Hadassa cortou o cabelo no estilo Long Bob, vestiu uma blusa sem mangas e sua primeira calça pantalona, o motivo de sua mudança era que ela queria deixar sua outra vida para trás, ninguém a deteria, tão dona de si, ela surpreendeu as pessoas que passavam pela rua do Imperador.

         Naquela manhã Ketny acordou em um motel na UR-07, Olavo tinha pagado a conta e saído, ela tomou banho e foi embora, torcendo pra Mag não reclamar, Leah chorava em uma igreja no centro.

— oh coitada, por que sofre?

— meu noivo terminou comigo.

— quem é essa pessoa?

—Alison Camargo, a mãe dele Arlette, me odeia...

— ela deve ser bastante cruel? ...

—sim, eu estou incomodando? ....

—sou Otávia de Iturbide, tome um chá comigo.

—deixe-me anotar seu endereço.

         O evento do arquivo estava sendo ótimo, Clóvis expunha os tempos sombrios do DOP´S, Michelle, mostrava os resultados de um programa de digitalização de mapas, Arlette mostrava os periódicos em plataforma digital, assim a História fica mais acessível as pessoas.

—ainda não mandaram a gente ir pra Cuba? Arlette?

—ainda não Mih.

         No meio das pessoas que estavam no evento, estava Inês vestida com um terninho executivo verde pálido, queria falar com Arlette.

—oi?!

—oi Arlette, eu sei que nunca falamos de Erica...

—Wanderson descobriu algo?

—ele me contou há alguns dias, sobre a conversa de vocês, quando a Erica nasceu?

—em 24 de outubro de 1995.

—então tá entre os prontuários que a Ketny sumiu, A Erica tá viva.

—e o Lao? O bebé...

— Ketny subornou os pais do Lao, tem mais gente envolvida, ela não teria 50 mil reais em 1995.

—suspeitas?

—vou reportar o caso, não só o de Erica.

         Outra pessoa que estava no meio da multidão era Suzy, que tentava ver Hadassa, antes procurar uma determinada pessoa, quando vê a jovem, não acredita que ela quebrou todas as regras da igreja, ela cortou o cabelo e não estava usando as roupas adequadas.

—Hadassa!

—oi.

— o que você fez com você?

— eu sou livre.

— quem é essa?

— senhora, essa é Suzanna, minha mãe.

— você é a Arlette?

— sim, sou uma mulher, Historiadora, Feminista e livre, libertar Hadassa foi uma das melhores coisas que fiz.

— Demônio! Mulher sem Deus! Minha filha ia casar...

— eu tô te reconhecendo, você é a funcionária que estava processando ela.

— se conhecem?

— sim, sua mãe processou Otávia Iturbide.

— meu Deus!

Boa Vista 1995.

         Arlette andava de um lado para o outro com livros do Hobsbawn, já estava de 9 meses, foi esperar o Córrego da Areia, quando a bolsa estourou.

         Isolda contou a Otávia que a hora do parto de Arlette havia chegado, também falou sobre Ketny e seu papel importante quando ela entregou o filho pro pai, Otávia liga pra Ketny.

— oi.

— olá aqui quem fala é Otávia Iturbide, tenho um negócio irrecusável.

— qual seria?

— a adoção de uma criança.

— a mãe quer entregar?

— vou te explicar...

Dois Unidos 2018.

         Suzy vai a um orelhão e liga para Otávia.

—que foi Suzy?

— senhora, Arlette me viu! Me reconheceu...

—oi? Convenceu Hadassa ao menos?

— ela está no pecado.

— algo que você não impediu.

— o que eu podia fazer?

— casar Hadassa com Saul.

— a senhora sabe...

— Hadassa é um produto dos pais, é incrível como até procriando, Wanderson me dá problema.

—procriando Otávia? Wanderson não tem filhos.

— tu cala a boca aprendiz de demônia!

— como senhora... alô...

— tu adora fuder a vida dos outros né?

— sai daqui!

— te cuida Otávia...

— fumô querida?!

— tua frauda molhou e não vou trocar, chama Isolda, num te mete cum Erica.

— o que foi isso?

— ela pegou a ligação da anta da Suzanna.

—e?

— tive que pagar de doida né Isolda.