Cada dia da minha vida escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 4
Capítulo 4 – O coração sabe


Notas iniciais do capítulo

A partir daqui vai ficar mais perceptível que fiz mudanças na história original. Tentei muito conectar mais com a novela, afinal o reencontro Afonsália no torneio foi a coisa mais linda! Mas já conhecemos a história assim, e não tinha como manter seguindo a ideia inicial do roteiro que estou aproveitando nessa fic. Fiquei muito em dúvida de como prosseguir, por isso a demora pra postar esse capítulo, mas aqui está. Boa leitura! =D E Feliz Ano Novo a todos!! *O*/ ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/769279/chapter/4

Capítulo 4— O coração sabe

                Catarina aproveitou a ausência do pai e o castelo quase deserto para observar o local que levava até a masmorra. Afonso continuava preso lá. Ela não gostava daquela feirante ruiva desde a primeira vez que a vira, e não facilitaria as coisas para ela. E assim poderia mostrar ao príncipe de Montemor o grande erro que cometera decidindo se tornar plebeu. Sentira alguma coisa ao vê-lo, algo que ainda não podia definir, mas não o queria solto pela cidade. Pensou nas possibilidades de telo ao seu lado novamente como monarca, o quanto poderia tirar disso para fortalecer Artena. Mas o que sentia era mais, ela o queria longe da feirante. E Constantino não precisava saber disso agora.

                - Deseja alguma coisa, majestade?

                A princesa se virou para a governanta do castelo e abriu um sorriso para despistar suspeitas.

                - Não... Eu acabei de fazer uma visita aos prisioneiros e estava apenas pensando sobre os últimos acontecimentos. Você pode voltar ao trabalho.

                A mulher fez uma reverência e se afastou.

******

                - Uma guerra... – Rodolfo sussurrou, sempre checando os arredores do jardim do castelo de Artena para ter certeza que ninguém os via.

                Augusto recusara ceder ao casamento entre Rodolfo e Catarina, mas ela poderia conseguir outros meios para isso e esperar um pouco mais para atingir todos os seus objetivos, uma vez que qualquer tentativa de fazer Afonso esquecer Amália vinha sendo inútil, ainda que a plebeia permanecesse sem se lembrar dele. Artena e Montemor vinham discutindo a possibilidade de um torneio com competições em arco e flecha e outros jogos, seria o momento perfeito. Detestava Rodolfo, mas ele tinha uma mente incrivelmente fácil de manipular.

                 - Vidas seriam perdidas... – ele falou para si mesmo.

                Lembrando-se dos raros momentos de sanidade do rei de Montemor, ela interviu.

                - Nada comparado à quantidade que seria perdida se nossos reinos fossem atacados separadamente por outros em tempos de guerra. Constantino e seu exército já causaram rixas entre outros reinos antes dele me sequestrar e ser mandado àquela pedreira. Quem garante que as consequências disso não chegarão à Artena e Montemor? Com um exército fortalecido isso seria facilmente evitado. Toda a Cália nos temeria.

                Rodolfo ficou em silêncio por longos, entediantes e irritantes minutos nos quais Catarina usou todas as suas forças para se manter calada e permanecer no jogo.

                - Uma guerra... No torneio...

                - Meu pai não deve ser ferido ou morto, o arqueiro deve errar o alvo, que isso fique bem claro.

                - Essa é a parte mais fácil de providenciar.

                - Então temos um trato?

                - Se é para o bem maior, para evitar a destruição de nossos reinos e ainda a ter ao meu lado, eu aceito.

******

                - Está me propondo arriscar a vida de Amália?

                - Não. Você é que não está me entendendo, Virgílio. Artena está sofrendo ameaças de guerra, já houve alguns conflitos e pessoas desaparecendo, além da agitação e insatisfação com a suspensão das últimas competições quando meu pai quase foi morto. Não é nada difícil afastar Amália daqui pra sempre sem que ninguém ache isso estranho.

                - Ela continua sem memória, não haverá problemas em afastá-la de Afonso, mas afastá-la da família... Ela não vai aceitar isso. Nunca fugirá da guerra sem eles se realmente acontecer.

                - Quem disse que ela precisa saber que continuam vivos? Você certamente não se importará com isso, até tentou lhes tomar a casa por vingança. Se ela perder a consciência em batalha e for levada pra o mais longe possível antes que acorde ela não terá escolha senão acreditar no que lhe disserem. E não conseguirá voltar tão fácil.

                - E se ela me culpar?

                - Não vai. Você não irá com ela, a encontrará depois.

                - Como explicar meu sumiço de Artena?

                - Use sua imaginação. Ou conte com a sorte.

                - Pra onde?

                - Reino de Mazman, o mais distante de Artena e Montemor.

                - Ela não dormirá por tanto tempo antes de ser largada lá.

                - Ela será prisioneira, estará presa até lá e nada poderá fazer. Darei ordens pra que ninguém responda suas perguntas.

                - Se ela for machucada...!

                - Eu lhe dou minha palavra de que não. E garanto que todos, especialmente Afonso, acreditarão que ela está morta. Quando encontrar você, mesmo que ela sinta raiva, será a única coisa que fará sentido e a quem ela poderá recorrer, e terá que aceitá-lo. O tempo se encarregará do resto, desde que você trabalhe bem pra convencê-la a não voltar pra cá.

                Virgílio assentiu e ficou calado.

                - No que está pensando?

                - Me pergunto como seria tudo isso se ela não tivesse perdido o filho que esperava de Afonso. Foi melhor assim...

                - Então estava mesmo grávida?

                - Sim.

                - O que você faria se ela ainda estivesse? Criaria o filho do homem que odeia?

                - Não haveria muita escolha. Amália nunca desistiria do filho, pude ter certeza nas poucas vezes em que falei com ela enquanto ainda estava grávida. Mas não seria de todo mal... Um dia mostrar a Afonso o que ele perdeu, deixá-lo saber que consegui lhe tomar não só Amália, mas seu herdeiro.

                - Admiro sua disposição. Acho que por hora não temos mais nada a tratar.

                Virgílio assentiu e caminhou para fora da floresta, indo na direção da feira.

                - Então será esse o plano? – Delano surgiu por entre as árvores quando Virgílio sumiu de vista.

                - Não exatamente. Eu não caminharia tão bem pra cair no último passo. Tão logo cheguem a Mazmam, tanto Virgílio quanto Amália devem desaparecer definitivamente da Cália. Espero ter sido clara.

******

                - Se ela não se sente bem com isso, não precisamos conversar agora – Afonso falou apenas para Constância ouvir.

                - Martinho e Tiago não estão em casa. E Amália quer falar com você logo, está assustada com tudo isso, não quer acumular pendências.

                - Eu não vou desampará-los.

                - Eu sei que não, meu filho. Mas precisam conversar pra saber como fazer isso. O quanto antes melhor.

                Afonso deixou a mulher puxá-lo para um abraço e beijar seu rosto.

— Eu estarei bem aqui na cozinha se precisarem de mim – ela sorriu para encorajá-lo e o levou até a porta do quarto de Amália, em seguida voltando à cozinha.

O chefe da guarda ficou parado ali pensando na primeira vez em que estivera dentro daquele quarto, em quantas lembranças boas tinham surgido nele, e como era difícil estar naquele cômodo outra vez sabendo que seria para um momento triste e desconfortável.

— Amália – sua voz saiu mais baixa do que pretendia, mas ela o ouviu.

— Entre.

A ruiva estava de pé ao lado de sua cama, onde se sentou quando Afonso se acomodou na cadeira. Por alguns instantes nenhum dos dois disse nada, então Amália ergueu a cabeça para encará-lo.

— Eu não tenho ideia de como vamos resolver isso.

— Nosso filho não é um problema, vamos encontrar um jeito – Afonso lhe disse.

Ela ficou em silêncio, não sabendo como reagir com Afonso falando que o bebê também era dele. Mas tinha que ser de mais alguém. Ela sabia que não era de Virgílio, e se seus pais, Tiago e Diana diziam ser de Afonso, ela acreditava neles.

— Não tenho medo de criar meu filho sozinha, por mais que as pessoas falem o que não devem sobre o que não sabem.

— Sozinha?

— Eu me mantenho apreensiva em revelar isso a Virgílio. Não tenho um bom pressentimento sobre isso. Preciso afasta-lo. E se não der certo, preciso fugir.

Afonso se sentiu esperançoso sabendo que ela não queria que Virgílio criasse a criança com ela.

— Por que tem tanto medo de contar a ele? Ele sempre gostou muito de você, Amália. Pode reagir da forma contrária e querer se casar pra dar um nome à criança.

Afonso jamais sugeriria tal coisa, estava apenas tentando entender o que a amada estava sentindo.

— Ele é muito ciumento. E se esse filho também é seu e você quer cuidar dele, não seria justo impedir. Virgílio certamente impediria.

— Fugir pra onde, Amália?

— Não sei – ela falou um pouco nervosa, os olhos verdes começavam a umedecer.

— Se você aceita minha ajuda e em algum momento achar isso realmente necessário, me deixe ajudar. Estará segura em Montemor. Meu irmão e eu não estamos muito bem, mas ainda temos Cássio. Ele ajudará.

A ruiva não disse nada por algum tempo. Algo vinha martelando na cabeça de Afonso, tinha medo da reação dela, mas tinha que tentar.

— Você parece mais preocupada em fugir de Virgílio do que qualquer outra coisa. Em algum momento ele vai saber. Em poucas semanas ou um pouco mais. Em algum lugar do seu coração você sabe que ele não é a pessoa certa.

— Essa história de novo não, por favor.

Afonso concordou em não discutir mais o assunto, não queria deixá-la nervosa. Amália agora encarava a barriga, não estava vestindo o colete que normalmente usava por cima da roupa. Pela quantidade de tempo ela estava com quase três meses completos.

— Amália... Eu...

A ruiva o encarou longamente. Não lembrava nada sobre ele, mas Afonso parecia ser realmente honesto e gentil como todos lhe garantiam que ele era.

— Você pode, ele também é seu. Mas não se acostume com isso – falou com certa frieza.

Ela ainda conseguia entendê-lo só com um olhar e poucas palavras, nem devia perceber isso. Afonso abriu um leve sorriso e se ajoelhou na frente dela, achando que sentar ao lado dela poderia ultrapassar as barreiras que ela vinha impondo desde seu acidente. O moreno estendeu a mão e tocou a barriga da amada. Era pouco, muito pouco, mas já era perceptível que havia vida ali. Ele fechou os olhos por alguns segundos, querendo guardar o momento com ele, e unindo todas as suas forças para não se levantar e beijá-la. Abriu os olhos ao sentir a mão de Amália na sua, sentindo o coração apertar ao lembrar que era para afastá-lo dela.

                - Acho que não temos mais nada a conversar por enquanto.

                Ele assentiu e ficou de pé.

                - Não hesite de maneira alguma em mandar me chamar no castelo se precisar de qualquer coisa.

                Amália acenou com a cabeça sem olhá-lo enquanto Afonso deixava o quarto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Minhas fics Afonsália:

1 - A princesa para meu reino
2 - Watch it all fade
3 - Your heart over mine
4 - One heart
5 - The true love of mine
6 - Uma história que ninguém nunca ouviu
7 - Cada dia da minha vida
8 - Always come back for me
9 - Laços



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Cada dia da minha vida" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.