Cartas para um beija-flor escrita por Charbitch


Capítulo 5
Carta 5 – Presentes




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4 de novembro de 2018

Querido beija-flor,

É enlouquecedor o fato de que tudo me faz lembrar de você, até os meus próprios pés. Isso porque você sempre foi louco por eles, mesmo antes de começarmos a namorar. Já perdi a conta de quantas vezes você me disse que ama os meus pés, que o desenho deles é bonito, e que você adoraria beijá-los. É engraçado porque a minha mãe sempre me diz que os meus pés são feios. No passado, eu acreditava nela. Mas você incrivelmente me fez mudar esse conceito. Hoje em dia eu olho para os meus pés e penso: "Como é besta a minha mãe. Eles são lindos mesmo!".

Ontem eu calcei uma sandália vermelha da minha mãe. Eu olhei para o meu pé e me entristeci, pois me lembrei de quando você sempre dizia que vermelho ficava bem em mim. Às vezes sinto que nunca mais conseguirei usar uma roupa vermelha sem me lembrar de como você adorava me ver de vermelho. Você até me chamava de Mônica, e dizia que me daria um Sansão (se ele não fosse tão caro).

Por falar em Mônica, até a própria deu a bênção ao nosso namoro. Você mandou uma mensagem para ela no Facebook, pedindo que o Maurício me enviasse uma revistinha autografada por ele. E não é que deu certo? Eu ganhei um pequeno pôster autografado com todos os personagens da Turma da Mônica. Também ganhei revistinhas sortidas, sendo que uma delas foi tanto autografada pelo Maurício quanto pela Mônica. Tenho que confessar: foi o melhor presente de aniversário que eu já ganhei!

Meses depois, você me surpreendeu mais uma vez: ganhei um livro de haikais (poeminhas de três versos) com ilustrações do Menino Maluquinho, caramba, autografado pelo Ziraldo! Eu li tudo num dia só e fiquei admirada! Minha mãe me alfinetou dizendo que você só me dava presentes bobos, mas para mim aqueles autógrafos valiam muito mais do que ouro ou diamante. Era o nosso tesouro secreto, cujo valor só você e eu sabíamos apreciar.

Infelizmente, nem mesmo a bênção da Mônica, do Maurício ou do Ziraldo foi o suficiente para nos manter unidos.

Agora que tudo acabou, se você estiver se perguntando se eu vou me livrar das revistinhas, do livro ou do pôster, a resposta é NÃO. Por amor e respeito aos nossos bons momentos, não vou jogar fora nenhum dos seus presentes, nem vendê-los, pois eles representam uma época maravilhosa da minha vida, uma época que, embora efêmera, foi ao seu lado, e eu sou eternamente grata por isso. Além do mais, não é qualquer um que pode se dar ao luxo de dizer que possui obras autografadas pelos maiores cartunistas do Brasil, certo?

Sendo assim, obrigada, amor!

Mas e quanto à caneca do Flamengo que eu te dei? O que vai fazer com ela? Vai vendê-la ou dá-la a outro torcedor? Ou vai mantê-la como lembrança? Espero de coração que você ainda veja muitos jogos enquanto toma nela uma bebida de sua escolha. Aproveite!

E quanto às duas cartinhas escritas à mão que eu te enviei? O que vai fazer com elas? Se já as tiver rasgado, por favor, rezo para que tenha cheirado o perfume que borrifei nelas... uma última vez.

Com amor,

Da sua eterna flor.


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