— Por que? Vai ligar para a guarda florestal suspender a nevasca? - Elisabeta debochou.

— Vou ligar para casa, avisar que vamos esperar por aqui até o tempo melhorar. Charlotte ficará preocupada.

Ludmila indicou o velho aparelho escondido do lado da geladeira. Darcy telefonou para casa e falou com a irmã e a filha. Elisabeta fez sanduíches para os três.

Próximo da meia noite a neve ainda estava alta, impedindo o carro de sair do lugar.

— Darcy, é melhor dormirmos. Está tarde, não compensaria voltar para casa agora, de qualquer forma.

— Você tem razão. - Ele olhou ao redor e encarou o sofá. - Vou me acomodar por aqui.

Elisa olhou de Darcy para o pequeno sofá de dois lugares. Se ela o deixasse dormir ali ele sequer levantaria no dia seguinte, muito menos caminharia com ela pela casa após o casamento.

— Esse sofá seria desconfortável até mesmo para Victória, que tem um quarto do seu tamanho. Você não dormirá aí.

— O que você sugere? Existe um quarto de hóspedes?

— Apenas o meu e de Ludmila, e ela já foi se recolher há 1 hora, estranhamente.

— Então só me resta o sofá, Elisa.

— Ah, Darcy, por favor. Somos adultos. E amanhã estaremos casados. Podemos dividir uma cama por uma noite sem atacarmos um ao outro.

— Elisa, você tem certeza?

— Estou cansada, vou deitar e dormir imediatamente, nem vou notar sua presença.

Era mentira. E dois minutos depois ela se deu conta do tamanho da mentira. Não havia como ignorar a presença de um homem grande e cheiroso como Darcy na sua cama. Não havia como ignorar a tensão dentro do quarto, que naquela noite pareceu ainda menor. E ela demoraria bastante para dormir. Duvidava até que em algum momento dormiria. Não com Darcy tão próximo a ela. Lembrou-se do beijo no corredor. Do beijo debaixo do visco. Do quase beijo no dia do noivado. Graças a Deus aquela seria a única vez em que teriam que dormir na mesma cama. Não fazia parte do casamento deles dividir o mesmo quarto, muito menos a mesma cama. Ela sentiu-se grata. Mais do que isso, uma confusão de pensamentos agitavam sua cabeça. Ele estava ali, apenas de camisa e calça comprida, como ela já o vira milhões de vezes. E ainda assim. Um misto de sentimentos. Pensou em como seria se ela se aconchegasse nele, como a personagem do livro que estava lendo tinha acabado de fazer com seu amante. Imaginou como era ter os braços dele ao seu redor, e como seria afundar o nariz em seu peito, inalando ainda mais o seu cheiro. E depois, a vozinha da razão, que aparentemente estava ficando cada vez mais baixa e ausente toda vez que esse homem perturbador estava por perto, lhe disse que ia ser difícil se manter casada de forma fictícia quando estava tendo esse tipo de pensamentos sobre o seu noivo. Se ela não quisesse encrenca, era melhor ela apagar todos esses pensamentos. E assim, ela foi o mais longe dele que sua pequena cama permitia e começou  pensar no chiqueiro de sua mãe e todas as coisas repugnantes que ela conseguia lembrar.

Do outro lado da cama, de costas para Elisabeta, Darcy não conseguia ver a mente dela trabalhar sem parar. Mas ele sabia que a cabeça dela não parava. Ele a conhecia o suficiente para saber disso. E ele mesmo estava passando pelo mesmo incômodo. A mente insistindo em reviver os beijos, os toques, os sorrisos. Deus, ele queria virar, tomá-la nos braços e beijá-la. Ele queria amá-la ali mesmo, na cama dela. Queria sentir o corpo dela embaixo do seu. Queria saber se a camisola que ela usava também era vermelha. Queria que Elisabeta chamasse o seu nome, enquanto ele estivesse dentro dela. Queria amá-la naquela minúscula cama de casal. Queria virar o ano amando Elisabeta em cada canto daquele quarto. Deus, como ele queria amar aquela turrona. Os dois. Se amando. Deus, ele a amava? Nem mesmo com Brianna ele usava esse termo. E ela? O que ela sentia por ele? De certo não o detestava mais. E ela havia retribuído o beijo. Ambos os beijos. Mas ela não o desejaria. Não, uma mulher como ela poderia ter o homem que quisesse. Era melhor ele esquecer esse assunto, antes que ele se enchesse de sentimentos que não seria capaz de lidar. E pior, que não seriam correspondidos.

— Elisa… - Ele chamou, ainda sem se virar para ela.

— Sim… - ela respondeu, também de costas.

— Feliz ano novo.

— Feliz ano novo, Darcy.

Nenhum dos dois percebeu quando cederam ao sono. Mas na manhã do dia primeiro de janeiro de 1831, a manhã do seu casamento, Darcy Williamson e Elisabeta Benedito acordaram abraçados, na mesma cama.

 

***

Por conta da urgência do casamento, Westminster Abbey não estava disponível, de modo que a St Paul's Cathedral tornou-se palco do casamento de lorde Williamson e da futura condessa de Pemberley.

Elisabeta visitou a igreja no seu primeiro mês em Londres, e tornou-se um de seus lugares preferidos na cidade. Quando ela descobriu onde seria seu casamento não conseguiu esconder a emoção. E ali estava ela, diante do espelho em seu quarto na mansão Williamson, vestida de noiva, minutos antes de atravessar a nave de uma igreja lindíssima em Londres. Para casar-se com um conde. Deus, quem escreveu essa história? Ela não faz o menor sentido! Distanciava-se tanto daquilo que Elisabeta imaginou para si mesma. Mas ela não estava decepcionada. Longe disso, estava apenas surpresa. De um modo positivo, por mais estranho que pareça.

— Você está ficando insana, Elisa. - Ela falou enquanto remexia o arranjo de cabeça, que era vermelho com branco, e estava na moda. - Como que você pode ficar ansiosa, nervosa e animada para um casamento de mentira? - E então ela mudou sua voz. - Ora, qual o problema? - Ela respondeu a si mesma. - Devemos sempre tirar o melhor das situações. Não é todo dia que se tem um casamento de conveniência e se torna condessa. Além do mais, seu noivo é uma boa pessoa. Em mais de um aspecto. - Ela levantou a sobrancelha para si mesma no espelho. - Você está perdendo o foco de tudo isso, Elisabeta Benedito! É por Vicky. E pela sua estadia na Europa. - Claro, claro. - A voz irônica dela respondeu. - E você não está nada empolgada em se casar com um homem de dois metros de altura, moreno, forte, de olhos mais verdes que o mar e que beija como um… bem, como um lorde inglês.

Nesse momento, ela ouviu uma risada. Olhou para porta e viu Charlotte e Victoria rindo e ela ficou extremamente constrangida. Então Charlotte sorriu e disse:

— Vamos? Está na hora, Lady Williamson.

Darcy estava nervoso. A gravata estava apertada demais, ele poderia jurar pela própria mãe que era capaz de morrer asfixiado pelo tecido ao redor de seu pescoço. A igreja estava lotada. Era insano. Em apenas um único banco daquela igreja enorme cabiam todas as pessoas que realmente importavam para ele. Quem eram todos aqueles nobres preenchendo tantos bancos? Tentou afrouxar a gravata, mas foi impedido pelo som do piano, anunciando a entrada de Victoria em um lindo vestido branco com detalhes cor de rosa. Ele sorriu ao ver a filha. A felicidade da menina estampada em seus lindos olhinhos. Victoria atravessou toda a nave carregando um delicado buquê e sentou-se ao lado da tia. E ela piscou para Darcy. Isso o fez sorrir.

A marcha nupcial soou e os olhos de Darcy se dirigiram imediatamente para a entrada da igreja. E lá estava Elisabeta Benedito. Sua noiva. O furacão que invadiu sua casa gritando com ele numa noite fria meses atrás. Belíssima. Estonteante. Sua. Ou quase.

Elisabeta entrou sozinha. E Darcy sentiu algo bem próximo de raiva. Ela merecia que o pai lhe conduzisse até o altar. Merecia as quatro irmãs lhe esperando no altar. Merecia a mãe chorando emocionada. Não importava se era um casamento de conveniência, ainda era o casamento de Elisa, e ela deveria ter tudo que desejasse, do jeito que sonhou. Com rosas vermelhas no caminho. Ela estava visivelmente nervosa e ele sorriu em encorajamento.

O padre celebrou o casamento. A recepção aconteceu na mansão Williamson. Charlotte havia feito um bonito trabalho. Darcy e Elisa fizeram tudo como mandava o protocolo. Receberam os convidados com um sorriso no rosto, agradecendo todas as felicitações. Brindaram. Cortaram o bolo. Discussaram. Elisa jogou o buquê. Houve música e boa comida. E depois se recolheram, cada um no seu quarto. Sem despedidas, ou beijos. Sem qualquer sinal de uma lua de mel apropriada. Nenhum dos dois falou sobre a noite anterior, ou sobre terem acordados abraçados na cama de Elisabeta. Elisa agora ocupava o antigo quarto de Brianna e eles estavam a um quarto de vestir de distância.

Já era dia dois de janeiro de 1931 quando os dois foram se deitar. Darcy e Elisa estavam casados. A herança de Darcy estava a salvo. A permanência de Elisa na Inglaterra também. Mas eles sentiam que ainda faltava algo. Adormeceram sentindo a falta do abraço do outro.


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Notas finais do capítulo

Feliz Ano Novo meninas!
Muito obrigada por terem nos acompanhando este ano!
Que sobrevivamos ao próximo ano.