Sentada na arquibancada da piscina da escola eu assistia William sair da água sem esforço. Que pedaço de mal caminho. As borboletas no meu estômago estavam enlouquecidas não me deixando respirar, quase como se eu tivesse acabado de presenciar o aparecimento de uma criatura celestial. Bom, quase isso. Só de observar o caminho que a água fazia até sua sunga pelo seu tronco esculpido já me fazia sentir coisas que nada mais fazia.

— Oi minha pervertida favorita.

Ella se sentou ao meu lado me forçando para fora do meu transe. Minha amiga desde muito tempo já havia mudado de estilo mais que alguns famosos por aí. Lembro quando seu quarto era todo rosa e ela ia para aula todo dia com o cabelo amarrado num pompom rosa neon cheio de glitter. A lembrança me fez rir vendo que Ella havia evoluído para um estilo punk com as orelhas e o rosto cheios de piercings.

— Do que tu tá rindo?

— Eu lembrei de quando a gente era criança... Tudo mudou muito né?

— Nem me lembra dessa época. — nós ficamos em silêncio por um tempo analisando os corpos dos garotos do time de natação. — Por que eles são tão sarados? É estranho, eu não gosto.

— Eles me deixam louca sinceramente. Will me faz sentir coisas que me constrangem só de pensar.

— Eca!

Nós rimos em uníssono enquanto o time se recolhia para o vestiário.

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Um dia na aula da Sra. Chang, mãe de Ella, eu e Will acabamos juntos em uma dupla para um trabalho. Fiquei nervosa já que sabia bem que Will era um dos alunos mais notáveis na aula da Sra. Chang, e eu, claro, um grande fiasco.

— Por que não se deve falar alto no laboratório? — ele me pegou de surpresa com a pergunta inesperada então eu o olhei confusa, já corando.

— Quê?

— Para não desconcentrar os reagentes.

Eu olhei para ele por alguns segundo para logo depois soltar uma gargalhada alta. Ele riu baixinho enquanto todos da sala se viravam para olhar a louca gargalhando no meio da aula. Era uma das piadas mais horríveis que já tinha ouvido, mas era tão idiota que simplesmente me fez rir. Observei ele enquanto controlava a risada e ele misturava os elementos nos frascos. Ele então me olhou sorrindo.

— Gostou? Eu tenho muito mais de onde veio essa...

— Se a gente continuar a professora vai nos repreender por perturbar a classe.

— O que o carbono disse quando foi preso?

— Pelo amor de Deus, não continua.

— Eu tenho direito a quatro ligações se não eu quebro essa cadeia.

Imediatamente escondi meu rosto com minhas mãos e respirei fundo tentando não ter outro ataque de risos no meio da aula. Me deixava muito contente que Will estivesse tentando deixar o clima leve mas eu preferia não levar uma detenção por rir de suas péssimas piadas. Essa cumplicidade inesperada me levava nas nuvens.

— Tem certeza que não quer que eu ajude? Eu sei que sou horrível, mas me sinto mal deixando todo o trabalho pra ti.

— Relaxa Lindsay, eu já to acostumado a fazer tudo nesses trabalhos.

— Não devia, a professora nos bota em duplas para um ajudar o outro. Me sinto uma completa inútil sentada aqui...

— Da próxima tu me ajuda, agora eu só preciso de silêncio.

No fim ele acabou fazendo tudo e eu apenas sentei em silêncio perguntando alguma coisa vez ou outra. Mentalmente agradecia a ele por quebrar o gelo tão bem, sem as piadas eu teria ficado calada ou insistindo em ajudá-lo, o que só teria trapalhado. Na aula seguinte Sra. Chang entregou as notas e eu fiquei muito surpresa com a nota máxima mesmo sabendo que minha dupla era o melhor aluno da sala.

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Um dia, logo depois da aula acabar esbarrei com Will no corredor e ele me convidou para uma festa na sexta de algum dos garotos do time de natação e eu, sem hesitar, aceitei. Carreguei Ella comigo mesmo ela não sendo muito chegada a álcool, era uma das primeiras festas do colegial que eu era convidada, não podia perder a oportunidade.

— Sabe Linds, nós não somos obrigadas a vir nas festas que somos convidadas.

— Não queria dar desfeita, ainda mais que Will me convidou. Faça esse esforço para mim vai...

Ella apenas revirou os olhos mas eu sabia que aquilo era o "está bem" dela então apenas sorri e a levei até a mesa de comidas e bebidas. A música era alta e eu mal conseguia ouvir qualquer coisa que não fosse isso, mas eu estava tão animada que nem ligava. Alguns copos depois eu já estava um pouco tonta dançando com o resto das pessoas.

— Ah, Lindsay, você veio! — Will falou quando esbarrou em mim e eu apenas sorri para ele com um olhar desentendido. — Não pensei que você bebesse...

Nós rimos juntos apesar de eu não ouvir metade das palavras que saíam de sua boca... E que boca hein. Ele disse mais alguma palavras e me guiou pelo meio das pessoas até a cozinha. Eu fiquei analisando seu rosto concentrado enquanto ele servia alguns shots de alguma coisa em uns copinhos. Sua beleza era estonteante e me deixava irracional.

— Vamos fazer uma competição Lindsay? Quem toma mais shots de vodka em menos tempo.

— Pode me chamar de Linds, ninguém me chama de Lindsay. — eu disse indo em direção aos copinhos e estendendo minha mão para ele. — To dentro, mas saiba que eu não vou perder.

Ele apertou minha mão e no três começamos. Consegui beber os cinco mas Will ainda foi mais rápido que eu. No meio tempo alguns de seus amigos do time chegaram e começaram a nos incentivar o que me fez perder o foco, mas mesmo assim ele decidiu como um empate já que eu havia conseguido os cinco shots em quase o mesmo tempo que ele. Depois disso para mim foi tudo um borrão.

Acordei no dia seguinte num sofá de um lugar desconhecido. Parecia um quarto mas não havia ninguém dentro além de mim mesma. Levantei devagar analisando o lugar mas nada me dizia exatamente onde eu estava ou a quem pertencia aquele quarto. Com medo de que alguém entrasse eu esperei sentada no sofá. Uns vinte minutos depois ouvi vozes no corredor.

— Ela tá aqui. — Cindy, uma garota que fazia espanhol comigo, entrou no quarto junto de Ella.

— O que aconteceu ontem de noite? Como veio parar aqui? — Ella veio até mim e me abraçou.

— Eu não faço a menor ideia, não lembro de nada.

— Will me pediu para te trazer pra cá, você tava muito louca ontem. — a garota disse rindo. — Sabe, não sei por que nunca te vi nas festas, você é animal. Aliás, aqui está seu celular, botei ele para carregar já que ficou sem bateria.

Agradeci a Cindy e fui para casa de carona com Ella. Meus pais eram muito despreocupados com tudo, e a única coisa que fizeram quando cheguei foi me dar bom dia e perguntar se eu tinha fome. Quando cheguei em meu quarto abri o rolo da câmera do meu celular e estava cheio de fotos e vídeos de mim com pessoas aleatórias. Mas o que mais me chamou a atenção foi eu e Will rindo juntos no gramado.

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Segunda na escola pessoas que nunca nem tinham falado comigo antes me cumprimentavam pelos corredores. Eu ainda não sabia exatamente o que eu tinha feito de tão especial que todos estavam me tratando assim, mas pra falar a verdade, eu estava adorando ser bajulada. Fui encontrar Will só no almoço quando ele me chamou pra sentar na mesa dele junto com o resto do time de natação. Sentei completamente vermelha e todos falavam comigo como se fossemos amigos a muito tempo e falavam de coisas que eu supostamente tinha feito na festa.

— Pera gente, eu não lembro de nada. Tudo que eu sei são as coisas que estão no meu celular. — falei interrompendo todos.

— A gente pode te contar algumas coisas... — Patrick, um dos amigos de Will, disse.

— Vão em frente.

Durante o período do almoço descobri que eu aparentemente havia dançado em cima de uma mesa no meio de todo mundo, pulado no piscina (e que tiveram que pular na piscina pra me tirar de lá), virado mais alguns shots e ressaltaram que eu estava sendo muito amigável com todo mundo como se eu fosse a anfitriã da festa.

— Eu me pergunto se foi só álcool que eu usei... — todos riram de mim apesar do meu olhar pensativo.

— A gente ficou conversando na grama por tipo uma hora inteira. Falamos de tanta coisa e agora tu nem lembra. — Will falou rindo mais direcionado para mim enquanto os outros voltavam a falar da festa.

— Dessa parte eu me lembro um pouco... Eu acho. — peguei meu celular e mostrei a foto de nós dois. — Na verdade eu só lembrei por causa dessa foto.

Ele pegou o celular para olhar mais de perto e riu enquanto dava zoom nos nossos rostos.

— Vou adicionar meu número no seu celular e mandar essa foto pra mim.

Eu só concordei e tentei esconder meu sorriso ao máximo enquanto ele mexia no meu celular. Estava mais feliz do que conseguia admitir.