Judith escrita por Flower


Capítulo 8
Capítulo 8 – Oito segundos


Notas iniciais do capítulo

Cheguei! Adoreis os últimos comentários, assim que eu puder vou respondê-los com o maior carinho. Sabia que vocês iriam ficar ansiosas com o próximo capítulo e ele veio! Sei que talvez ele seja pequenininho, mas resolvi cortá-lo no meio para deixá-las também com um ar de mistério... Como será que vai ser esse jantar? Ops, spoiler!

Obs: O tema "8 segundos" foi inspirado na série "YOU", espero que entendam a referência. (Quem tiver assistido)

Agora, tenham uma boa leitura. ♥



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Oliver Queen

Gargalhadas nos levam até o quarto.

As chamas queimam.

Mãos empurram meu peito.

O barulho com que minhas costas batem na superfície da porta nos assusta, arrancando uma risada divertida entre o beijo que pega fogo. As pernas de Felicity estão enroscadas ao redor do meu quadril de forma que não deixe nenhum centímetro de distância separar nossos corpos que estão em faíscas. É quando guiado pelas pernas jogo o seu corpo firme sobre uma pequena estante ao lado da cama onde fica apoiada pela bunda extremamente perfeita.

Felicity geme baixo entre o beijo sexy.

Escapo dos seus lábios para pegar um pouco de ar após nossa apneia, roçando propositalmente o maxilar no seu queixo macio, ganhando outra risada. Desta vez, é uma risada que a faz pender a cabeça para trás, eu volto a deslizar meu maxilar pelo acesso cheiroso do pescoço e ela volta a gargalhar tentando fugir, chegando a apoiar as mãos no meu peitoral para distanciarmos.

— Isso faz cócegas! — Felicity diz entre soluços engraçados.

— O quê?

A unha do dedo indicador passeia pela linha do meu maxilar fazendo um leve zig-zag até estacionar no meu queixo, puxando-o o mais próximo de sua boca novamente em uma posição que ela consiga tortuosamente passar a ponta da língua no lábio superior.

Os malditos olhos azuis estão fixados nos meus.

— Você quer que eu tire? — Felicity faz que não com a cabeça.

— A barba por fazer te deixa mais...

— Mais?

— Atraente.

— Atraente? — pergunto incrédulo.

A segurando firme pela cintura pequena deixo com que sinta o meu tamanho entre as pernas ainda envoltas ao meu quadril. Desço o rosto para conseguir ter mais contato  a pele fina, esfregando-me por ali propositalmente e Felicity começa uma risada fácil, tentando afastar meu rosto de novo como uma criança que se diverte.

— Eu vou ter um ataque cardíaco!

— Mereço mais do que um simples atraente, não acha?

Ela engole a risada.

Voltamos a nos olhar por segundos demorados, a sua sobrancelha esquerda levanta à medida que volta a passar a língua molhada pelos lábios dotados de pura provocação.

— Por enquanto é só atraente! — Felicity provoca.

Espremo meus olhos em sua direção enquanto absorvo a provocação.

Recebo um novo gemido quando arremesso o corpo quente de Felicity sobre a cama, ela se ajeita sobre os travesseiros garantindo uma visão privilegiada. Àquele sorriso pregado na boca me faz arrancar a camisa básica, a fivela do cinto que prende a calça jeans, as meias e em um piscar de olhos mergulho encima do corpo dela aconchegando o torso entre as pernas torneadas ainda cobertas pelo tecido do vestido.

Nossos corpos trocam de posição, Felicity garante de cima o controle deslizando as mãos pelo tecido sedoso do vestido que passa pela cabeça com agilidade, mostrando-me a lingerie simples do dia-a-dia que a faz ainda mais gostosa. A bunda movimenta de um lado para o outro para checar o tamanho entre as suas bandas avantajadas e suo frio. Isso tem que acontecer logo ou eu vou explodir antes mesmo de conseguir sentir as paredes quentes me abrigarem, apertarem-me com voracidade. Então volto a virar o sentido dos nossos corpos ganhando um grito animado de Felicity que abraça minha nuca procurando pela minha boca para começarmos a trilhar novamente o caminho pelo apocalipse.

Eu preciso senti-la.

Agora.

Afasto nossas línguas apenas para conseguir afastar as últimas peças que ainda nos mantém distantes, minha cabeça está um pouco abaixada para tentar enxergar sob a leve escuridão do quarto a entrada quente de Felicity que rebola assim que sente minha superfície roçar a sua. A resposta vem em forma de um arranhão profundo na pele das costas. Mais uma vez. Outra vez. Na seguinte eu a penetro até o topo, e assim que levanto a cabeça, os seus olhos se quebram e a boca entreabre perfeitamente. Apenas na primeira investida meu corpo derrete como um bloco de gelo exposto ao calor escaldante de um deserto, eu comprimo as pálpebras juntando forças para movimentar o corpo antes que tudo vá pelos ares.

Uma das mãos agarram o encosto da cama para pegar impulso.

Dou a segunda investida forte, ela geme baixo no pé do meu ouvido que soa como um clamor.

Jesus Cristo o que está acontecendo comigo? Parece que minha alma vai escapar pelos dedos ou descer pelo ralo como se eu estivesse perdendo o controle do meu corpo em contato com todo esse calor, a forma molhada e receptiva pela qual Felicity me pressiona à medida que me mexo para continuar. Na terceira estocada, meus pés formigam, a boca do estômago contrai, as pálpebras tremem.

Não, não, não Oliver. Agora não.

Você conhece essa sensação, é cedo demais, é cedo demais!

Minha consciência prevê o fracasso.

E antes de movimentar meu corpo para a terceira investida, libero tudo que sou capaz dentro de Felicity acompanhado de um urro alto e aliviado. Minha cabeça primeiro pende para trás cansada e depois meus olhos voltam a enxergar Felicity de baixo de mim estática. Paralisada. Com àquela cara de “já?” que todo homem tem pavor. Meu corpo pesado após um fracasso precoce cai também paralisado no vazio ao lado, a minha vontade de sumir vem rápido como o meu orgasmo.

Estamos parados olhando para o teto por um tempinho desde que o vexame aconteceu.

Isso nunca aconteceu?

É a primeira vez que isso acontece?

Não costuma ser assim?

Eu posso explicar?

Minha consciência começa a montar uma série de frases para tentar explicar o desastre que aconteceu, se é que existe algum tipo de explicação.

Em paralelo

Felicity Smoak

Diz alguma coisa Felicity!

Sei lá, existem estudos que podem comprovar que dentre cada três homens um deles acabam sofrendo ejaculação precoce pelo menos uma vez na vida.

Isso não ajudaria, claro que não ajudaria, mas o que fazer além de permanecer paralisada olhando para o teto esperando por alguma ação divina que acabe com esse clima pesado? Eu poderia comentar como esses lençóis estão cheirando bem, de como as portas do armário estão simetricamente fechadas ou como o colchão da cama desse quarto é mais macio do que o meu.

Tudo para quebrar esse silêncio constrangedor.

Podemos dividir o problema.

Que tal?

Estamos bêbados, o álcool, a comida que pode não ter caído bem.

Droga.

Oliver Queen

Sou um completo imbecil.

Caramba cara, oito segundos? Até um adolescente consegue ser melhor do que isso.

Será que é a idade?

Meu Deus, isso não!

— Daqui a pouco preciso medicar Judith, aquele lance de a cada oito horas... — Felicity quebra o gelo. Ufa. — Você se importaria se eu usasse o seu banheiro?

— Não, claro que não!

Claro, as primeiras palavras não poderiam ser melhores.

Qual é?

Essa é a hora de pegar na mão dela e dizer que não é sempre que isso costuma acontecer.

— Obrigada... — ela enrola o corpo seminu com o lençol, pula meu corpo perdedor e antes de colocar o pé no chão para caminhar até o banheiro, seguro sua mão.

Você não pode ser tão perdedor assim, não é?

Mexa a bunda, babaca.

Minha consciência falta me encher de porradas.

— Felicity! — comprimo meus olhos rapidamente.

— Não precisa dizer nada, tudo bem, essas coisas acontecem!

Essas coisas acontecem?

Bem típico, parecem as vezes que minha mãe passava a mão pela cabeça e dizia que eu iria conseguir da próxima vez. Só que eu não conseguia, era um ciclo vicioso.

— É você.

— Não entendi.

Suspiro fundo.

— Com as outras funciona, entende? É só chegar lá e pa-pum, às vezes, eu não preciso nem saber o nome delas!

— Você está dizendo que o problema sou eu? — as chamas florescem das suas íris azuis.

— Não é isso, é só que... — sou interrompido.

— Vocês homens são muito engraçados, por que a culpa sempre tem que ser da mulher? Sou uma mulher saudável, nunca me aconteceu algo parecido, talvez o problema seja você! Já tentou procurar um médico?

Felicity está visivelmente irritada.

Ela não me deixa abrir a boca se quer mais uma vez.

Batendo os pés recolhe as peças de roupa e volta a caminhar em direção à porta.

— Você precisa me ouvir! O problema é que você...

Sem nenhuma novidade ela volta a me interromper.

As mãos se apoiam na cintura.

— E não volte a usar o meu amaciante!

— É que você...

— Sem mais, Oliver!

A loira em chamas, bate a porta.

Meus ombros caem em frustação.

— Você mexeu comigo como nenhuma outra mulher conseguiu. Atingiu o que ninguém jamais atingiu, a porcaria da minha alma.

~~~

Felicity Smoak

Machista.

Eu estava disposta a entender, se ele fosse sincero poderíamos ter tentado outra vez, de vagarzinho, quantas vezes fossem necessárias até que pegasse no tranco. Mas não, ao invés de Oliver jogar limpo preferiu vestir a armadura de um macho com o orgulho ferido e colocar a culpa toda nas minhas costas.

Justamente...

Justamente quando achei que havia me encontrado, porque por mais que parecesse, eu não estava tão bêbada quanto Oliver pensou. Na verdade, eu sabia exatamente o que estava prestes a fazer quando decidi tomar a atitude. Meu coração nunca tinha acelerado daquela forma, os olhos azuis me engoliam e impulsionavam meus lábios para beijá-lo cada vez mais. Pensei que encontraria lábios duros de desejo, mas tudo que senti foi o doce mais profundo me apresentando a delicadeza antes de uma fúria que nos esperava. Eu já havia sido beijada por Oliver, no entanto, eu estava com tanta raiva que não me permiti relaxar diante de tanta intensidade que marcaria cada centímetro da minha pele, que me levaria ao êxtase em apenas um toque. O hálito de Oliver se mesclou perfeitamente ao meu, o cheiro amadeirado ficou impregnado na minha roupa, nos meus cabelos. Mas por que você tinha que ferrar com tudo?

— Felicity? — Thea saculeja meu ombro.

— Com açúcar. Eu prefiro o café com açúcar! — respondo assustada.

— Caramba, acabei de te contar o quanto estou feliz pelo pedido de Roy e você de repente parece de sido abduzida por extraterrestres?

Ela bufa.

Eu suspiro.

Sou uma péssima amiga, Thea está me contando com detalhes a forma como Roy a pediu em casamento na noite anterior e eu perdendo o pouco de tempo que tenho pensando na noite terrível que tive com seu irmão. Ao mesmo tempo em que Roy a pedia em casamento na noite anterior com rosas vermelhas e brancas sendo arremessadas do alto de um helicóptero que aterrizaria no heliponto do prédio mais alto da cidade e depois a levaria ao restaurante com os melhores cardápios a pedindo em casamento logo em seguida após falar tudo o que uma mulher pretende ouvir pelo menos uma vez na vida do homem que pensa ser o seu homem, eu, Felicity Smoak, estava perto de ter a melhor noite de toda minha existência, mas que não durou um minuto.

— Thea, estou muito feliz por você e Roy!

Nós duas entrelaçamos as mãos como as garotas fazem, os olhinhos de Thea estão brilhando feito uma árvore de Natal, e minha mente perturbadora chega a se perguntar se algum dia ainda vou viver a mesma sensação. Os olhos duas bilhas brilhando intensamente, o coração prestes a sair pela boca, as solas dos pés formigando e a boca do estômago apertada. Rapidamente meus neurônios se chocam como o Tico e o Teco, a boca fica seca e levemente pálida, fazendo com instintivamente eu acabe com o café mesmo quente de uma única vez, porque todo esse misto de sensações foi o mesmo que senti durante os segundos mais intensos que já vivi em apenas uma noite junto de Oliver.

— Você está bem? — Thea pergunta preocupada.

— Acho que comi alguma coisa que não me caiu bem... — desconverso.

— Será que não seria melhor irmos à emergência? Pode ser uam úlcera já que você anda se matando de trabalhar na Smoak Technologies!

— Não é nada, só algo que comi e me fez mal.

Preciso convencer Thea antes que ela ative o modo cão farejador e arranque de mim que transei com seu irmão. Pior, que fui do céu ao inferni, porque durou menos do que eu esperava ou menos do que eu quisesse. Oh, com certeza, muito menos do que eu tinha em mente.

Ela pigarreia.

— Falar em emergência... Eu percebi o clima com James!

Ah não, Thea não perdoa uma.

Lá vem ela querendo arrancar até as minhas calças para saber tudo o que aconteceu com o Dr. Sei lá o que, aliás, tudo o que eu não fiz. Talvez, Oliver tenha razão, talvez eu seja o grande problema, porque venho de duas noites em que fui uma fracassada. A última vez que estava disposta a relaxar e me entregar a James não deu em nada, ele tinha um beijo que se enquadrava na categoria média, era educado, o papo interessante e corpo atlético, mas novamente, não deu em nada. E agora com Oliver também não saí da estaca zero mesmo o beijo se encaixando perfeitamente bem, o cheiro viciante, a pegada irresistível e incomparável. O que preciso fazer para dar certo? Ir a uma cartomante, jogar búzios, sei lá, tomar um banho de sal grosso?

— Encontrei James em um site de relacionamento. — murmuro.

— Mentira???? — The pergunta horrorizada — Nunca poderia imaginar James, o Dr.  Gaguinho em um site desses.

— Thea, não o chame assim!

— Foi só uma brincadeirinha, lá no setor de residência ele encara numa boa.

— Mas não deu certo!

— Ele não é bom de cama?

Faço uma cara de espanto, não estou acostumada a falar dessas coisas, ainda mais com Thea que mesmo mais nova tem uma vida sexual mais ativa do que tive desde que me entendo por gente. Então, digamos que eu não seja a mulher mais experiente e, assim, a única que conseguia me tirar esses assuntos mais quentes era Caitlin assessorada por mamãe.

— Não Thea, não é nada disso. Na verdade, não chegamos a evoluirmos a tal ponto...

— Então qual é o problema?

Você quer mesmo saber qual é o problema?

Lá vai, eu simplesmente não consigo parar de pensar no seu irmão e no quando ele é um idiota.

— Não existe um problema, ok? James até me chamou para jantar de novo.

— Agora sim estou começando a gostar do assunto! — Thea morde o lábio e me lança àquela piscadela. A piscada é idêntica a de Oliver. Isso mesmo, estou fadada ao fracasso.

O relógio no meu pulso começa a apitar freneticamente.

A reunião!

Nunca fique tão animada com o som do alarme do meu relógio, mas isso significa que fui salvar das garras famintas de Thea.

— Preciso correr! — a abraço forte, mas quando estou preprando para me afastar, Thea segura minha mão.

— Não deixa de sair com James, ele é um dos melhores caras que conheço e vocês combinam.

Reviro os olhos.

— Thea...

— Não faça isso por mim, faça isso por você!

— Vou pensar no caso.

Preparo-me para ir novamente, mas Thea volta a segura minha mão.

— Hoje à noite está de pé?

— Você está se referindo à cova dos leões que você pretende nos jogar assim que Oliver descobrir que foi o último a saber sobre o tal pedido de casamento?

— É que Ollie só aceita as coisas sob livre e espontânea pressão... E caso ele tente assassinar Roy, vai ter muitas testemunhas!

Nós duas rimos.

Thea não está cem por cento errada, Oliver é muito turrão em certos aspectos da vida, ele precisa de um empurrãozinho para entender as coisas, então um jantar com todos nós vai facilitar com que ele engula a ideia mais facilmente. Mas então, onde é que mora essa pontinha de incômodo riscando minhas têmporas? É que não vi mais Oliver desde a nossa noite desastrosa e agora só vamos nos ver à noite quando estivermos nos preparando para o jantar de Thea, o que vai nos fazer entrar naquela bolha de climão de novo. Ah, e também tem o fato de estamos em família, posso ter aceito Robert, mas não é tão fácil assim vê-lo como papai Queen. Meu Deus, isso torna Thea e Oliver meus meios irmãos? Não, não pode fazer sentido, eu não transaria com meu meio irmão!

— Tudo bem Thea, estarei lá!

Ela suspira aliviada.

— Posso te pedir outra coisinha?

— Se não for um roubo a uma joalheria...

— Isso podemos deixar para a outra noite — Thea se diverte — Por favor, não deixe meu irmão usar àquela jaqueta péssima de couro ou a camisa xadrez surrada!

— Desde quando seu irmão me dá ouvidos? — pergunto ironicamente.

— Ollie gosta de você, ele te respeita... — Thea trava as palavras momentaneamente instigando minha curiosidade — O que quero dizer é que ele vai ouvir você.

A sensação no peito dá sinal de vida.

Gostar de mim?

Bobagem!

— Vou tentar, não garanto nada! — dou de ombros.

— Você é a melhor amiga que existe na face da terra!

Thea me enche de beijos molhados.

É uma fofa.

— Até mais Thea.

— Até mais!

~~~

Oliver Queen

— Oito segundos?

Dean pergunta se jogando no sofá ao meu lado.

O babaca ri feito uma hiena desesperada.

— Você não está me ajudando muito...

— É que cara, nunca imaginei acontecer isso com você!

— Pode acontecer com qualquer homem, Dean! — reviro meus olhos.

Sei que acabei de ferrar com a porcaria da minha vida contando ao Dean o que aconteceu ontem à noite, mas eu não tinha para onde fugir. Antigamente quando alguma coisa parecida acontecia, Barry era o meu porto seguro, mas e agora? Contaria que minha primeira noite com Felicity foi um tremendo fracasso à minha irmã? Se bem que Thea iria rir da minha cara assim como Dean e também mandaria mensagens de texto no Facebook às garotas que já passei a noite contando da minha fragilidade sexual por pura vingança. Novamente, essas coisas costumam acontecer, não que já tenha acontecido comigo, mas sempre existe uma primeira vez e, desta vez, fui o escolhido.

— Quer uma cerveja? Pode ajudar...

— Estou com a Judith... — a menininha ruiva de olhos azuis claros está se divertindo no meu colo. Aliás, ela e Dean são os únicos felizes aqui — Você tem achocolatado? De canudinho? É um drink ótimo e Judith adora.

— Você está estranho!

— Diz isso porque ainda não provou. — dou de ombros.

Dean apenas respira fundo.

— Mas e toda àquela história sobre não levar Felicity para cama?

— Bom...

Ele acaba de me pegar no pulo.

Quando Dean inventou essa história sobre o jantar e os espumantes não passou pela cabeça incluir Felicity na minha cama. De verdade, eu não imaginava que pudéssemos chegar tão longe, mas a partir do momento que Felicity me olhou daquela forma, os olhos azuis intensos e ricos de vida, o cheiro que tanto gosto entorpecendo minhas narinas, as curvas perfeitas no rosto de lábios simétricos avermelhados me fizeram arremessar para o alto qualquer pensamento que fizesse sentido. E quando as pernas torneadas envolveram meu torso, aí mesmo que meus neurônios viraram poeira e meu corpo cedeu à tentação.

— Você é um fraco, não aguentou Felicity!

— Caramba, você tem algum problema? Será que poderia pelo menos uma vez na sua vida não tratar Felicity ou qualquer outra mulher sem esse jeito pejorativo? Elas não são objetos!

— E quando você passou a se importar com isso?

— Fácil, quando passei a dividir meus dias com Judith. Ela é uma menina, mas o tempo voa e logo vou ter que me acostumar com caras nojentos como você, como eu fui um dia. E não é isso que eu quero para ela. Todos os dias eu me pergunto como fui capaz de tratar cada mulher que passou pela minha cama... Elas tinham coração e se deixavam iludir com as minhas palavras cretinas de uma próxima vez que não ia acontecer. Thea tentou me alertar do quanto eu estava sendo um imbecil, mas eu não quis a ouvir, precisei sentir na pele para enxergar que estava errado. No futuro, se Judith conhecer um cara como você ou como eu já fui um dia, talvez eu queira matá-lo ou jogá-lo de um precipício. Sabe por quê? Porque meninas como ela, como Felicity, não merecem caras como nós.

— Profundo.

Dean é sarcástico.

Bufo.

— Não vai levar nada a sério?

— Os seus oito segundos com Felicity? Oh, eu vou levar bastante a sério sim.

— Vamos embora Judith... Dean é um bastardo!

Me preparo para levantar com Judith nos meus braços, mas Dean impede.

— Não faz o louco, estou só brincando.

— Já estou me sentindo humilhado demais para suportar as suas brincadeiras.

— Senta aí cara, vou pegar o achocolatado de vocês.

Dean levanta do sofá indo em direção à geladeira de onde tira duas caixinhas. Não é vergonha nenhuma confessar que esses achocolatados são muito viciantes, Judith e eu adoramos. Ele me joga um e abre com calma o outro para a pequena que salta os olhos quando avista o seu, até que Dean não é tão idiota assim, porque vê-lo cauteloso com Judith é minimamente fofo. Fofo? Eu disse essa palavra? É, acho que não estou batendo muito certo da cabeça.

— Pensando bem, a rapidez com Felicity não foi o problema.

— Está dizendo que existe alguma coisa pior do que a ejaculação precoce?

— Tem a cara de espanto de Feclity como “Eu esperava mais de você, Queen!” ou o silêncio pós ejaculação precoce, mas nada disso consegue superar a besteira que fiz logo em seguida.

Sugo o achocolatado.

Isso é muito bom.

— Agora estou preocupado. — Dean dá de ombros.

— Na tentativa de consertar a merda dei a entender que Felicity era o problema...

A cara que Dean faz é de frustração.

Até ele sentiu o drama.

— Cara, nunca coloque a culpa na mulher. Nunca.

— Mas, presta a atenção, quando eu disse que o problema era Felicity... Não era nada carnal ou sexual. Era sobre ter achado a pessoa certa, foi rápido demais, porque eu não aguentei a sensação de estar dentro da mulher incrível que ela é! Eu desmontei como um castelo de cartas, foi mais forte do que eu, simplesmente explodi.

— Você está muito ferrado!

— A verdade é que Felicity ao mesmo tempo que foi o problema, ela me deu a solução.

— Mas me deixa adivinhar, Felicity achou que você estava jogando toda a culpa pelo seu brinquedo não ter funcionado nas costas dela?

— Exato! — suspiro.

— O que você está esperando para correr atrás dela e gritar que está apaixonado?

— A vida não é um filme de comédia romântica, Dean!

Não é tão simples como largar tudo e correr atrás da mocinha como acontece em um filme clichê romântico, a vida é muito mais complexa do que isso. Felicity não vai mudar da água para o vinho quando eu de novo pedir desculpas, ela pouco vai se importar se caso eu disser que estou apaixonado. No mínimo vai achar que estou criando uma desculpa suja para que ela volte a me perdoar, porque vou repetir mais uma vez, a vida não é o mundo encantado dos livros de princesas que leio para Judith, e mesmo que fosse, Felicity nunca seria uma dessas princesas bobas, na verdade, ela seria a princesa mais durona que já teria existido.

— Mas não muda o fato de que precisa acertar as coisas com Felicity.

— Como vou fazer isso?

— Está mesmo pedindo conselhos a mim? — Dean pergunta pasmo.

Até eu estou desconfiando.

Pedir conselhos a Dean pode ser o meu ponto final com Felicity, mas o que se fazer quando não se tem escolhas?

— Desembucha de uma vez.

— Hoje à noite você vai esperar por Felicity, sem culpa e sem constrangimento, ignorando qualquer atitude que possa parecer assustadora. A loirinha não é burra, ela vai escutar cada palavra que sair da sua boca e, bom, não há momento melhor para dizer o quanto você está de quatro por ela!

— Nossa, agora você acabou de encontrar a fórmula da Paz Mundial. — ironizo. Acha que é fácil assim dizer que estou apaixonado por Felicity? Eu nem sei se isso é real. E se Felicity estiver gostando de James? E se o que ela queria comigo foi apenas diversão de uma única noite?

— Você não queria a minha ajuda?

— As coisas não são fáceis assim, Dean...

— Sabe qual é o nosso problema? É justamente tornar tudo mais complicado.

Meneio a cabeça.

Mesmo que eu esteja gostando um pouquinho que seja de Felicity, depois do que ela acha que eu disse, minhas chances são mínimas. E do jeito que a conheço, ela não deve estar querendo me ver nem pintado de ouro. Não é tão fácil quanto Dean diz, o que ele quer? Que eu a pegue pelos braços como um homem das cavernas e a faça me ouvir? Ontem ela deu com a porta nas minhas fuças antes mesmo que eu pudesse completar a frase. Preciso de uns dias para me acostumar com a ideia do fracasso que fui ontem à noite, organizar as palavras que precisam ser ditas, averiguar exatamente qual é o posto que James ocupa em sua vida e, principalmente, o quanto Felicity mexe comigo.

— Preciso colocar a cabeça em ordem, Dean.

— No final das contas, tudo acontece no momento certo!

Espremo meus olhos em direção a Dean. — Odeio quando você decide falar coisas de adulto.

— Você me acha atraente?

— Por favor, não fale essa palavra... Ela não me traz boas lembranças!

Dean fica confuso.

O celular que está na mão de Judith vibra, rapidamente avisto no visor o nome de Felicity. Nos primeiros segundos deixo com que as chamadas caiam na caixa postal, preciso de um tempo para saber o que dizer a ela assim que atender a ligação, não que eu esteja esperando por um Precisamos conversar, afinal, nós não temos nenhuma relação que nos obrigue a ter uma conversa depois da noite desastrosa de ontem. Ao mesmo tempo, Felicity nunca trataria de assunto desses por uma ligação, logo, decido atendê-lo na segunda tentativa.

— Felicity? — minha voz treme.

— Sua irmã comentou sobre o jantar de hoje à noite? — ela é direta, o tom de voz não tem nenhum ressentimento ou ela está enganando muito bem.

— Jantar? Hoje à noite?

— Sim... Thea pediu que fossemos juntos. Você me espera chegar da Smoak Technologies?

— Claro! Mas você sabe sobre o que é o jantar? Thea não costuma gostar dessas frescuras.

— É só um jantar entre amigos! Coloque o vestidinho dourado que comprei para Judith na semana passada sobre a cama, pode ser?

Respiro fundo.

É claro que o único que está pensando na noite de ontem sou eu.

Felicity parece nem se incomodar.

— Nos vemos à noite!

— Tchauzinho.


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Notas finais do capítulo

E AÍ MENINAS DO MEU BRASIL?????

e agora???????? Sigo vocês nos comentários. Beijinhos. ♥



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