One in a Million escrita por sayuri1468


Capítulo 1
O retorno de Helga


Notas iniciais do capítulo

Not mine



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Então é isso! Respire, Helga!

 

Estou voltando para Hillwood após tanto tempo.

 

Meu coração está batendo em excitação. Nem acredito que estou voltando depois de seis anos fora.

 

Será que as pessoas vão me reconhecer? Será que eu vou reconhecê-las? Com exceção de Phoebe não mantive contato com mais ninguém. Ela foi a única pra quem eu tive coragem de contar sobre meu...bom…”problema”.

Pelo menos eu sei que ela estará me esperando na porta da escola na segunda!

 

Meu Deus, seis anos se passaram! E Arnold? Como ele estará? Minha paixão de infância pra quem compus inúmeros poemas e canções, deve estar totalmente diferente agora.

 

Será que ele ainda é o garoto doce e gentil de quem me recordo? Eu certamente não sou a mesma, até porque, foi o que eu trabalhei nesses seis anos. Talvez até possamos ser amigos em bom termos agora, sem eu xingá-lo para chamar sua atenção XD

 

Phoebe me contou que ele está saindo com a Lila agora. Quem diria, hein! Minha terapeuta ficaria muito feliz em saber que a única coisa que consigo sentir com essa notícia é curiosidade para vê-los juntos como casal.

 

Deus, as coisas que fiz por esse garoto, me matam de vergonha agora XD.  

 

Sei que provavelmente vou ter que sair pela tangente de algumas perguntas sobre minha mudança súbita e desaparecimento por seis anos, mas...ainda assim, estou tão ansiosa.

 

Talvez eles nem me reconheçam. Ou talvez sim. Não sei.

 

Amanhã vamos ver, e quem sabe, eu tenha novidades para contar.

 

Helga.

 

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As coisas em Hillwood nunca estiveram tão calmas. Arnold, no auge dos seus quinze anos, não podia reclamar. Seus pais finalmente estavam com ele, ajudando na manutenção da pensão. Seus avós continuavam com uma saúde de ferro e tudo ia bem.

 

Ainda assim, sempre que Arnold passava em frente a casa de tijolos azuis e cortinas rosas, seu coração apertava. A casa de Helga estava fechada há seis anos agora. Sua mudança com a família foi súbita e ninguém nem sequer teve alguma informação a respeito. Arnold só soube do ocorrido depois que voltou com os pais de uma viagem. Nunca teve chance de conversar com a amiga sobre o beijo que trocaram na floresta.

 

Mesmo depois de todo esse tempo, em sua mente, ele sempre se perguntava o que havia acontecido com Helga. Se ela estava bem, onde quer que ela estivesse.

 

“E ai, cara!”. Gerald chamou a atenção de Arnold. “Com a cabeça nas nuvens?”

 

Arnold suspirou. “Tava pensando, lembra da Helga?”, perguntou.

 

“Helga G. Pataki? Claro! Tava pensando nisso de novo?”

 

“Nunca deixei de pensar, Gerald! Essa história não te incomoda?”

 

Gerald consentiu. “Claro, cara! Mas o que se pode fazer? Não é como se não tivéssemos tentado descobrir o que houve!”

 

Arnold suspirou novamente.

 

“Você sempre fica assim quando passa por aqui, Arnold! Já faz seis anos, cara! Deixa pra lá!”

 

Arnold pode ver de relance uma visão da Helga de nove anos pulando corda na rua. Ele respirou fundo.

 

“Agora, vamos falar do que interessa! Nosso primeiro dia no colegial!”. Gerald continuou. “Não está empolgado?”

 

Arnold sorriu. “Sim, estou!”

 

“Vamos ter um monte de gente nova na classe! Quem sabe até umas gatinhas, aproveitando que você está solteiro agora!”. Gerald deu uma piscada para Arnold.

 

“Terminei com a Lila faz dois dias, Gerald! Não acha que é um pouco cedo?!”. Arnold respondeu com seu sorriso habitual.

 

“Nunca, Arnold, repito: nunca é cedo para o amor!”. Gerald disse com calma e seriedade. Arnold riu.  

 

—------------





“Helga!” . Phoebe avistou sua amiga no meio da multidão de alunos que se amontoavam no portão da escola, e correu para abraçá-la.

 

“Phoebe!”. Helga retribuiu o abraço, empolgada. “Deus, com é bom te ver!”.

 

“Você está tão diferente, Helga! Adorei as mechas rosa no seu cabelo!”.

 

Helga agora, com quinze anos, havia abandonado o laço rosa e as marias chiquinhas. Agora usava mechas rosas misturadas com as mechas naturais do seu cabelo dourado.

 

“Valeu, Phoebe!”. Helga deu uma olhada em volta. “Tão diferente da PS 118! Eu me sinto muito novata aqui!”.

 

“Somos todos novatos, Helga! É meu primeiro dia também!”. Phoebe disse para a amiga.

 

“Você precisa me contar tudo, Phoebe! Tem seis anos para me atualizar das novidades!”.

 

“Helga, eu acho que você vai ser a grande novidade por aqui, na verdade!’. Phoebe sorriu, e observou o violão nas costas de Helga. “Tinha esquecido que você tocava agora!”

 

Helga olhou para o violão em suas costas e sorriu. “Fez parte do tratamento! Formas de jogar a criatividade pra fora!”. De repente, enquanto adentrava, os corredores da escola, Helga olhou para os lados. Uma insegurança repentina  cresceu nela quando percebeu alguns olhos recaindo sobre sua presença. “Phoebe, ninguém sabe que…”.

 

“Ninguém sabe de nada! Nem que você voltou!”. Phoebe falou imediatamente, confortando a amiga. “Nem mesmo o….sorvete!”. Complementou insegura.

 

Helga suspirou e sorriu.

 

“Tá tudo bem, Phoebe! Arnold não é um assunto proibido, sabe disso, né! Já se passaram seis anos, afinal de contas!”.

 

“Tem razão, Helga! Me desculpe!”.

 

“Magina, Phoebe! Agora me atualize!”

 

—-------

 

“Tudo bem, temos a festa da Rhonda nesse final de semana! Isso vai fazer você esquecer da Lila, da Helga e quem quer que seja! Vai ter várias amigas modelos dela!”. Gerald falava empolgado, enquanto Arnold apenas ria. “Uau, espero que aquela belezinha esteja na festa!”.

 

Gerald apontou para uma garota de cabelos dourados e mechas rosas. Arnold não podia dizer como, mas aquela garota era excessivamente familiar para ele.

 

“Essa garota...não me é estranha!”. Arnold disse em voz alta.

“Arnold, Arnold! Eu conheço todas as garotas da escola! Se eu tivesse visto um pitelzinho desses por aqui antes, eu saberia!”.

 

Arnold não podia negar que Gerald estava certo. Aquela garota era muito bonita para não ter sido notada antes. Mas, ainda assim…ela lhe era tão familiar.

 

Quando entrou na sua nova sala, Arnold percebeu que a garota de mechas rosas estava sentada em sua carteira. A garota olhou para ele e Arnold podia jurar que seu rosto corou. Ela desviou o olhar de Arnold e voltou a conversar animadamente com Phoebe. “Já são como melhores amigas…”. Pensou. Ele sentou-se na carteira mais a frente, mas não tão a frente que não pudesse ouvir a conversa das duas.

 

“Eu quero muito ouvir uma das suas músicas!”. Falou Phoebe empolgada. “Aposto que devem ser lindas, se eu considerar suas antigas poesias!”.

 

“Você tá colocando muita expectativa, Phoebe! Cuidado pra eu não te decepcionar!”. Helga respondeu rindo. “Mentira, confesso que eu sou muito boa, afinal, eu sou um gênio!”.

 

Phoebe riu. “Você não mudou tanto assim, Helga!”.

 

Arnold virou-se para trás imediatamente. Poderia ser real!

 

“HELGA?!”. Arnold gritou sem querer.

 

O rosto de Helga enrubesceu.

 

“E ai, cabeça de bigorna!”. Helga deu um sorriso desajeitado e sem graça. “Fiquei na dúvida se era você mesmo! Você tá tão alto agora, baixinho!”. Mentira. Ela havia reconhecido Arnold no instante em que o viu no corredor.

 

“Helga, é mesmo você? Helga G. Pataki?”. Gerald falou levemente desconcertado.

 

“E ai, Cabelo de Poste? Você não mudou nada!”. Helga falou.

 

“Não posso dizer o mesmo de você!”. Respondeu o garoto ainda desacreditado de como a garotinha das suas lembranças e a garota a sua frente são tão diferentes. “Mas isso que é coincidência!”

 

“O que houve, Helga? Como você...? Quero dizer, você foi embora! Por que foi embora?”. Para Arnold era uma mistura de choque e surpresa. Suas falas não tinham nenhuma coerência, mas como culpá-lo? Era Helga. Helga Geraldine Pataki, estava bem à sua frente. Depois de seis anos de desaparecimento, sem nenhum tipo de carta ou telefonema.

Para Arnold, o sumiço de Helga afetou mais do que qualquer outro em sua turma, a exceção talvez de Phoebe. Depois do beijo em San Lorenzo, eles começaram a namorar. Era um namoro infantil, mas ainda assim, o suficiente para o garoto se sentir verdadeiramente apegado a ela. Percebeu o quanto Helga era uma garota incrível. Foi então que a coisa aconteceu. Arnold foi viajar com os pais e ficou fora por duas semanas, e quando voltou, Helga e a família não estavam mais em Hillwood. Não havia nenhuma carta esperando por ele. O telefone nunca tocou. E isso machucou o coração de Arnold mais do que ele pudesse imaginar.

 

Helga olhou para os lados, visivelmente desconfortável pelas perguntas de Arnold. Não é como se ela não imaginasse que isso não poderia acontecer quando sua volta fosse revelada. Ela, com certeza, sabia que seus amigos tão antigos mereciam uma explicação, principalmente Arnold, a quem ela sabia que devia uma explicação, já que eles eram namorados na época da sua mudança. Mas aquela não era a hora e nem local.

 

“Eu acho que o que Arnold quer dizer é: O que houve com você esses anos todos?”. Perguntou Gerald, ajudando a traduzir os pensamentos de seu amigo estático.

 

Helga suspirou. “É que é uma longa história! Muito longa mesmo...”

 

“Você sabia disso o tempo todo?” Gerald repentinamente voltou sua atenção para Phoebe. Sua voz carregava um tom de raiva. Phoebe, porém, não se dignou a olhar para Gerald e muito menos a respondê-lo. A expressão da garota mostrava todo o seu desgosto para com o garoto. O que deixou Helga surpresa. Em sua lembrança, Phoebe e Gerald sempre se deram bem e se gostavam.

 

“A Phoebe não sabia de nada! Eu entrei em contato com ela... há pouco tempo!”. Explicou Helga, tentando amenizar a situação, embora ela estivesse em contato com Phoebe há pelo menos cinco anos.

 

“O que houve com você?”. Perguntou Arnold olhando fixamente para a garota.

 

Helga pode reconhecer o amigo de nove anos naquele olhar. Aqueles olhos verdes que ela tanto adorava, aquela expressão amigável, embora agora entristecida, estavam iguais.

 

“Arnold, prometo que te explico um dia, mas agora não, e nem aqui!”. Respondeu a garota olhando para os lados nervosa e insegura.

 

Helga nunca na vida agradeceu o sino das aulas como naquele momento. Gerald sentou-se em sua carteira, sem dizer mais nenhuma palavra, mas ainda lançava olhares zangados em direção a Phoebe. Helga sinceramente não sabia o motivo dessa situação.Os dois já haviam sido namorados, na mesma época em que ela e Arnold namoravam. Phoebe nunca lhe contara que uma inimizade havia crescido entre eles, e o motivo dessa inimizade. Uma culpa cresceu dentro dela. Durante todos esses anos ela sempre escreveu a Phoebe contando todos os problemas que estava vivendo, e a amiga sempre estivera lhe ajudando. Será que, por isso, Phoebe nunca se sentiu a vontade para lhe contar de seus próprios problemas? De repente, um pensamento invadiu sua mente. Será que a inimizade de Phoebe e Gerald tinha sido culpa dela de alguma forma? Será que Gerald cobrou respostas de Phoebe e ela, se negando a dar porque Helga pediu que ela o fizesse, gerou uma discussão entre eles?

Ela teria que perguntar para a amiga. A verdade é que magoava Helga perceber que a amiga não se sentiu a vontade para lhe contar algo tão grande quanto isso. Principalmente porque Helga sempre lhe perguntava as novidades e o que estava acontecendo na turma.

 

O professor entrou na sala, quebrando os pensamentos de Helga.

 

“Muito bem, classe! Hoje é o primeiro dia e imagino que vocês todos estejam empolgados para esse novo ano letivo!”.

 

Um papel dobrado vindo da carteira de Arnold foi depositado na carteira de Helga. A garota suspirou. Tinha certo receio em abrir. Sabia que podiam ser mais perguntas a respeito do seu sumiço. Coisa que ela, de verdade, não se sentia preparada para responder naquele momento.

 

Mesmo assim, Helga respirou fundo, e com cuidado pegou o papel e o abriu.

 

Apesar de não saber o que aconteceu, é muito bom te ver de novo!

 

Helga sorriu aliviada.

É bom te ver de novo também! =D

 

Helga devolveu o papel para Arnold e suspirou. Sabia que aquele dia seria muito longo.

 

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“Helga! Aquela Helga desajeitada, zangada e sem nenhum senso de moda?”. Rhonda apontou para Helga, que estava na mesa comendo seu lanche com Phoebe.

 

Helga sorriu.“Caramba, princesa! Eu fiquei mesmo nos seus pensamentos!”. O comentário de Helga arrancou risinhos dos colegas. Sid, Stinky, Harold, Rhonda, Nadine, Arnold e Gerald estavam sentados em volta da mesa, junto com Helga e Phoebe.

 

Apesar dos comentários girarem em torno dela, Helga notou que ela não era a única mudada. Harold continuava grande, mas grande mesmo. Aparentemente ele fazia parte do time de Rugby. Já Sid continuava estiloso. as botas brancas ainda estava em seu visual que seguia um padrão vintage motoqueiro. Stinky por outro lado, adotou uma moda meio grunge. Rhonda usava os cabelos mais compridos e continuava sendo a modelete da turma. Nadine agora usava os cabelos lisos e compridos, provavelmente por influência da amiga, o que deixou Helga levemente triste, já que admirava a personalidade da antiga Nadine.

 

“Mas sério, Helga, você sumiu por seis anos! Você virou uma espécie de lenda por aqui!”. Falou Sid. “O que houve com você?”.

 

Tudo bem, Helga sabia que aquela seria uma pergunta repetitiva no primeiro dia. “É uma longa história!”. Disse novamente. Helga olhou para Arnold e notou uma expressão de desapontamento em seu rosto. “Eu prometo que um dia, com mais calma, conto a história toda!”, acrescentou, sem saber o motivo. Mas pelo menos foi o suficiente para Arnold parecer mais animado.

 

“Bom, Helga, já que está aqui, mesmo que de uma forma tão abrupta, você tem que aparecer na minha festa essa noite!”. Começou Rhonda. “Vai ser na minha casa e vai ser incrível!”.

 

“É, e você pode tocar na festa!” Disse Stinky, apontando para o violão de Helga. “Eu quero ouvir você tocar!”.

 

“Ahh, não. Eu não toco muito bem!” Helga mentiu de novo. Ela tocava bem e compunha as próprias músicas há pelo menos cinco anos. Desde que começou a tocar, seu violão lhe era tão inseparável quanto seus cadernos de poesia. Ainda assim, ela não estava pronta para tocar e cantar na frente de seus amigos. “Fica pra uma próxima vez! Mas vou adorar ir na sua festa, Rhonda!”. Helga falou.

 

Era Helga, mas não era Helga, Arnold pensou. Ela estava mais calma, mais...boazinha e gentil. Embora ainda mantivesse seu sarcasmo, ela não era a Helga agressiva que ele uma vez conheceu. Quer dizer, ele sempre soube que Helga era uma pessoa boa no seu interior. Sabia também que ela era sensível e passional, muito leal e corajosa. Era Helga, Arnold concluiu em silêncio, com um sorriso, a Helga que ele sempre soube que ela era.



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“Helga Geraldine Pataki”. Começou Gerald enquanto ele e Arnold caminhavam de volta para casa. “Dá para acreditar, nisso?”.

 

“É...é bem...estranho!”. Arnold concordou. “Ainda mais depois de tantos anos...”

 

“É uma longa história!”. Gerald falou, imitando a voz de Helga. “Uma longa história, sei! Por que ela não nos conta? Não somos amigos dela também? Aposto que a Phoebe sabia de tudo o tempo todo!”

 

“Gerald...você quer conversar?”.Arnold sabia que o amigo era muito sensível com o assunto Phoebe.

 

“Não, Arnold! Eu vou pra casa! To precisando processar essa história toda!”. Gerald parou e olhou para Arnold. “E você, cara? Quer conversar? Afinal, você foi o que mais sofreu nessa história toda!”.

“Não, tudo bem! Pode ir! Eu preciso pensar também!”. Arnold disse com o olhar perdido no horizonte. “Te vejo a noite na festa da Rhonda?”

 

“Pode crer!””

 

Os dois garotos fizeram seu cumprimento habitual com os polegares e cada um seguiu para seu canto.

 

Não que Arnold não estivesse feliz. Afinal, esperava poder revê-la mais do que qualquer coisa no mundo. Sempre teve tantas perguntas e dúvidas sobre o que aconteceu com ela, e agora era o momento de tê-las respondidas. Mas lhe incomodava ter descoberto de sua volta dessa forma. Por que ela não lhe escreveu nenhuma vez ou telefonou? Isso o estava perturbando. Helga estava tão diferente, tão crescida. Vendo a mudança de corpos em seus colegas e nele próprio, ele sempre se perguntou se Helga havia mudado também. Agora tinha a sua resposta. Helga estava linda. Não havia como descrever. Seus cabelos compridos com mechas rosas, um estilo de garota despojada, com blusas largas e calça jeans, mas romântica, com uma fita rosa amarrada lindamente no pescoço. Os olhos azuis agora mais evidentes, já que agora ela fazia a sobrancelha, e o sorriso...Helga tinha um sorriso lindo, mesmo quando era criança. Agora, estava mais lindo do que ele se lembrava.  Arnold sentiu o rosto corar. Não era exatamente a hora pra pensar nisso, mas todo o dia foi como um sonho. Helga voltou de um jeito tão abrupto que ainda era difícil acreditar que era real.

 

BUMP.

 

Arnold sentiu seu corpo cair para trás. Há anos esse tipo de encontrão não acontecia. Arnold abriu os olhos e, para sua surpresa, era Helga quem estava caída do outro lado.

 

“Helga, me...desculpe!”. Ele começou confuso. Mas para sua surpresa, Helga riu.

 

“Cabeça de bigorna, hahaha, eu senti falta desses nossos encontrões!”, a garota disse com divertimento na voz, enquanto massageava o braço. Arnold levantou e se ofereceu para ajudá-la. Helga, para a surpresa de Arnold, aceitou a ajuda. “Obrigada!”, disse a garota, pegando a mão de Arnold e batendo em suas roupas. “Bom, claramente você continua com a cabeça nas nuvens!”.

 

“Sinto muito, Helga!”. Arnold disse de novo, sentindo o coração acelerar. Por que ele estava tão nervoso afinal de contas? “Você se machucou?”.

 

Helga negou. “Não! Tranquilo! E você?”.

 

“Estou ótimo!”.

 

Helga e Arnold se olharam por alguns segundos, sem dizer uma palavra. Era um momento embaraçoso. Não só para Arnold, como para Helga também. Eles sabiam que havia muito a ser dito e muito a ser perguntado, mas por onde começar?

“Bom, te vejo por ai, cabeça de bigorna!”. Helga foi a primeira a quebrar o silêncio, acenando enquanto pegava suas coisas.

 

“Espera!”. Arnold se arrependeu no momento em que disse. Por que ela iria esperar? O que ele iria dizer agora? “Você quer...ham...tomar um sorvete?”. Na trave.

 

Helga encarou Arnold por algum tempo. “Claro, por que não!” Helga respondeu. “Vamos lá!”.

 

Arnold respirou aliviado, mas ainda assim,a tensão continuou entre ele e Helga enquanto andavam em direção a sorveteria. Há tanto tempo que ele queria poder conversar com ela de novo, e agora ela estava ao seu lado. O que o estava impedindo?

 

“Eu...não posso dizer que não fiquei surpreso com a sua chegada!”. Arnold começou.

 

“Bom, eu imaginei que ia gerar alguma comoção, de fato, só não imaginei que fosse tanta…” respondeu com sinceridade.

 

“Bom, foi o que Sid falou! Você virou uma lenda urbana!”

 

Helga riu. “É, aparentemente virei! Quais as histórias que contam por aí?”

 

Arnold sorriu. “Bom, algumas envolviam abduções alienígenas e outra envolvia você ter se casado secretamente com um indiano que comprou a loja do seu pai. Mas a minha favorita era vocês terem ganho na loteria e se mudado para a Alemanha!”.

 

“Uau!”. Helga processou tudo o que Arnold lhe contou. “As pessoas realmente acharam que eu me casei com um indiano aos nove anos?”.

 

“Bom...a loja do seu pai foi de fato vendida pra um indiano, então…”

 

“Claro, obviamente isso significa que eu me casei! Putz, como eu nem percebi isso? Isso explica o chai todas as manhãs”. Helga respondeu, fazendo Arnold rir. Os dois se divertiram naquele momento. Para Arnold era como voltar no tempo, para a época em que eles namoravam.

 

Já Helga tentava afastar esses pensamentos de sua cabeça. Sim, estar com Arnold era divertido, e ele de fato, continuava sendo o garoto doce e gentil que ela conheceu em sua infância. Mas isso não significava que eles iam se apaixonar de novo. Era loucura pensar nisso. E o melhor jeito de evitar isso, era forçar sua ida para a realidade, por isso, Helga não hesitou em perguntar. “E você? Soube que você e Lila estão namorando!”

 

Arnold engoliu em seco. “Bom, estávamos…”, falou sem graça. “Lila e eu terminamos há dois dias atrás!”.

 

“Putz, cabeça de bigorna, eu sinto muito!”. Helga disse com sinceridade. Para Arnold era engraçado ouvir Helga o chamando de “cabeça de bigorna” como se fosse um apelido carinhoso. De fato, ele sentiu saudades de ser chamado assim, e isso se deve ao fato de que, na verdade, sentia falta de Helga.

 

“Está tudo bem! Foi um sentimento mútuo!”. Arnold estava dizendo a verdade. Tanto para ele quanto para Lila era um namoro há muito tempo terminado. Mas os dois eram tranquilos demais para terminar de fato. “Empurramos com a barriga por muito tempo!”.

 

“Difícil acreditar! Você e Lila eram...como chama...match in the heaven?”. Helga não sabia dizer o motivo do porque daquela afirmação a incomodar um pouco, mas incomodou. Em todo caso, que direito ela tinha de ficar chateada? Ela fugiu por seis anos, sem dar nenhum tipo de notícia. Não, não, ela não ia fazer isso. Ela não ia ficar pensando no passado.

 

“Match in the heaven?” Arnold repetiu e depois riu. “Acho que não! Lila e eu podíamos parecer “match in the heaven”, mas na verdade, não éramos! Lila é ótima mas...é tão...não sei explicar!”.

 

“Tudo bem, acho que entendo!”, interrompeu Helga. “Lila é legal, mas é...boazinha demais, até pra você!”

 

Arnold sorriu. “É, é isso mesmo!”.

 

Foi então que eles perceberam que andaram até a PS 118. Tirando por estar mal cuidado, o prédio continuava igual. Helga, instintivamente colocou a mão sob o peito.

 

“Esse era o local que eu mais queria ver de novo!”

 

Arnold olhou para Helga, e a visão que teve foi surpreendente. Os olhos de Helga estavam lacrimejando.

 

“Quantas coisas aconteceram aqui, não é?”, continuou a garota emotiva. “Tantas aventuras!”.

 

Helga foi até o portão fechado que cercava a escola.

 

“Vocês devem ter vivido muito mais aventuras todos esses anos!”.

 

“Nem tanto!” falou Arnold, “Depois que você saiu, as coisas ficaram meio..paradas por aqui!”. O rosto de Arnold corou após dizer isso, mas finalmente ele teria uma abertura para perguntar o que queria, desde que a garota desapareceu. “Para onde você foi, Helga? O que houve com você?”.

 

Helga sabia que não ia poder escapar dessa pergunta por muito tempo, ainda mais em se tratando de Arnold. Se tinha alguém a quem ela devia explicações, era pra ele.

 

“Hey, você dois!”. Arnold e Helga se viraram. Um senhor usando chapéu de obras estava bem atrás deles. “Tenho que pedir que saiam! Vamos começar a demolição em breve!”..

 

“O QUE?”, gritou Helga. “Vocês vão demolir essa escola?”

 

“Sim! Está programado a meses já!”, explicou o senhor.

 

“Mas por que?”, perguntou Arnold.

 

“Muita manutenção!”, respondeu, “O governo não quer gastar com isso agora!”.

 

“Espera!”, falou Helga, “Não façam isso! Não...como eu posso impedir isso?”.

 

“Não sei, acho que você vai ter que falar com a prefeitura!”. Arnold não pode deixar de notar que sua voz tinha um tom de zombaria.

 

“Ok, espertinho! Você se acha muito inteligente! Pois não duvide que eu vou pra prefeitura dar um jeito de impedir isso!”. E dizendo isso, saiu determinada. Para Arnold, foi um ótimo vislumbre da velha Helga.

 

Arnold correu atrás dela.

 

“Helga, espera!”, Arnold chamou.

 

“Desculpa ter que cortar nosso sorvete, cabeça de bigorna!”, falou Helga decidida, andando com passos firmes.

 

“Você vai de fato pra prefeitura?”, perguntou o garoto confuso.

 

“Claro que vou! Acha que vou deixar eles demolirem a nossa escola?”, Helga parou por um segundo, “Aquela escola é importante pra mim!”.

 

“E importante pra mim também!”, falou Arnold.”Vamos descobrir um jeito de mudarmos isso, ok?”

 

Helga olhou para Arnold por uns instantes e então sorriu. Ele estava considerando fazerem isso juntos, como nos velhos tempos?

 

“Senti sua falta, cabeça de bigorna!”, disse fazendo um carinho repentino na cabeça do garoto. Arnold corou imediatamente. Helga, assim que notou que estava ultrapassando os limites, removeu sua mão. “Desculpe!”, disse corando também. “Eu me empolguei!”.

 

“Não, tudo bem!”, falou Arnold, ainda sem graça.

 

“Bom, eu te vejo na festa da Rhonda, pode ser?”, falou Helga, ainda embaraçada.

 

“Claro!”.

 

Helga acenou para Arnold e se afastou.

 

O garoto suspirou, olhando Helga se afastar. A sensação do carinho dela em seu cabelo ainda estava latente. Seu coração estava acelerado. De fato, a vida para ele ficou muito sem graça após o desaparecimento da garota, e agora, parecia que algo que estava dormindo dentro dele finalmente acordou. O que a volta de Helga significaria para ele? Ele não sabia dizer, mas uma empolgação e ansiedade começaram a crescer nele. Helga voltara para sua vida, ele não sabia dizer que consequências isso traria.

 

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