Frutos Proibidos São mais Gostosos escrita por Blustar-san


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Vou continuar as fics assim que tiver tempo! Tô estudando demais XD O próximo cap de "Bokuno" e "Frutos" tá na metade! Se tiverem paciência serão recompensados pois acho que estou melhorando nisso^^
O que está sendo escondido nessa mansão?



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Acordei cedo pois já estava acostumada, caso contrário, dormiria por mais várias horas. Ainda me sentia meio deslocada nessa casa imensa, mas a cama era por demais confortável para que eu a rejeitasse. Muito mais confortável que minha "cama" anterior.


Levantei devagar, me acostumando com o fato de não precisar correr para a cidade antes de ser espancada e que poderia ter, pela primeira vez em anos, sossego. Meu braço ainda doía um pouco, e foi desconfortável levantar, mas estava muito melhor que no dia anterior e o cheiro das ervas medicinais me acalmava. Me arrumei com o que encontrei no quarto. Troquei a roupa, escovei os dentes e os cabelos, lavei meu rosto, ainda um pouco perdida no grande cômodo.


Iria sair do quarto, mas tive receio de acordar Christian. Realmente não queria encará-lo agora. Mesmo sabendo que era uma idéia estúpida, resolvi que sairia pulando a janela e assim o fiz. Desci do parapeito de pedra da grande janela, que não era muito alta. Andei sobre a grama verdejante da lateral da casa, indo em direção aos fundos, onde eu via de longe uma grande parede de rosas, que provavelmente era parte de um grande labirinto. Me perguntava se Natanael cuidava dele. Natanael parecia ser muito cuidadoso e atencioso. Os curativos que fizera no dia anterior, embora firmes, não apertavam. Ele me tratou com muito respeito quando fez os exames e com muito cuidado quando saí da casa de minha tia. Eu estava um tanto encantada por ele, mas quem não saía de meus pensamentos era Christian e suas atitudes imprevisíveis, seus olhos e cabelos peculiares e seu aparente prazer em jogar.


O calor do Sol que ainda nascia era muito agradável e meu braço não incomodava tanto. Quando alcancei a parede do labirinto, principiei a andar mais vagarosamente, para olhar melhor para as rosas e aproveitar o calor matinal. Eram rosas muito bonitas. Saudáveis, sem uma folha mordida sequer. Todas vermelhas! Um vermelho vivo, sanguinolento. Estavam crescendo ainda, mas algumas poucas estavam completamente abertas. Eram uma visão tão linda que eu quase não me movia mais. Meus passos iam vagarosos e quase imperceptíveis, quando ouvi vozes vindas do fim do labirinto. Temi que fossem invasores, portanto me aproximei lentamente para averiguar.


Fui até uma ponta e espiei discretamente.Eram dois serviçais, um homem e uma moça. Constrangida pelo mal entendido, dei meia-volta. Confundi-los com invasores e depois ainda ouvir a conversa deles seria uma dupla afronta. Quando estava tomando meu caminho, ouvi meu nome ser dito pelo homem. Me contive. Seria o nome dela o mesmo que o meu? Não. Estavam falando de mim, e com certo sobressalto. Primeiro eu pensei em ignorar, mas algo em mim me mandava voltar. Me decidi por obedecer este "algo" e voltei para o lugar onde estava, de onde eu podia vê-los. Comecei a ouvir a conversa a partir de uma frase do jovem homem:


–Se ela descobrir estará tudo acabado! Nem pense em repetir isso!


–Mas o Mestre está sendo incrivelmente impulsivo.


–Foi tudo minuciosamente planejado. Anos de planejamento não demonstram impulsividade! Apenas deixe-o. Não devemos contestá-lo!


–Mas podemos tentar impedí-lo! Se deixarmos a decisão nas mãos dela...


–Apenas citar isso perto dela acarretariam consequências! Acalme-se!


–Mas se acontecer da forma que ele planeja... O Mestre vai... Ele tem de se arrepender! Eu quero que ele se arrependa!!!


A moça, que gritou a última frase, calou-se e caiu em prantos, abraçando o rapaz e pondo sua cabeça no ombro deste. Qual era o motivo de tamanho desespero? O que ele queria fazer comigo de tão horrendo a ponto de deixá-la naquele estado deplorável? O que ele havia elaborado por anos que seria tão terrível? Antes de pensar em qualquer possibilidade, notei que o homem hesitava em abraçá-la. Aquilo desviou minha atenção. Ela chorava tão intensamente que até mesmo eu tinha vontade de abraçá-la. Eu não podia ver seu rosto pois ele estava de costas para mim, mas me incomodava muito o fato de não saber sua expressão naquele momento.


Quando esse pensamento saiu de minha mente, decidi ir de encontro a eles, para descobrir do que falavam. Antes de sair de meu esconderijo, ouvi passos vindos do interior do labirinto. Resolvi permanecer no lugar onde estava. A pessoa não saiu do labirinto, portanto não pude vê-la de onde me escondia, mas descobri quem era assim que este se pronunciou, em tom calmo e sério:


–Creio que deveriam estar cuidando da casa ao invés de estarem desrespeitando vosso Mestre, estou certo?


Os serviçais se separaram de sobresalto. A jovem limpava as lágrimas da face enquanto o outro, com expressão assustada, falou:


–Desculpe, Senhor Natanael! Só estavamos limpando o jardim.


–De mãos vazias? - Ele prosseguiu calmo.


Os serviçais se entreolharam, engolindo seco.


–Eu sou o único que cuida do jardim. Não sou ingênou.


Eles abaixaram os olhares, constrangidos.


–Posso perdoar vagais, mas não caluniadores. Deixarei passar desta vez, mas se fizerem algo inconsequente se arrependerão amargamente e sabem disto melhor que eu mesmo. Rogo-lhes que não repitam o erro - Ele discursava inalterado e macio - Se entristecerem o Mestre, não terei tanta paciência para com vocês. Ele finalmente pode sorrir. Lutou por isso! Não cabe a vocês julgá-lo!


Eu me assustei com a tranquilidade inabalável com que ele falava tudo isso. Era uma mistura de advertência e carícia que deixaria qualquer um envergonhado de seus atos.


–Me perdoe, Senhor Natanael - Disse o homem - Sei disso.


–Sei que sabe. O alvo principal desta advertência não foi você.


Se fez silêncio. O serviçal olhou para a moça, que gritou:


–Mas o Mestre está sendo tão cruel com a garota!


Era a primeira vez que eu a via falando com Natanael. Estava intimidada, mas em desespero.


–Se ousar tocar neste assunto, se arrependerá.


–Mas ele não pode fazer algo assim!


–A decisão não é sua! Não o questione! Ele é seu dono! Seja grata por ele permitir que você esteja nesta casa, mesmo sabendo a sua opinião quanto a ele. Sem ele, sabe-se lá o que você estaria fazendo por comida!


–Mas...


–Apenas fique quieta. O desjejum está pronto. Ponha a mesa.


Ela se calou nervosa e adentrou o labirinto, acompanhada pelo rapaz ainda cabisbaixo. Ouvi os passos se distanciando e resolvi voltar ao quarto. Descuidadamente fiz muito barulho enquanto começava a me distanciar. Natanael me ouviu.


–Quem está aí?


Fiquei imóvel. Eu não deveria ter ouvido aquilo de acordo com eles. Sequer sabia o que "aquilo" era, mas ainda assim ficariam zangados se soubessem que eu sabia. Eu sequer respirava. Meu coração disparou tanto que doía. O que eu faria? Fugir? Mas a parede de rosas era longa. Ele me veria em fuga dando poucos passos. Não haviam bons esconderijos ao redor. Fiquei desesperada, quase todo meu corpo tremia.


–Está tudo bem. Apareça. Não vou contar pra ninguém - Ele falava baixo e carinhosamente, como se atraisse pequeno animal.


Eu o ouvi se aproximando. Encolhi os ombros, fechei meus olhos. Abaixei minha cabeça, soltando involuntariamente um leve gemido de medo. Ele parou. Ele estava em um lugar em que ainda não podia me ver.


–Acalme-se. Irei embora agora. Não lhe vi e não te seguirei. Entretanto, se quiser falar para mim o que ouviu, eu estou sempre na mansão.


O ouvi se afastando um pouco.


–Sinta-se livre para ir. Ficarei no labirinto durante um tempo e os outros dois já devem ter entrado na mansão. Se correr, provavelmente ninguém sequer saberá que já esteve aqui.


Movida por estas palavras comecei a correr, ainda de olhos fechados, abrindo-os enquanto andava. Corri até a janela de meu quarto e me lancei para dentro. Examinei minuciosamente cada parte de minhas roupas e pés buscando algo que me denunciaria. Tremia e suava frio. Lavei meu rosto e minhas mãos novamente. Limpei rapidamente meus pés nas minhas roupas antigas. Sentei-me quase sem fôlego na cama e tentei normalizar minha respiração e prender o choro, que surgia pelo nervosismo, quando batidas na porta fizeram meu coração disparar novamente.



Fim do Capítulo 3



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Notas finais do capítulo

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