Solstício de Verão escrita por Benuzinha


Capítulo 10
A invasão


Notas iniciais do capítulo

Olá! Aqui está mais um capitulinho, viva! Lune agora deu lugar a Aiacos para resolver o problema e o juiz vai chegar pronto pra tocar o terror.



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Lune, frustrado por mais aquele atraso no despertar de Minos, decidiu que já estava saturado de viver em meio aos humanos e voltou para o castelo de Hades, sem sequer se preocupar com o que aquelas pessoas pensariam. De qualquer maneira, todos acabariam sendo mortos no final, ou pelo menos era o que ele esperava.

Foi uma grande satisfação voltar ao território do imperador do mundo dos mortos, sentir toda aquela atmosfera obscura e aquele silêncio sepulcral.

A primeira coisa a fazer seria ir ter com Aiacos. O impiedoso juiz do inferno não ficaria nada feliz, mas era um encontro que Lune não tencionava adiar.

Os aposentos do espectro de Garuda ficavam na antiga biblioteca do castelo. Aquela que costumava ser a residência da família Heinstein agora era o quartel-general das forças de Hades na Terra.  Antes já bastante imponente e austero, após o nascimento do escolhido para receber a alma do deus do submundo, o local se tornara ainda mais sombrio. Gárgulas estranhas adornavam o aposento, as paredes de tonalidade roxa, quase preta, pareciam sugar a pouca luz do luar que entrava pelas janelas. E seu ocupante não pareceu nada feliz de vê-lo sozinho.

— Onde está Minos? – Aiacos perguntou, o cenho franzido.

— Parece que o rapaz ainda está lutando contra a estrela maléfica – Lune parecia não acreditar no que ele mesmo dizia. – Minos ainda não despertou.

— Mas que loucura é essa? – Aiacos rugiu e Lune, se fosse um soldado de menor importância, certamente teria estremecido. – Acho que eu vou ver isso com meus próprios olhos. Como pode? Um simples humano impedir o despertar da Estrela Celeste da Nobreza...

Lune não disse nada, ciente de que Aiacos já havia perdido toda a paciência para com aquele assunto. Além disso, ele mesmo já estava ficando esgotado com toda aquela convivência com gente viva. A verdade é que já estava sentindo muita falta do seu silêncio e sua rotina julgando as pecados dos mortos.

Enquanto Lune e Aiacos resolviam sobre o futuro de Minos, Reidar e Trine estavam em casa ansiosos, sem conseguirem dormir. Ela esperando por notícias de Luka e ele ainda com a mente embaralhada pelo embate com sua estrela maligna.

Foi apenas por volta de três da manhã que Lars e Ida chegaram, sozinhos.

— Olha Trine, rodamos a feira inteira, mas não vimos sinal do seu amigo –Lars foi o primeiro a romper o silêncio.

— Até entrarmos na floresta, mas não o encontramos – Ida completou. - Se ele não aparecer até amanhã, sugiro que avise à polícia.

— Obrigada por procurarem por esse tempo todo –Trine retorcia os dedos, nervosa.

— E você Rei, como está? – Iza voltou-se para ele.

— Estou melhor, obrigado – ele não quis estender muito o assunto e nem tentou disfarçar o bocejo que deu em seguida. – Acho melhor a gente dormir e amanhã de manhã procuramos esse maluco.

— Acho o mesmo que você – Lars concordou. – Vamos, Iza?

— Vamos. Boa noite, Trine, Rei – ela acenou, ainda olhando preocupada para ele.

— Boa noite – Trine os acompanhou até a porta. – E obrigada por virem.

— Se cuidem – os dois irmãos se afastaram pelo caminho de terra que levava até a propriedade vizinha.

Reidar se despediu da irmã e começou a subir para o próprio quarto, no andar de cima da casa.

— Rei, você vai mesmo dormir? – Trine perguntou, num tom de lamento.

— Estou morto, Trine – ele parou no meio do caminho e se voltou para encará-la. - Amanhã a gente procura esse seu amigo maluco de novo.

— Mas como você pode pensar em dormir uma hora dessas? Ele pode estar perdido, pode ser atacado por algum animal.

— Desculpa, maninha, mas isso não é problema meu – Reidar rebateu com impaciência. – Ele que resolveu se enfiar no meio da floresta, não tenho culpa se ele não sabe se virar.

— Você é muito egoísta! – ela rebateu.

— Eu?! Eu sou egoísta? Você não viu o estado que eu cheguei, quando finalmente consegui sair daquela floresta infernal que seu “amigo” que você conheceu praticamente ontem nos levou? – Reidar respondeu, aos berros. – Me desculpe, mas eu não estou em condições de ficar aqui discutindo essa maluquice com você, se quiser sair atrás desse idiota, pode ir. Mas não conte comigo.

Reidar subiu as escadas pisando duro, entrou no quarto, tirou o casaco, jogando-o por cima da cadeira da sua pequena mesinha de estudos e sentou na cama jogando todo seu peso, muito irritado. Não estava nem um pouco preocupado com o destino de Luka, que o levara para o meio da floresta e desaparecera sem aviso. O cansaço tomou conta de seu corpo e, com um último olhar para a noite estrelada, ele tirou os sapatos e, sem sequer trocar de roupa, simplesmente deitou e foi tragado por um sono sem sonhos.

Foi por volta de cinco da manhã, quando todos estavam dormindo, que Reidar acordou de repente, muito alerta. Alguns raios riscavam o céu, mas não estava chovendo. Um impulso muito forte o fez levantar e, no escuro, ele tropeçou no pé da cadeira onde deixara seu casaco na noite anterior.

Com um xingamento baixo, ele foi até a porta e a abriu, saindo no corredor que ligava os quartos da casa. Não havia mais ninguém ali, como era esperado, mas ele sentiu como se um imã o puxasse, levando-o até as escadas, em seguida até a porta da frente e, por fim, pelo lado de fora da casa, na direção da floresta. Pesadas nuvens cobriam o céu, e era difícil enxergar o caminho.

Em transe, Reidar apenas seguia na direção da mata, sem se importar com o vento frio soprava ou com a sensação dos pés descalços sobre o solo. Ele não entendia o porquê, mas sabia que devia ir até lá.

Um homem estranho surgiu, na beira da floresta. Coberto com uma vistosa armadura negra, de cabelos castanhos muito escuros, assim como seus olhos, ele encarava o jovem fazendeiro com uma expressão indecifrável.

— Ah, Minos, que desgosto vê-lo assim – murmurou o homem.

— Quem é você?

— Alguém que você, mero humano, não precisa saber. Apenas aquele que está preso em seu interior.

— Não tem ninguém preso dentro de mim! – Reidar franziu o cenho. – Que maluquice é essa? E o que está fazendo na minha propriedade?

— Não vou perder meu tempo dando explicações a você, humano insignificante. Vim aqui para descobrir o que está impedindo o surgimento de Minos na Terra.

— Do que está falando? Ei! – Reidar gritou ao vê-lo andando na direção da sua casa. – Espera aí, fica longe da minha família.

Antes que pudesse sequer encostar no espectro de Garuda, o juiz se virou e o atirou com força para trás, fazendo-o cair sentado no chão.

Teimoso, Reidar se levantou, preparado para investir novamente contra aquele louco que ameaçava invadir sua casa quando o chão sob seus pés começou a se remexer.

Para seu espanto, as raízes das árvores ao redor começaram a se erguer da terra, como tentáculos rígidos de madeira e o entrelaçaram, imobilizando-o. Outro homem de armadura negra e cabelos castanhos e muito compridos apareceu.

— Luco de Dríade – Aiacos abriu um de seus maléficos sorrisos. – Veio ajudar a despertar seu comandante.

— Desejo apenas ser útil aos interesses do imperador Hades, senhor – Luco respondeu com simplicidade.

— Muito bem – Aiacos pareceu satisfeito com a resposta. – Segure o receptáculo por um tempo. Eu vou dar um jeito nesse elo insignificante que os está prendendo.

Reidar tentou espernear enquanto Aiacos se afastava, mas não conseguiu se mover nem um centímetro.

Enquanto Aiacos andava na direção da casa, seus soldados o rodearam, caminhando a seu lado com grande expectativa.

— Invadam a casa – ele ordenou a seus homens. - Livrem-se de todos.

— Não, espera! – Reidar gritou, tentando se libertar.

— Não adianta tentar se soltar – Luco comentou calmamente. – As raízes não o libertarão até que eu ordene.

— Me deixa sair daqui, seu esquisito! – o rapaz continuou lutando para sair do aperto, sem sucesso.

Luco apenas continuou parado, olhando estóico na direção da casa, que era tomada naquele momento pelo grupo de espectros sedentos por sangue e morte. Reidar viu, horrorizado, o momento em que eles arrombaram a porta e entraram, movimentando-se pela escuridão sem nenhuma dificuldade. E não demorou muito para que os primeiros gritos se fizessem ouvir.


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Notas finais do capítulo

O Luco de Dríade é um personagem de The Lost Canvas e que aparece no Gaiden do Albafica, eu coloquei ele como subordinado de Minos hihihi até porque na descrição dele diz que ele tem uma personalidade parecida com a do Lune.

Agora o Aiacos chegou com tudo, pra acabar com a paz do Reidar de vez.



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