Apogeu. escrita por libueno


Capítulo 1
Capítulo único.




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O cabelo de Castiel estava tão longo que caía sobre seus olhos, incomodando-o e atrapalhando sua visão. Distraidamente, ele arrancou um lacinho que usava no braço e prendeu a parte superior do cabelo num pequeno rabo de cavalo, deixando toda a parte inferior solta sobre seus ombros.

Doze – das quinze – garotas que estavam na sala suspiraram. E três rapazes.

No intervalo de uma de suas aulas o garoto conseguiu fugir de um grupo histérico de fãs, e acabou indo se isolar no porão da escola. Suspirando, acendeu um cigarro. Castiel sentia-se estranhamente solitário.

Seu celular não parava de vibrar no bolso, ele nunca fora tão famoso e desejado, as pessoas o reconheciam quando saía de casa e ele possuía até mesmo fã-clubes. Bastava ligar o rádio e o garoto podia ouvir a própria voz. Sua lista de shows estava gigantesca.

E ele nunca na vida se sentira tão sozinho.

Não via os pais já há dois anos, e todo o contato que tinham eram mensagens eventualmente trocadas às pressas. Lysandre, seu melhor amigo, havia se isolado para cuidar da fazenda dos pais, e nem internet pegava naquela merda – Castiel já nem lembrava há quanto tempo não tinham notícias um do outro. O resto da banda só queria saber de transar e se drogar – o que fez com que Castiel não criasse laços com nenhum deles. Se chegasse em casa agora, não teria ninguém para receber-lhe com um sorriso.

Ninguém que ele amasse.

Estava na metade do cigarro quando a porta do porão se abriu e uma Lynn descabelada passou por ela, puxando Priya – tão descabelada quanto – pela mão. Castiel arregalou os olhos e se endireitou, confuso. As duas garotas estavam vermelhas e os lábios de Lynn estavam rosados e ligeiramente inchados. Lynn paralisou ao vê-lo ali, sozinho, fumando escondido – como nos velhos tempos. Priya não se deixou intimidar, e fitou-o longamente. As duas continuavam de mãos dadas.

— Q-Quê! – Lynn gaguejou.

Durante alguns segundos, Castiel apenas tentou absorver a cena. Não foi preciso muito esforço, estava bem claro o que estava acontecendo. Sentiu um misto de inveja, desespero e dor. Ciúmes.

Lynn pareceu não perceber, mas Priya – astuta como era – sacou na hora. Sua expressão se suavizou, e seus lindos olhos verdes pareceram sentir pena. A garota continuou plantada no lugar, encarando Castiel, tentando encontrar seus olhos. Castiel não se permitiu ser olhado, apagou o cigarro na bota de combate que usava e saiu do porão sem dizer uma única palavra.

Enquanto andava até o estacionamento – ignorando todos os fãs que paravam para observá-lo ou tentar falar com ele –, Castiel tentava se segurar para não berrar com alguém. Estava furioso.

Quando chegou em casa, o silêncio gritava. Mas seu peito se mantinha numa calma sepulcral.

Pegou uma cerveja na geladeira e se sentou no sofá. Teria um show no dia seguinte e precisava ensaiar, mas sentia-se extremamente incapaz de fazer qualquer coisa.

Estava terminando a segunda latinha quando percebeu que não havia dito uma única palavra o dia todo.

Ele não precisava falar. Era pago para cantar, acenar e tirar fotos.

Isso deveria bastar.

Mas não bastava.

 


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