por nós, quer-nos, oprime-nos escrita por houdini


Capítulo 1
I: por nós, justifique-nos.


Notas iniciais do capítulo

Oi, como vai? Minha intenção era postar essa fic como uma oneshot, mas como não tava motivada em escrevê-la de verdade, decidi postar logo os fragmentos que já tinha escrito pra ver se me animo um pouco mais pra terminá-la. Se tudo der certo, até domingo fecho isso daqui. *cries in posição fetal*

Bom, a ideia era que a história se passasse durante a época da inquisição européia. Já aviso de antemão que não tenho a intenção de ofender ninguém, assim como me desculpo por possíveis inconsistências.

Boa leitura!



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p o r n ó s, q u e r n o s, o p r i m e n o s — I

Sofreguidão é oferecida aos olhos alheios que observam a cena arder em brasa — onde o fogo sagrado consome o corpo distendido à pira; o cheiro de carne queimada se impregna na densa nuvem de fumaça; e o calor, e o sufoco, e a náusea se misturam, num contorcionismo abismado, pelo ar.

Contudo, contrariando tal sentimento, gozam-se os transeuntes ao ufanar o momento com salvas de vivas e felicitações. Seus punhos, unidos como uma grande família, se elevam ao céu quando o representante daquelas pessoas — um homem de fé local — faz o mesmo com um manuscrito da Bíblia.

“E pelas mãos de nosso Deus a justiça será feita!”

Os gritos de agonia da criatura infausta — seus últimos suspiros de vida — logo são abafados pela multidão, que repete, em uníssono:

“A justiça será feita!”

Resoluto, assim como os demais, sobre a sentença da mulher queimada — da pecadora, da serva do Diabo, da bruxa — Emídio se une ao coro para exaltar a vontade de Deus transposta pelo bispo Germano.

O rapaz para depois de alguns minutos, entretanto, ao sentir uma cutucada forte no ombro. Ao se virar, com visível agastamento pela interrupção, ele se depara com Calisto, uma sacola de frutas e um olhar reprovador.

Sem nada lhe dizer, Emídio engole em seco ao observá-lo partir dali com pés ligeiros. A apatia do amigo com relação àquele tipo de exibição já lhe é conhecida desde muito antes; desde a primeira vez que tentou levá-lo para assistir uma missa, para ser mais exato.

Se fosse qualquer outra pessoa, desconfiaria de sua fé no Senhor e o acusaria de paganismo por tal atitude. Entretanto, aquele é o Calisto com quem sempre conviveu; e, sobre aquilo, Emídio não tem nada a temer; quem dirá julgar.

Por isso, percebendo que é deixado para trás, ele procura alcançar o amigo após observar pela última vez o desfalecimento daquilo que um dia foi uma pessoa.

Não; nunca o foi.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler!



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