Will apareceu na minha casa para me buscar no final da tarde. Íamos para o desfile de luzes de natal no centro. Não era nada grande, já que a cidade era pequena, mas era conhecido pela região.

Fomos cedo para passar numa cafeteria antes. Will pegou um chocolate quente para nós. Conversamos por um tempo dentro do estabelecimento, principalmente para nos aquecermos, e depois de terminar andamos um pouco. Algumas pessoas se reuniam pela calçada esperando o desfile começar mas estava muito frio para ficar parado.

Quando finalmente começou eu e Will paramos abraçados um no outro. Mesmo os dois estando abraçados ainda estava muito frio e a neve caindo, mesmo que pouca, não ajudava. Os carros com as luzes estavam bonitos mas durou pouco. Apesar de estar triste por ter sido rápido eu ficava feliz de poder sair do frio. Eu e Will fomos pelo meio das pessoas até seu carro e ele logo ligou o aquecedor.

— Quer ir lá pra casa? Não tem ninguém e a gente pode ligar a lareira.

— Okay, é véspera de natal mesmo, é merecido.

Eu já havia dormido na casa de Will algumas vezes. Seus pais estando quase sempre viajando a negócios deixavam-no sempre sozinho em casa o que fazia ele sentir-se solitário. Gostava que ele me chamasse, sua casa era legal e sua companhia me fazia ficar alegre e me fazia sentir querida.

Logo que chegamos ele ligou a lareira e pegou alguns biscoitos que sua mãe havia feito para o natal. Ele já havia me dito que não tinha comidas típicas de natal em casa mas eu não ligava, queria estar com ele e nada mais. Acabamos decidindo que pedir uma pizza era uma boa. Não precisaria sair de casa e não seria muito caro.

Pedimos uma pizza de pepperoni e esperamos em frente da lareira. Mesmo que adorasse o frio e me vestir com várias camadas de roupa a sensação de tirar todos aqueles casacos era a melhor. Fui tirando minhas luvas, meu cachecol e minha touca enquanto Will buscava seu carregador no quarto. Quando ele voltou eu estava sem todos aqueles casacos que havia botado para ficar na rua. Ele também tinha tirado todos seus casacos no quarto.

Ver o entregador na porta me deu pena. Demos uma gorjeta a mais para ele e desejamos feliz natal. A pizza estava maravilhosa e Will não parava de falar. Como ele mesmo havia dito queria compartilhar tudo que vinha na sua mente. Ele me impressionou com a quantidade de bobagens e coisas idiotas que passava por sua mente. Eu ria de quase tudo.

— Posso botar um filme?

— Nada de terror né? — nós dois rimos com a lembrança.

— Não, algum filme de natal claro.

Eu concordei e Will escolheu O Grinch. Disse que era seu filme favorito sobre o natal pois fazia se lembrar da infância e de seus primos que não via a muito tempo. Ele explicou que eram todos mais velhos e que estudavam longe e que por isso não se viam com frequência. Quis perguntar para Will onde ele pretendia fazer faculdade mas preferi não estragar o clima.

Nós dois estávamos sentados no sofá abraçados um no outro e uma coisa leva a outra. Eu e Will fomos para o seu quarto e fizemos aquilo que as pessoas fazem quando se amam muito. Apesar de querer compartilhar tudo, é meu momento especial e só a gente devia saber o que aconteceu lá. De manhã eu estava muito animada mas não queria acordá-lo e nem levantar antes dele. Fiquei observando sua expressão enquanto dormia e com o ritmo de sua respiração acabei adormecendo novamente.

Ele me acordou mais tarde. Já estava em pé, apenas com sua calça de moletom, mas ainda estava com a cara amassada de tanto dormir e o cabelo todo desarrumado. Sorri para ele enquanto se debruçava sobre mim para me beijar. Tudo que conseguia pensar era o quão perfeito Will conseguia ser e o quão sortuda eu era por estar com ele.

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Estava sentada no sofá com Sarah. Bebíamos algum espumante que havíamos achado pela casa. Patrick havia dito que tinha comprado para beberem a meia noite mas que metade das garrafas já tinham sido abertas, então não fazia diferença. Nenhuma das duas gostava realmente do gosto, mas não tinha muito coisa para beber então fomos com o que tinha mesmo.

Sarah usava um chapéu pontudo que dizia feliz ano novo e eu usava um óculos com os mesmos dizeres. Ríamos das piadas que os garotos no sofá em frente ao nosso contavam e as vezes fazíamos algum comentário uma para a outra. Sua companhia me fazia feliz. Mesmo que Ella estivesse também na festa, ela havia se isolado com Cindy em algum dos quartos. Era normal vê-las se isolarem por que Ella não era muito fã dos garotos do time de natação e mesmo Cindy sendo amiga da maioria deles ela respeitava o que Ella queria.

— Onde tá o Will? — Sarah perguntou depois de ver que ele não estava na sala.

— Deve tá na cozinha com o Patrick. Aparentemente eles fizeram as pazes.

— Eu vou lá ver.

— Aproveita e trás outra garrafa.

Sarah foi até a cozinha enquanto eu ficava no sofá terminando a garrafa de espumante. Estava horrível, mas eu só queria ficar um pouco altinha. Estava prestando a atenção na conversa dos garotos quando vi Patrick descendo as escadas. Ele veio até mim vendo que eu estava encarando ele.

— Pensei que tu tava na cozinha com o Will...

— Ele foi no mercado comprar umas coisas que eu pedi.

Ele disse rindo e se sentando ao meu lado. Conversamos por um tempo e eu confessei que odiava espumante mas que não tinha mais nada, então ele me convidou para ir com ele. Patrick me levou até o andar de cima no seu quarto, onde estava guardando algumas bebidas melhores. Ele nos serviu e ficamos conversando lá por um tempo.

Patrick era uma das poucas pessoas que parecia realmente me entender. Apesar dele ter tido um passado muito diferente do meu a gente se entendia em coisas completamente inesperadas. Mas o que mais me chamava a atenção era seu gosto para músicas. Patrick já havia ido a concertos de artistas que eu daria um rim para ter ido e suas recomendações eram incríveis. As vezes ele me emprestava seus CDs e eu adorava.

Ficamos em seu quarto conversando sobre alguns assuntos e quando nos demos conta já faltava meia hora para a meia noite. O tão aguardado momento. Descemos e chamamos todos para ir para a cobertura. Will veio falar comigo então ficamos pela sala enquanto os outros subiam.

— Tu tava onde?

— O Patrick tava me mostrando as bebidas lá no quarto dele.

— No quarto dele? Lindsay pelo amor de deus... — Will parecia mal humorado.

— Will a gente pode por favor só ficar em paz agora? Faltam vinte minutos pra acabar o ano. — eu beijei seus lábios mas ele não parecia ligar muito. — Por favorzinho.

Ele subiu comigo meio que de má vontade, mas conforme os minutos passavam ele ia se acalmando, e quando bateu finalmente a meia noite e o novo ano começou ele me beijou como se nada tivesse o incomodando.

Eu estava perdidamente apaixonada por Will e a cada dia era como se ele me prendesse mais a si mesmo. O sentimento aumentava mais e mais e apesar de no fundo isso me assustar um pouco eu ignorava e me apegava mais ainda a ele. O sentimento preenchia meu peito e minha mente como um tsunami.

Esperamos todos juntos pelo nascer do sol, e apesar do frio intenso conseguimos aguentar. Depois disso algumas pessoa que já estavam bêbadas demais foram dormir em algum canto, incluindo Will, que havia enchido a cara num jogo que eles haviam feito durante a madrugada. Fiquei ajudando Patrick a juntar os copos e as garrafas vazias.

Ele botou alguma música no som então era menos chato do que parecia. Conversávamos o tempo todo sobre assuntos variados o que tornava a tarefa mais fácil ainda. Quando terminamos de dar uma geral na sala e na cozinha já era quase dez da manhã, então decidimos que seria mais prático nem dormir.

— Quer descansar? — Patrick perguntou já sentando no sofá enquanto secava sua testa suada.

— Sim, tua casa é grande demais, caramba. A gente ta suando no meio do inverno. — ele riu do meu comentário. — Tô falando sério.

— Eu sei, só acho engraçado como tu sempre fica impressionada muito fácil. — olhei emburrada para ele o que o fez rir mais ainda.

Ficamos alguns minutos sem nos falarmos só ouvindo a música que tocava. Era um silêncio confortável entre amigos. Os dois cantávamos baixinho e quando os dois não estavam em sincronia nós ríamos. Estava tão calmo o momento que o sono batia mais e mais. Era até difícil manter os olhos abertos.

— Lindsay, não dorme. — eu o olhei fazendo que não com a cabeça mas com os olhos já fechados. — Tu me prometeu...

Eu acabei dormindo mesmo sem notar, era como se o tempo não passasse naquele curto tempo em que meus olhos estavam fechados.

— Eu gosto de ti.

Meus olhos abriram tão rápido que até mesmo Patrick se assustou. Demorei alguns segundos pra perceber que as palavras tinham vindo dele, e quando a ficha realmente caiu minha única reação foi olhá-lo com uma sobrancelha levantada e um sorriso bobo. Mas ele me olhava tão sério e tão corado que o sorriso logo desapareceu e deu lugar a muita dúvida.

Enquanto ele me olhava percebi movimento no corredor do primeiro andar, e quando olhei, vi Will. Óbvio que ele tinha que estar ali naquele momento. Em minha mente torcia para ele não ter ouvido, mas no fundo eu sabia que ele ouvira. Quando ele começou a se aproximar com o cenho cerrado pude ter certeza que ele tinha ouvido.

— O que tu acabou de falar? — Will berrava enquanto se aproximava do sofá.

Me levantei e o barrei falando para que parasse e se acalmasse mas ele não me ouvia e continuava falando coisas que eu não prestava atenção. Me virei para Patrick para ver sua reação mas ele continuava sentado no sofá mas olhava para mim com os olhos tristes.

— William por favor a gente pode ir lá pra fora? — eu o encarei séria e ele finalmente parou para me ouvir.

— Tá, vem.

Saímos para o quintal de trás da casa. O vento era frio mas o sol acabava nos esquentando. Conversamos por muito tempo e Will disse que os dois estavam brigados antes porque Patrick havia falado para ele que gostava de mim, mas que acabaram entrando num acordo que ele não falaria nada, somente se nós terminássemos. Patrick havia quebrado o acordo e, claro, Will estava puto. Eu, mais uma vez, expliquei pra ele que não tinha nada entre eu e Patrick, que só éramos muito bons amigos.

— Will, tu sabe que eu gosto muito de ti, nem tem espaço pra gostar de outra pessoa no meu coração. — ele me abraçou mas logo se separou para olhar nos meus olhos.

— Eu te amo. — ele disse de repente me deixando por um segundo sem reação.

— Eu também te amo. — disse o abraçando e escondendo as lágrimas que insistiam em descer.