A Princesa Noiva escrita por HR


Capítulo 11
Capítulo 11




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                Os três correm na minha direção rapidamente e imagens da guerra me vem à mente e aquilo me tortura enquanto defendo-me dos golpes. Cravo a espada no peito de um e faço um corte na perna de outro e é nesse momento, que eu sinto a lâmina perfurar meu quadril, me fazendo cair de joelhos. Grito de dor e de algum lugar tiro forças para golpear o último, que não cai tão fácil e ainda me desarma. Ele então aponta a espada para o meu rosto, mas eu seguro seu punho evitando que termine o trabalho. Eu sentia o sangue quente saindo e me deixando um tanto fraca, sabendo que eu não iria aguentar muito mais tempo, solto o seu punho, porém me desvio da mira, fazendo-o cravar a espada na areia. Dou-lhe uma joelhada e o desarmo também. Levanto-me com dificuldade então levo a mão ao quadril e vejo estar sangrando. Olho para o guarda apontando a espada para ele.

—Você não vai querer fazer isso... – Ele diz.

—Se eu não tivesse motivos não iria querer mesmo....

                Ele vem na minha direção novamente e eu sem alternativa, cravo a espada nele e fecho meus olhos. Eu não sabia que reviver esses momentos de sangue frio me fariam tão mal, pois agora minhas mãos tremiam e eu senti vontade de chorar. Respiro fundo e então me dirijo até as jaulas enquanto tiro o molho de chaves do sutiã e testo uma por uma. Não sabia quem seria Henry e decidi soltar o máximo de crianças que eu conseguiria.

—Henry?! – Chamo-o, mas ninguém responde.

                As crianças saem correndo em direção ao sul da ilha, muito provavelmente onde está o mar. Chamo-o mais algumas vezes enquanto abro outra jaula.

—Eu sou Henry. – Um menino diz, posicionando-se na minha frente.

—Você é órfão?

—Sim.

—Ah.... – Digo desanimada – Desculpe, estou procurando outro Henry. Mas vá com as outras crianças, seja livre.

                Sorrio para o menino como conforto para o mesmo, que sai correndo imediatamente. As pontadas no meu quadril só pioram, então percebo que preciso agilizar. Chamo-o novamente várias vezes até alguém responder.

—Aqui! – Alguém grita.

                Vejo um menino amarrado em troncos. Dou o molho de chaves para uma criança para que ela solte as outras e corro até Henry. Ele parecia bem, apesar do nariz estar sangrando um pouco, então começo a soltar suas mãos o mais rápido possível.

—Você está sangrando.... – ele diz, preocupado.

—Não faz mal. – Sorrio nervosamente – Você se sente bem? Dói em algum lugar?

—Só as minhas pernas, mas eu consigo andar. Cadê o meu pai?

—Ele.... – Procuro a melhor forma de dizer – mandou esperarmos no navio, então provavelmente ele está lá.

—Você está mentindo.... – Ele me olha, sereno.

—Eu.... – Fico sem saber o que dizer.

—Onde está o navio? – Ele pergunta quebrando o silêncio.

—Naquela direção.

                Eu aponto e nós começamos a correr. Ou melhor, eu tento ignorar a dor do meu quadril enquanto olho para trás a cada cinco segundos procurando por Gancho, sem sucesso. Noto alguns traços comuns em Henry de Gancho, e por um momento me pego sorrindo durante o trajeto. Eu nunca havia imaginado Gancho como pai, cuidando de uma criança e sendo responsável, mas talvez eu estivesse enganada. Penso em como esse reencontro está sendo esperado, e aquilo me faz acelerar o passo.  Avistamos o navio atracado na costa e a rampa já posicionada. Schmitt é quem nos recepciona na entrada do navio.

—Henry! – Ele o recepciona – Bem-vindo de volta, garoto!

                Por um momento eles se abraçam vitoriosos, acolhendo o menino da forma mais calorosa possível. Logo, o levam para dentro para que seja melhor cuidado e alimentado, quando Schmitt vem até mim.

—Você está sangrando! – Ele diz preocupado.

—Depois eu cuido disso.

—Você sabe que temos de partir.... Foi ordens dele.

                Eu não tirava os olhos daquela maldita mata verde esperando vê-lo correr em direção ao navio. Meu coração quase pulava para fora e minhas mãos continuavam trêmulas. Eu me negava a me entregar para as minhas emoções, que no momento estavam extremamente histéricas, porque eu não queria me entregar ao pensamento de que ele não teria conseguido.

—Espera mais um pouco! – Peço, sem desviar o olhar.

—Nós temos que cuidar do seu sangramento! – Ele insiste.

                Eu sabia que não aguentaria mais muito tempo, mas não quis me entregar. Minha visão começava a ficar turva e sentia meu corpo enfraquecer por conta do sangue que ainda escorria. Schmitt me ignora e começa a erguer a rampa.

—Não! Espera! Ele tá vindo!

                Grito esperançosa, tentando impedir Schmitt, ainda sem tirar os olhos da mata. Eu sabia do que ele havia me dito, mas não iria sair dali sem ele. Nenhum plano tinha dado certo até então, mas esse deveria dar. Tinha que dar! Meu corpo enfraquecia e o navio começou a se distanciar, quando eu vi um vulto preto aparecendo da mata.

—Gancho.... – Tento gritar, porém meu corpo acaba se apagando.


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