Für Immer Jetzt escrita por Berka


Capítulo 1
Lágrimas na neve




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Caminhei insanamente pelas ruas geladas daquela cidade cinza e deprimente. A neve agredia minha face umedecida por lágrimas. Era triste saber que não tinha sentido em minha vida, eu assistia tudo da janela. As pessoas entravam em minha vida e logo partiam, ninguém permanecia muito tempo ao meu lado. Família eu não tinha, de fato. Na realidade nem me lembrava dela, a não ser por meras visões embaçadas de natais do passado, tão nevados quanto hoje.

 

Eu parei para remoer esses tristes pensamentos em uma praça que estava quase deserta, pois o frio e a pouca luminosidade do anoitecer não soava confortável. Parei diante de um banco e limpei a neve que o cobria. Sentei-me e ajeitei meu cabelo para trás enxugando as lágrimas que escorriam teimosamente. Abaixei minha cabeça apoiando a testa nos joelhos observando meus pés. Nada no mundo seria melhor do que me encontrar. Não sabia por que estava naquela cidade, nem o que fazia lá. As ideias estavam cada vez mais vagas em minha mente, e a sensação de estar perdida me perseguia.

 

Tentando abafar soluços furtivos, ouvi claramente passos sobre folhas secas atrás de mim. Virei-me o mais rápido que pude para descobrir quem invadia aquele momento tão íntimo. Para minha surpresa, não havia nada lá além de um grande plátano quase sem folhas, as quais formavam um belo e grande tapete no chão. Respirei profundamente tentando me acalmar, mas a tensão ainda pairava no ar. Virei-me para frente de olhos fechados para relaxar, até sentir um forte cheiro desconhecido, mas realmente sedutor. Ainda de olhos fechados, aspirei profundamente tentando decifrar de onde conhecia aquela doce fragrância, quando ouvi dezenas de corvos gritarem atrás de mim assustados com algo. Abri os olhos para ver o que tinha causado tal reação. Meu coração disparou.

 

Uma alta e magra figura curiosa, de longos cabelos espetados emoldurando um belo rosto que parecia ter sido esculpido em uma pedra de mármore branca. Traços delicados que contrastavam com um olhar negro, cheio de sombra. Talvez tivesse essa obscuridade pela promessa de um grande mistério. Aquele ser, vestido com um longo sobre-tudo negro, aproximou-se cuidadosamente de mim, transparecendo uma alma nobre e cortez. Ele não falou nada, apenas me encarava sério enquanto eu retomava meus sentidos pouco a pouco pelo susto. Estava me analisando como se procurasse alguém que não conhecia. Ele curvou-se em minha direção e ergueu meu rosto com sua mão macia, olhando fixamente em meus olhos inundados. Tomei coragem e resolvi enfrentá-lo.

 

- Q-quem é v-você? - gaguejei temendo o pior.

- Você não deveria estar aqui. - ele falou sério. Sua voz era impressionante. Conhecia de algum lugar, mas eu não me lembrava. Causava um efeito estranhamente bom em mim.

- Por que não? Ainda não respondeu minha pergunta! - esquivei-me.

- Não se lembra de mim, não é? Sabia que seria assim, mas me custou acreditar... - ele baixou a cabeça.

- Deveria lembrar? Não te conheço... - falei com desdém.

- Não, você não me reconhece, mas me conhece muito bem. - ele teimou.

- Acho que se eu realmente te conhecesse eu saberia, afinal uma pessoas como você não é facilmente esquecida... - falei reparando em seu visual estranhamente perfeito.

- Infelizmente não é assim que as coisas funcionam. - suspirou abatido. - Enfim, eu estou aqui para ajudá-la a lembrar.

- Lembrar do quê? - instiguei.

- Como é seu nome? - perguntou delicadamente.

- Ora, se você me conhece, por que pergunta algo óbvio? - eu o encarei desconfiada.

- Vamos, não é uma pergunta difícil... Sabe me responder? - insistiu. Ele me pegou. Como não sabia responder a uma pergunta tão cretina? Eu disfarcei ao máximo, pois o que ele poderia pensar de uma garota que nem ao menos sabe seu próprio nome?

- Bom, não acho que seja conveniente sair dando essa informação, afinal não te conheço... Ou reconheço. - fiz uma careta.

- Está certa... - a figura sorriu de lado sem graça, mas não se deu por vencida. - E quanto a sua idade, pode me contar?

- Não acho apropriado. - menti. Eu não sabia minha idade, apesar de não parecer ter mais de dezessete anos.

- Hum, é claro... Desculpe se estou te aborrecendo, mas será preciso... - dessa vez ele começou a me encarar preocupado.

- Não sei o que está acontecendo aqui, mas realmente eu não vou ficar aqui pra saber. Boa noite. - levantei-me decidida a sumir dali o mais rápido possível. Temia que aquele louco ser me seguisse.

- Para onde vai? - perguntou logo atrás de mim de maneira sinistra. Pronto, ele me pegou de novo. Não tinha aonde ir.


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