Os Supremos escrita por HunkV2


Capítulo 1
Um Novo Dia




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 A sala está escura. As luzes estão apagadas, os papeis de projetos e cálculos jogados sobre a mesa. Luzes fracas de máquinas tecnológicas fazem sua presença discreta em meio o laboratório. O horário no relógio digital marca 02:32 p.m., horário de Washington D.C.

 Um alarme baixo toca, as luzes de uma capsula acendem. O nitrogênio que congela o que está dentro deste começa a descongelar. A porta de metal da capsula se abre, parte para cima, parte para baixo. De dentro dela, cai ao chão um homem, completamente nu. Suas costas possuem diversas cicatrizes circulares e uma única no centro de seu peito. Seu corpo é completamente marcado com linhas negras, que o percorrem como se tivessem sido pintadas pelo mais delicado e bruto pincel.

 Com dificuldade, ele se levanta. Sua visão está turva devido a ressaca do longo sono. Ele não sabe onde está ou o que está acontecendo. Ao andar cambaleante para a porta de saída, uma luz forte e branca quase o cega. Um grande corredor branco que vai da direita para a esquerda faz a luz ser mais forte que o sol, para uma pessoa que passou tanto tempo no escuro. Ele olha para os lados e vê pessoas vestidas de jalecos, assustadas com a figura despida do homem forte de cabelos negros. Ele toma a direção para a direita e começa a andar mais rápido.

 Ele nota que o ar do local é diferente de onde ele vivia. É um ar mais puro, mais oxigenado, isso o deixa tonto. As pessoas que olham para ele enquanto o mesmo anda fazem-no se sentir desconfortável. Algumas dessas pessoas possuem linhas pelo corpo, assim como ele, mas são de cores diferentes: vermelho, marrom, azul, verde e preto. Ao chegar numa porta, ele a abre com violência. Alguns soldados que estavam do lado de fora apontam seus rifles de assalto para o homem. Um homem de jaleco diz para eles abaixarem as armas. Neste momento, o homem está observando o céu azul cheio de nuvens. Ao fundo vê uma grande cidade com grandes arranha-céus. O som da natureza e do vento é quase ensurdecedor, mas muito agradável.

 -Finalmente você acordou. -diz uma voz delicada feminina.

 O homem olha para traz e vê uma linda mulher, com cabelos longos de cor verde-primavera e olhos verde-escuros. Ela veste um vestido verde-claro muito bonito e um colar com uma pedra de esmeralda em um formato de um símbolo. Ela está sorrindo para o homem, que está com uma calma espiritual muito evidente em sua face. Ele abre a boca e diz, com uma voz fraca:

 -A... acabou?

 -Sim. -A mulher responde.

 O homem sente um alivio muito grande no coração e na alma. Suas pernas ficam fracas, sua visão se escurece e ele cai desmaiado, mas antes de cair no chão a mulher rapidamente o segura nos braços. Ela fica admirando o rosto do homem, com uma felicidade gritante em seu rosto. Ela diz em um tom baixo:

 -Sentimos a sua falta, Black.

—--------------

 Ele vê nada mais que a luz da escuridão em que nasceu. Ele escuta o belo som do silêncio. Suas memórias são apenas pesadelos, de um passado de cinzas e sangue. Sua história não é digna de ser lembrada por seus sucessores. Ele se vê em pé numa lua, desértica e sem nenhum ar, apenas as estrelas da imensidão do cosmo escuro. Em sua frente, um planeta, com um único continente e um gigantesco oceano. Apesar disso, nada de vida inteligente pode ser encontrada nele. Em sua volta, armas, de todos os tipos, tamanhos e cores; armas de todas as eras e povos. Todas fincadas ao solo cinza do satélite natural. Ao fundo, uma figura ajoelhada. Em suas costas estão fincadas várias espadas, lanças e machados, porém nenhuma dor ele sente, apenas a amargura e desgosto de sua própria existência patética e desprezível. Porém, nisto, uma luz forte cobre sua visão e Black, o homem recém desperto, acorda.

 Black, como a mulher o chamou a alguns momentos atrás, está deitado em uma cama, coberto com um cobertor branco. Ele ergue-se e senta-se, forçando os músculos dos braços para poder sentir-se acordado e vivo, de fato. Ao olhar para o lado vê uma roupa de seu tamanho, a roupa em si é uma armadura negra. Black levanta-se da cama e encara tal traje, que o leva a memórias do passado, memórias estas que ele preferia esquecer. Logo nota um bilhete ao lado da armadura que diz “Vista-se e venha a Sala Central”.

 Sala Central? Black não se recorda de nenhum local oficial com tal nome. A curiosidade o faz vestir-se rapidamente. Ao sair do quarto, depara-se novamente com o corredor branco. Depois de pedir informações para onde deveria ir, ele segue seu caminho.

 Após subir várias escadas e andar mais um pouco, desta vez em corredores pintados de azul, Black chega a uma porta. A porta está estampada com um círculo possuindo cinco símbolos externos e um, maior, interno. E este símbolo central de cor verde ele conhece. Na verdade, ele conhece todos os seis símbolos. Logo ele entra na sala sem demora e se depara com a mulher e uma garota, mais ou menos da idade dele, vestida com uma armadura verde e ornamentada com ouro. Esta garota possui um cabelo curto de cor verde-esmeralda e é muito bonita.

 -Black, sente-se. -diz a mulher.

 Black vê alguns assentos e faz o que a mulher diz. Ao sentar-se, ele pergunta:

 -Por quanto tempo eu dormi?

 Após alguns segundos de silencio, a mulher responde:

 -Muito...

 -... Entendo. -diz Black. -Mais alguém sobreviveu?

 Mais um silencio, desta vez mais longo. Quando a mulher ia dizer algo, Black fala:

 -...Vejo que não...

 Mais um momento de silencio. Estes momentos são, para Black, momentos únicos, que ele nunca teve na vida. Com algumas lágrimas começando a surgir em seus olhos, ele diz:

 -Eu não consegui salvar ninguém... Se eu tivesse avisado a vocês do que ter ido direto ao campo de batalha, então... talvez...

 A mulher vai até ao lado de Black, senta-se ao seu lado, coloca a mão sobre a dele e tenta consola-lo:

 -Não foi culpa sua, Black. Você não era e nem é poderoso o suficiente para-

 -Mas eu deveria ser! -retruca, Black. -Eu perdi muito naquela noite porque eu era fraco... na verdade, ainda sou fraco... eu deveria ter morrido naquela noite, não eles!

 Black não consegue segurar mais o choro. A mulher o abraça para tentar acalma-lo. A culpa, sentimento mais poderoso e perigoso que alguém que cometeu algum erro pode sentir, começa a tomar conta do coração de Black. Nada além de arrependimentos. Um sentimento de impotência, de inutilidade muito forte começa a ressurgir nele.

 Após esse momento, ele repõem-se e diz:

 -Vejo que você virou a Imperatriz dos Venctuz, Viridi.

 A mulher sorri ao ver que Black se lembra de seu nome.

 -Sim, isso já faz algum tempo. Esta conosco é a minha irmã, Green. Você se lembra dela, não é?

 -Oi. -diz a garota com um sorriso simpático.

 -Claro. Me lembro de brinca com ela quando a mesma era apenas uma criança. -diz Black. -Mas... aonde estamos?

 Viridi fica cabisbaixa, um pouco relutante, mas logo responde:

 -Estamos na Terra. Nosso planeta, Shadow, implodiu devido a instabilidade do núcleo...

 -...Entendo... -diz Black.

 Black não está surpreso de tal noticia. Ele já havia alertado aos antigos líderes dos Seis Impérios que o Núcleo do planeta iria entrar em colapso mais cedo ou mais tarde devido a exploração desenfreada de seus recursos.

 -Conseguimos evacuar o planeta, mas as imperatrizes recusaram a deixar o nosso mundo... -continua Viridi. -Chegamos na Terra no Século XI, no calendário humano, e fomos acolhidos pelos reis e pela Santa Igreja... mas muita coisa mudou... Bom, depois irei contar-lhe do resto da história.

 Viridi se levanta e continua:

 -Uma outra convidada está prestes a chegar.

 -Convidada? -diz Black curioso.

 Após isso, ouve-se o som da porta abrir-se e uma voz doce, delicada, angelical e muito agradável feminina é ouvida por Black:

 -Desculpem pela demora.

 Black fica levemente assustado com tamanha delicadeza dessa voz. Ao virar-se para ver quem é a pessoa, ele levanta-se com um susto. A jovem que entrou no local é uma mulher de uma beleza inestimável e indescritível. Possui cabelos longos e brancos como a mais pura neve do mundo. Seus olhos são prateados e hipnotizantes. As linhas que percorrem seu corpo são de cor branca pura. A moça nota o espanto de Black e também fica levemente assustada com o movimento que ele fez.

 -Black, quero lhe apresentar a Lightning. Filha da Imperatriz dos Heoz, Lux. Mas acho que você já deve saber disso.

 Ele ainda não consegue crer no que seus olhos estão mostrando. Uma Heoz? Viva? Como isso é possível? Porém, ele começa a lembrar. A lembrar daquele bebê que ele segurava nos braços enquanto fugia da destruição e da carnificina. Um bebê que ele jurou proteger com sua alma e que acabou levando-o ao coma por mais de 1 milênio.

 A jovem Lightning, então, diz:

 -Muito prazer em conhece-

 Ela é interrompida com Black abraçando-a com muita força. Isso pegou tanto ela quando a Green desprevenidas. A Green fica sem entender daquele ato de intimidade. A Lightning fica com o rosto completamente corado.

 -Hã...?! Ei...?! O que você- diz Lightning envergonhada.

 -Obrigado... -diz baixo, com uma voz de choro, Black.

 Black começa a chorar enquanto abraça Lightning, mas não é um choro de tristeza, mas sim de felicidade, alivio, esperança.

 -Obrigado, Divindades... -continua Black.

 Lightning, ao notar isso, se acalma e também abraça Black.

 -Obrigado por me permitirem salvar, pelo menos, um... -diz Black.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por ler este capítulo!
Críticas Construtivas são sempre bem-vindas.



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