Poliana Moça escrita por esterjuli


Capítulo 6
Interferência


Notas iniciais do capítulo

Oláaa! Voltei, finalmente! Gente, peço desculpas pela minha ausência, esses dias fora bem corridos pra mim, tanto que eu nem tava conseguindo assistir Poliana. Porém, esse final de semana consegui assistir tudo e tive inspiração para escrever. Então, tá aí o capítulo novo, feito com muito amor e agumas doses de criatividade. Espero que gostem!



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Pov. Poliana

Depois que o João conversou comigo sobre o Antônio, sinto que finalmente estou passando a aceitar melhor que a hora dele tenha chegado. Pra ser sincera, eu até estranho que eu esteja tão pra baixo, eu nunca sou de ficar assim. Jogar o jogo do contente pra mim sempre foi uma tarefa “simples”, bom pelo menos comparado à outras pessoas. Talvez agora eu tenha que chegar a um novo nível do jogo.

Enquanto eu não consigo alcançar a outra fase, eu fico feliz que as pessoas a minha volta tenham aprendido a jogar tão bem quanto eu e me sinto grata por todos estarem me ajudando a aprimorar minhas habilidades. O João sem dúvidas é um dos meus maiores inspiradores, parece que o tempo passou e ele não deixou de jogar o jogo do contente em momento algum. Assim que ele me contou sobre o que o Antônio tinha dito, não tive como não me sentir melhor, de certa forma, senti um alívio por saber que eu tinha deixado essa impressão pro Antônio e menos despreocupada por não termos nos despedido (porque como o João disse, a gente tinha). O abraço dele foi tão reconfortante, que automaticamente me fez sentir inteira de novo. Assim que nos desfizemos do abraço, eu o agradeci.

— João, muito, muito obrigada. Eu sei que eu já disse isso, mas eu senti tanta falta de você que eu mal posso medir. Era como se parte de mim tivesse ficado aqui. – eu disse, enquanto sorria para ele.

— Eu sei como é, porque essa é justamente a sensação que eu tive. Pra mim, quando tu saiu, a escola não teve graça. Eu sei que eu podia ter todos os meus outros amigos, mas não era a mesma coisa. Senti tua falta demais, menina arretada. – nos abraçamos de novo e depois ficamos nos olhando. Não sei dizer porque, mas dessa vez, quando olhei nos olhos dele, foi diferente das outras vezes. Foi profundo, não sei dizer. Só sei que me assustei no momento em que ouvi a tia Luíza me chamar e percebi que ela estava lá na sala.

— T-tia Luíza, você tava por aqui? – falei sentindo meu rosto esquentar um pouco.

— Acabei de chegar, mas ainda te chamei umas duas vezes na porta pra que você me ajudasse com as compras. – ela disse em tom de sermão, enquanto olhava para nós. – Foi aí que eu decidi entrar com algumas das compras, porque parecia que você não estava em casa.

— Tiaaa, desculpa! Nossa, é que eu tava conversando com o João e não escutei você chamando na porta. – eu disse envergonhada.

— É Tia Lu... quer dizer, dona Luíza. E-eu vou lá pegar as compras pra senhora agora. – João disse e foi apressado na porta. Logo, ele já tava de volta com um monte de sacolas, então fui ajudar ele a carregar algumas. Assim que terminamos de colocar as sacolas na cozinha, ele se despediu de mim.

— Bom, Poliana. Agora já deu minha hora, tenho que voltar pra casa que se eu passar do horário, o Feijão faz a festa. Foi bom te ver e falar contigo, como nos velhos tempos. – ele falou e me abraçou.

— Muito obrigada de novo por ter me ajudado, João. – falei enquanto ainda estávamos abraçados, quando estávamos saindo do abraço, ele fez uma expressão engraçada, que eu nunca tinha visto. Nem sei dizer de que era, ele pareceu nervoso, franziu as sobrancelhas e depois deu um sorrisinho. Ai ele cruzou os braços e se despediu de novo.

— Então, eu já vou. Até outro dia, Poliana. – ele disse se virando apressado pra sair da cozinha.

— Espera, João. Sua faculdade! Começa segunda, né? – Perguntei ansiosa.

— Sim. E eu tô bem animado, mas ao mesmo tempo aperreado. – ele disse coçando a cabeça.

— Aperreado? Por que? Você vai se dar super bem! Tenho certeza que vai surpreender todo mundo com o seu talento. – disse

— É né? Talvez eu esteja me preocupando à toa. – ele disse dando um sorriso aliviado.

— Garanto que vai dar tudo certo e que vai ser uma experiência muuuito legal! – eu o encorajei, enquanto caminhávamos até a porta.

— Eita que eu sou sortudo de ter uma amiga que além de tudo, ainda é psicóloga! – ele disse e nós rimos. – Agora eu tenho que capar o gato, tchau! – se eu não estivesse habituada com as gírias do João, eu certamente iria esconder o Chuvisco depois de uma afirmação dessas, mas como eu sabia que ele queria dizer que ia embora, eu o abracei de novo e dei tchau. Assim que ele saiu, eu voltei pra o sofá pra tentar recapitular tudo que tinha acontecido. Cheguei à conclusão de que provavelmente, ele estava nervoso com a faculdade, mas não queria me dizer pra poder dar toda a atenção pra o meu problema. Ele com certeza é um amigo valioso.

Pov. João

“Eita mulésta, que agora eu tô lascado”. Era isso que eu pensava depois de sair da casa da Poliana. Quando eu era mais novo, todo mundo fazia brincadeiras comigo, dizendo que eu gostava dela. Pra eles só porque a gente vivia grudado, tinha que ser algo além de amizade. Eu sempre fiquei com raiva quando o povo dizia isso, porque eu não sentia nada por ela, a gente era amigo e só isso. Bom, pelo menos era isso que eu achava. Quando ela se mudou pra França, eu senti uma saudade arretada, das que eu nunca tinha sentido por ninguém. E olhe que eu morava longe da minha família há um tempo, mas nada me causava mais dor do que estar longe da Poliana.

O tempo passou e a saudade foi ficando menos difícil de lidar. Agora eu já conseguia não pensar nela “25” horas por dia. Isso até o Luigi me avisar que ela voltaria. Acho que nunca me senti tão ansioso e ao mesmo tempo animado na vida. Eu ia reencontrar ela finalmente, tentei de todo jeito não ficar aperreado com a possibilidade de ela não querer mais ser minha amiga como antes. Mas assim que me encontrei com ela novamente, veio tudo à tona. Eu percebi que eu gosto da Poliana.

Eu sei, quando eu encontrei ela eu nem pareci nervoso ou nada do tipo, mas por dentro eu estava uma pilha de nervos. Os cambito mal se aguentava em pé. Tentei fazer piadas a noite toda e parecer tranquilo, mas o cabra mais esperto podia ver fácil, fácil que eu não estava tão calmo assim. Não tinha jeito, se quando ela viajou eu já senti tudo aquilo, quando eu vi ela de novo, tão bonita com aquelas roupa louca dela, eu percebi que tinha algo diferente. Quando a gente dançou, então. Meu coração batia mais rápido que o compasso do triângulo no forró.

Acho que ninguém percebeu, eu escondi bem. Resolvi esconder porque tá na cara que ela não sente o mesmo. Pelo modo que ela age comigo, eu não passo de um amigo. Mas tudo bem, pelo menos eu tinha a amizade. Pra mim “estava” tudo bem, até hoje, quando eu não consegui disfarçar tão bem, após um de nossos abraços, eu acabei olhando nos olhos dela por mais tempo do que eu pretendia, não consegui evitar, são muito bonitos. Tanto que eu acho que até ela tenha percebido alguma coisa. Se não percebeu nessa hora, talvez tenha achado estranho o modo como eu agi depois na cozinha, todo desengonçado.

Pelo que eu conheço ela, é provável que nem assim ela tenha suspeitado de nada. Mas a questão é que se eu continuar agindo assim, qualquer pessoa que estiver ao nosso redor, vai poder perceber que eu gosto dela. O que é um desastre, afinal eu não quero que ela saiba de nada por outra pessoa que não seja eu e ao menos que eu não tenha certeza que ela gosta de mim, eu não vou dizer nada. É, deve ser a coisa mais sensata a se fazer. Finalmente cheguei no meu prédio, percebi que o elevador estava quebrado e que tinha um cabra de muletas tentando subir as escadas. Claro, fui correndo ajudar.

— Ei, quer ajuda pra subir? – eu perguntei a ele que estava de costas.

— Não, não precisa. Eu consigo sozinho. – o cabra respondeu em um tom meio mal humorado.

— Oxe, deixe de besteira, má. Não custa nada, eu vou subir também. – falei enquanto caminhava até o lado dele. E percebi que na verdade, eu já o conhecia, infelizmente. – Bento?!

— Oi, João – ele falou em tom seco com a mesma cara réa de sempre.

— Mas você mora por aqui? A Poliana disse que você morava nessa região, mas justo aqui? – eu tentei ser o menos grosso possível.

— É, esse é o prédio com o valor mais acessível para mim, então. – ele disse e ficamos em silêncio.

— Massa. – mais silêncio.

— Então, você viu já viu a Poliana? – ele perguntou.

— Claro, fui um dos primeiros. Não podia deixar de receber ela aqui, a bichinha fez falta. – eu disse, já suspirando ao lembrar dela.

— Legal. Eu também já a vi, encontrei ela no parque. Conversamos bastante hoje. – ele disse se achando a última bolacha do pacote. Esse cabra faz isso pra me aperrear, só pode.

— Entendi. Agora eu tenho que ir, que o Feijão tá me esperando. Tem certeza que não quer ajuda? – perguntei por educação.

— Tenho, já não preciso de tanta ajuda como antes, João. – ele disse aparentemente ofendido pela oferta de ajuda.

— Tá bom então, má. Acho que se você não aceitava ajuda antes, imagine agora. – disse. Pensei em falar “talvez se fosse a Poliana, você aceitaria”, mas preferi deixar quieto, se eu tivesse sorte nem ia me encontrar tanto com ele. Subi pro meu apartamento e o Feijão veio correndo até mim. Acariciei ele e deitei na cama pra lembrar do dia cheio que tinha sido o hoje. Quando sem mais nem menos, meu celular tocou, atendi e era o Marcelo.

— E aí, macho. Quanto tempo, hein. Depois do dia da festa, a gente nem se falou mais. – ele disse.

— Num é, má. Mal pude matar a saudade que tava de tu. Agora que é um fotógrafo famoso nem lembra dos amigo. – eu disse em tom zombeteiro.

— Ei, nem vem que nós sabemos muito bem que no dia da festa você mal saiu do pé da Poliana, como a gente ia conversar desse jeito. – ele disse e eu fiquei vermelho ao perceber que ele tinha notado que tínhamos ficado a festa toda grudados.

— É-é, que nada. Isso é desculpa, a gente nem ficou tanto tempo juntos. – eu disse nervoso.

— Aham, vou fingir que acredito. Só não via quem não queria. – ele disse e eu suei frio.

— V-via o que? Num tinha nada pra ver não, oxe. Cabra réi doido – eu disse, tentando manter a farsa.

— Que vocês não se desgrudavam na festa. Mas você ficou tão nervoso que eu acho que tinha mais coisa pra ver. – ele falou, enquanto ria. – João, só pra você saber, eu aprovo.

— V-v-você o que?!? – eu disse nervoso – N-não tem nada pra aprovar não. – ele continuou a gargalhar, até que eu ouvi uma voz de fundo dizendo “Ô tio, do quê que você tá rindo tanto? Dá pra ouvir lá da cozinha” percebi logo que era a voz da Poliana. Quase caio da cama. “É o João” ele respondeu. “O JOÃO?” ela respondeu, confesso que meu coração deu uma acelerada com essa. “Posso falar com ele?” ela perguntou e eu arregalei os olhos, pensando em todas as formas possíveis de evitar falar com ela em um momento que eu claramente não estava em condições. “João? É a poliana” ela disse.

— XRRSSSSRFFFFFSSR... O... XSXSFFFFRRR... Po.. XSFFFSSFSRR... Tá... XSSSRFRR... Interfe... XSRRRFFFRR. – Tentei desesperadamente fingir que o celular estava dando alguma interferência. Aparentemente ela acreditou, porque depois de muitos “Alô” e “João? Você tá me ouvindo” ela comunicou ao Marcelo (que enquanto isso não parava de rir) que o celular não estava funcionando. Assim eu resolvi desligar pra evitar ter que imitar a interferência por mais tempo. Respirei fundo, tinha me livrado de uma enrascada. Tive pena dela, mas dessa vez não tive escolha, se eu falasse com ela agora, nem ela teria dúvidas do quanto eu gosto dela. E essa não é uma opção no momento. Deitei na cama e adormeci, depois de algum tempo olhando pro teto.


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Notas finais do capítulo

Que capítulo cheio de emoções, hein? Espero que tenham gostado, agradeço se puderem deixar comentários dando suas opiniões sobre a história, me deixa muito feliz essa interação de vocês. Obrigada a todos que leram e que estão acompanhando a fanfic. Vocês me deixam muito contente, contente, CONTENTE! Logo mais espero conseguir voltar com outro capítulo! Até a próxima.



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