A outra face da Rainha escrita por Sapphire


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui de novo my people :)

Obrigada pelos comentários do capítulo anterior, achei que não teria ninguém ou não iam gostar, mas isso motiva ♥ obrigada de coração

Se alguém tava fazendo teorias e desconfiando de algo, capítulo 2 ta aqui pra desvendar hahaha
Boa leitura a todas.



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Emma saiu da casa da prefeita com uma sensação de que algo de errado estava acontecendo. A sensação que a mulher guardava algum tipo de segredo sombrio parecia se estabelecer no ar no momento que elas conversaram. Mas Emma chegou à conclusão que estava ficando maluca, afinal a prefeita havia sido rude e provavelmente se sentiu ameaçada com a sua presença. E Henry estava vivo e bem graças essa mulher que o adotou, a sua pessoa já não tinha mais direito sobre o menino.

E ainda que as coisas não tivessem sido assim, em nenhum lugar a loira havia sido desejada a sua presença, sendo ela uma ameaça ou não.

Assim que ela se afastou da porta da Prefeita, Emma não segurou o seu anseio de levantar a cabeça e procurar pelas janelas da mansão no andar de cima a figura do garotinho que ela teria que abandonar uma vez mais.

A luz da segunda janela do seu lado direito estava acesa, e a figura de Henry olhando através do vidro estava límpida. Seu olhar era cabisbaixo e isso lhe cortou o coração, mas ela sabia que não possuía mais esse direito, infelizmente fizera sua escolha há dez anos.

Não tinha coragem para lhe dar um sorriso ou até um tchau com a mão, a loira apenas abaixou a cabeça se afastando da mansão Mills e atravessou o portão em direção a rua onde o fusca amarelo encontrava-se estacionado.

No mesmo instante uma atmosfera estranha se instalou no ar e um vento frio cortou o rosto da loira fazendo os pelos arrepiarem por toda extensão do corpo. Naquele momento Emma pensou que fosse apenas frio, mas o arrepio pendurou por mais alguns momentos. Sem perder mais tempo ela entrou dentro do carro para proteger-se do vento e então apoiou a cabeça no volante respirando fundo de olhos fechados. Estava exausta depois da viagem de horas que fez e não só o corpo precisava de um descanso como também a sua mente para toda a loucura que aconteceu bem no dia do seu aniversário.

Aquela noite estava sendo de grandes surpresas e cargas de informações e sinceramente, sua mente parecia um trem desgovernado prestes a bater em algo que ela não tinha conhecimento, mas sabia que ia destruir sua estrutura. Aço com aço. Coração com razão. Esse era um daqueles dias esquisitos em que tudo havia de acontecer ao mesmo tempo.

Estava ficando tarde demais para ela voltar para casa naquelas condições com sono, cansaço e dores no corpo pelo frio que estava fazendo naquela madrugada. Sem escolhas Emma, ajeitou-se no carro jogando toda a poltrona para trás e deitou-se. No banco de trás havia uma manta que ela guardava sempre consigo, pois estava com ela quando a mesma foi encontrada perdida quando ainda era um bebê. A manta com seu nome bordado era a lembrança de pista para encontrar seus pais junto de um cavalo de cristal que guardava em seu pulso que a mesma mandou fazer uma pulseira para usá-lo como pingente.

Seja qual fosse o lugar que ela ia, a loira levava sua manta, pois aquilo lhe servia de consolo e conforto nas horas difíceis. E aquela noite tinha se tornado em um desses dias.

Antes de ser vencida pelo sono, Emma tocou o objeto de cristal em forma de cavalo em seu pulso e mirou por uns instantes. Chegava a ser engraçado, mas a loira sentia em seu âmago uma força vinda daquele pingente, às vezes, quando realmente se concentrava, ela quase podia sentir uma presença familiar.

Claro que isso era um pensamento infantil que ela criou em sua mente para lhe trazer calma e não se sentir como sempre se sentiu a vida inteira. Uma órfã. Emma sabia que era besteira, afinal, como ela poderia sentir a presença de alguém que nunca existiu para ela ou sentir a presença de uma pessoa que deliberadamente a abandonara no meio fio de uma estrada?! Não fazia sentido.

Então quando ela percebia que tinha se concentrado o suficiente, quando ela sentia aquela presença familiar Emma simplesmente a bloqueava, aquilo era o mais próximo que ela queria chegar daquela mulher, uma total desconhecida. Não, ela não colocou um pequeno cavalinho de brinquedo em uma pulseira porque queria se sentir perto da mãe. Emma o colocou lá como um lembrete: Até quem deveria te amar um dia te deixa. E a loira provou mais vezes do que gostaria o gosto da rejeição. Mas o negócio sobre ainda manter o cobertor e o pequeno ornamento era muito maior que algum senso vingativo, era uma forma de dizer que algum dia ela teve família.

Com uma delicadeza e adoração aproximou o objeto aos lábios depositando um beijo antes de cobrir-se com agora então a pequena manta para seus 1,70m de altura que sempre lhe acompanhava não importando onde quer que fosse.

Emma bocejou e piscou algumas vezes coçando seus olhos que ficaram a cada segundo mais pesado. Deixando-se finalmente ser vencida, se entregou finalmente ao sono

***

A manha chegou em uma velocidade extraordinária para a prefeita da cidade de StoryBrooke. Depois de um dia inteiro agitado procurando pelo seu filho, Henry, a mulher não conseguiu pregar os olhos depois do encontro com a mãe biológica do menino. Logo que se despediu de Emma Swan, Regina foi verificar seu filho no quarto e o encontrou na janela. A visão não lhe agradara nenhum pouco, mas naquela hora achou conveniente deixa-lo sozinho. Conversaria com ele hoje antes de leva-lo a escola.

Levantando-se da cama seu corpo sentiu o sofrimento da noite anterior. Regina fechou os olhos inspirando e expirando lentamente como forma de terapia e talvez uma xicara de café ajudaria clarear a mente para poder trabalhar. Tratou de livrar-se da camisola buscando no seu closet um vestido social e lavou o rosto para maquiar-se. Assim que olhou sua imagem no espelho notou o vestígio do choro. Seus olhos estavam inchados.

Respirando profundamente voltou para o quarto e caminhou para relembrar todas as imagens da mulher em sua cabeça e tentar entender o que foi que sentiu um pouco antes do Henry chegar com ela a reboque. Se bem lembrava, uma das coisas que ela trabalhou na maldição foi que o reino que ela estava levando a todos não possuía magia, nem ela mesmo. A Regina Prefeita tinha sequer um pouco dos seus antigos poderes. Tudo havia ficado para trás, mas de alguma forma sentiu que com a chegada de Swan uma energia emanava de dentro da loira, e se não estivesse enganada, e ela realmente esperava estar, talvez a sensação estranha tenha aparecido no exato momento em que Emma atravessou a fronteira de StoryBrooke.

Emma. O nome da mulher era Emma. A morena repassou o nome diversas vezes. Talvez fosse coincidência? A antiga rainha imaginava que sim.

Tinha que ser!

Regina deslizou até a janela do seu quarto para tomar um pouco de ar. Sentia que estava ficando louca. Assim que abriu as janelas o ar entrou em seus pulmões revitalizando e refrescando o ambiente do quarto. Os olhos da prefeita pararam em frente a sua casa, onde conseguiu de longe ver a loira deitada dormindo dentro do fusca amarelo. Aquela visão nada lhe agradara.

O que diabos ela ainda estava fazendo em sua cidade?! Ela já deveria estar a meio caminho de distância, indo em direção ao raio que o parta, Regina não se importava, mas a loira, de maneira nenhuma, podia continuar em sua cidade.

Tratou logo de maquiar-se e colocar as pressas seus saltos no meio do corredor. Acordou o Henry para aprontar-se e ir à escola enquanto lhe preparava o café da manhã.  Quando ambos estavam a mesa comendo, Regina levantou.

— Henry fique aqui querido, eu já volto. – A morena caminhou elegantemente até a porta de casa fazendo os seus saltos ecoarem quando batiam no chão de madeira.

Assim que chegou em frente ao fusca, bateu na janela do lado esquerdo da loira que demorou muito para acordar. Regina fez uma careta ao notar a posição desajustada em que Emma se deitara, ela mais parecia um contorcionista.

— Senhorita Swan! – A voz da prefeita soou ríspida.

Emma respirou profundamente, como se ainda estivesse presa entre a realidade e o mundo dos sonhos. A jovem moça piscou os olhos devagar, pois a claridade do dia estava lhe doendo a vista, demorou bons momentos para entender que foi acordada. Com o rosto totalmente amassado pela noite de sono, Emma mexeu na manivela da porta abaixando o vidro. Tivera que passar a mão pelo rosto ajeitando o cabelo para parecer apresentável, não que ela se importasse com que aquela mulher iria pensar de sua aparência, mas se ela se importasse, a morena a sua frente até diria que Emma estava bonitinha.

— Pois não senhora prefeita? – A voz saiu rouca pelo sono que ainda estava presente.

— O que faz aqui parada na frente da minha casa senhorita, Swan? Achei que já tivesse ido embora para sua casa.

A loira praguejou mentalmente por ter sido acordada por nada.

— Bom, estava tarde para voltar para casa e estava cansada também. Algum problema com isso?

 A morena ia abrir a boca para responder, mas não houve tempo, pois no mesmo instante foi interrompida pelo grito do seu filho.

— VOCÊ NÃO FOI EMBORA! – Henry veio correndo na direção do carro abrindo o portão com um sorriso genuíno.

Aquele gesto natural do menino e a frase dita por ele, pareceram irritar deveras a prefeita que não tardou em cortar aquela felicidade.

— Henry, volta para dentro de casa, eu avisei para não sair. Você ainda não tomou o café e precisa ir à escola. – Regina encarou o filho séria e de braços cruzados. – Tenho certeza que a senhorita Swan já está indo embora. Ela só ficou porque era perigoso voltar àquela hora.

— Mas... – Ele tenta argumentar, totalmente fascinado pela loira ao lado de sua mãe adotiva.

— Agora, Henry! – O Tom da prefeita não deixou espaço para mais discussões.

O menino obedeceu contrariado, seus braços caíram ao lado do corpo e abaixou a cabeça, mas não deixou de manter o sorriso. Afinal, Emma tinha ficado! Ela realmente escolheu isso, escolheu ele, Emma iria quebrar a maldição e libertar a todos.

Um estalou se fez na cabeça da Emma, e na hora entendeu a preocupação da Regina ir falar com ela ali fora. Tinha medo que ela ficasse na cidade por causa do Henry e apresentasse algum perigo à guarda do garoto. Ainda que parecesse claro aquele gesto, movida pelo instinto de proteção, Emma saiu do carro e olhou para a mulher a sua frente.

— Era mesmo necessário falar com ele dessa forma? – Emma fincou as feições em uma carranca.

Aquele gesto despertou novamente um djavu em Regina que quase a fizera perder o fio da meada e esquecer o porquê de estar ali. O olhar de Emma levou a rainha a um passado antigo e muito distante, essa sensação durou um segundo, a fazendo suavizar momentaneamente, mas logo a postura firme estava ali novamente.

— Acho que a senhorita sabe bem porque eu quero Henry longe da sua presença. Meu filho foi atrás de você, nunca o contei que era adotado e você ainda permanecer nessa cidade me faz pensar que você talvez não queira ir embora. – Regina confessou aquilo parecendo que estava segurando uma enorme raiva.

— Olha, eu vim só para traze-lo. A minha intenção não foi ficar aqui e tomar ele de você. – Emma vestiu a jaqueta para cobrir. – Eu já estou indo embora.

— Acho muito sensato da sua parte, senhorita Swan, espero que quando eu voltar do trabalho hoje não esteja mais aqui ou do contrário eu....

— Você o que? – Agora Emma estava cara a cara a poucos centímetros da morena.

Regina apenas lhe lançou um sorrisinho.

— Você não sabe do que eu sou capaz. – As palavras correram de sua boca em uma voz rouca. – Tenha uma boa viagem até a sua casa, senhorita Swan.

E dizendo aquilo Regina caminhou em direção a mansão em passos elegantes deixando uma jovem bastante confusa com o que tudo havia acabado de acontecer. Não sabia explicar exatamente a sensação que sentia, mas de uma coisa Emma sabia, não gostou nada da forma que a prefeita falou com ela.

***

Uma Mercedes preta estacionou em frente à escola. Diversas crianças acompanhadas pelos pais despendiam-se deles rumo ao prédio para mais um dia de aprendizado. Regina entregou a lancheira ao seu filho e lhe deu um beijo na bochecha.

— Boa aula, querido. – disse lhe dando um sorriso e afago nos cabelos.

— Tchau mãe. – respondeu fechando a porta do carro e andando em direção a escola, assim que Regina virou a esquina, Henry correu a direção oposta da porta do colégio.

***

Emma dirigia seu automóvel praguejando o nome de Regina Mills desde o momento que saiu da frente da casa dela. O tom de ameaça que recebeu só fizera a raiva aumentar a vontade de ficar mais ainda. Cogitou a possibilidade do que Henry havia falado se Regina era mesmo uma mulher má. Ela balançou a cabeça tentando afugentar tais pensamentos.  Era loucura passar pela cabeça que só dois minutos de conversa com alguém poderia saber quem era aquela pessoa. As experiências de vida pesavam quando o assunto era julgar alguém antes de conhecer. Em todo caso, Emma pensaria sobre o assunto depois com calma, pois no exato momento queria tomar seu café da manhã porque estava morrendo de fome.

Depois de circular com o carro pela cidade finalmente encontrou um estabelecimento com o nome de Granny’s e na porta um letreiro com luzes estava escrito: CAFÉ. Emma respirou aliviada e estacionou o carro em frente ao estabelecimento. Ao entrar escolheu a mesa próxima a janela com acesso de frente a rua e logo uma garçonete de cabelos castanhos e shorts curtos veio em sua direção com um sorriso.

— O que vai pedir? -  A moça parecia uma adolescente com a mecha vermelha e trajes curtíssimo.

— Um chocolate quente com canela por cima e torradas, por favor. – Pediu com a melhor cara que poderia oferecer no momento.

— Já trago para você. – A moça sorriu deslizando sobre os patins que usava.

Assim que ela sumiu por de trás da porta que tinha atrás no balcão, o sininho do local tocou e Emma viu Henry entrar pela porta. Estava com uniforme da escola e a mochila que carregava na noite passada.

— Hey. – O menino aproximou-se com um sorriso.

— Garoto, o que faz aqui? Não deveria estar na escola? – Emma o repreendeu. Sabia que certo alguém se soubesse onde ele estava, não ia gostar nada.

— Sim, mas eu vim atrás de você. Imaginei que antes de querer ir embora ia tomar seu café na Granny’s. É o melhor lugar da cidade para comer e encontrar pessoas. – Disse encolhendo os ombros.

— Talvez porque seja o único lugar da cidade com comida? – Emma perguntou.

—Você se acostuma. – Respondeu não parecendo ligar. Parecia que estava preocupada com outra coisa e a curiosidade não demorou muito em aparecer. – Mas então.... O que a minha mãe te falou? Ela ameaçou você?

— Digamos que a sua mãe parece ser uma pessoa que não gosta de visitantes. – Emma respondeu hesitante. Não sabia dizer se foi correto envolver o menino na discussão.

— Ela não te odeia de verdade, só não sabe quem você é ainda. – Ele moveu os ombros torcendo os lábios não ligando.

— Do que você está falando? Como assim ela não sabe quem sou eu?

No momento que Henry ia responder, a garçonete chegou com o chocolate quente e canela junto com as torradas. Ela logo percebeu que parecia estar atrapalhando algo importante dos dois porque juntos encaravam a morena.

Logo que ela se afastou, Henry voltou a atenção a Emma, mas antes mirou bem a caneca de chocolate.

— Eu também gosto de canela em cima. – Confessou.

Emma olhou na direção da caneca e sorriu.

— Acho que não era exatamente isso que você ia me contar, ou era?

Henry abriu a mochila e de dentro dela tirou o livro de contos de fadas que lia na noite passada no carro da sua mãe biológica. Talvez ali fosse a hora de jogar a bomba, sabendo que ela poderia acha que ele estivesse brincando de faz de conta.

— Você se lembra de ontem quando disse que aquele livro não era apenas um conto de fadas, mas que contava a verdade? – Perguntou inseguro prendendo o lábio inferior.

— Acho que sim. – Respondeu incerta.

— É porque todos os personagens desse livro estão aqui. Em StoryBrooke, vivendo sob uma maldição que a Regina colocou em todos.

— Maldição? Personagem de livros de contos de fadas? – A voz de Emma tinha tom um desacreditado misturado dom divertimento pela resposta que recebeu.

— Eu sabia que você não ia acreditar em mim logo de primeira. É sempre assim nos filmes e livros com os heróis.

— Você já me pareceu ser alguém com uma boa imaginação, mas não sabia que tinha tanto, garoto. – Emma riu bebendo o chocolate.

— Estou dizendo a verdade, e você também está no livro, veja só isso. – Ele mostrou a foto de um bebê ilustrado com cobertor bordado escrito o nome Emma.

Aquilo sim foi algo extraordinário para a loira. O desenho era idêntico ao cobertor que ela tinha guardado desde a infância, na qual encontraram ela enrolada. E um desenho de um cavalo miniatura ao lado da criança parecido bastante com o que ela tinha guardado como pingente.

— Isso não quer dizer nada. É só um personagem com o mesmo nome que eu. – Respondeu desviando o olhar para encarar o menino.

— É você e esta é a minha mãe – Ele mostrou um desenho de uma mulher vestida de negro – A Rainha Má. E é a sua mãe também.

— Regina minha mãe? Henry, isso já é um pouco demais. - Emma resolveu entrar no jogo. – Você não acha que para ser minha mãe ela não deveria ter assim, mais anos do que eu? Devemos ter a mesma idade.

— Aqui o tempo não corre. Está vendo aquele relógio ali. – Ele apontou para a torre no centro da cidade acima da livraria que sustentava um relógio com os ponteiros parados. – Ele nunca funcionou.

— Se o tempo aqui não corre, como me explica o fato de você estar crescendo a cada ano? Tenho certeza que a ultima vez que nos vimos você era um bebê. – Acrescentou com um sorriso compreensível. – E te garanto que eu já fui criança há 20 anos.

Henry devolveu o sorriso.

— Eu não nasci na Floresta Encantada e não vim com a maldição igual você.

— Bom argumento. Mas Henry, isso aqui é realidade e isto aqui. – Ela bateu na capa dura do livro. - São contos de fadas. Você me procurou e me trouxe de Boston até aqui para falar em personagens de livros?

— Estou dizendo a verdade, Regina perdeu a filha dela anos atrás e você é esse bebê do livro. O problema que ela lançou essa maldição e ninguém se lembra quem são. E você é a única que pode quebrar a maldição que ela lançou em todos.

Os olhos verdes de Emma encarou profundamente os verdes de Henry. Não havia resquícios de mentiras, mas isso porque ele era criança e acreditava fielmente naquela loucura infantil chamada imaginação.

— Eu só acho que a sua mãe é um pouco dura na queda e está com medo de perder você. Mas isso não a faz a rainha má da história da vida real. E só porque sou órfã e ela tenha perdido a filha como você disse que eu sou aquela criança. Agora preciso tomar café e ir embora antes que sua mãe me encontre aqui.

— Você nunca fez algo extraordinário acontecer quando estava zangada, feliz ou triste? Algo estranho nunca aconteceu com você que não pudesse explicar? – Emma ponderou por breves minutos. Várias coisas já aconteceram com ela e sem razão alguma, essas coisas puderam ser explicadas e uma delas por exemplo foi o bolo que estava totalmente destruído e queimado quando tirou do forno antes do Henry aparecer. – Viu só? – Sorriu vitorioso. – Isso porque você é filha da rainha má e você tinha poderes quando nasceu. Eu vou provar a você que isto é verdade Emma! – Disse convicto roubando uma torrada e mordendo.

Floresta Encantada

Regina já havia experimentado muitas dores físicas. Sua mãe Cora fizera esse favor muitas vezes quando a disciplinava com castigos físicos. E ainda havia a primeira vez em que ela montou em um cavalo que o seu pai lhe presenteou no seu décimo aniversário.

Mesmo com um instrutor, Regina não pode controlar a maneira arisca que o cavalo a havia tratado. O tombo tinha sido tão violento que por muito pouco ela não tinha ficado paraplégica, graças a versatilidade de sua mãe em magia a sua recuperação havia sido um sucesso.

Embora o susto depois de muitos anos havia sumido junto com a determinação de voltar a montar que queimou em seu peito, a dor estava muito bem gravada e naquela época tinha sido horrível.

Mas nada, absolutamente nada se comparava com a dor que ela estava sentido nesse exato momento. Ela sempre ouvia as mulheres pelo palácio, as criadas e até sua mãe falar como dar à luz era extremamente difícil. Dolorido e cansativo. Nenhuma palavra fazia jus a experiencia pessoal.

Deitada na cama, vestindo uma camisola preta de algodão, com seus cabelos soltos sobre travesseiros e testa pingando de suor, Regina não parava de ofegar e fazer força enquanto uma de suas criadas e parteira lhe ajudava a trazer ao mundo aquela criança.

A sua criança.

Aquela tortura parecia não ter fim. Ela não soube por quanto tempo de exatidão esteve naquele sofrimento desde que a bolsa se rompeu e as contrações começaram. Mas pelos seus cálculos aquilo estava durando mais do que oito horas. A dilatação tinha sido excessivamente lenta.

— Por favor, Majestade, mais força! – A jovem senhora instruiu a rainha.

O quarto estava mergulhado em um grande caos. A cama que Regina estava deitada era um grande emaranhado de lençóis brancos e ao lado da criada havia bacia com água morna para ajudar na limpeza assim que o bebê nascesse.

Se seus inimigos pudessem vê-la naquele momento...

Regina parecia uma mamãe porco-espinho naquele exato minuto. Suas feições distorcidas pelas dores do trabalho de parto, toda a franja da sua testa ensopada e seu cabelo grudento até o pescoço pelo esforço físico de tentar empurrar. O impulso era tanto que sua face toda era rubra com o sangue subindo a cabeça e a veia de sua testa pulsando pelo enorme estimulo que estava tendo.

Estava exausta e a cabeça nem mesmo havia aparecido. Parecia que a criança não queria ajudar em nada sua fadigada mãe.

— A cabeça já está saindo.

‘Graças a Deus’ Regina pensara. Embora todo aquele sofrimento, seu coração ansiava para conhecer seu bebezinho. A única pessoa no mundo que ela amaria mais do que a si mesma. A pessoa que a estimularia ser alguém melhor.

Não lhe importaria se fosse menino ou menina, entretanto sua má experiencia com sua enteada no passado a fazia desejar que estivesse carregando um pequeno cavalheiro.

— Os ombros estão saindo, majestade. – A voz da parteira lhe despertou.

Ela pode respirar aliviada assim que sentiu que não precisaria mais empurrar a cada contração. A rainha sentiu uma pressão saindo de dentro dela e tombou a cabeça pra trás ofegante ouvindo um choro potente de quem havia pulmão forte. Mas também era um choro de quem estava desesperado para voltar do lugar quentinho e protegido da qual lhe tiraram.

O lado humano e agora mãe chorou junto também. Seus olhos fecharam e abriram em um segundo para poder encontrar seu bebê.

— É uma menina! – A criada anunciou limpando o pequeno serzinho e devolvendo aos braços que lhe pertenciam enrolada em uma manta macia.

Aceitando o pequeno embrulho em seu colo, a morena sorriu ao conhecer o rostinho da sua filha. Assim que a tomou nos braços a pequenina cessou o choro como se já soubesse que ali era seu lugar. E estava tudo bem.

Não pode deixar de notar que aquele bebê se parecia com ele, não com ela. Os cabelos ralos indicavam que aquela criaturinha teria os cabelos loiros e não escuros como os dela. Mas pela primeira vez a rainha não ligava para absolutamente nada.

— Oi – Regina disse entre risos e lagrimas. – Então era você que chutava a mamãe? – Perguntou acariciando a bochecha com seu dedo. Ela queria conhecer cada traço e existência daquele bebê, da sua filha.

Aquela pele era tão macia e fina. Segurando a mãozinha do seu bebê e desenrolando a manta, a morena olhou cada membro para verificar se estava tudo certo com a sua menininha e constatou que era tão frágil. Tão puro. Como poderia ela ter feito aquele ser quando ela era tão corrompida? Como saiu de dentro da rainha má?

Constatando este fato sabia que usaria todo recurso para ama-la e protege-la. Seriam elas duas contra o resto do mundo.

Depois que as criadas a ajudaram se livrar da placenta, limpa-la e trocar os lençóis de cama, Regina não se separou mais da sua filha, a embalando e cantarolando. A garotinha estava há uns bons dez minutos agarrada em seu peito mamando e não parecia que largaria tão cedo.

— Precisamos te dar um nome. – Conversava enquanto via os olhinhos do bebê fechados, mas a boca se movia muito bem em volta do bico.

Meditando para alguns nomes que seriam perfeitos para uma princesa, Regina não conseguia chegar a lugar nenhum. Parecia que nada se adequava ao neném. Então lembrando se de um que parecia adequar-se ao momento que estava vivendo ela decidiu.

— Acho que vou chamar você de Emma. Porque você é meu Todo, meu Universo. – Regina disse com um sorriso lembrando do significado por trás do nome.


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Notas finais do capítulo

O que acharam??



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