Digimon: Fighters escrita por Ed Junior


Capítulo 10
Os Medos de Letícia


Notas iniciais do capítulo

Novo capitulo pessoal! Aproveitei e espero que gostem!



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            Letícia varreu a sala com seu olhar, passeando pelas expressões de todos os outros em sua frente. Todas elas eram de choque e confusão. E ela não podia culpa-los por estarem surpresos.

            Ela não conseguiu sustentar encarar todos ao seu redor, então seu olhar rapidamente encontrou o chão.

            Por breves momentos, ninguém disse nada. Letícia pensou que ninguém conseguia dizer nada naquele momento, porque nenhum deles tinha uma reposta para o que ela falou. Foi o dr. Joel quem quebrou o gelo.

            — Você não quer ir para o Digimundo? — ele não soava decepcionado ou repreensivo, ele havia perguntado como se estivesse atrás de uma resposta verdadeiramente honesta.

            Letícia moveu sua cabeça de um lado para o outro em forma negativa, ela ainda encarava o chão.

            — Por que não? — foi Vitor quem perguntou — Vai ser uma aventura, Letícia! Imagina os lugares incríveis que vamos ver!

            — Eu não quero uma aventura — Letícia respondeu — Eu nunca fui uma aventureira, sempre preferi ficar no meu quarto. Eu não quero uma aventura, eu não quero lutar.

            Novamente houve silêncio. Letícia sentia um aperto em sua garganta enquanto esperava que eles ficassem bravos com ela. Mas o que ouviu foram passos calmos vindo em sua direção.

            A curiosidade foi maior que o medo da repreensão e Letícia levantou seu olhar encontrando Daniel andando em sua direção. Seu olhar determinado causando arrepios em sua espinha.

            Ele parou bem em frente a ela e colocou sua mão no ombro de Letícia.

            — Você não precisa vir com a gente para o Digimundo — Daniel falou, sua voz mais profunda do que ela tinha ouvido a primeira vez que se encontraram. A voz dele agora parecia carregar um peso a mais que não estava lá antes — Nós fizemos uma escolha de ir e ajudar os digimons, mas também fizemos a escolha de abandonar muita coisa nesse mundo. E eu entendo que é uma aventura assustadora, mas os digimons precisam da gente. Mas nós entendemos se você não quiser ir, porque o que foi pedido de nós é muito e nem sempre nós podemos atender as expectativas que são colocadas em nós. Se você não quiser ir, não se sinta obrigada a ir.

            Letícia não sabia o que dizer, por breves segundos ela não conseguia encontrar palavras em sua mente. Ela sentia as lágrimas se formando em seus olhos.

            ― Eu... ― ela começou a falar, mas foi interrompida pelo som de máquinas funcionando. O laboratório foi tomado por um som rotativo como se um computador estivesse sendo ligado e todos se voltaram para a grande circunferência no centro do local.

            ― A sequência de abertura do portal foi iniciada ― a cientista morena, Cristina, falou. Faíscas começavam a sair das extremidades da estrutura de metal enquanto Cristina e Susana passeavam com seus dedos pelas teclas dos computadores ao lado da circunferência. Letícia deduziu que aquele era o portal.

            ― Abertura será realizada em 10 segundos ― Susana, a cientista loira, complementou. Letícia novamente sentiu todos os olhares sobre si quando todos se voltaram para ela.

            ― Acho que é isso, então ― foi Daniel quem falou, encanrando-a com um olhar determinado e um sorriso fraco ― Mesmo que não tenhamos passado tanto tempo juntos, você vai fazer falta no nosso time, Letícia. Um grupo só de garotos sem uma garota é bem sem graça.

            Letícia se surpreendeu. Ela realmente não esperava tanta solidariedade deles. Ela não os conhecia há muito tempo, nisso o Daniel estava certo, então ela não sabia o que esperava como resposta. Que ficassem zangados? Que tentassem convencê-la a ir ao Digimundo com eles?

            ― E pode deixar que a gente vai tomar conta da sua digimon ― Daniel completou antes do barulho de faíscas mais violentas tomar conta do cômodo. Todos se voltaram novamente para a circuferência de metal enquanto uma espécie de buraco negro se abria em seu centro. Aquele deveria ser o portal para o Digimundo. De repente, Letícia sentiu seu estômago revirar com pura ansiedade.

            ― Aqui vamos nós! ― foi Vitor quem falou isso. O entusiasmo era claro em sua voz. Letícia se encolheu, desejando ter todo aquele entusiasmo para embarcar em uma aventura como aquela.

            ― Não se sinta mal ― a voz de Toramon vinda de dentro do digivice chamou a atenção de Letícia, que retirou o aparelho de seu bolso e encarou a imagem da pequena digimon na tela ― Não precisa se sentir mal por não ir comigo ao Digimundo. Você só está fazendo o que é melhor para você.

            Letícia encarou o sorriso sincero e reconfortante da digimon flor na tela do pequeno aparelho e sentiu seu coração apertar. Toramon e Daniel. Ambos estavam sendo tão compreensivos com a necessidade de Letícia, não a estavam julgando, mas sim acolhendo-a e entendo o que ela precisava. Ela queria poder ser assim e ir para o Digimundo. Mas o medo do desconhecido, o medo de deixar seus pais... Ela não conseguia evitar sentir-se assim.

            ― Eu... ― Letícia começou a falar, mas foi interrompida por um grito frenético do dr. Joel.

            ― O que está acontecendo? ― Letícia se virou para a direção do portal a tempo de ver faíscas negras tomando conta do buraco para o Digimundo. A cincunferência parecia estar se distorcendo e raios roxos atingiam os computadores ao redor. Dr. Joel, Cristina e Susana pareciam desesperados ao teclarem no computador, tentando encontrar um jeito de reverter aquela situação.

            ― Não sei, dr. Joel ― foi Cristina quem respondeu ― Parece que tem alguma coisa errada com o portal, mas nossos sensores não estão captando nenhuma falha tecnológica.

            ― O que quer que esteja acontecendo, está sendo causado por uma fonte externa ― Susana completou. Letícia se virou para o dr. Joel no momento em que a compreensão chegou aos seus olhos.

            ― Isso é obra de Royalmon ― e, assim que o cientista mais velho terminou de falar, o laboratório explodiu.

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            Encantemon encarava a água que lhe mostrava o mundo humano com pura admiração e orgulho. Seu plano estava se desenrolando com perfeição. O portal para o Digimundo dos humanos estava corrompido pelo seu feitiço e, agora que o portal estava destruído, a melhor parte do plano se concretizaria: a destruição completa dos digiescolhidos.

            Jokermon nunca mais questionaria sua lealdade a Jupitermon. Assim que ela destruísse os digiescolhidos, os planos de Jupitermon estariam mais próximos de sua concretização e ela seria a principal responsável pelo êxito de seu mestre. E, assim, ela dará a risada final e não Jokermon.

            ― Venha, minha bela criação! ― Encantemon vociferou ― Acabe com essas crianças de uma vez por todas!

            Encantemon estendeu seu braço sobre o a cratera da caverna onde a água mostrava o pequeno laboratório em chamas e faíscas começaram a aparecer entre seus dedos. Uma fumaça roxa se encaminhou até a água e a figura monstruosa começou a se formar no mundo dos humanos.

            Um sorriso de canto de boca surgiu em seu rosto enquanto ela admirava o que seria o fim dos digiescolhidos de Halomon e o começe do reino de trevas de Jupitermon sobre o mundo dos humanos.

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            O laboratório estava coberto de fumaça e chamas, fazendo com que tosses e gritos pudessem ser ouvidos de todos os cantos. Letícia conseguia ouvir os outros gritando para que todos saíssem do pequeno cômodo o mais rápido possível, berrando direções para portas e saídas de emergência.

            Letícia não sabia ao certo como, mas em menos de cinco minutos ela se encontrou do lado de fora do laboratório que se localizava no interiro do bosque da cidade de Porto Novo, afastado da civilização. Daniel, Lucas e Vitor também estavam no gramado, tomando fôlego por causa da fumaça. Dr. Joel, Cristina e Susana estavam mais próximos do prédio do laboratório, parecendo confusos e preocupados. Letícia imaginava o que estava se passando na mente deles enquanto encaravam a grande coluna de fumaça que saía de onde era o laboratório subterrâneo.

            ― O que foi isso? ― foi Lucas quem perguntou.

            ― Royalmon destruiu o portal ― Cristina respondeu, sem desviar os olhos da fumaça densa ― Ele fez alguma coisa que corrompeu a informação para abertura do portal e usou isso para destruir nossa passagem para o Digimundo.

            ― Como isso é possível? ― Lucas continuou a questionar ― Royalmon está no Digimundo. Como ele poderia corromper o portal aqui no mundo humano? Ele não teria que estar aqui para isso?

            ― Você está certo, Lucas ― dr. Joel confirmou ― Royalmon precisaria estar aqui nesse mundo, mas Encantemon, não. Tenho certeza de que isso é obra dela e eu fui um tolo em não pensar que isso poderia acontecer.

            ― Então como vamos para o Digimundo agora? ― Daniel perguntou, tomando parte na conversa. Mas antes que dr. Joel ou qualquer um dos outros pudesse responder sua pergunta, um grito estridente cortou o ar e chamou a atenção de todos eles.

            O grupo se virou para encarar os destroços do laboratório no exato momento em que uma figura fantasmagórica do tamanho de um prédio emergiu da fumaça. A figura que era de um roxo escuro e assustador tinah a forma de um fantasma feito de relâmpagos com olhos achatados e uma boca triangular. Dois braços saíam da metade de seu corpo que terminava em uma ponta que não tocava o chão.

            A figura gritou novamente, fazendo os ouvidos de Letícia doerem com seu som cortante e fazendo suas pernas tremerem com o volume alto. Ela sentiu todo o medo que tinha sobre a missão no Digimundo se tornando realidade bem em sua frente. Aquele fantasma digital era como a prova viva de que Letícia estava certa em temer o Digimundo e somente reafirmava que ela estava fazendo a escolha certa em não se juntar aos outros nessa missão maluca.

            ― Que digimon é esse? ― Lucas perguntou. Enquanto todos encaravam o fantasma roxo faíscas saiam de seu corpo como relâmpagos e atingiam o solo ao seu redor.

            ― Isso não é um digimon ― dr. Joel respondeu.

            ― Não é? ― Daniel se colocou na conversa ― Então o que é essa coisa?

            ― Acredito que seja algum feitiço de Encantemon ― dr. Joel continuou a falar ― Não posso dizer com certeza, mas, seja o que for, não é um digimon.

            Antes que qualquer um pudesse dizer qualquer outra coisa, o monstro digital pareceu encarar o grupo que se encontrava no gramado como se os visse pela primeira vez. Um rosnado rangido saiu de sua boca novamente enquanto ele estendia um de seus braços na direção dos humanos que o encaravam.

            ― O que ele tá fazendo? ― Vitor perguntou e a resposta veio do prórprio monstro quando seu braço se transformou em um relâmpago roxo mortal que seguia em direção ao grupo de humanos, pronto para acabar com eles.

            ― Se afastem! ― dr. Joel gritou e, no mesmo instante, todos se afastaram da zona de impacto do ataque do fantasma estático. Letícia pulou para o lado no mesmo momento em que o chão abaixo de seus pés explodiu. Imediatamente, ela sentiu um frio no estômago e um arrepio nos braços enquanto seus dedos começavam a tremer.

            Ela caiu de joelhos no chão e sentiu uma falta de ar intensa. Aquilo tudo era real demais, perigoso demais para ela. Ela queria correr, mas suas pernas pareciam não obedecer os comandos de seu cérebro.

            ― Digimon ou não, se não fizermos alguma coisa ele vai destruir tudo por aqui ― Letícia ouviu Lucas dizer enquanto ele ficava de pé novamente depois do ataque. Lucas encarava o monstro em sua frente com uma determinação pura que Letícia não conseguia evitar se não invejá-lo.

            ― Muito bem ― dr. Joel falou, também se colocando de pé ― Cristina, Susana ― ele chamou e foi então que Letícia notou as duas cientistas ao lado dele, prontas para ajudar com o que quer que ele fosse pedir ― Voltem ao laboratório. Preciso que descubram se podemos reparar o portal dimensional. Eu e os meninos cuidaremos dessa coisa.

            ― Sim, senhor ― as duas falaram em uníssono e partiram para a fumaça do destruído laboratório.

            Letícia então voltou a olhar para dr. Joel enquanto ele puxava um digivice verde água de um de seus bolsos e apontava-o na direção do monstro fantasmagórico.

            ― Beninomon, materializar! ― dr. Joel exclamou e, com um aperto no botão do meio do aparelho, uma luz emanou da espécie de camêra que o digivice possuía ao lado oposto da tela. Em menos de um segundo, o digimon que o dr. Joel havia chamado, Beninomon, estava bem em sua frente ― Precisamos acabar com esse fantasma, Beninomon! Pronto?

            Beninomon não respondeu com palavras, apenas um som que Letícia julgava ser uma concordância. Então um fogo verde água formado de dados se formou no punho esquerdo do dr. Joel e o cientista rapidamente colocou sua mão sobre a extremidade superior do digivice, que absorveu os dados rapidamente.

            ― Carregar DNA! ― as palavras saíram da boca do dr. Joel enquanto a tela do digivice brilhava apontada para Beninomon, que também estava brilhando na mesma cor do fogo que estava nos punhos de dr. Joel.

            Beninomon digivolve para... Fortmamon

            Letícia assistiu admirada enquanto o brilho aumentava de tamnho até ser um pouco mais alto que o dr. Joel, mas não devia ser nem um palmo mais alto que o velho cientista. Assim que o brilho verde azulado se dissipou, não era mais Beninomon, aquele digimon azul pequenino, era agora uma mistura humanoide de sapo e pato com cabelos laranjas e algo como um extintor de incêndio prateato em suas costas. Fortmamon foi como o digimon tinha se denominado.

            ― Vai lá, Fortmamon! ― dr. Joel gritou e, como que ouvindo sua deixa, o digimon sapo pulou em direção ao fantasma relâmpago roxo com uma determinação calorosa. Fortmamon puxou uma mangueira de metal que se conectava ao objeto que carregava em suas costas e mirou-a na direção do monstro estático. A mangueira disparou um forte jato concentrado de água que atingiu o monstro em cheio no peito criando um grande buraco no local por onde a água havia passado.

            O monstro gritou um grito sofrido e se voltou para Fortmamon, usando um de seus braços para atirar o digimon de volta ao chão com força. Fortmamon usou seus braços para amenizar o impacto do ataque do fantasma roxo, mas ainda assim foi lançado com força contra os campos verdes. Letícia viu que ele havia pousado de pé, mas o chão sob seus dedos havia sido severamente danificado.

            Letícia voltou a olhar para o fantasma de relâmpagos quando ouviu o barulho de estática alta vinda dele. No momento em que seus olhos encontraram o grande monstro, ela viu que a estática estava se originando do buraco feito por Fortmamon que agora estava fechando até que não houvesse nenhum vestígio do ferimento, como se nunca tivesse existido.

            ― Ele se curou ― Vitor apontou e Letícia se voltou para encarar os meninos que estavam bem atrás de si.

            ― Temos que lutar também ― Daniel falou, sua mão fechando-se em um punho certeiro ― Temos que ajudar o dr. Joel.

            ― Sim ― Lucas e Vitor responderam, surpreendendo Letícia com a total falta de hesitação em suas vozes. Eles estavam prontos para a luta e ela não conseguia entender como eles não estavam morrendo de medo de toda essa situação.

            Os três meninos colocaram a mão nos bolsos das calças que usavam e tiraram cada um seu digivice de dentro deles. Daniel com seu digivice vermelho, Lucas com um azul e Vitor com o amarelo. Os meninos apontaram o digivice para bem a frente deles, o lado com a câmera virado para o horizonte enquanto a tela estava na direção deles. Eles apertaram os botões do meio e o mesmo que tinha acontecido com o dr. Joel aconteceu com eles três.

            ― Dinomon, materializar! ― Daniel exclamou.

            ― Guepmon, materializar! ― Lucas o seguiu.

            ― Tanmon, materializar! ― por fim, Vitor completou o trio.

            Em menos de um minuto, os três digimons surgiram em frente a eles. O dinossauro vermelho de Daniel, o gato azul com pintas negras de Lucas e o passaro amarelo com bico e pernas vermelhas de Vitor estavam em pé no gramado, encarando o grande fantasma roxo que causava destruição no bosque.

            ― Eita! ― foi Dinomon quem se pronunciou primeiro ― Que coisa é essa?

            ― Um ataque que Royalmon enviou ― Lucas respondeu ― Precisamos acabar com ele antes que cause mais danos na floresta.

            ― Vamos nessa, então! ― Guepmon concordou e Letícia assistiu quando o mesmo fogo formado por dados que apareceu no punho direito do dr. Joel surgia nas mãos de Daniel e Lucas, só que o de Daniel era vermelho e o de Lucas, azul.

            Os dois meninos colocaram suas mãos sobre os digivices e os dados foram absorvidos pelo digivice.

            ― Carregar DNA! ― Lucas e Daniel exclamaram juntos, fazendo com que Dinomon e Guepmon brilhassem em vermelho e azul, respectivamente.

            Dinomon digivolve para... GinGeamon

            Guepmon digivolve para... Garpmon

            Os dois pequenos digimons cresceram até ficarem quase do mesmo tamanho que o fantasma roxo e, quando o brilho se dissipou, Letícia notou que eles estavam agora bem diferentes do que eles eram quando pequenos. GinGeamon, a evolução de Dinomon, era um dinossauro vermelho com listras laranjas e a cabeça protegida com um crânio marrom com uma mandíbula feroz. Garpmon, a evolução de Guepmon, era uma espécie de lobo gigante com pelos azuis coberto por puntas pretas, pelos brancos na barriga e na mandíbula inferior, garras afiadas e uma cauda longa que terminava com pelos azuis escuros em sua ponta.

            Eles eram muito mais ferozes e pareciam verdadeiros lutadores, ao contrário de suas versões menores. Letícia não conseguia respirar com a visão de tamanha loucura.

            Os dois grandes digimons avançaram contra o fantasma, desferindo colpes com suas garras e dentes, tentando cortar o espectro maligno. Mas nada parecia adiantar. Todos os ferimentos que o fantasma recebia eram curados quase imediatamente.

            ― Devastação flamejante! ― a voz profunda e arranhada veio de GinGeamon no mesmo instante que sua boca se abriu para desferir uma rajada de fogo potente contra o inimigo. O espectro gritou com a dor das chamas enquanto seu corpo balançava como uma pipa.

            ― Rugido sônico! ― Garpmon se juntou ao ataque com uma rajada sônica sendo desferida de sua boca e ampliando as chamas do ataque de GinGeamon.

            O grito do espectro negro se tornou um arranhado som agudo que machucava as orelhas de Letícia. O fantasma digital caiu enquanto as chamas se dissipavam revelando os buracos feitos em seu corpo de raios roxos. Ele caiu na grama do bosque, ficando caído por alguns segundos sem nenhum som ser feito.

            ― Funcionou? ― foi Vitor quem quebrou o gelo enquanto todos encaravam o espectro elétrico com ansiedade, luta parecendo terminada.

            ― Parece que sim ― Daniel respondeu. Letícia conseguia sentir seu coração acelerado batendo em seu peito. Ela esperava de verdade que a luta tivesse terminado, que o fantasma havia sido derrotado. Mas alguma coisa dentro de si dizia que estava longe de acabar.

            E essa sensação estava certa porque, em menos de um segundo, raios roxos começaram a disparar dos buracos abertos no corpo daquele monstro causando destruição no chão aonde o gigante estava caído. Os ferimentos do grande monstro de raios começaram a se curar enquanto ele se levantava do chão, raios de estática gigantes destruindo tudo ao seu redor ao ponto de GinGeamon e Garpmon terem que se afastar daquela entidade. Um arrepio percorreu a espinha de Letícia enquanto ela assistia as feridas causadas pelos ataques de GinGeamon e Garpmon desaparecerem rapidamente.

            ― Como é possível? ― GinGeamon exclamou, seus olhos dentro do crânio roxo estavam arregalados.

            ― O processo de cura dele é impressionante ― Garpmon complementou, igualmente surpreso.

            Mais um grito furioso cortou o ar e raios de energia partiam de seu corpo fantasmagórico quase atingindo os digiescolhidos. Daniel e Lucas pularam para longe dos raios negros antes de serem atingidos enquanto GinGeamon e Garpmon se protegeram com seus ataques, batendo de frente contra os ataques negros e extinguindo-os. E Tanmon voou bem na frente de um dos disparos elétricos bem antes de atingir Vitor.

            ― Mini Relâmpago! ― Tanmon gritou enquanto um pequeno raio amarelo saía da ponta de seu bico e atingia-a o raio roxo do monstro. A luta entre os dois ataques foi intensa, um raio puxando o outro no ar, mas, no fim, o ataque de Tanmon não foi suficiente para extinguir o ataque do inimigo e o raio roxo atingiu o pássaro digimon em cheio.

            ― Tanmon! ― Vitor gritou enquanto Letícia assistia Tanmon atingir o solo, inconsciente e com seu corpo soltando leves fumaças. Vitor correu até seu parceiro digimon e, durante todo esse tempo, Letícia assistiu em puro terror a cena que acontecia ao seu redor.

            Tanmon estava inconsciente e Vitor tinha lágrimas formando em seus olhos enquanto segurava seu digimon em seu colo. Daniel e Lucas encaravam enquanto GinGeamon e Garpmon continuavam a lutar contra o inimigo, desferindo golpes que, em menos de um segundo, se curavam completamente. Dr. Joel assistia com pura tensão em seu olhar Fortmamon disparar seus poderosos jatos d'água contra o fantasma de raios. Nada funcionava e o monstro digital só parecia ficar mais forte a cada ataque. E, em meio a tudo isso, as pernas de Letícia tremiam com medo genuíno.

            ― Letícia! ― a voz de Toramon vinda do digivice de Letícia foi o que a tirou de seu transe assustador. Ela se voltou para o bolso e tirou o aparelho roxo que, em algum momento de toda aquela confusão, ela havia colocado de volta lá.

            ― Toramon...? ― ela sentiu sua voz fraquejar enquanto encarava a pequena digimon na tela de seu digivice. Toramon parecia determinada e pronta para tudo, um olhar forte que Letícia não entendia como uma digimon tão pequena e fofa poderia ter um olhar tão poderoso.

            ― Você precisa me materializar ― Toramon respondeu e o sangue pareceu se esvair do corpo de Letícia. O mundo todo ao seu redor pareceu começar a se mover em câmera lenta.

            ― O que? ― Letícia não tinha certeza como fez para conseguir fazer sua voz deixar seu corpor ― Você quer lutar contra esse monstro gigante?

            ― Quero! Eles precisam da minha ajuda! ― a voz de Toramon não continha nenhum tipo de hesitação ― Eu sou uma digimon forte e nasci para proteger o Digimundo! Eu tenho que ajudar os meus companheiros! Você precisa me materializar.

            Letícia não conseguiu dizer nada. Ela estava simplesmente paralisada pelas palavras de Toramon. Tudo o que ela conseguia pensar era a imagem de Vitor segurando Tanmon desacordado no colo, o monstro se regenerando a cada ataque que recebia e seus raios destruídores e mortais ficando cada vez mais fortes. E tudo o que Letícia conseguia tirar daqueles pensamentos era que não podia colocar Toramon naquela batalha. Sem conseguir explicar direito o que se passava em sua mente, Letícia tinha uma certeza em tudo aquilo: Não podia deixar Toramon ser destruída tentando lutar contra esse fantasma extremamente poderoso.


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Notas finais do capítulo

Espero que estejam gostando do desenrolar dessa historia! Prometo que vou tentar postar um novo capitulo cada semana!



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